Entrevista ao Portal Viu sobre a situação do PCV da UENF

Concedi uma entrevista hoje ao jornalista Roberto Barbosa, âncora do programa jornalístico matinal do Portal Viu, onde tratou-se da situação do novo Plano de Cargos e Vencimentos da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) cuja trâmite se encontra virtualmente paralisado após mais de 4 anos de espera.

A entrevista abordou uma série de problemas enfrentados pelos professores da Uenf não apenas em relação a salários defasados, mas também à perda de direitos que foram retirados pelas seguintes reformas realizadas nas carreiras públicas.  Dentre direitos retirados dos novos professores estão o pagamento de triênios e a concessão de licenças por tempo de trabalho.  

Veja abaixo a íntegra dessa entrevista.

Professores paralisados para exigir o novo PCV da Uenf

Nesta segunda-feira (10/11) ocorre mais uma paralisação das atividades dos professores da Universidade Estadual do Norte Fluminense. A mobilização de hoje é mais um passo no processo de luta contra o descaso do governo de Cláudio Castro que há mais de quatro anos se nega a enviar o novo Plano de Cargos e Vencimentos da Uenf para ser analisado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Esse claro descaso do governo Castro compromete não apenas a vida dos servidores que levam o projeto criado por Darcy Ribeiro adiante, beneficiando milhares de famílias que enviam seus filhos para Uenf para serem preparados para alçar voos profissionais.  O descaso de Cláudio Castro repercute na capacidade de ampliação das atividades da Uenf, criando dificuldades para que mais estudantes possam seguir a trilha exitosa que tantos outros já adentraram.

O fato é que a Uenf hoje paga salários corroídos em mais de 50% pela inflação, e seus novos servidores não possuem mais benefícios como o dos triênios e da licença especial. Com isso não se tornou apenas difícil manter um quadro mais jovem de servidores, mas de atrair profissionais qualificados por meio de concursos públicos.  Há que se lembrar que em sua implantação a Uenf pagava um adicional de interiorização e salários muito vantajosos com o intuito de contratar os melhores profissionais disponíveis no mercado. Foi essa política salarial que possibilitou que a Uenf se tornasse rapidamente uma referência nacional.

Para marcar essa paralisação, uma delegação de professores está se dirigindo ao Rio de Janeiro para participar de uma audiência pública promovida pela Alerj sobre a reforma administrativa que ameaça dar um golpe duríssimo nas condições de trabalhadores em todas as esferas de governo. Se consumada, a reforma administrativa será uma verdadeira pá de cal na Uenf.  Mas os professores também estarão na Alerj para dialogar com os deputados que estão apoiando a luta em prol do novo PCV.  É que, objetivamente, a luta contra a reforma administrativa e a aprovação do PCV são duas faces da mesma moeda. 

E nunca é demais lembrar que sem organização e mobilização, nenhum governo se sente obrigado a conceder direitos a seus servidores. E no caso do governo Castro isso é particularmente verdadeiro.

Entrevista no Programa Faixa Livre sobre a possibilidade de greve dos professores da UENF em defesa do novo PCV

Concedi nesta 2a. feira uma entrevista ao jornalista Anderson  , âncora do tradicional programa “Faixa Livre” sobre o atual momento de mobilização dos professores da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) em prol da implementação do novo Plano de Cargos e Vencimentos (PCV) que foi aprovado pelo Conselho Universitário da instituição em 2021 e até não foi enviado pelo governador Cláudio Castro para apreciação pela Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro (Alerj).

É importante enfatizar a paciência demonstrada pelos servidores da Uenf em face do imenso desrespeito com quem têm sido tratados pelo governo de Cláudio Castro.  Assim, se agora se fala em uma posição greve, o grande responsável por essa possibilidade é o governador.

As próximas semanas deverão ser decisivas para o destino do novo PCV da UENF e os professores, organizados pela ADUENF, deverão deixar ainda mais clara a sua disposição de lutar pelos seus direitos, continuamente desrespeitados pelo governador de plantão.

Em defesa do PCV, professores da Uenf decidem entrar em estado de greve para pressionar governo do RJ

Após esperarem por mais de 4 anos a implementação do seu novo Plano de Cargos e Vencimentos (PCV), os professores da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) decidiram em uma assembléia representativa, e por ampla maioria, se colocar em estado de greve a partir de hoje (29/10).

