Sobre injustiça e morte: a perseguição aos bailes funk

paraisopolisMoradores de Paraisópolis protestam contra ação da PM de São Paulo que resultou na morte de nove jovens por pisoteamento em baile funk.  Marlene Bergamo/FolhaPress

Por Luciane Soares da Silva*

O caso de Paraisópolis não pode ser visto isoladamente. As nove mortes no baile funk, fruto da deliberada ação com intenção de matar da Polícia Militar de São Paulo, unem-se as ações que já vitimaram mais de 9 crianças no Rio de Janeiro. Todas moradoras de periferia. Muitas delas, negras. Crianças mortas diretamente pela política que sugere “mirar na cabecinha”. A política de João Dória acompanha a de Wilson Witzel com foco no mesmo público.

As versões dos policiais nunca apresentam uma prova material do ataque a que dizem ter enfrentado e respondido. Já as imagens de pessoas encurraladas, apanhando sem a menor possibilidade de defesa, estão aí e não podem ser desconsideradas. Lamento que estes homens tenham de ter seu trabalho tão rebaixado no ofício de prover segurança. São o braço ativo de um governador covarde. Que encena como em dezenas de vezes … indignação e pedido de apuração dos fatos.

Iniciei minhas pesquisas com favelas no Rio de Janeiro em 2005 e perdi a conta do número de assassinatos, chacinas, comoções e injustiças vividas nestes anos. Dentre as situações mais insustentáveis da relação entre Estado e periferia, a proibição dos bailes funk sempre me pareceu estar entre as mais injustificáveis. Acompanhei a preparação dos bailes na Rocinha, Maré e Acari. E nunca foi razoável a justificativa de que estes eram espaços de consumo de drogas e de ação do tráfico. Em primeiro lugar, o consumo de drogas não precisa da realização dos bailes para existir e já faz algum tempo que sua forma de venda migrou para um formato muito mais capilarizado e discreto. Além disto, o baile funk não é realizado sob domínio do tráfico como os jornais de grande circulação gostariam de fazer crer.

Conheci evangélicos que vendiam balas na porta dos bailes. Conheci artistas que aferiam renda com as letras gravadas pela Furacão 2000, conheci dançarinas que sustentavam suas famílias com mais de cinco apresentações em fim de semana. A economia da favela sempre lidou muito bem com os bailes. A certamente os 174 milhões movimentados em 2008, segundo a FGV, mostravam a centralidade do fenômeno nestes locais. Não é uma questão de gosto…

Aqueles que em sua ignorância acusam estes moradores de “falta de vontade para empreender” não fazem a menor ideia das formas criadas na favela para complemento de renda. Os bailes nunca precisaram de patrocínio do Estado para existirem. Pelo contrário, cresceram de costas para o poder público que em seu punitivismo tacanho, apresenta exigência de banheiros químicos e segurança em territórios que se autogovernaram em muitos destes quesitos, sem a presença do Estado. O baile incomoda? Mas a falta de saneamento não. A falta de transporte não, nem de creches ou escolas. O baile incomoda? Mas crianças com os corpos no chão em busca de proteção contra os helicópteros do Estado não. O baile incomoda? Já o sumiço de Amarildo…

Na sessão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que discutiu o funk como patrimônio cultural, vi muitos deputados escondendo os relógios e rindo uns para os outros, enquanto guardavam as carteiras, apontando para uma plenária cheia de meninos com camisetas do Flamengo, tênis velhos, bonés e bermudas. Os deputados riam como se estivessem olhando um circo.

Os bailes funk são a única forma de lazer de territórios sem teatros, bibliotecas ou cinemas. Mas já faz uma quase duas décadas que este é o único segmento cultural perseguido pelo Estado. O problema dos comandantes e secretários de segurança, não é ritmo. Já tentaram justificar que o baile funk é a falência da segurança pública durante a curta vida das Unidades de Polícia Pacificadora. Já tentaram proibir o baile por alegar que ali se fazia apologia ao tráfico. Mas nada disto sustenta a ação policial em Paraisópolis.

