Ilhas tropicais isoladas do Atlântico têm 44 espécies de peixes exclusivas

O peixe-borboleta Prognathodes dichrous é uma espécie endêmica icônica das ilhas de Ascensão e Santa Helena, localizadas ao longo da Cordilheira Mesoatlântica 

As ilhas oceânicas de São Pedro e São Paulo, Ascensão e Santa Helena, localizadas na região conhecida como Dorsal Mesoatlântica, no oceano Atlântico, têm 44 espécies de peixes recifais que não existem em nenhum outro lugar do mundo. A constatação é de um novo estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B por pesquisadores das universidades federais de Santa Catarina (UFSC), do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Técnica da Dinamarca.

A pesquisa teve como ponto de partida uma extensa base de dados sobre distribuição e características de 1.637 espécies de peixes recifais do Atlântico. Em seguida, para uma análise mais detalhada, o estudo reconstruiu rotas evolutivas e padrões de dispersão de 88 espécies que ocorrem na Dorsal Mesoatlântica a partir de dados moleculares e filogenéticos.

Os resultados indicam que, embora 70% das espécies não endêmicas da região tenha origem no Atlântico Oeste – em especial no Brasil e Caribe –, mais de um terço das espécies endêmicas surgiu a partir do Atlântico Leste, e 11% tem raízes ainda mais distantes, no Oceano Índico.

O trabalho mostrou também que as espécies endêmicas Scartella nuchifilis e Thalassoma ascensionis aparentam ser mais antigas do que a própria ilha de Ascensão, onde hoje são encontradas. A explicação para essa discrepância pode estar na existência de montes hoje submersos encontrados entre Ascensão e Santa Helena e nas variações do nível do mar, que possibilitaram a sobrevivência dessas espécies ao longo de milhões de anos naquela região.

Outro destaque do estudo é a análise de características ecológicas que ajudam a explicar a capacidade de dispersão dessas espécies até ilhas tão remotas. Em relação aos demais peixes recifais, os peixes encontrados nas ilhas da Dorsal Mesoatlântica tendem a ser maiores, alcançar maiores profundidades e possuírem características como ovos pelágicos – que ficam semanas flutuando na água – e habilidade de se deslocar aderidos a algas, troncos ou outros materiais flutuantes. Isso aumenta as chances de colonização de ambientes distantes.

“Ilhas remotas como essas são hotspots de endemismo e nos ajudam a entender como a vida marinha se espalha e se adapta ao longo do tempo. Mas também são ecossistemas vulneráveis – e cada espécie única perdida é uma peça insubstituível do quebra-cabeça evolutivo”, explica a pesquisadora da UFSC Isadora Cord, que liderou o artigo. A partir dessas constatações, o professor da UFSC Sergio Floeter, coautor do artigo, explica os desafios de pesquisas futuras. “Os ambientes recifais mesofóticos dessas ilhas – ou seja, situados entre 80 e 120m, fora do alcance do mergulho científico convencional com SCUBA, são agora a nova fronteira de estudos, pois ainda podem revelar novas espécies e padrões ecológicos únicos”.


Fonte: Agência Bori

Ferocidade dos furacões do Atlântico aumenta na medida em que o oceano aquece

Uma análise das tempestades do Atlântico mostra que as mudanças climáticas aumentaram a velocidade dos ventos dos furacões em uma média de quase 30 quilômetros por hora

furacaoUm homem avalia os danos causados ​​à sua casa pelo furacão Helene, que deixou um rastro de destruição da Flórida até a Virgínia. Crédito: Chandan Khanna/AFP/Getty

Por Alix Soliman para a Nature 

As mudanças climáticas intensificaram drasticamente quase 85% dos furacões que atingiram o Atlântico Norte entre 2019 e 2023, de acordo com um estudo de modelagem 1 . A velocidade do vento desses furacões aumentou em uma média de quase 30 quilômetros por hora — o suficiente para ter empurrado 30 tempestades para um nível acima na escala Saffir-Simpson de intensidade de furacões.

