Pesquisadores espanhóis analisaram 280 amostras de água mineral. Apenas uma das marcas estava livre de microplásticos

Em média, um litro de água engarrafada contém 240.000 fragmentos de plástico detectáveis. Um estudo do CSIC/Espanha analisou 20 marcas e apenas uma estava livre de microplásticos.

Por José Garcia para o Xataka 

Melhor sabor e cheiro, além de motivos de saúde. Essas são as duas principais razões pelas quais as pessoas bebem água engarrafada, de acordo com um estudo da Universidade Autônoma de Barcelona. A Espanha é, de fato, o terceiro país europeu que mais consome água engarrafada (até 107 litros por habitante). Isso colide com uma coisa: a água engarrafada não só é muito mais cara do que a água da torneira , mas agora sabemos que ela também contém micro e nanoplásticos em quantidades muito maiores do que as estimadas.

O estudo original

Pesquisadores da Universidade de Columbia analisaram três marcas populares de água engarrafada nos Estados Unidos (cujos nomes não foram divulgados) em busca de micro e nanoplásticos. Para fazer isso, eles usaram uma nova técnica chamada microscopia de espalhamento Raman estimulada, que envolve sondar amostras com dois lasers simultâneos ajustados para fazer moléculas específicas ressoarem.

Analisando sete plásticos comuns, os pesquisadores desenvolveram um algoritmo para interpretar os resultados. Segundo Wei Min, coinventor da técnica e coautor do estudo em questão, “uma coisa é detectar e outra é saber o que você está detectando”.

As descobertas

Em média, este estudo descobriu que um litro de água engarrafada contém 240.000 fragmentos de plástico detectáveis ​​– entre dez e 100 vezes mais do que estimativas anteriores. Especificamente, os pesquisadores dizem que encontraram entre 110.000 e 370.000 fragmentos de plástico em cada litro, 90% dos quais eram nanoplásticos. Nesse sentido, é importante lembrar a diferença entre micro e nanoplásticos:

Os plásticos mais comuns

Não é surpresa que um dos plásticos mais comuns tenha sido o tereftalato de polipropileno, mais conhecido como PET. É o material do qual muitas garrafas são feitas. “Ele provavelmente entra na água quando pequenos pedaços se quebram quando a garrafa é espremida ou exposta ao calor”, dizem os pesquisadores, citando outro estudo que sugere que eles também podem ser desalojados ao abrir e fechar a tampa repetidamente.

De costume

E embora o PET seja comum, ele é superado pela poliamida, um tipo de náilon que “provavelmente vem de filtros plásticos usados ​​para purificar água antes do engarrafamento”, diz Beizhan Yan, pesquisador do estudo. Outros plásticos comuns encontrados pelos pesquisadores incluem poliestireno, cloreto de polivinila e polimetilmetacrilato.

E o resto? 

A técnica utilizada contempla os sete plásticos mais comuns, mas existem muitos outros plásticos. De acordo com a Universidade de Columbia , “os sete tipos de plástico que os pesquisadores procuraram representavam apenas cerca de 10% de todas as nanopartículas que encontraram nas amostras; Eles não têm ideia do que é o resto. Se forem todos nanoplásticos, pode ser dezenas de milhões por litro.”

E os vendidos na Espanha?

Foi o que quis descobrir um estudo do CSIC e do Instituto de Saúde Global de Barcelona . Eles desenvolveram uma técnica para quantificar partículas entre 0,7 e 20 micrômetros, bem como os aditivos químicos liberados na água, e para este estudo, analisaram 280 amostras de 20 marcas comerciais de água. Apenas uma das marcas não continha microplásticos, mas todas as 280 amostras continham aditivos plásticos.

Mais especificamente

 O resultado é que, em média, um litro de água contém 359 nanogramas de micro e nanoplásticos, uma quantidade comparável à encontrada na água da torneira em um estudo anterior realizado pelo mesmo grupo. “A principal diferença que encontramos foi o tipo de polímero: na água da torneira encontramos mais polietileno e polipropileno, enquanto na água engarrafada detectamos principalmente polipropileno tereftalato (PET), embora também polietileno”, disse Cristina Villanueva, pesquisadora do ISGlobal e autora do estudo.

Bastante microplástico

Considerando que bebemos dois litros de água por dia, os autores estimam “uma ingestão de 262 microgramas de partículas plásticas por ano”. Em relação aos aditivos, foram detectados 28 aditivos plásticos, principalmente estabilizantes e plastificantes. De acordo com os pesquisadores, “nosso estudo de toxicidade mostrou que três tipos de plastificantes representam um risco maior à saúde humana e, portanto, devem ser considerados nas análises de risco para os consumidores”.


Fonte: Xataka.com

Universidade brasileira confirma presença do novo coronavírus em cães pela primeira vez no Brasil

Animais tiveram sintomas leves de COVID-19 e passam bem; tutores também tiveram diagnóstico confirmado.

DOG

Por *Assessoria de Imprensa e Jornalismo da UFPR

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) confirmou a presença de SARS-CoV-2 em dois cães de Curitiba, cidade no Sul do Brasil, na última semana, sendo um da raça buldogue francês e um sem raça definida. Estes são os primeiros casos identificados no Brasil, junto ao estudo multicêntrico coordenado pela UFPR, que irá examinar amostras de cães e gatos em seis capitais. No último mês, a equipe já havia contribuído com a identificação da presença do vírus em uma gata de Cuiabá, no Centro-Oeste, detectada pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). 