A intensificação destas ações de extermínio sugere que atingimos o ápice de uma política sempre presente nas favelas: a das execuções sem julgamento.

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* Luciane Soares da Silva é docente da Universidade Estadual do Norte Fluminense  (Uenf), onde atua como chefe Laboratório de Estudos sobre Sociedade Social e do Estado (Lesce), e também participa da diretoria da Associação de Docentes da Uenf (Aduenf).

Tiros na noite e a crise da (in) segurança instalada no campus da Uenf

Uma questão que tem sido fortemente debatida pela comunidade universitária da Uenf é sobre o status da segurança interna do campus Leonel Brizola e de outras unidades que a universidade possui nas cidades de Campos, Macaé e Itaocara. Enquanto uns acreditam que a falta de pagamentos e a diminuição do contigente da empresa K-9 ameaçam a segurança interna, outros acham que o problema não é assim tão grave e que as atividades poderiam continuar normalmente após o final da greve.

Pois bem, na noite desta 5a. feira (21/07) uma perseguição policial que se iniciou do lado de fora e chegou ao prédio do Centro de Ciências do Homem (CCH) mostrou que a violência que acontece do lado de fora dos muros pode sim chegar bem perto de professores, servidores e estudantes, como mostra a reprodução de uma matéria publicada sobre o incidente pelo jornal Folha da Manhã (ver reprodução abaixo).

perseguição

Da leitura da matéria saltam aos olhos três questôes. O primeiro é que um cidadão que não portava uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) resolveu se evadir de uma viatura policial, ensejando uma perseguição para o interior do campus da Uenf.  Tudo já não estaria normal se neste processo, tiros não fossem disparados em direção a um prédio que, apesar da greve em curso, estava ocupada por pessoas que não tinham a ver com o início da perseguição. E o terceiro elemento tem a ver com a noticiada negação pelos policiais envolvidos na ação de que não dispararam os tiros que dezenas de testemunhas alegam ter ouvido.  O que levanta a questão imediata de porque algo que foi realizado publicamente está sendo negado, mesmo em face de inevitáveis testemunhas.

Afora os fatos que a matéria da Folha da Manhã já levanta, não há como deixar de observar que este pequeno incidente que não deixou, mas poderia ter deixado, vítimas fatais representa apenas uma micro-inserção no universo do modelo de (in) segurança pública em que vivemos, onde os mais pobres e habitantes das regiões periféricas comumente são alvos de perseguições e tiros, antes que se apure a razão de uma determinada ação, seja ela legal ou não. Além disso, esta situação revela , nas palavras dos seguranças patrimoniais que ainda atuam na Uenf apesar de 4 meses de salários atrasados, é a precariedade da segurança interna do campus Leonel Brizola como resultado do não cumprimento da obrigação básica do (des) governo do Rio de Janeiro de executar o orçamento aprovado para a Uenf trabalhar em 2016. 

De toda forma, o que eu espero é que não se fique apenas no alívio após o terror que muitos das testemunhas oculares sentiram. É preciso que a reitoria da Uenf e o Comando do 8o. Batalhão estabeleçam um diálogo urgente para impedir que os fatos da noite passada não se repitam. É que da próxima vez talvez o acaso não seja tão benévolo e algum inocente perca a sua vida.

 

Repressão em São Paulo mostra pavor das elites frente à ascensão das lutas populares

As cenas que mostro abaixo são parte da documentação visual que já está circulando nas redes sociais sobre a violenta repressão cometida pela Polícia Militar de São Paulo contra manifestantes que se opõe aos preços escorchantes do transporte público na capital do estado.

Como participante das manifestações que ocorriam no início da década de 1980 pedindo o fim do regime militar, posso atestar que naqueles tempos a repressão era menor, provavelmente por causa do desgaste a que o regime estava sendo submetido pela crise econômica que então se abatia sobre o Brasil.