O estudo, publicado hoje em Environmental Research: Climate , atribui o aumento da intensidade dos furacões ao aquecimento do Oceano Atlântico, que por sua vez é impulsionado pela mudança climática causada pelo homem. Um relatório complementar , baseado na metodologia do novo artigo, sugere que a mudança climática fortaleceu todos os 11 furacões no Atlântico Norte — o Atlântico ao norte do equador — este ano.

“Nós, como seres humanos, temos nossas impressões digitais em todos esses furacões”, diz Daniel Gilford, o principal autor do estudo e cientista climático da Climate Central, uma organização de pesquisa sem fins lucrativos em Princeton, Nova Jersey, que produziu o relatório complementar. “Se pudermos aumentar as temperaturas da superfície do mar, também podemos aumentar a rapidez com que um furacão pode girar.”

O estudo se soma a um crescente corpo de pesquisas que mostram que o aquecimento global amplifica os furacões. A elevação dos mares causada pelo aquecimento global também está intensificando os furacões, a pesquisa mostrou. E as tempestades estão atacando mais cedo na estação e produzindo mais chuvas do que os furacões anteriores.

Consequências devastadoras

A temporada de furacões do Atlântico deste ano foi devastadora. Por exemplo, o furacão Helene, que devastou o sudeste dos Estados Unidos em agosto, derrubou quase 80 centímetros de chuva em alguns locais. A tempestade matou mais de 200 pessoas e causou até US$ 250 bilhões em danos — um valor que colocaria Helene à frente do furacão Katrina de 2005 como o furacão mais caro a atingir os Estados Unidos.

Em Asheville, Carolina do Norte, a cidade dos EUA mais atingida por Helene, áreas próximas ao French Broad River foram “completamente devastadas e levadas pela água”, diz Carl Schreck, meteorologista tropical da North Carolina State University em Asheville. A região “sofreu mais danos causados ​​pelo vento do que eu esperaria de um furacão tão distante do interior”, ele diz, acrescentando que o vento derrubou árvores e linhas de energia, cortando as comunicações com a cidade por vários dias. Os ventos de Helene, que atingiram o pico de 225 quilômetros por hora, foram cerca de 26 quilômetros por hora mais altos do que seriam sem um efeito de aquecimento no Atlântico, de acordo com o relatório do Climate Central.

A inundação cortou a linha principal de água para os Centros Nacionais de Informação Ambiental, uma filial da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) no centro de Asheville que arquiva dados climáticos e meteorológicos globais. Isso desligou o resfriamento dos supercomputadores do centro, diz Schreck. “Nos dias após a tempestade, eles estavam realmente levando um caminhão de bombeiros para um dos lagos locais” e bombeando água do lago para completar o sistema de resfriamento. Alguns computadores superaqueceram e terão que ser substituídos, e o evento atrasou o relatório do Climate Central, que se baseou em dados do centro. Mas nenhum dado foi perdido, os arquivos em papel permaneceram secos e o centro está de volta e funcionando, ele diz.

Águas perigosas

Furacões são alimentados por água morna do oceano. Em teoria, quanto mais quente a água, maior a intensidade do furacão, que é medida pela velocidade do vento. A mudança climática forneceu bastante combustível: as temperaturas da superfície do mar aumentaram em aproximadamente 1°C no Atlântico Norte desde 1900 devido à mudança climática.

Para descobrir até que ponto a mudança climática é culpada pela intensidade dos furacões recentes nesta região, Gilford e seus coautores simularam como todos os 49 furacões que atingiram o Atlântico Norte entre 2019 e 2024 teriam se desenrolado se a mudança climática não tivesse aquecido o oceano. Então, os cientistas compararam as velocidades do vento das tempestades simuladas com as das tempestades reais.

Uma imagem de satélite do furacão Lee cruzando o Oceano AtlânticoO furacão Lee se intensificou para uma tempestade de categoria 5 em setembro de 2023. Crédito: NOAA/Getty

As mudanças climáticas intensificaram 30 dos furacões tanto que eles poderiam ser classificados como uma categoria mais alta na escala Saffir-Simpson do que seriam sem as mudanças climáticas. As mudanças climáticas provavelmente impulsionaram cinco tempestades — Lorenzo (2019), Ian (2022), Lee (2023), Milton (2024) e Beryl (2024) — nos últimos cinco anos para furacões de categoria 5, que a NOAA descreve como causadores de “danos catastróficos”.