Além de se colocar em estado objetivo de preparação para uma greve geral caso o governador Cláudio Castro não envie o novo PCV da Uenf para ser apreciado pela Alerj no mês de novembro, os professores decidiram ainda formar um Comando de Mobilização, o qual será responsável por organizar atos e mobilizações em defesa da universidade pública e do respeito aos servidores.

Como primeira atividade desse estágio pré-greve, os professores decidiram que irão estar presentes na Alerj no dia 3 de novembro para a audiência pública que será realizada para analisar os impactos da Reforma Administrativa sobre os servidores públicos estaduais,  a qual também deverá atingir todos os servidores da Uenf.

A assembléia de hoje foi a maior desde o encerramento da greve geral dos professores que ocorreu em 2017 quando os salários deixaram de ser pagos pelo governador Luiz Fernando Pezão.

Milagre uenfiano pós-audiência: depois de quase 1 ano parado, processo do PCV volta da Reitoria para a Casa Civil

Professores e servidores reunidos com o presidente da Comissão de Servidores Públicos da Alerj, Flávio Serafini, ao final da audiência realizada na Alerj no dia 11/09/2025

Um dos primeiros atos realizados em maio de 2025 pelas nova diretoria da Associação de Docentes da Uenf (Aduenf) foi enviar uma correspondência à reitora da instituição, Profa. Rosana Rodrigues, solicitando informações sobre as razões do processo referente ao novo Plano de Cargos de Vencimentos estar parado no seu gabinete desde o dia 20 de setembro de 2024 (ver imagem abaixo).

No entanto, apesar de não ter respondido diretamente à Aduenf, a reitora Rosana Rodrigues fez publicar 3 dias depois do envio da correspondência da Aduenf, uma carta aberta à comunidade universitária da Uenf onde, entre negativas e confirmações, ela dizia estar buscando outros caminhos, aparentemente em vão, para fazer avançar a aprovação do novo PCV dos servidores da Uenf. Para quem não sabe, o atual PCV, publicado em 2006, está defasado em vários aspectos, incluindo na malha salarial que sofreu poucas alterações em quase 20 anos. O resultado disso é que cálculos do DIESSE indicam que a perda salarial dos professores está em torno de 50%, fato que também se estende aos servidores técnico-administrativos que atuam na instituição.

Com base na constatação de que o trâmite do processo do novo PCV da Uenf estava parado no gabinete da reitora desde setembro de 2024, a diretoria da Aduenf procurou e recebeu acolhida no gabinete do presidente da Comissão de Servidores Públicos Estaduais, deputado Flávio Serafini (PSOL), para começar os esforços para destravar a situação.  A partir desses contatos, Flávio Serafini esteve no campus Leonel Brizola no dia 26 de agosto onde manteve duas reuniões com professores e servidores não docentes para tratar da realização de uma audiência pública na Alerj para buscar soluções para o destravamento do processo do PCV.

Essa audiência aconteceu na última 5a. feira (11/9) e teve a participação dos sindicatos de professores (Aduenf) e servidores técnico-administrativos (Sintuperj), da reitora Rosana Rodrigues, e de uma representante do ANDES-SN.  Já do lado do governo de Cláudio Castro houve a presença de um representante da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia e de um representante da Secretaria da Casa Civil, o subscretário de Gestão de Pessoas, Alexandre Meyohas.  Após uma série de manifestações, o subsecretário Alexandre Meyohas solicitou que a reitoria da Uenf devolvesse o processo referente ao PCV  para a Casa Civil para que fosse feita uma revisão de cálculos dos valores, levando em conta a defasagem salarial a partir de 2021, além da inclusão dos aposentados e os cargos comissionados no cálculo.

Incrivelmente (quase que como em um milagre) o retorno do processo do gabinete da reitora Rodrigo Civil para a Casa Civil foi feito antes mesmo que a audiência pública fosse encerrada pelo deputado Flávio Serafini (ver imagem abaixo),  e com todos os cálculos solicitados pelo subscretário Alexandre Meyhohas (ver imagem abaixo).

Esta velocidade repentina por parte da reitoria da Uenf tem o dom de abrir o caminho para o tipo de solução que foi apontada por Flávio Serafini durante a audiência. Eu, de minha parte, fico apenas pensando porque não se fiz isso antes. Talvez porque tenha faltado mobilização política dentro do campus, o que acabou acontecendo com a realização da audiência pública da última quinta feira?  É bem provável.