Mas, contraditoriamente, a violência da repressão cometida pela batuta do governador José Geraldo Alckmin do PSDB é, para mim, um reconhecimento de que os tempos de mansidão e dispersão política são coisa do passado, o que amedronta as classes dirigentes que impõe enormes sacrifício ao conjunto da população brasileira.

Como toda essa violência não vai impedir novas manifestações, e elas já estão sendo marcadas pelo Movimento Passe Livre (MPL), o mais provável é que a PM volte a agredir, dar tiros e forjar flagrantes. No entanto, isso certamente ainda vai servir como combustível para mais revolta.

É, o ano de 2016 promete!

Em carta inédita, coronéis acusam Francischini de participar do planejamento do massacre de professores no Paraná

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Uma carta assinada pelo ex-comandante geral da Polícia Militar, coronel César Kogut, acusa o ex-secretário de Segurança Pública do Paraná, Fernando Francischini, de participar das diversas fases do planejamento da operação que resultou no massacre dos professores no último dia 29 de abril. O documento enviado ao governador Beto Richa (PSDB), no início desta tarde (6), foi subscrito por todos os coronéis da instituição sequicentenária.

É a primeira vez na história que o alto comando da PM se rebela contra um integrante da Secretaria da Segurança Pública. O coronelato informa que só responderão ao próprio governador Beto Richa, pois já não consideram mais Francischini como titular da pasta.

Embora não haja formalização ainda, Kogut e Francischini são considerados como “ex-integrantes” do governo tucano.

“O secretário foi informado dos possíveis desdobramentos… tendo o senhor secretário participado de diversas fases do planejamento, bem como é importante ressaltar que no desenrolar dos fatos o senhor secretário da Segurança Pública era informado dos desdobramentos”, diz um trecho da carta.

No último dia 23 de abril, o leitor do Blog do Esmael soube que Francischini e o comando da PM estiveram reunidos “secretamente” com o presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), detalhando a operação repressiva aos manifestantes contrários ao confisco da poupança previdenciária (clique aqui).

Na segunda-feira (4), Francischini responsabilizou o coronel da PM, durante coletiva dada à imprensa, pelo massacre de professores na quarta-feira passada. A entrevista ampliou a crise política e na segurança pública.

A seguir, leia a íntegra do documento:

CARTA AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ

O Comando da Polícia Militar do Paraná, instituição sesquicentenária que labuta diariamente em prol da segurança pública do Estado do Paraná, cumprindo incansavelmente a sua missão constitucional, vem perante Vossa Excelência manifestar o seu repúdio às declarações atribuídas pela Imprensa ao Secretário de Estado da Segurança Pública, em data de 04 de maio de 2015 – e até agora não desmentidas – as quais atribuem única e tão somente à PMPR a responsabilidade pelos fatos ocorrido em 29 de abril de 2015, quando da manifestação dos professores, pelos fundamento abaixo delineados.

a) A Polícia Militar do Paraná esteve presente no dia 29 de Abril de 2015, cumprindo o seu papel constitucional de preservação da ordem pública, no intuito de garantir a ordem pública e impedir uma possível invasão à Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, em atendimento ao interdito proibitório expedido pela Justiça paranaense, devidamente comandada, com planejamento prévio e ciente dos desdobramentos que poderia advir.

b) Que o Senhor Secretário de Segurança Pública foi alertado inúmeras vezes pelo comando da Tropa empregada e pelo Comandante-Geral sobre os possíveis desdobramentos durante a ação e que mesmo sendo utilizadas as técnicas internacionalmente reconhecidas como as indicadas para a situação, pessoas poderiam sofrer ferimentos, como realmente ocorreu, tendo sido vítimas manifestantes e policiais militares empregados na operação.

c) Que imediatamente após os fatos foi determinada a abertura de Inquérito Policial Militar para a apuração dos possíveis excessos, no sentido de serem responsabilizados todos os que tenham dado causa aos mesmos.