“O estudo faz um trabalho muito louvável de quantificar a mudança que vimos”, diz Ryan Truchelut, cofundador e meteorologista chefe da Weather Tiger, uma empresa de previsão de tempo e clima em Tallahassee, Flórida. Ele diz que os autores do estudo usaram os melhores dados disponíveis e métodos estatísticos apropriados para tentar determinar se um furacão foi afetado pela mudança climática.

Schreck diz que o estudo é necessário, mas que fornecer um único aumento na velocidade do vento para cada tempestade, como os autores fizeram, em vez de uma faixa de valores com margens de erro, é “simplificado demais”. O modelo do artigo não leva em conta todas as complexidades do mundo real das condições oceânicas e do comportamento das tempestades que criam incerteza, ele diz.

“A mudança climática está aqui”, diz Gilford. “Precisamos ter mais conversas sobre reduzir rapidamente nossas emissões de gases de efeito estufa.”

doi: https://doi.org/10.1038/d41586-024-03783-7

Referências

  1. Gilford, DM, Giguere, J. & Pershing, AJ Environ. Res. Clim. 3 , 045019 (2024).


Fonte: Nature

Brasil sedia encontro anual de projeto internacional voltado a pesquisas no Oceano Atlântico

Evento será sediado pela Universidade Federal de Santa Catarina, com apoio da UFSCar

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Veleiro Tara durante pesquisa do AtlantECO na Amazônia (Julia Nedelec -Tara Foundation)

Entre os dias 3 e 10 de outubro, o Brasil será sede do Encontro Anual do AtlantECO – projeto de pesquisa científica financiado pelo Programa Horizon 2020 (H2020) da União Europeia. O evento é organizado pela instituição anfitriã, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e conta com o apoio de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A atividade vai reunir pesquisadores que integram o AtlantECO em todo o mundo, incluindo a União Europeia, África e Brasil. 

A programação do evento consta de reuniões, sessão de pôsteres, atualizações sobre temáticas transversais do projeto, sessões plenárias sobre o progresso do AtlantECO e ações ainda a serem realizadas. Também haverá atividade conjunta com o projeto Mission Atlantic, incluindo discussões científicas sobre o que já foi efetuado. Além disso, serão realizadas visitas locais a aquicultores e pescadores e momentos para vivência social entre os participantes. A atividade é voltada aos pesquisadores do projeto e a convidados para programação específica, não sendo aberta ao público geral.

A última edição do Encontro Anual foi realizada em 2022, na Cidade do Cabo, na África do Sul, e foi importante para a equipe de pesquisadores do projeto discutir avanços do AtlantECO. “Como são três continentes diretamente envolvidos no projeto – Europa, América e África -, essa rotatividade na realização do encontro anual é importante para assegurar que todos os participantes se sintam abraçados pelo projeto, atuando de forma igualitária em seu desenvolvimento e execução”, aponta Andrea Green Koettker, pós-doutoranda da UFSC e integrante do AtlantECO.

Ela acrescenta que, por se tratar de um projeto interdisciplinar e colaborativo, os encontros presenciais são fundamentais para que a equipe do AtlantECO tenha um maior entrosamento e possa discutir de forma mais eficaz os principais resultados obtidos e os próximos passos a serem desenvolvidos no projeto como um todo.

Pesquisadores da UFSCar participam na organização do evento, diretamente na coordenação das atividades dos jovens pesquisadores. Integrantes do Laboratório de Biodiversidade e Processos Microbianos (LMPB) da UFSCar vão apresentar os seus trabalhos e participar das discussões científicas. Ainda dentro da programação, também será apresentado o primeiro episódio da série de animação “Max e sua turma em: Descobrindo o mar”, produzida pela parceria entre a equipe do AtlantECO vinculada à UFSCar e o Instituto da Cultura Científica (ICC) da Universidade. A série é direcionada ao público infantil e apresentará informações sobre os serviços ecossistêmicos que o mar oferece, o excesso de resíduos plásticos no oceano e a importância desse bioma para a temperatura do Planeta. O primeiro episódio, “O mar que a gente respira”, vai apresentar alguns microrganismos que vivem no oceano – fitoplâncton e zooplâncton – e ações como fotossíntese e captura de carbono que eles realizam, contribuindo muito para o meio ambiente. Além dos personagens do fundo do mar, a série traz sempre um bate-papo com pesquisadores que abordam conceitos e explicações de forma acessível para as crianças espectadoras. Serão três episódios que ficarão disponíveis na Internet, para acesso gratuito, e poderão servir como material de apoio para professores e escolas trabalharem as temáticas com crianças do Ensino Fundamental.

