Esgoto jorrando ao lado do Restaurante Universitário explicita necessidade de mudança na Uenf

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Há alguns dias li em um perfil no Instagram que os estudantes da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) estavam reclamando do odor de esgoto ao acessarem o Restaurante Universitário para fazer as suas refeições diárias.  Como trabalho em frente, dei uma rápida passada pelas laterais do RU e confirmei que realmente ali havia um leve cheiro de esgoto.

Mas hoje quase cai para trás quando retornava de uma visita ao posto do Bradesco que existe dentro do campus Leonel Brizola e verifiquei que parte do bosque de ipês que existem no caminho estava inundada com algo que parecia esgoto. Alguns passos após, me defrontei com uma dessas cenas que não se esperava ver em um campus universitário e logo ao lado do local onde a comunidade universitária faz suas refeições diárias (ver vídeo abaixo).

O mais problemático é que estando o campus Leonel Brizola localizado praticamente às margens do Rio Paraíba do Sul, todo esse esgoto que transbordava das estruturas de coleta certamente achará seu caminho para a calha fluvial, lançando ali sabe-se que tipo de rejeitos (não necessariamente apenas orgânicos).

Esta situação vai totalmente de encontro à narrativa da chapa apoiada pela reitoria da Uenf nas eleições que irão ocorrer nos dias 16 e 19 de setembro próximos. Quem ouve os candidatos da chamada chapa 10 falando pode ficar com a impressão que a Uenf efetivamente chegou ao Terceiro Milênio da forma que Darcy Ribeiro almejava.

A verdade é que o esgoto que jorra de forma descontrolada no vídeo acima é um testemunho perfeito da condição caótica em que a atual administração liderada pelos professores Raul Palacio e Rosana Rodrigues colocaram a Uenf.  O fato inescapável é que a propaganda eleitoral da chapa 10 não corresponde à realidade cotidiana.

E tampem seus narizes aqueles que forem se alimentar no Restaurante Universitário da Uenf.

Por que os estudantes da Uenf estão protestando?

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Estudante da Uenf protesta contra o fechamento do Restaurante Universitário que está deixando muitos estudantes com fome

A mídia campista noticiou ontem um movimento de protesto no portão principal Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) que reuniu um número indeterminado de estudantes. As razões do protesto parecem prosaicas, mas não são. Afinal de contas, milhares de jovens foram retornados ao modo presencial de aulas sem que lhes tenha sido oferecido o mínimo que foi prometido para que pudessem frequentar suas aulas e atividades de pesquisa e extensão.

Visto de fora o campus Leonel Brizola impressiona, pois reúne um patrimônio arquitetônico único no interior de qualquer estado brasileiro, mas especialmente o Rio de Janeiro. Mas para além dos prédios, a Uenf acumula feitos impressionantes resultantes da atração de uma potente massa de cérebros que estão aqui transformando várias áreas de conhecimento, contribuindo assim (contra todas as ondas contrárias) para o processo de desenvolvimento regional.

Mas quem vê por fora, não imagina o que está faltando dentro, no melhor estilo “por fora bela viola, por dentro pão bolorento”.    É que mesmo tendo dois anos para se preparar para o fim das medidas mais estritas de isolamento social impostas pela pandemia da COVID-19, a reitoria da Uenf, como os fatos bem demonstram, dormiu em berço nada esplêndido.  Assim, foram perdidas oportunidades preciosas para estar com as coisas melhor situadas, de forma a potencializar um momento único representado pelo centenário de nosso idealizador, Darcy Ribeiro.

É que Darcy dizia que o realmente importante em uma instituição de ensino são as pessoas que estão dentro dela.  Mas, contraditoriamente, muitos estudantes da Uenf estão passando fome porque a reitoria da Uenf esqueceu de que recebê-los com o restaurante universitário funcionando era uma prioridade estratégica.  Além disso, tendo gasto mais de R$ 10 milhões em equipamentos de ponta no final de 2021, essa mesma reitoria esqueceu de fazer a troca de bebedouros ou, mais simplesmente, de filtros que já estavam vencidos mesmo antes da pandemia obrigar o fechamento das salas de aulas por dois anos.  Também se esqueceu que a volta às aulas exigiria salas com fotocopiadoras que permitissem aos estudantes reproduziram materiais e didáticos. E a prometida ventilação de salas de aulas sem janelas? Essa tampouco aconteceu. 