d O que não se pode admitir em respeito à tradição da Polícia Militar do Paraná, seus Oficiais e Praças, que seja atribuída a tão nobre corporação a pecha de irresponsável ou leviana, por não ter sido realizado um planejamento, ou mesmo que tenha sido negligente durante a operação, pois todas as ações foram tomadas seguindo o Plano de Operações elaborado, o qual foi aprovado pelo escalão superior da SESP, tendo inclusive o Senhor Secretário participado de diversas fases do planejamento, bem como é importante ressaltar que no desenrolar dos fatos o Senhor Secretário de Segurança Pública era informado dos desdobramentos.

e) O Comando e os demais integrantes da Corporação deixam claro a Vossa Excelência que nunca deixarão de cumprir o seu juramento desempenhar com honra, lealdade e sacrifício de sua própria vida, as suas obrigações, na defesa da Pátria, do Estado, da Constituição e das Leis.

Curitiba, R, 5 de Maio de 2015.

Cel. QOPM Cesar Vinícius Kogut,

Comandante-Geral da PMPR

FONTE: http://www.esmaelmorais.com.br/2015/05/em-carta-inedita-coroneis-acusam-francischini-de-participar-do-planejamento-do-massacre-de-professores-no-parana/

Brasil 247: Coronel é exonerado após incitação ao nazismo

Terceira Via: Presença da PM no campus da Uenf gera revolta nos alunos

O movimento estudantil da universidade criou uma página no facebook intitulada “PM na Uenf, pra quem?”

Presença da PM no campus da Uenf gera revolta nos alunos (Foto: reprodução)

Os alunos da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) ficaram surpresos com a presença de policiais militares dentro do campus da instituição nesta semana. O trabalho começou na segunda-feira (8 de setembro). Revoltados, alunos do movimento estudantil da universidade criaram uma página no facebook intitulada “PM na Uenf, pra quem?”.

De acordo com uma das responsáveis pela comunidade na rede social, Luisa Leão, o reitor da universidade, Silvério de Paiva Freitas, aprovou um termo de cooperação firmado entre a Uenf, a Secretaria de Estado de Segurança (Seseg) e a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) no dia 26 de junho. Segundo Luisa, a comunidade acadêmica não foi consultada e os alunos tiveram o posicionamento ignorado.

Na comunidade no facebook, os estudantes informaram que os policiais fazem ronda utilizando carro e combustível da universidade. “Interessante perceber que enquanto a verba é cortada para serviços básicos, para projetos que existem há anos, para o pagamento do aumento das bolsas dos alunos, tem dinheiro para o combustível da constante ronda policial”, relataram.

Para a aluna Nayara Polizelli, a presença dos militares não traz segurança. “Sinto pena de quem acha que a polícia no campus é progresso. Nunca me senti mais segura por ter um policial por perto. Retrocesso total”, disse.

Luisa Leão ressaltou que foi feito um debate aberto e uma assembleia com todas as categorias (estudantes, professores e servidores técnicos) e nas duas ocasiões a reitoria foi convidada a participar. No debate, o prefeito da Uenf, Gustavo Xavier, foi quem representou a reitoria. De acordo com ele, foi necessário reduzir o número de vigilantes patrimoniais por causa de questões financeiras, e, para dar maior suporte aos funcionários e estudantes, os PMs farão a segurança pessoal.

“Nós, alunos, somos contra esta imposição que nos foi dada. Acreditamos que esta medida foi uma resposta ao nosso longo movimento de greve e ocupação, ou seja, para nos oprimir. Acreditamos também que não existe um quantitativo de ocorrências que justifique ter PMs dentro da universidade. Considero esta medida arbitrária e desnecessária, serve apenas para proteger a reitoria de novas manifestações e ocupações”, opinou Luisa.