Mas o que fica claro, mais uma vez, é que sem mobilização política a solução dos problemas fica sempre mais difícil. Mais uma razão para que a mobilização que já está acontecendo ganhe ainda mais força, pois há que se garantir a aprovação do novo PCV antes do periodo de restrições que é imposto pelo calendário eleitoral de 2026.

Finalmente, há quem diga que não adianta mobilizar e o melhor é esperar sentado para ver que bicho dá.  O que me parece claro, mais uma vez, é que milagres só acontecem para quem luta.

Uenf: visita de Flávio Serafini serviu para preparar a paralisação dos professores no dia 11/9

A presença do deputado estadual Flávio Serafini (PSOL) no campus Leonel Brizola serviu para o momento de reflexão dos professores que estiveram na sede social da Aduenf na tarde de ontem (26/8).  A presença significativa de professores no encontro com o presidente da Comissão de Servidores Públicos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) é um parâmetro da insatisfação com o desprezo demonstrado pelo governador Cláudio Castro com a implementação do novo Plano de Cargos e Vencimentos.

A principal observação feita por Flávio Serafini foi no sentido de que está se abrindo uma janela de oportunidade para que o novo PCV da Uenf seja apreciado pela Alerj, mas que isso vai depender diretamente do nível de mobilização de professores e servidores técnico-administrativos, já que outras categorias estão pleiteando a recuperação dos seus salários. Segundo o deputado, sem mobilização e pressão, as chances de que o novo PCV da Uenf continue engavetado serão grandes. E, pior, que outras categorias tenham suas demandas atendidas antes.

Essa indicação do deputado que presidente a Comissão de Servidores Públicos da Alerj confirma o acerto da decisão da última assembleia dos professores de paralisar as atividades no próximo dia 11 de setembro quando ocorrerá uma audiência pública para discutir as demandas salariais dos servidores da Uenf, a começar pela aprovação do novo PCV.

A partir dessa reunião claramente exitosa, a diretoria da Aduenf deverá se concentrar em preparar a paralisação do dia 11/9 e garantir a ida de uma comitiva representativa de professores para participar da audiência pública que ocorrerá na Alerj.

Deputado Flávio Serafini vem a Campos para cumprir agendas na 3a. feira (26/8), duas delas na Uenf

O deputado estadual Flávio Serafini (PSOL), que preside a Comissão de Servisores da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) estará em Campos dos Goytacazes para cumprir uma série de compromissos, dois deles no campus da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) (ver imagem abaixo).

Essa visita é particularmente importante porque os servidores da Uenf esperam há mais de dois anos pelo envio do seu Plano de Cargos e Vencimentos (PCV) para a Alerj,  e demandam que o governador Cláudio Castro pague duas parcelas atrasadas de parte das perdas inflacionárias ocorridas nos últimos anos.

Os servidores da Uenf também estão preocupados com a decisão do governador de retirar recursos dos royalties do seu fundo próprio de pensão, o RioPrevidência.  Se o projeto de lei enviado por Cláudio Castro for aprovado é quase certo que haverá muita instabilidade na capacidade de pagamento de pensões e aposentadorias pelo RioPrevidência.

Por isso, a vinda de Flávio Serafini ganha uma relevância espacial, especialmente porque os professores já decidiram que irão paralisar suas atividades no dia 11 de setembro para participar de uma audiência pública que ocorrerá na Alerj para tratar das pautas que deverão ser abordadas nos encontros desta 3a. feira.

Presidente da Comissão de Servidores da Alerj, Flávio Serafini visitará Uenf para encontros com servidores

Em meio a uma série de ataques promovidos contra todos os servidores públicos estaduais pelo governo de Cláudio Castro (PL), o presidente da Comissão de Servidores da Alerj, deputado Flávio Serafini (PSOL), vai visitar o campus Leonel Brizola da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) na próxima 3a. feira (26/8) onde deverá manter encontros com professores e servidores (ver imagem abaixo).

O primeiro encontro envolverá uma reunião específica com a diretoria da Aduenf e professores e uma que envolverá outras categorias de servidores, da Uenf e fora dela.