O primeiro caso foi de um macho, adulto, raça Bulldog Francês, cujo tutor, de Curitiba, testou positivo para SARS-CoV-2 no RT-PCR na última semana, sem saber onde se infectou. Ele contou à equipe de pesquisa que percebeu uma discreta secreção nasal no cão, que dorme na mesma cama que ele. Num segundo teste, o tutor negativou, mas o cão estava positivo, já com uma quantidade pequena de vírus no organismo. No segundo teste realizado com o buldogue no dia seguinte, o animal também negativou.

O segundo caso foi de um cão macho, adulto, sem raça definida, cuja tutora também testou positivo para SARS-CoV-2. Segundo seu relato à equipe de pesquisa, seus quatro cães, que dormem na cama com ela, tiveram discretos episódios de espirros. Todos os moradores humanos da casa testaram positivo e, dentre os quatro cães, apenas um confirmou a presença do vírus.

De acordo com o professor Alexander Biondo, da UFPR e coordenador do estudo nacional, os dados serão registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Todas as amostras estão sendo enviadas para confirmação no TECSA Laboratório Animal, para que sejam testadas em outro laboratório de referência. Apesar dos primeiros resultados positivos, não existe nenhum caso confirmado de cães e gatos transmissores do vírus ou com registro da doença COVID-19.

Segundo Biondo, os animais podem se infectar pelo vírus SARS-CoV-2, inclusive cães e gatos, mas isso não se equivale a dizer que eles têm a doença ou são transmissores. Estudos já publicados indicam que gatos podem se infectar e transmitir para outros gatos, mas não há dados para cães. O professor ainda reforça que o contato mais íntimo entre humanos e pets pode infectar os bichinhos, sendo indicado o distanciamento e o uso de máscara em caso de confirmação para tutores que testarem positivo.

Gata foi o primeiro pet confirmado no país

Uma gata foi o primeiro pet com SARS-CoV-2 identificado no Brasil, confirmado na UFPR, no Laboratório do Departamento de Genética, com coordenação institucional do professor Emanuel Maltempi. No teste de RT-qPCR , a presença do RNA viral foi verificada no animal de Cuiabá. Agora, os cientistas trabalham no sequenciamento do genoma do vírus encontrado na felina e no seu tutor. No sequenciamento, será possível determinar a ordem exata dos nucleotídios do RNA genômico do vírus. ” Vai servir para confirmar que é o SARS CoV-2, pois a RT-qPCR identifica só um pedaço do genoma, mas também qual a estirpe ou cepa. Poderemos saber de onde veio”, explica Maltempi.

De acordo com Maltempi, uma hipótese é que só uma estirpe de vírus possa infectar animais. O sequenciamento poderá contribuir com respostas às perguntas que já vêm sendo traçadas nas pesquisas de Biondo, que, com um grupo de outros cientistas, publicou recentemente uma revisão sobre o panorama acerca da contaminação animal por SARS-CoV-2 no mundo.

O projeto

O projeto em andamento coordenado pela UFPR será realizado em Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Recife (PE), São Paulo (SP) e Cuiabá (MT). Serão dois momentos de avaliação, com amostras biológicas coletadas com intervalo médio de sete dias, entre animais cujo tutor esteja em isolamento domiciliar, com diagnóstico laboratorial confirmado por RT-qPCR ou resposta imunológica apenas por IgM.

Em Curitiba, uma equipe de pesquisadores fará a coleta em domicílio. Caso necessário, o trabalho também poderá ser feito no Hospital Veterinário. “Se possível, também coletaremos sangue para realizar a sorologia”, explica Biondo, reforçando que “o estudo pode dar resposta definitiva sobre a susceptibilidade e o papel de cães e gatos como reservatórios do vírus”.

Os resultados dos testes serão o mais brevemente possível informados aos tutores ou familiares através de contato telefônico e pela emissão de laudo eletrônico, que será enviado por e-mail ou aplicativo de comunicação. Em caso positivo, de acordo com ele, os demais animais da residência também serão testados em pool por espécie. Além disso, os familiares serão orientados a estabelecer o acompanhamento veterinário por 14 dias, intensificando medidas de higiene e proteção individual e coletiva.

A pesquisa pretende contribuir para a tomada de decisão pelo poder público quanto a medidas de prevenção e controle de COVID-19 em animais de estimação. “Espera-se estabelecer propostas de ações intersetoriais entre as instituições de pesquisa e as secretarias municipais de saúde, para que essas, por meio de ações integradas entre a Vigilância Ambiental e a Atenção Primária à Saúde, possam estabelecer fluxogramas internos de atenção à saúde animal e proteção à saúde humana”.

fecho

*Assessoria de Imprensa e Jornalismo,  Superintendência de Comunicação e Marketing (Sucom), Universidade Federal do Paraná (UFPR), +55 41 3360-5251/5008/5007/5158. Para envio de demandas ao jornalismo da Sucom/UFPR, favor copiar o e-mail jornalismo.sucom@ufpr.br