A estudante Isis Moura acredita que a medida pode afetar a segurança dos prédios pelo fato de os policiais estarem substituindo os vigilantes. “É importante discutir o quanto a implementação da PM em substituição aos vigilantes está repercutindo e afetando a comunidade acadêmica. Teve um dia que um prédio ficou sem vigilante no início das aulas do período da tarde, chegando lá às 14h30. Esses vigilantes são responsáveis também por guardar chaves das salas dos prédios, assim como um caderno de ponto dos professores que as utilizam. O resultado foi atraso em todas as aulas do prédio e a explicação da vigilante foi que, devido ao corte de vigilantes, não havia nenhum para substituí-la no horário de almoço. Reitoria sempre pensando na boa gestão”, concluiu.

FONTE: http://jornalterceiravia.com.br/noticias/campos_dos_goytacazes/55416/

Estudantes lançam página no Facebook para questionar uso da PM no policiamento do campus da UENF

PM na UENF, pra quem?

pm uenf

No dia 26 de junho foi aprovado por ad referendum do Reitor, Silvério de Paiva Freitas um Convênio de segurança, firmado entre UENF, SESEG e PMERJ, sem consulta ou participação da comunidade acadêmica, tratando um assunto tão importante de forma arbitrária, onde os estudantes, principais afetados por tal medida, tiveram seu posicionamento ignorado.

Nesta segunda (08/09/14) os Policiais iniciaram seu trabalho na UENF.

Estes policiais vem fazendo “ronda” utilizando carro e combustível da Universidade. Interessante perceber que enquanto a verba é cortada para serviços básicos, para projetos que existem há anos (como é o caso da feira de agricultores, que corre o risco de acabar), para o pagamento do aumento das bolsas dos alunos, tem dinheiro para o combustível da constante “ronda” policial.

Hoje é o terceiro dia da ação da polícia dentro da UENF e hoje mesmo, estudantes do movimento estudantil foram “vigiados bem de perto” pelos policiais ao se deslocarem por diversas áreas de convívio da universidade. A suspeita que existia sobre a real motivação da PM na UENF se confirmou.

Por isso perguntamos: PM NA UENF, PRA QUEM?!

FONTE: https://www.facebook.com/pmuenfpraquem?ref=profile

Ururau: acampamento de Sem Terra é desmontado pela justiça com apoio da PM

Justiça e Polícia Militar cumprem reintegração de posse na Sapucaia

Polícia Militar e Corpo de Bombeiros foram acionados para darem apoio à ação

Carlos Grevi, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros foram acionados para darem apoio à ação

A justiça cumpre desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (24/07) uma ordem de reintegração de posse no acampamento Eraldo Lírio, no km 130 da BR-356 e no acampamento Manoel Barbosa, no km 134 da mesma rodovia. Os dois acampamentos estão situados em terras da Usina Sapucaia, que teriam sido arrendadas pela Cooperativa Agroindustrial do Rio de Janeiro (Coagro). A ordem foi expedida pela juíza da 3ª Vara Cível de Campos, Flávia Justus.

De acordo com o oficial de Justiça, César Manhães, os dois acampamentos são originários do Tabatinga, que fica próximo à sede da Usina. Mais tarde parte dos acampados se deslocaram e formaram o Eraldo Lírio que era muito extenso e ficava muito à margem da BR, por isso o acampamento foi dividido e cerca de 54 famílias formaram o acampamento Manoel Barbosa, no km 130, no Parque Aldeia.

Ainda segundo o oficial de justiça a área a ser integrada se estende por cerca de 800m².

A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar foram acionados para apoio à ação de reintegração.