Além da questão do novo Plano de Cargos e Vencimentos dos servidores da Uenf que está engavetado há mais de dois anos e as parcelas não pagas de reposição das perdas inflacionárias, Serafini deverá abordar os recentes ataques promovidos pelo governo de Claúdio Castro contra o caixa do RioPrevidência.

Por outro lado, uma questão que está preocupando os servidores estaduais é a militarização das corregedorias de órgãos públicos, as quais têm acarretado uma série de punições indevidas. No caso da Uenf, a ocupação do posto de corregedor a um policial civil tem gerado bastante preocupação.

Esse encontro é de suma importância não apenas para os servidores da Uenf, mas de outras categorias do serviço público estadual, em especial da área da Educação.

Uenf, uma universidade sob risco de extinção: perdas salariais e engavetamento do PCV asfixiam servidores

Perdas salariais e falta de novo PCV pressionam servidores da Uenf

Após um lapso de 8 anos retornei à diretoria da Associação de Docentes da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Aduenf). As razões para isso são diversas, mas a principal é que após quase 28 anos de trabalho, vivencio diariamente o que considero a corrosão das condições básicas de trabalho, e um contexto de adoecimento físico e mental de muitos servidores, professores e técnicos-administrativos.

Um levantamento feito a pedido da Aduenf pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) mostra que as perdas salariais causadas pela inflação entre julho de 2014 e dezembro de 2024 chegam a 49,8%. Em suma, os salários pagos hoje já estão com perdas acima de 50% já que a inflação continua seu trabalho perverso de corroer o valor dos salários em 2025. Para piorar esse cenário, o nosso Plano de Cargos e Vencimentos (PCV) aprovado pelo Conselho Universitário da Uenf em dezembro de 2020 se encontra estagnado para surpresa de muitos (minha inclusive) no gabinete da reitora, professora Rosana Rodrigues, desde 20 de setembro de 2024.

Um parêntese importante se refere ao fato de que servidores contratados após a última reforma feita pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro na estrutura de carreira do serviço público não recebem mais a compensação por tempo de trabalho, o chamado triênio, o que se soma aos limites impostos nos valores das aposentadorias. Com isso, atrair profissionais com doutorado, em regime de dedicação exclusiva, se tornou mais difícil do que já era.

Alguém poderia dizer que a condição da Uenf não se coaduna com a curiosa combinação entre política local e estadual, já que Campos dos Goytacazes é palco de uma curiosa dança de grupos políticos que gravitam em torno do prefeito Wladimir Garotinho e do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, deputado Rodrigo Bacellar, este último candidato declarado ao posto de governador nas eleições de 2026.  O problema é que após inúmeras tentativas de contato, o presidente da Alerj parece não dar muita importância à Uenf, visto que nunca tem agenda para se encontrar com a Aduenf. Isso provavelmente vai mudar em poucos meses, caso a candidatura dele para chefiar o executivo estadual venha realmente a decolar (coisa que não me parece garantida).

Bacellar será o novo líder do governo Cláudio Castro na Alerj – Diário da  Guanabara

O governador Cláudio Castro e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, parecem ainda não ter entendido a posição estratégica da Uenf no Norte/Noroeste Fluminense

De toda forma, o que me parece claro é que os professores da Uenf, que já deram muitas provas de que são capazes de se fazer ouvir,  já estão com a paciência mais do que esgotada com todo o descaso com que têm sido tratados pelo governo de Cláudio Castro que tem em Rodrigo Bacellar o seu principal sustentáculo político. Sabendo disso, e de volta na diretoria da Aduenf, acredito que é chegada a hora de deixar isso mais claro a quem quer que almeje usar a Uenf como vitrine política nas eleições de 2026. É que, querendo ou não, a universidade tem um peso político incontestável, apesar de seus atuais dirigentes não darem indicações de que sabem disso.

Meu falecido pai, um agricultor transformado em metalúrgico, tinha vários motes para sintetizar suas visões de mundo. Um deles ia no sentido de algo como “jacaré parado vira bolsa”.   A partir de conversas que mantive com muitos professores da Uenf após o meu retorno à diretoria da Aduenf, posso adiantar que a maioria deles não está disposta a virar bolsa. É que o desdobramento final disso tudo poderá ser a extinção da Uenf, como aconteceu com a Uezo, que foi assimilada pela Uerj após ser levada à completa insolvência.

