Estudo mostra importância das florestas na formação de chuvas na Amazônia

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Gotas de água nas névoas matinais da floresta amazônica se condensam em torno de partículas de aerossol. Por sua vez, os aerossóis se condensam em torno de minúsculas partículas de sal que são emitidas por fungos e plantas durante a noite. Crédito de imagem: Fabrice Marr / Creative Commons.

Um estudo publicado na semana passada pela Nature Communications mostra que durante a estação chuvosa na bacia amazônica,  poros fúngicos emitidos pela biosfera da floresta contribuem com pelo menos 30% das partículas de sal de sódio [1]. Essa descoberta contraria as suposições correntes de que os aerossóis contendo sódio são originários a partir de fontes marinhas, e reforçam o papel das florestas na formação de nuvens e contribuição para os ciclos de sal e o ecossistema terrestre na bacia amazônica.

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Em sua página na rede social Facebook, um dos autores do artigo, o professor e pesquisador do Departamento de Física da Universidade de São Paulo, Paulo Artaxo, informa que os “esporos de fungos com sódio aumentam a capacidade de partículas atuarem como núcleos de Condensação de Nuvens, afetando fortemente o ciclo hidrológico sobre a Amazônia, pois o sódio é altamente solúvel“. Artaxo acrescenta ainda que o “modelamento deste efeito mostra que 69% da massa de sódio vem deste novo processo associado a esporos de fungos na Amazônia Floresta”, e “que floresta clima atuam em conjunto“.

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Fontes e processamento atmosférico de partículas de esporos de fungos na floresta amazônica. Partículas de esporos fúngicos contendo sódio e livres de sódio são emitidas da floresta amazônica. Esporos fúngicos contendo sódio exibem maior crescimento higroscópico em comparação com esporos fúngicos livres de sódio. Quando eles são expostos a condições de alta umidade, ou através do processamento de nuvens, as partículas de esporos fúngicos se rompem e liberam fragmentos de tamanho submicrômetro-a-micrômetro. Uma fração substancial dos fragmentos contém Na, Cl e K, e parece morfologicamente semelhante à partículas secas de sal marinho. Estes fragmentos higroscópicos de sal podem participar na formação de nuvens. Fonte: Nature Communications

Os resultados deste estudo deverão criar novos embaraços para o cenário de desmatamento descontrolado que está sendo desenhado pelo futuro governo federal a ser liderado por Jair Bolsonaro e seu ministro de relações exteriores que vê as mudanças climáticas como uma trama comunista, na medida em que as chuvas originadas na Amazônia são importantes não apenas para o Brasil mas todo o planeta.


[1] https://www.nature.com/articles/s41467-018-07066-4?fbclid=IwAR3oFl2PQKDFcwYMCMq9Cp3qg7D44UiBeQMz5dFKHlBH2SRDcsxBSL7tWz4

Aquecimento global por causa do desmatamento será mais alto do que o estimado previamente

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O professor do Departamento de Física da Universidade São Paulo (USP), Paulo Artaxo, informou em sua página na rede social Facebook sobre a publicação de um artigo na revista Nature Communications onde fica apontado que o desmatamento de florestas vai provocar um aquecimento do clima global muito mais intenso do que o estimado originalmente. Isto ocorrerá devido às alterações nas emissões de compostos orgânicos voláteis biogênicos (BVOC) e as co-emissões de dióxido de carbono com gases reativos e gases de efeito estufa de meia-vida curta.  O artigo aponta que que as emissões de florestas que resfriam o clima (BVOCs) serão reduzidas, implicando que o desflorestamento pode levar a temperaturas mais altas do que o considerado em estudos anteriores. 

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Levando em conta todos estes fatores (CO2, VOCs, CH4, albedo, etc), os autores do artigo observaram que as emissões das florestas que esfriam o clima têm um papel enorme na regulação da temperatura do planeta. “Derrubando as florestas, acabamos com este efeito esfriador, e aumentamos o aquecimento global” afirmam os autores do trabalho. O efeito global é de um aquecimento adicional de 0.8 C, em um cenário de desmatamento total. Isso é um valor muito alto, comparável ao atual aquecimento médio global (cerca de 1.2 C) ocorrido com todas as emissões antropogênicas desde 1850.

O artigo na revista Nature Communications: “Impact on short-lived climate forcers increases projected warming due to deforestation” pode ser baixado livremente  [Aqui!].