FONTE: http://ururau.com.br/cidades47234_Justi%C3%A7a-e-Pol%C3%ADcia-Militar-cumprem-reintegra%C3%A7%C3%A3o-de-posse-na-Sapucaia

BBC faz o que mídia do Brasil não quis fazer: mostrou a violência da PM no Rio de Janeiro

Polícia usa violência em protesto e fere ao menos 10 jornalistas no Rio

Polícia reprime protesto no Rio | Crédito: AP

Polícia usa violência para reprimir protesto no Rio de Janeiro

Ao menos dez jornalistas ficaram feridos por estilhaços de bombas de gás lacrimogênio e golpes de cassetete durante uma manifestação no Rio de Janeiro marcada para coincidir com a final da Copa do Mundo. O protesto, que reuniu cerca de 300 pessoas neste domingo na Zona Norte da cidade, foi duramente reprimido pela Polícia Militar.

Criticada por entidades, a operação da PM contou ainda com tropas de choque e cavalaria.

A estratégia dos policiais, conhecida no exterior como “kettling”, foi a de cercar totalmente os manifestantes e impedir que saíssem da Praça Saens Peña, na Tijuca, a menos de dois quilômetros do estádio do Maracanã, para onde queriam marchar.

Desde o início dos jogos da Copa do Mundo, autoridades estaduais têm autorizado o uso de violência para evitar que manifestantes se aproximassem de estádios ou instalações da Fifa.

A Polícia Militar afirmou à BBC Brasil que encaminhará à Corregedoria denúncias de abusos de policiais.

“Foi necessário usar bombas de gás também para dispersar, inclusive alguns manifestantes que arrombaram as portas do Metrô”, afirmou a instituição em nota.

Questionado sobre o objetivo da operação, o coronel Cristiano Luiz Gaspar, comandante do Regimento de Polícia Montada, disse ainda no local da manifestação que a operação “servia para garantir a segurança das próprias pessoas”.

Para André Mendes, advogado ativista que acompanhava o protesto ao lado de enviados da OAB do Estado do Rio de Janeiro, no entanto, a interpretação do que ocorreu na praça é outra.

“Traçaram um perímetro urbano e fizeram cárcere privado. Quando alguém tenta sair, eles (policiais militares) forçam a situação e há confronto. E se a pessoa insiste, levam para a delegacia e detêm alegando desacato ou desobediência. É totalmente inconstitucional, estão violando muitos direitos de uma vez só”, diz.

Jornalistas e violência

Polícia reprime protesto no Rio | Crédito: AFP

Reportagem da BBC Brasil testemunhou cenas de violência da polícia contra ativistas e jornalistas

A BBC Brasil e o restante da imprensa nacional e internacional presentes à manifestação testemunharam cenas de violência contra ativistas e jornalistas.

Mauro Pimentel, fotógrafo do site de notícias Terra, teve a lente da câmera quebrada e levou um soco no rosto. “Eu estava de máscara de gás, que foi quebrada com o soco. Foi isso que me salvou, senão teria ficado muito mais ferido”, disse.

“Na confusão das bombas de gás eu caí e a tropa de choque começou a passar por cima de mim. Aí veio um policial e se abaixou; eu achei que ele ia me ajudar mas ele abriu a minha máscara de gás e jogou spray de pimenta no meu olho”, disse Ana Carolina Fernandes, freelancer de agências de notícias.

Outros nove jornalistas foram alvos da polícia, que num dado momento focou em profissionais com câmeras.

Entre eles o documentarista canadense Jason O’Hara, que teria sido hospitalizado após ser agredido por policiais. “Show de horror nas ruas do Rio. Amigo e cineasta Jason O’Hara brutalizado pela polícia, levou chutes na cabeça”, disse em sua conta no Twitter o geógrafo americano Christopher Gaffney, professor-visitante da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Confrontos

Os confrontos entre policiais e manifestantes começaram quando os participantes do protesto tentaram passar à força pelas barreiras policiais que cercavam a praça.

A BBC Brasil ouviu os policiais gritando “360, 360!” e logo depois disso foi possível ouvir explosões de bombas de efeito moral. E de fato, nas horas que se seguiram, os 360 graus em torno do local ficaram totalmente isolados, e nem mesmo moradores ou jornalistas puderam entrar ou sair dali.

