A prisão no dia de hoje do presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, e de três ex-diretores de sua confiança serve para revelar um pouco mais do alcance dos esquemas fraudulentos ligados ao ex (des) governador Sérgio Cabral que teria, segundo informações do jornal O DIA [1], uma série de empregados domésticos (incluindo um chefe de cozinha e uma governanta) com salários pagos pelo chamado sistema “S”. Em troca desse “favorzinho”, Orlando Diniz tinha facilidades para desviar recursos s de duas entidades do Sistema “S”, o Sesc e o Senac-RJ, para a Thunder Assessoria Empresarial, firma na qual figura como sócio-administrador [2].
Mas até aí morreu o Neves, pois as quantias associadas a Orlando Diniz são, digamos, dinheiro para pipoca dentro da dimensão de desvios que já associados a Sérgio Cabral dentro das apurações realizadas no âmbito da chamada Operação Lava Jato/Rio.
O que precisa ser realmente considerado é o fato de que Orlando Diniz é presidente da Fecomércio-RJ desde 1998, período no qual a entidade atuou de forma decisiva para dar apoio às políticas do (P) MDB, não apenas no plano estadual, mas também no federal. Um exemplo disso foi o apoio à farra fiscal comandada por Sérgio Cabral e Pezão [3 ). Esse relação umbilical entre a organização representativa dos patrões e o (des) governo do (P) MDB é que deveria estar passando por um escrutúnio mais sério por parte da mídia corporativa e, obviamente, não está sendo tratado com a devida profundidade, e não, por exemplo, a troca de favores que existia entre Orlando Diniz e Sérgio Cabral [4].
É que atende melhor à estratégia de privatização do Estado chamar a atenção apenas para os eventuais desvios cometidos por Orlando Diniz do que analisar as políticas que ele ajudou a aplicar em parceria com Sérgio Cabral e Pezão. É o típico caso do “show tem que continuar”. O problema é que neste caso o show se trata da rapina em cima do Estado que tem trazido as graves consequências com que a população do Rio de Janeiro, especialmente a sua parcela mais pobre, está tendo que conviver.
Mas se a mídia corporativa não trata do problema dessa forma, isto não significa que ninguém mais precisa tratar. E de cara digo que é preciso reexaminar todas as benesses obtidas por essas organizações patroniais do Estado brasileiro, sendo o sistema “S” apenas um exemplo delas. É que enquanto o dinheiro público banca os projetos patronais, as escolas, hospitais e universidades públicas são tratados a pão e água. Isso sim é que deveria ser examinado com uma grande lupa. E isso deve ser feito para ontem.
[1] https://extra.globo.com/noticias/brasil/lava-jato-orlando-diniz-seguiu-para-policia-federal-22425425.html
[3] https://www.facebook.com/SistemaFecomercioRJ/posts/1293119700706709
[4] http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/08/1494354-os-favores-que-sergio-cabral-pedia-a-um-vizinho.shtml

