Quão confiável é esta pesquisa? Ferramenta sinaliza artigos discutidos no PubPeer

O plug-in de navegador alerta os usuários quando estudos – ou suas referências – são publicados em um site conhecido por levantar questões de integridade.

Uma lupa iluminada pela tela de um laptop parcialmente aberto no escuro.

A ferramenta RedacTek alerta os usuários sobre discussões do PubPeer e indica quando um estudo, ou os artigos que ele cita, foram retirados. Crédito: deepblue4you/Getty

Por Dalmeet Singh Chawla para a “Nature”

Uma ferramenta online gratuita lançada no início deste mês alerta os pesquisadores quando um artigo cita estudos mencionados no site PubPeer , um fórum que os cientistas costumam usar para levantar questões de integridade em torno dos artigos publicados.

Os estudos geralmente são sinalizados no PubPeer quando os leitores têm suspeitas, por exemplo, sobre manipulação de imagens , plágio , fabricação de dados ou texto gerado por inteligência artificial (IA) . O PubPeer já oferece seu próprio plug-in de navegador que alerta os usuários quando um estudo que eles estão lendo é postado no site. A nova ferramenta, um plug-in lançado em 13 de abril pela RedacTek , com sede em Oakland, Califórnia, vai além – ela pesquisa em listas de referências artigos que foram sinalizados. O software extrai informações de várias fontes, incluindo o banco de dados PubPeer; dados da organização de infraestrutura digital Crossref, que atribui identificadores de objetos digitais a artigos; e OpenAlex , um índice gratuito de centenas de milhões de documentos científicos.

É importante rastrear menções de artigos referenciados no PubPeer, diz Jodi Schneider, cientista da informação da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, que experimentou o plug-in RedacTek. “Nem todas as referências contidas na bibliografia são importantes, mas algumas delas são importantes”, acrescenta ela. “Quando você vê um grande número de problemas na bibliografia de alguém, isso coloca tudo em questão.”

O objetivo da ferramenta é sinalizar potenciais problemas nos estudos para os pesquisadores desde o início, para reduzir a circulação de ciência de baixa qualidade, diz o fundador da RedacTek, Rick Meyler, com sede em Emeryville, Califórnia. Versões futuras também poderão usar IA para esclarecer automaticamente se os comentários do PubPeer em um artigo são positivos ou negativos, acrescenta.

Retratações de terceira geração

Além de sinalizar as discussões do PubPeer, o plug-in indica quando um estudo, ou os artigos que ele cita, foram retirados. Existem ferramentas que alertam os acadêmicos sobre citações retiradas ; alguns podem fazer isso durante o processo de redação, para que os pesquisadores tenham conhecimento do status de publicação dos estudos na construção das bibliografias. Mas com a nova ferramenta, os usuários podem optar por receber notificações sobre futuras “gerações” de retratações – os alertas abrangem não apenas o estudo que estão lendo, mas também os artigos que ele cita, os artigos citados por essas referências e até mesmo os artigos citados pelo referências secundárias.

O software também calcula um “valor de associação de retratação” para estudos, uma métrica que mede até que ponto o artigo está associado à ciência que foi retirada da literatura. Além de informar pesquisadores individuais, o plug-in poderia ajudar os editores acadêmicos a manter o controle sobre seus próprios periódicos, diz Meyler, porque permite que os usuários filtrem por publicação.

No seu ‘paper scorecard’, a ferramenta também sinaliza quaisquer artigos nas três gerações de estudos referenciados nos quais mais de 25% dos artigos na bibliografia são autocitações – referências de autores aos seus trabalhos anteriores.

Versões futuras poderiam destacar se os artigos citaram estudos retratados antes ou depois da publicação da retratação, observa Meyler, ou se as menções a tais estudos reconhecem a retratação. Isso seria útil, diz Schneider, coautor de uma análise de 2020 que concluiu que apenas 4% das citações a estudos retratados indicam que o artigo referenciado foi retratado 1 .