Por isso, aguardemos as cenas dos próximos capítulos….

Nova diretoria da Aduenf estabelece PCV como prioridade máxima. É hora de movimentar!

Após um longo intervalo, estou novamente na diretoria da Associação de Docentes da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Aduenf).  Essa não é a minha primeira jornada na diretoria da Aduenf, mas certamente possui elementos tão desafiadores quanto os que já presenciei em gestões anteriores.

A primeira coisa é que, graças a modificações feitas na estrutura das carreiras do serviço público, os professores, principalmente os que estão entrando na Uenf neste momento, se vê diante de uma profunda precarização de direitos e de condição laboral.  Além de não terem mais qualquer possibilidade de acesso a certos direitos (como os triênios), mesmo a obtenção daqueles que permanecem é dificultado pelo Estado, como é o caso do adicional por periculosidade.

Além disso, a tabela salarial praticada na Uenf é antiga, com a consequente desvalorização dos salários, que agora sequer possuem a possibilidade de terem alguma compensação que era garantida pela permanência no cargo. Como estamos em uma cidade no interior do estado do Rio de Janeiro que possui níveis altos de carestia, não há mais sequer a atração que havia quando a universidade foi criada em 1993 quando em Campos dos Goytacazes, os salários efetivamente valiam mais.

O resultado disso é que os poucos concursos que são autorizados pelo governo de Cláudio Castro geram poucos candidatos, ao contrário do que ocorre nas universidades federais. É que com as condições atuais, o cargo de professor da Uenf é simplesmente pouco atrativo para quem está em regiões mais desenvolvidas do Brasil.

Para piorar a proposta de um Plano de Cargos e Vencimentos (PCV) está engavetada em algum lugar empoeirado no Palácio Guanabara que hoje é ocupado por um governador que claramente desdenha a importância das universidades estaduais. Cláudio Castro, o governador acidental, deixa isso claro ao ignorar a Uenf e sua importância estratégica para o desenvolvimento econômico e social do Rio de Janeiro nas poucas visitas que faz à nossa região.

A coisa não fica mais fácil com a presença de um deputado campista, Rodrigo Bacellar, na presidência da Alerj, já que até agora não se sabe de nada de prático que ele tenha feito para convencer seu aliado preferencial, o governador Castro, a se mexer em prol de uma demanda mais do que justa que é a aprovação de um novo PCV para a Uenf. E olha que Bacellar conhece bem (ou deveria conhecer) já que presidiu a extinta Fundação Estadual do Norte Fluminense (Fenorte) que fica instalada no prédio que hoje abriga a reitoria da Uenf.

No âmbito interno da universidade, a reitoria comandada por Rosana Rodrigues prefere investir no que a nova diretoria da Aduenf classifica de “bolsificação” que se traduz na distribuição de recursos via editais pouco claros em termos dos critérios de concessão, e na concessão de diversos tipos de “auxílios” que caem quando o professor se aposenta, causando uma perda salarial em torno de 30% na hora que o profissional mais precisa de recursos para sobreviver.  Lutar para que o PCV finalmente chegue na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro é coisa que a reitora parece achar que não é com sua administração. Com isso, a proposta aprovada pelo Conselho Universitário da Uenf em dezembro de 2020 permanece lacrado em paradeiro ignorado nos meandros da burocracia estadual.

Foi diante dessa situação desafiadora que eu aceitei compor a nova diretoria da Aduenf, pois estando relativamente próxima da minha aposentadoria que deverá ocorrer no início de 2029, me preocupa ver a universidade sendo precarizada em seu núcleo central de sustentação que são seus servidores, docentes ou não.

Mas para situações desafiadoras é sempre preciso ter foco e determinação, e é isso que me deixa animado em relação a estar novamente na diretoria da Aduenf. É que me parece claro que a maioria dos professores da Uenf entende perfeitamente a importância de se lutar contra a precarização das suas condições salariais e de trabalho, não apenas para aqueles que já estão, mas pelos que virão.

Tenho certeza que, como já ocorreu em muitas vezes no passado, a Aduenf saberá alcançar o tipo de protagonismo político que a presente situação demanda. Afinal, seguindo o que dizia meu no sentido de que “jacaré parado vira bolsa”, a hora é de se movimentar.