AtlantECO

Financiado pela União Europeia, este projeto de pesquisa internacional tem como objetivo analisar as regiões marinhas e a conexão entre seus ecossistemas ao longo do Oceano Atlântico – na extensão Norte-Sul e nos limites continentais, entre as costas brasileira e africana. A partir disso, a expectativa é gerar dados para desenvolver modelos que levem em consideração os processos dinâmicos do ambiente marinho. Além de cenários climáticos futuros, esses modelos ajudarão a prever a migração de espécies, a capacidade do oceano de capturar e armazenar o gás carbônico atmosférico, o transporte e riscos de poluentes, como plásticos e nutrientes, e o equilíbrio entre a saúde do ecossistema e as atividades humanas.

O Projeto é desenvolvido em parceria com 13 países, sendo 11 da União Europeia, Brasil e África do Sul. Dentre as instituições brasileiras que atuam no projeto estão a UFSC, UFSCar, Universidade de São Paulo (USP), diferentes instituições de Pernambuco e as universidades federais da Bahia (UFBA) e do Rio Grande (FURG).

Os grandes pilares de pesquisa e divulgação científica do AtlantECO são microbioma, microplásticos e plastisfera, circulação oceânica e suas interações. Há uma lacuna de conhecimento sobre como essas questões afetam a biodiversidade, os ecossistemas, a sensibilidade às mudanças climáticas e o potencial de uma exploração social e econômica sustentável dos recursos naturais do Atlântico. Por meio das pesquisas realizadas nas águas em diferentes partes do mundo, o projeto vai levantar dados que poderão auxiliar novos estudos e estratégias de conservação e preservação do microbioma marinho.

De maneira global, os trabalhos de campo para a coleta de amostras estão sendo realizados a bordo de seis embarcações nacionais e internacionais projetadas para expedições científicas oceanográficas. No Atlântico Sul, o Veleiro ECO, da UFSC, e o Veleiro Tara, da Fundação Tara Ocean, já fizeram coletas ao longo das costas brasileira e africana. Neste ano, novas expedições serão feitas pelos rios São Francisco e Buranhém. Além da pesquisa, o projeto prevê vários eventos voltados para a conscientização ambiental, ciência cidadã, promoção da Cultura Oceânica e, no caso do Brasil, a importância da Amazônia Azul. Mais informações podem ser acessadas no Instagram do projeto (@eu.atlanteco).

Pesquisas investigam influência das águas do Amazonas no Atlântico

Laboratório da UFSCar integra projeto que também estuda a quantidade de plástico que é transportada para o Oceano

unnamedVeleiro Tara em expedição no rio Amazonas (Crédito: Julie Nedelec para Tara Foundation)

O rio Amazonas despeja, por segundo, cerca de 200 milhões de litros de água doce no Oceano Atlântico. Para investigar a influência deste encontro sobre o ambiente oceânico, um grupo internacional de cientistas a bordo do veleiro de pesquisa Tara coletou amostras de água na região, em diferentes profundidades. Parte dessas amostras está, hoje, no Laboratório de Biodiversidade e Processos Microbianos (LBPM) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a cerca de 2.500 km da foz do Amazonas e quase 300 km da praia mais próxima.