Meyler diz que a RedacTek está atualmente em negociações com a empresa de serviços acadêmicos Cabell’s International em Beaumont, Texas, que mantém listas pagas de periódicos suspeitos de serem predatórios , que publicam artigos sem verificações de qualidade adequadas para questões como plágio, mas ainda coletam artigos de autores. tarifas. O plano é usar essas listas para melhorar a ferramenta, para que ela também possa sinalizar automaticamente quaisquer artigos citados publicados nessas revistas.

DOI: https://doi.org/10.1038/d41586-024-01247-6

Referências

  1. Schneider, J., Ye, D., Hill, AM & Whitehorn, AS Scientometrics 125 , 2877–2913 (2020).


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Fonte: Nature

Revistas predatórias e ciência de baixo impacto: cortando o mal pela raiz

predatory journals

Por Nícolas Carlos Hoch e Carlos Frederico Martins Menck

O mundo acadêmico está vivendo uma revolução sem precedentes. Foi-se o tempo em que pesquisadores submetiam um artigo científico para uma revista científica de forma gratuita, e os editores da revista cuidadosamente selecionavam apenas o material que julgassem ser de maior qualidade para publicação, já que a revista arcaria com custos de produção e impressão. Nesse modelo antigo, a qualidade do material publicado e a “tradição” da revista eram essenciais para que editoras pudessem vender assinaturas e recuperar seu investimento na produção do material publicado. O efeito colateral negativo desse sistema é que ele restringe o acesso aos artigos científicos (e, portanto, ao conhecimento) para aqueles que pagam as assinaturas, sejam eles os próprios pesquisadores ou as bibliotecas das universidades. No Brasil, a Capes paga anualmente às grandes editoras científicas para que as instituições acadêmicas do País possam acessar publicações científicas pelo portal Periódicos Capes.

Hoje, com o elogiável avanço do modelo open access (acesso aberto), a necessidade de assinatura foi removida e uma parcela cada vez maior dos artigos científicos está gratuitamente disponível na internet para qualquer pessoa ler. No entanto, revistas ainda incorrem em custos pela produção e disseminação de artigos científicos, e esse custo hoje migrou do leitor para o autor do artigo. Cientistas ao redor do mundo pagam valores que podem chegar a astronômicos US$ 10 mil para cada artigo que publicam, nos chamados Article Processing Charges (APCs). Entretanto, o pagamento de APCs para publicação de artigos tem efeitos colaterais nefastos, que foram completamente subdimensionados na concepção desse novo sistema. Um desses efeitos é que cada artigo rejeitado pela revista é uma oportunidade perdida de recolher APC dos autores e cada artigo aceito é lucro para a editora, independente de quantas pessoas se interessam por ler esse material posteriormente. Portanto, a revista científica passou a ter menor responsabilidade pela qualidade do material que publica, disparando o mercado de publicações científicas no mundo todo.

Algumas editoras menos escrupulosas foram rápidas em identificar o potencial econômico dessa mudança e turbinaram a produção de novas revistas científicas, claramente com interesses comerciais. Infraestruturas digitais foram criadas para facilitar e acelerar os procedimentos de submissão, revisão e aceite de artigos, desprezando parcial ou totalmente a crucial etapa de revisão por pares. Por exemplo, algumas revistas científicas (mesmo em editoras tradicionais) criaram capacidade para publicar mais de 10 mil artigos científicos de acesso aberto por ano, gerando lucros fantásticos para as editoras. Com práticas editoriais pouco éticas e visando ao lucro pela publicação de artigos científicos em quantidade, essas editoras e revistas, conhecidas pelo termo “predatórias”, desqualificam todo o sistema de publicações científicas. Vale ressaltar que esse lucro é gerado às custas de editores e revisores geralmente não remunerados, e que pesquisadores muitas vezes são instrumentalizados para recrutar novos artigos para as revistas na forma de editores convidados para edições especiais sobre um tema específico. Apesar de edições especiais legítimas terem um valor acadêmico importante, seu superdimensionamento recente demonstra o sucesso comercial dessa estratégia.