Protesto no Rio | Crédito: AFP

Manifestação reuniu cerca de 500 pessoas na Tijuca, zona norte do Rio.

O protesto seguiu a estratégia que vinha sendo adotada por autoridades estaduais desde o início dos jogos do mundial – de impedir com violência o acesso de manifestantes a estádios e instalações da Fifa

Para afastar os policiais das barreiras, as forças de segurança então lançaram bombas de gás lacrimogênio e fumaça, grandes quantidades de gás pimenta e alguns disparos de balas de borracha.

Estavam presentes centenas de policiais de choque e forças especiais da PM. Nas proximidades da praça, policiais da Força Nacional formavam uma segunda linha de contenção para impedir a passagem de manifestantes.

Como os confrontos não cessaram, os policiais passaram a usar cassetetes em larga escala e determinaram até uma carga de cavalaria contra os manifestantes. Diversos participantes foram detidos.

No final do protesto, a polícia, que vinha permitindo aos manifestantes deixar o local apenas individualmente (nunca em grandes grupos), decidiu isolar a praça completamente, impedindo a entrada ou saída até de profissionais de imprensa e socorristas.

Ana Carolina Fernandes | Crédito: BBC Brasil

Fotógrafa Ana Carolina Fernandes ficou ferida durante ação da PM para reprimir protesto no Rio

Os ânimos começaram a se acalmar apenas no início da noite, depois que boa parte dos manifestantes resolveu sair da praça, desistindo do protesto.

Porém os manifestantes voltaram a se concentrar dessa vez em Copacabana, onde fizeram novo ato em frente ao hotel onde se hospedam autoridades da Fifa. A polícia foi ao local e mais pessoas foram detidas.

Segundo um balanço da PM, seis pessoas foram detidas durante todo o protesto. A corporação disse que o objetivo da operação era “garantir a segurança de quem quer ir e vir pela cidade, inclusive à final da Copa do Mundo”.

“Também tem como meta garantir o direito à manifestação, sem contudo permitir excesso como vandalismo, violência e desacato”.

Prisões

Um dia antes do protesto, a polícia civil deteve 37 pessoas – em uma ação considerada por ativistas como uma tentativa de dificultar a realização do ato do domingo.

Segundo a Polícia Civil, dos 37 detidos inicialmente, 16 foram liberados após prestar depoimento.

FONTE: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/07/140713_wc2014_protesto_feridos_lk_lgb.shtml

Reitoria da UENF suposta onda de violência para justificar convênio com a polícia militar

Anda cada vez mais enrolada a história envolvendo o convênio assinado pela reitoria da UENF com a Secretaria de Segurança, e que versa sobre a intensificação do policiamento no entorno do campus Leonel Brizola. É que informações extra-oficiais dadas por membros do Conselho Universitário (CONSUNI) e do Colegiado Acadêmico (COLAC) dão conta que a reitoria alegou que o campus da UENF estaria sofrendo uma espiral de violência, com a ocorrência de diversos crimes, incluindo os de natureza sexual.

Como nunca fui informado, oficial ou oficiosamente, destes crimes, fico me perguntando se tanta urgência em assinar um convênio sem passar pelo crivo em tempo devido dos colegiados está mesmo ancorado nas preocupações dos gestores com a segurança dentro do campus Leonel Brizola.

É que andar pelos corredores do Centro de Ciências do Homem de noite é quase como passear pelas catacumbas de Roma, de tão escuros que são.  Essa escuridão se estende também aos banheiros. Assim, se há tanta preocupação com a segurança, por que não se faz algo básico como trocar lâmpadas queimadas?

Mas agora que a questão dessa onda de violência foi apresentada nos colegiados superiores, a reitoria está devendo uma manifestação pública e oficial sobre essa questão. E quanto antes a explicação for dada, melhor. Do contrário, a notícia vai se espalhar e naturalmente aumentar a preocupação dos que vivem o cotidiano da UENF, especialmente os que fazem isto de noite.