
Não espero defecções numerosas das fileiras mais ardentes do presidente eleito Jair Bolsonaro por causa do, digamos, “mini escândalo” causado pela descoberta inicial de que um ex assessor, o policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, do agora senador eleito Flávio Bolsonaro, não só possuía “movimentações bancárias atípicas”. Além disso, foi apurado que o ex-assessor havia repassado R$ 24 mil para a conta da futura primeira dama Michelle Bolsonaro [1]. E o pior é que isso só veio à luz como parte da operação policial “Furna da Onça que colocou na prisão o ainda (des) governador Luiz Fernando Pezão do MDB.
A torça parece torcer o rabo porque agora está sendo divulgado que a filha do assessor de Flávio Bolsonaro, Nathália de Melo Queiróz, era assessora do presidente eleito, o que empurra os problemas que derrubaram boa parte da cúpula política do Rio de Janeiro para bem perto de Jair Bolsonaro como informam hoje o site UOL e o blog do jornalista Esmael Morais [2&3].
O problema aqui é como reagirão aqueles milhões de brasileiros que votaram em Jair Bolsonaro não por terem completo alinhamento com suas ideias, mas por terem comprado a ideia de que ele seria uma espécie de paladino que iria lidar o combate à corrupção dentro do sistema político brasileiro.
É que não precisa ser um expert em comportamento das massas para se saber que a maioria das pessoas já entende muito o que significa um político ter assessores envolvidos em “movimentações bancárias atípicas”.
Se não houver uma operação abafa para esse caso que começou no filho, passou pela esposa e chegou no presidente eleito, o mais provável é que seu governo já comece sob a sombra do governo de Fernando Collor que, curiosamente, foi outro que se apresentou ao povo brasileiro como um paladino no combate à corrupção, apenas para ser apeado por ter sido pego em situações pouco airosas.
Por último, fico curioso em saber como se comportará o agora ex-juiz Sérgio Moro. Estivesse ele disposto a viver o personagem que tem dominado a narrativa em torno de suas ações em Curitiba, ele deveria renunciar imediatamente ao cargo de ministro da Justiça do futuro governo Bolsonaro. É que como já diz aquele velho ditado romano, “À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.”. E é exatamente isso que está em teste no tocante às relações de Flávio e Jair Bolsonaro com seus assessores envolvidos nas operações fisgadas pelo COAF.