Porto do Açu, quem diria, agora virou exemplo de “greenwashing” mais “corporate washing”

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Já existe na literatura científica um incontável números de artigos que abordam as grandes corporações “Greenwashing (quem em tradução livre em português pode ser definida como lavagem a verde)  é uma forma de propaganda em que o marketing verde é usado de forma enganada para promover a percepção de que os produtos, objetivos ou as políticas  de uma determinada empresa ou corporação são ecológicas.    Da mesma forma, pode-se dizer que “corporate washing”  representa o uso de táticas que procuram colar a imagem de empresas ou corporações à ações que sejam socialmente responsáveis, principalmente aos grupos que sejam diretamente impactados pela sua presença.

A matéria abaixo, assinada pela jornalista Taysa Assis e publicada pelo Jornal Terceira Via é um belo exemplo da mistura destes dois conceitos, já que por um lado se vende a ideia de responsabilidade social frente aos agricultores que tiveram suas terras expropriadas pelo (des) governo de Sérgio Cabral e a venda de alimentos saudáveis aos funcionários do Porto do Açu.  De quebra, se leva para junto desse projeto de verniz socioambiental a Prefeitura de São João da Barra da prefeita Carla Machado (PP), e a Companhia de Desenvolvimento Industrial (Codin), o que adiciona uma camada governamental a esse esforço.

terceira via

O problema é que essa tintura de responsabilidade e preocupação ambiental não sobrevive a um mínimo exame dos próprios números oferecidos pela matéria. É que a matéria aponta que 53 famílias foram reassentadas na chamada Vila da Terra (que foi instalada em terras de propriedade da massa falida da Usina Baixa Grande), sendo que o número de famílias afetadas pelo escabroso processo de expropriação de terras que Sérgio Cabral comandou em benefício do ex-bilionário Eike Batista é de, no mínimo, 1.500.

Além disso, a matéria também aponta que apenas 8 das 53 famílias colocadas na Vila Terra estão participando de um evento rotulado de “Feira no Porto”. Em outras palavras, essa “feira” congrega apenas 15% das famílias que supostamente residem  na Vila da Terra e meros 0,53% das famílias que foram afetadas pelas desapropriações, a maioria delas ainda sem receber um centavo pelas terras que lhes foram tomadas pela Codin e entregues para Eike Batista que, por sua vez, as repassou praticamente de graça para o fundo de private equity “EIG Global Partners” que hoje detém o controle acionário do Porto do Açu. Enfim, todos juntos e misturados, aliás, como tem sido desde o começo.

 

Erosão na Praia do Açu: um ano depois, Prefeitura se resume a “pescar” paralelepípedos no mar

Venho acompanhando de perto o avanço da erosão na Praia do Açu desde o final de 2013 quando o fenômeno começou a se agravar. Desde então, venho fotografando a área regularmente. Confesso que apesar de ter previsto, a velocidade do fenômeno tem me surpreendido.

Vejamos a foto abaixo que eu tirei no dia 06 de setembro de 2014.

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Imagem do dia 06/09/2014 mostrando ainda a presença de trecho intacto da Avenida Atlântica e a rede de eletricidade.

Agora, comparemos o mesmo ponto na manhã desta 3a. feira (15/09) para ver como a situação mudou drasticamente em exatos 374 dias.

paralelepípedos

Imagem mostrando o mesmo ponto da Praia do Açu no dia 15/09/2015 já sem a presença da Avenida Atlântica.

Neste período, o que tivemos em termos da tomada de responsabilidades por parte dos governos estadual e municipal, bem como da Prumo Logística Global pode ser sintetizado na ação de servidores da Prefeitura Municipal de São João da Barra para “salvar” os paralelepípedos que cobriam o que um dia foi a Avenida Atlântica. 

Agora, qual será a próxima ação dos responsáveis? Recolher os entulhos em que vão se transformar as edificações que já deveriam ter sido protegidas e agora vão enfrentar o mesmo destino da Avenida Atlântico? E ainda tem gente que tem coragem de chamar esse processo todo de “desenvolvimento”.