Pesquisadores do LBPM estiveram a bordo do veleiro Tara na sua chegada ao Brasil, no final de 2021. A expedição, que também buscou levantar a quantidade de microplásticos que é transportada para o mar, integra o projeto AtlantECO [https://pt.atlanteco.eu/], parceria entre Europa, Brasil e África do Sul. Seu objetivo principal é investigar a diversidade e as funções dos microrganismos no Oceano Atlântico. A bordo do Tara e outras embarcações, são feitas expedições em diversas localidades. Na Amazônia, dentre as pessoas embarcadas no Tara estava Paula Huber, pós-doutoranda na UFSCar, como cientista-chefe do veleiro nas atividades realizadas entre Macapá (AP) e Salvador (BA). Huber integra a equipe do LBPM, coordenado por Hugo Sarmento, docente no Departamento de Hidrobiologia (DHb) da UFSCar, que esteve em outras etapas da missão.

Huber conta que foram coletadas amostras no rio Amazonas, da pluma do rio – massa de água doce que vai da foz do Amazonas até 3.000 km da costa, onde se mistura com a água do mar – e de regiões do Atlântico que não têm influência da água doce que vem do rio. “As amostras coletadas nos permitem estudar os microbiomas superficial e profundo nesta região combinando técnicas moleculares e de microscopia de ponta. Além disso, vamos quantificar os plásticos nesta região e os microrganismos associados, que são conhecidos como ‘plastisfera'”, relata a pesquisadora da UFSCar.

Ela explica que as amostras de água foram coletadas, processadas e armazenadas a bordo do Tara até o final da expedição, quando foram enviadas para análise em diferentes laboratórios. Na UFSCar, serão feitas análises de sequenciamento genético. “Uma vez que a identificação morfológica de microrganismos é quase sempre impossível, é necessário sequenciar os seus genes para identificá-los e, sobretudo, para identificar as diversas funções ecológicas que eles desempenham, essenciais para o funcionamento desses ecossistemas”, explica Sarmento.

Todos os resultados e dados gerados pelo AtlantECO serão de acesso público e estarão abertos para utilização de qualquer pessoa em todo o mundo.

Microplástico a caminho do mar

Paula Huber aponta que os rios de todo o mundo funcionam como importantes vias para o plástico chegar ao oceano. Além da sua dimensão e da quantidade de água doce que o Amazonas despeja no mar diariamente, ele percorre 40% da América do Sul e é uma das principais fontes de resíduos plásticos no Oceano.

“A maior parte do plástico presente no rio fragmenta-se rapidamente e transforma-se em micro e nanoplásticos enquanto segue em direção ao mar. Esse microplástico é transportado por correntes oceânicas e, parte dele, passa por regiões de alta biodiversidade e pode causar consideráveis impactos, particularmente na vida microbiana marinha”, explica Huber.

Hugo Sarmento relata que muitos animais confundem esse microplástico com alimentos, muitas vezes morrendo por não conseguirem digerir o material. Nesse contexto, o docente destaca a importante participação de todas as pessoas, mesmo as que não moram próximo ao mar, quanto ao uso racional e descarte correto do plástico. “Mesmo quem mora no interior deve saber que nosso plástico também chega aos oceanos através dos rios, já na forma de microplástico, causando danos infinitos a esse bioma”, reforça.

Julho sem plástico

O oceano recebe toneladas de plástico todos os anos, que chegam a formar ilhas com tamanhos maiores que o estado de São Paulo. Desde 2011, um projeto iniciado pela instituição australiana Earth Carers Waste Education tem por objetivo incentivar as pessoas a diminuir o consumo de plástico e, assim, seus impactos no ambiente. O movimento foi ganhando mais adeptos ao redor do mundo e hoje acontece em diversos países.

No Brasil, a campanha “Julho sem Plástico” é realizada por diferentes entidades e grupos com foco na conscientização e estímulo a comportamentos que favoreçam o consumo e o uso cada vez menores do plástico. As orientações principais divulgadas pelas iniciativas incluem a escolha de embalagens que não usem plástico ou tenham pouca quantidade do material; reutilização das embalagens plásticas; descarte correto do plástico, quando não há opção de reuso; utilização de produtos mais sustentáveis (canudos em inox, sacolas ecológicas, escovas de dente de bambu, dentre outros); e, por fim, incorporação desses hábitos para além do mês de julho. Para os órgãos governamentais, a pressão é de implementar regulamentação para banir os plásticos de uso único (descartáveis).