É preciso que se diga que os estudantes da Uenf já exercitaram grande paciência, especialmente quando se lembra que na maioria do ano as temperaturas na cidade de Campos dos Goytacazes são escaldantes. Então imaginemos o que seria assistir aula com fome em meio a condições climáticas dignas da Amazônia?

Essa situação toda, pasmemos todas, foi prevista em uma reunião do Conselho Universitária da Uenf que discutiu o nível de preparação para a volta às aulas presenciais. Nessa reunião, o reitor da Uenf, professor Raúl Palacio, garantiu que tudo estava preparado para retomar as aulas presenciais em condições aceitáveis, e forçou uma votação para obrigar o retorno no dia em que ele desejava. Agora, se vê que a garantia do reitor era vazia.

Por isso, antes que alguém critique os protestos dos estudantes, lembro que muitas vezes é mais fácil quem se movimenta para demandar direitos do que cobrar aqueles que os pisoteiam em primeiro lugar. Nesse sentido, a Uenf, ao contrário do que desejava Darcy Ribeiro, se tornou um reflexo da realidade que a circunda em vez de ser um agente ativo nos esforços para sua transformação.

 

Movimento estudantil se antecipa e coloca nome de líder sem terra assassinado no restaurante universitário da UENF

A tarde desta sexta-feira (19/12/2014) está servindo para que o movimento estudantil da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) dê um prova de maturidade política ao se antecipar à cerimônia oficial de inauguração do restaurante universitário e colocar uma placa simbólica dando o nome do líder sem terra Cícero Guedes.  Cícero Guedes foi covardemente assassinado em janeiro de 2013 enquanto organizava a luta pela desapropriação das terras da Usina Cambaíba em Campos dos Goytacazes.. 

Essa é um justo reconhecimento à memória de Cícero Guedes que participou de forma solidária de várias mobilizações realizadas pelos estudantes da UENF visando a conclusão da obra que permitisse o início do funcionamento do restaurante universitário que foi iniciada em novembro de 2008. Eu só espero que o Conselho Universitário da UENF siga esse excelente sugestão em sua próxima reunião, mas certamente o movimento estudantil da UENF vai trabalhar para que sua sugestão prevaleça.

Abaixo imagens dos estudantes em torno da placa que o Diretório Central dos Estudantes da UENF confeccionou para homenagear Cícero Guedes. Ele com certeza estaria muito feliz ao ver a luta frutificando na forma de refeições para os estudantes da universidade a que tanto admirou e serviu com sua sabedoria e capacidade de liderança.

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Cícero Guedes, presente!

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Licitação milionária do bandejão da UENF é publicada

O Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro (DOERJ) traz hoje a alvissareira publicação de um edital de licitação que deverá garantir a abertura do restaurante universitário (R.U.) com um valor milionário de R$ 6.370.500,00.

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Algo intrigante nesse edital é a data de apresentação de propostas: 03 de outubro de 2014. Eu digo intrigante porque ficamos meses esperando por esse movimento, e agora as empresas potencialmente interessadas terão apenas 11 dias para preparar propostas para um edital que deverá (ou pelo menos deveria) trazer uma série de requisitos sobre a qualidade da comida que será servida.

Além disso, como o extrato do DOERJ traz apenas o valor global, não se sabe por quanto tempo esse preço vai valer antes que receba um daqueles famosos aditivos que caracterizam os contratos públicos.

 Deste modo, seria de bom tom se o Diretório Central dos Estudantes da UENF (DCE/UENF) lesse com atenção o que diz este edital, pois, do contrário, ainda poderemos ter algo bem salgado servido nas bandejas.

É lamentável constatar que depois de tanto investimento na infraestrutura física, a UENF ainda vá gastar ainda mais na privatização dos serviços de alimentação. E ais uma vez sem a devida transparência. Mas neste quesito nenhuma surpresa. A reitoria da UENF é totalmente alinhada com as políticas de terceirização impostas pelo (des) governo Pezão/Cabral e também neste caso segue a cartilha privatizante que aumenta custos e quase sempre piora a qualidade dos serviços.

Finalmente, é preciso lembrar que a existência de um R.U. (bandejão) na UENF é uma conquista da luta dos estudantes. Agora, eles terão que continuar lutando para terem direito à refeições de qualidade e a preços que sejam similares aos que são praticados em outras universidades públicas em diferentes partes do Brasil.

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