Uso de hidroxicloroquina é associado a problemas cardíacos e mortes na França

O jornal francês “Le Parisien” publicou hoje (10/04) um artigo onde diz que muitos médicos franceses estão preocupados com os riscos associados à prescrição sistemática de hidroxicloroquina como arma anti-coronavírus. A razão para isso é simples: o risco de graves distúrbios cardiológicos nos pacientes.

cloroquina mortal

As preocupações da comunidade médica francesa se devem em boa parte à divulgação pelo Centro de Farmacovigilância da França que informou que desde 27 de março foram registrados 54 casos de problemas cardíacos, incluindo quatro fatais, relacionados à ingestão de hidroxicloroquina para combater a infecção causada pelo COVID-19.

A matéria traz uma entrevista com o professor de farmacologia clínica Milou-Daniel Drici  que afirmou gostaria que todos os hospitais e médicos da França pensassem nisso antes de prescrever o tratamento com hidroxicloroquina para seus pacientes com Covid-19.

Drici estar preocupado com os efeitos indesejáveis, em particular afecções graves, às vezes fatais, no coração de certos pacientes, não param de aumentar na França em conexão com o uso deste medicamento. “Exceto no contexto de ensaios clínicos para avaliar esse medicamento ou no caso de pacientes hospitalizados em estado grave com o acordo colegial dos médicos, ele não deve ser prescrito”, insistiu o professor Drici.

Segundo ele, entre os potenciais efeitos indesejáveis da ​​hidroxicloroquina estão: náusea, vômito, erupções cutâneas, mas também ataques dermatológicos, oftalmológicos, psiquiátricos.

A matéria do “Le Parisien” informa ainda que o Centro de Farmacovigilância observou casos de desconforto, palpitações ou perda repentina de consciência, e que nos casos mais graves, o paciente sofreu arritmia cardíaca: o coração começa a bater de maneira anárquica e desordenada.  

O que se depreende do caso francês é que o uso de hidroxicloroquina não é a panaceia que os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro têm insistentemente apregoado, e que, em muitos casos, em vez de curar o COVID-19, essa droga poderá causar a morte dos pacientes. 

Por isso é que em vez de se procurar por uma droga milagrosa, o que temos de fazer é seguir os protocolos da Organização Mundial da Saúde e aprofundar as medidas de isolamento social.  Do contrário, a contagem de mortos subirá exponencialmente no Brasil, como já ocorreu em outros países onde o sistema de saúde estava em situação menos precária do que o nosso se encontra após anos de sucateamento premeditado.