No Canal de Quitingute, enquanto Eike Batista atordoa, o INEA esfola

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Acabo de voltar do Canal de Quitingute na altura da localidade de Água Preta onde fui acompanhar um técnico de campo do Laboratório de Ciências Ambientais da UENF que realizou coletas de amostras de águas que serão analisadas para determinar o que causou a mortandade de peixes que assustou e indignou os moradores daquela localidade.

Agora leio matéria publicada pelo site Campos 24 Horas (Aqui!) onde o superintendente  superintendente regional do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Renê Justen, que teria informado que “os peixes morreram porque faltou oxigênio no trecho do Canal Quitingute perto de Água Preta. Isso se deu por conta de uma manobra operacional que fizemos na semana passada na comporta do canal de São Bento, que é a mesma que abastece o Quitingute. Abrimos uma comporta do Paraíba. A falta de oxigenação que matou os peixes decorre do lodo que se soltou do fundo do canal e se misturou com a água”.

Ai é que eu me pergunto: e ficamos assim? Quem vai arcar com os prejuízos sofridos pela população que depende do Canal de Quitingute para a captação de água e obtenção de pescado?

Além disso, se era sabido que havia a possibilidade desta manobra causar este processo de liberação de lodo e de mistura na coluna d`água, por que o INEA não tomou providências para minimizar o problema ou, pelo menos, notificar a população?

Ai é que eu digo: no caso do Canal de Quitingute enquanto Eike Batista atordou com a salinização “pontual”, o INEA esfola com a “manobra operacional” que libera lodo!

Mas com as coletas que foram feitas hoje pela UENF, poderemos pelo menos saber os efeitos desta “manobra” sobre o ecossistema do Quitingute. Em sumam, o tamanho do prejuízo ambiental. A ver!

Grande mortandade de peixes evidencia crise ambiental no Canal do Quitingute

Alertado por moradores da localidade de Água Preta, estive na manhã neste domingo em um trecho do Canal do Quitingute, onde pude constatar a presença de uma grande quantidade de peixes de várias espécies de água doce mortos. Além do forte cheiro de carne em decomposição havia ainda a presença de urubus e garças que estavam se aproveitando da situação para se alimentar. Dentre as várias espécies que pude identificar pude ver tilápias, traíras, sairús e acarás.

A informação que obtive no local é de que a mortandade teria começado a ocorrer no início da semana passada quando peixes foram avistados próximo da superfície como se estivessem com dificuldade de obter o oxigênio dissolvido na água.  No entanto, ainda hoje pude ver sinais de que alguns sobreviventes estavam tentando fazer a mesma coisa, o que pode indicar a persistência do problema.

Além de fotografar, aproveitei para coletar um número razoável de amostras da água do Quitingute que serão entregues no Laboratório de Ciências Ambientais da UENF, onde deverão ser ,medidos os principais parâmetros físico-químicos, de modo a que se tenha um diagnóstico inicial do que causou esse evento.

Conversando com um agricultor que vive nas margens do Quitingute há mais de 20 anos, ele me disse que esse episódio é singular para ele, não apenas pela morte em si dos peixes, mas pela quantidade de  especimes mortos.

Agora resta esperar o resultado das análises. Mas desde já fica em dúvida a assertiva disseminada pelo INEA e pela LLX que os problemas, pelo menos no caso da salinização causada pelas obras no Porto do Açu, seriam pontuais. O que tudo indica o Canal de Quitingute está passando por um processo crítico. Resta saber agora o que está causando isso.

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