Mas então por que os cientistas se sujeitam a pagar APCs cada vez mais caros, gerando lucros astronômicos para as editoras e poluindo a literatura científica com artigos de mais baixa qualidade? E aqui nós finalmente chegamos ao cerne do problema: porque eles precisam. A editora não é a única que “lucra” com a publicação de mais um artigo, mas o cientista autor do artigo (e pagador do APC) necessita de publicações para sua progressão profissional. Cada artigo publicado ajuda o cientista a progredir na carreira, a alcançar um novo nível de prestígio ou a assegurar financiamento para um novo projeto. Um número alto de artigos publicados também interessa às instituições de pesquisa que se julgam prestigiadas com isso.

Infelizmente, isso ocorre porque essa é a métrica que os próprios cientistas usam para comparar a produtividade entre os pesquisadores e instituições, determinando quem merece uma promoção ou mais financiamento para suas pesquisas. Como resultado disso, alguns autores não só não se preocupam onde publicam seus trabalhos, como atuam de forma a publicar trabalhos repetitivos, limitados na sua originalidade, onde o que mais importa é ser autor ou coautor de um alto número de artigos científicos, mesmo que sua participação de fato tenha sido muito pequena. Ou seja, esse interesse mútuo na publicação de artigos em troca do pagamento de APCs, especialmente em um sistema “publicou/pagou” indiscriminado, pode constituir um problema ético grave, que vem se alastrando mundialmente.

Um sintoma cada vez mais prevalente dessa pressão descontrolada por publicações é a existência, em alguns países, de paper mills (ou “usinas de artigos”), que são empresas contratadas por cientistas expressamente para forjar artigos científicos, usando dados completamente fabricados e publicar esses artigos falsos em revistas científicas em nome do contratante. Um dos principais incentivos a esse tipo de comportamento é uma política adotada pelo sistema de saúde chinês, em que a progressão de carreira de médicos é vinculada diretamente à publicação de artigos científicos.

Feito esse diagnóstico da situação, o que podemos fazer para mudar esse cenário, especialmente aqui no Brasil? Não existe solução fácil. Na nossa visão, iniciativas para identificar e remover da literatura científica aqueles artigos com pouca ou nenhuma contribuição científica, ou então identificar revistas predatórias e desencorajar cientistas a submeter artigos para esses periódicos, são intervenções necessárias, mas combatem apenas o sintoma e não a causa-raiz do problema. Enquanto houver incentivo ao cientista para publicar quantidades cada vez maiores de artigos, haverá pessoas e serviços encontrando formas de “saciar” esse desejo.

Sendo assim, entendemos que o foco deve ser em mudanças nos processos de avaliação de projetos individuais (comparando pesquisadores) ou de instituições (como universidades ou programas de pós-graduação), de forma que a publicação de artigos de baixa qualidade em revistas com práticas editoriais questionáveis deixe de ser uma vantagem. Mudanças nesse sentido já estão em curso, com várias agências de fomento científico (incluindo Fapesp, Capes e CNPq) aperfeiçoando seus procedimentos de avaliação para promover algum tipo de destaque a um seleto grupo dos melhores trabalhos que aquele cientista (ou instituição) produziu, em detrimento de métricas quantitativas que consideram apenas os números totais de artigos publicados. Na prática, entretanto, uma avaliação criteriosa da qualidade desses “destaques” pode ser um processo subjetivo e difícil de ser realizado em escala, e ainda não trouxe uma mudança significativa na cultura da comunidade científica, que continua a valorizar currículos com produção mais volumosa em processos de avaliação.

