No frigir dos ovos, quem e o quê Marina Silva representa?

marina

Por muito tempo tentei exercer a devida paciência com a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Afinal de contas, ela possui uma trajetória de vida que eu me sinto inclinado a respeitar, já que não nasceu em berço de ouro e lutou para se elevar das condições extremamente humilde a que veio ao mundo. 

Entretanto, depois que Marina Silva decidiu convocar o voto em Aécio Neves nas eleições de 2014 supostamente em nome da luta contra a corrupção, vi que havia uma contradição intrínseca no discurso dele. É que não haveria ingenuidade suficiente no planeta para justificar um apoio político tão incoerente, já que, como ficou público depois, Aécio Neves nunca foi exatamente o exemplo que Marina vendeu para justificar a travessia que ela nos convidou a dar no rubicão.

De 2014 para cá, afora a inconsistente construção do seu partido, a Rede, Marina Silva simplesmente sumiu do mapa, apenas para reaparecer agora com uma candidatura que já não nos lembrou mais suas origens ambientalistas, mas diretamente colada num discurso neoudenista contra a corrupção para justificar seu apoio à operação Lava Jato. Afora isso, Marina Silva não nos oferece nada muito substantivo sobre sua visão de país e de como reverter  (coisa que ela parece não querer) as duras medidas ultraneoliberais impostas pelo governo “de facto” de Michel Temer contra a maioria pobre da população brasileira.

O mais provável é que Marina Silva, como muitas outras figuras que estiveram e saíram de dentro do PT, esteja sucumbindo ao esvaziamento da força política que alcançou nos anos em que esteve ao lado do ex-presidente Lula. E isso está acontecendo, diga-se de passagem, muito em conta por sua própria incapacidade de oferecer propostas que tenham algum significado prático para o Brasil.

Marina Silva declara apoio a Aécio Neves e enterra de vez a sua “nova política”

O apoio declarado por Marina Silva a Aécio Neves neste domingo (12/10) terá pouco efeito prático sobre as eleições, já que ela demorou demais a sair do muro. Assim, qualquer que seja o resultado, não vai a caudalosa declaração de Marina que irá decidir o segundo turno do pleito do dia 26 de outubro.

Agora, um mérito essa declaração teve. Desvelou de vez a carranca conservadora que Marina Silva escondia por detrás do véu de moça contrita e temente a Deus. Só por isso essa eleição já trará um enorme ganho a quem quer efetivamente construir alternativas ao modelo vigente que o PT e o PSDB possuem propostas bastante parecidas para continuar gerenciando a crise do Estado capitalista brasileiro.

E o melhor disso tudo é quem for de esquerda e quiser ajudar a construir alternativas para as mudanças estruturais para a crise que ai está não terá mais que ficar ouvindo a conversa mole da “nova política” de Marina Silva e dos “redistas”. Está mais claro do que nunca qual é o viés que Marina Silva escolheu, e ele é de direita, privatista, anti-Natureza e contra a classe trabalhadora!

Como eu disse antes: com esse apoio, Marina enterrou de vez a “nova política”.  Obrigado, Marina!