Movimentação de cargas Açu x Santos: diferença de 100 para 1 mostra os limites do merchandising

porto de santos

Sem necessidade de merchandising, Porto de Santos continua sendo a principal unidade portuária do Brasil

Li com alguma curiosidade uma dessas notícias/press release de um jornal local dando conta que o Porto do Açu teria movimentado em 2021 um volume total de 1,5 milhão de toneladas em seu terminal multicargas. Tal montante teria, inclusive, obrigado a que a direção do porto a rejeitar clientes, no que seria um sinal de sucesso do empreendimento.

Como passei parte da minha vida na cidade de Santos, tendo inclusive trabalhado como office boy de uma firma que me obrigava a visitar frequentemente a capitania do porto homônimo, me pus a pensar qual seria o volume que o empreendimento santista movimentou ao longo desse ano.  Ai após uma breve busca, pude verificar que no período de janeiro a novembro de 2021, o volume total movimentado no Porto de Santos foi de 134,81 milhões de toneladas.

Em outras palavras, se o número apresentado pelo jornal local em relação à movimentação total do Porto do Açu está correto, temos que o Porto de Santos movimentou quase 100 vezes mais nos primeiros 11 meses de 2021.  Se isso servir para alguma coisa é para demonstrar que após 7 anos do início das suas operações, o Porto do Açu ainda é uma unidade portuária de baixo impacto na movimentação de cargas entrando e saindo do Brasil. Desta forma, principalmente os pesquisadores que estudam os impactos do Porto do Açu sobre a economia regional deveriam estudar melhor a real dimensão do empreendimento, começando, inclusive, a compará-lo com aquelas estruturas que estão efetivamente liderando as atividades portuárias brasileiras. É que já vários artigos científicos entoando a informação de que o Porto do Açu seria uma, ou ainda a maior, unidade portuária da América Latina.

Já para os leitores deste blog que vivem sendo bombardeados por informações de baixa qualidade da mídia corporativa, o meu desejo é simples: informem-se melhor, se possível lendo também este humilde espaço de disseminação de informações.

Finalmente, chegamos ao fim de 2021 sem que haja qualquer sinalização do início do pagamento das indenizações devidas a centenas de agricultores familiares  do V Distrito de São João da Barra que tiveram suas terras expropriadas pelo governo de Sérgio Cabral para a construção de uma aparentemente natimorto distrito industrial de São João da Barra. Enquanto isso, o ex-bilionário Eike Batista acaba de ter uma dívida milionária perdoada por simplesmente porque a secretaria estadual de Fazenda perdeu o prazo de cobrança. Sobre isso a mídia corporativa local age como um sepulcro caiado.

Caminhoneiros fazem paralisação no Porto de Santos

Entre as reivindicações, está a redução do ICMS sobre o diesel

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Por Adamo Bazani

Caminhoneiros realizam uma paralisação no Porto de Santos desde zero hora desta segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020.

O ato ocorre mesmo com um liminar da Justiça proibindo o fechamento dos terminais portuários.

O juiz federal Roberto da Silva Oliveira determinou multa de R$ 200 mil por dia ao Sindicam (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Autônomos).

Entre as reivindicações da categoria, está a redução do ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços do óleo diesel.

A paralisação é parcial e por 24 horas.

Alguns veículos estão acessando o Porto, mas o grupo em paralisação tenta convencer os outros caminhoneiros.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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O texto desta postagem foi inicialmente publicado pelo “Diário do Transporte” [Aqui!] .

Dragagens e suas consequências: a experiência do Porto de Santos

A realização da audiência pública em São João da Barra na próxima 4a. feira (27/01) teve até agora pouca ou nenhuma divulgação na mídia corporativa, e poucos além dos leitores assíduos deste blog sabem que a mesma ocorrerá.

A minha leitura rápida do Relatório de Impacto Ambiental preparado a pedido da Prumo Logística Global indica que para a equipe técnica que fez a construção de cenários futuros pós-dragagem do Terminal 1 do Porto do Açu não é de se esperar mudanças significativas sobre a Praia do Açu, ponto que hoje já é consumido por um processo de erosão.

A aceitação acrítica dos cenários preparados pela “Masterplan Consultoria de Projetos e Meio Ambiente” é preocupante porque, além de negar a ocorrência de mudanças drásticas associadas ao processo de dragagem, os mesmos isentam o Porto do Açu como fator causal da erosão que já está em curso na Praia do Açu.

É que não me parece ser lógico que a alteração da geomorfologia costeira que será causada por essa dragagem não tenha impactos fortes sobre a direção e velocidade das correntes que atuam no litoral próximo aos terminais do Porto do Açu. 

Não bastasse a minha desconfiança, coloco abaixo matérias que discorrem sobre as consequências e as disputas resultantes do processo de dragagem do Porto de Santos que acelerou o processo de erosão nas praias da principal cidade da Baixada Santista. Como frequentei aquelas praias durante a minha juventude, posso afirmar que, pelo fato de ser um ambiente bem mais circunscrito do que o existente no litoral sanjoanense, o exemplo dessa erosão deveria servir como um sério alerta para as autoridades municipais e estaduais. 

A par das disputas na justiça entre o Ministério Público Federal (MPF) e os empreendedores, é importante levar em conta o que disse em entrevista ao jornal “A TRIBUNA” que circula principalmente na cidade Santos, o pesquisador da Universidade Federal Fluminense , André Belém, sobre as versões para as causas da erosão que estava consumindo a faixa das praias santistas:

“Quando algum cientista estudar o caso sem ter tido nenhum relacionamento comercial com a dragagem, ai sim, poderemos talvez acreditar em alguma tese”.

A minha reação a esta frase do Prof. André Belém, é a seguinte: e não é?

Mas voltando à proposta da dragagem do Porto do Açu, eu digo às autoridades e habitantes de São João da Barra: olhem o que aconteceu em Santos para depois não acreditarem que tudo é culpa da natureza!