Nossa proposta é que os processos de avaliação das agências de fomento (incluindo CNPq, Capes e FAPs) eliminem ou reduzam significativamente as métricas que estimulam quantidade de publicações. Isso valeria para avaliações de auxílios científicos e bolsas, incluindo bolsas de produtividade CNPq, e instituições, como as avaliações quadrienais de programas de pós-graduação Capes. Como reconhecemos que produção científica é a base para divulgação do conhecimento, a ideia seria que se considere apenas um número máximo de publicações por ano por pesquisador avaliado, ignorando totalmente qualquer produção excedente. Por exemplo, para concessão de bolsas de produtividade em pesquisa CNPq, a avaliação ocorreria considerando apenas um máximo de três a cinco melhores artigos por ano nos últimos dez anos (para pesquisadores estabelecidos) ou de um a três melhores trabalhos por ano nos últimos cinco anos (para jovens pesquisadores). Da mesma forma, na avaliação quadrienal dos programas de pós-graduação pela Capes, poderiam ser considerados apenas um máximo de três a cinco melhores artigos por ano por docente. Naturalmente, cada comitê de avaliação poderia definir um limite anual de publicações mais adequado à prática de sua área do conhecimento e inclusive escolher qual parâmetro será utilizado para determinar a qualidade do artigo, como o número total de citações que cada artigo recebeu, ou o fator de impacto ou Qualis da revista em que foi publicado. De todo modo, a avaliação seria feita sempre considerando apenas um número predefinido (e limitado) de publicações por proponente.

Esperamos que como resultado dessa mudança na forma com que pesquisadores são avaliados, estes serão desestimulados a produzir um número muito alto de artigos (alguns chegam a publicar uma média superior a um artigo por semana!), podendo se voltar a aprofundar seus projetos de pesquisa em busca de uma melhor qualidade de suas publicações. Como resultado, um dos maiores estímulos para a produção de artigos de baixa qualidade, publicados a toque-de-caixa em revistas predatórias, deixará de existir.

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(As opiniões expressas nos artigos publicados no Jornal da USP são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem opiniões do veículo nem posições institucionais da Universidade de São Paulo. Acesse aqui nossos parâmetros editoriais para artigos de opinião.)

*Por Nícolas Carlos Hoch é professor do Instituto de Química da USP  e Carlos Frederico Martins Menck é professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP


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Este texto foi originalmente publicado pelo “Jornal da USP” [Aqui!].

O mundo sombrio dos “cartéis de citações”

Periódicos predatórios e pesquisadores de má fé estão manipulando o sistema de publicações científicas, e em grande escala

citation cartel

Por Domingo Docampo para o “Chronicle of Higher Education”* 

O cenário complexo da academia moderna, a máxima “publicar ou perecer” tem evoluído gradualmente para um mantra diferente: “Seja citado ou sua carreira será arruinada”. As citações são a nova moeda acadêmica e as carreiras dependem agora firmemente desta forma de reconhecimento acadêmico. Na verdade, a citação tornou-se tão importante que deu origem a uma nova forma de artifício: redes furtivas concebidas para manipular citações. Os investigadores, movidos pelo imperativo de garantir o impacto acadêmico, recorrem à formação de anéis de citação: círculos colaborativos concebidos para aumentar artificialmente a visibilidade do seu trabalho. Ao fazê-lo, comprometem a integridade do discurso acadêmico e minam os fundamentos da investigação académica. A história do moderno “Cartel de citações ” não é apenas resultado da pressão por publicação. A ascensão das megajornais também desempenha um papel, assim como as revistas predatórias e os esforços institucionais para prosperar nos rankings académicos globais.

Ao longo da última década, o panorama da investigação acadêmica foi significativamente alterado pelo grande número de acadêmicos envolvidos em empreendimentos científicos. O número de acadêmicos que contribuem para publicações indexadas em matemática duplicou, por exemplo. Em resposta à crescente procura de espaço em publicações científicas, uma nova geração de empreendedores editoriais aproveitou a oportunidade, e o resultado é o surgimento de megajornais que publicam milhares de artigos anualmente. Mathematics , um periódico de acesso aberto produzido pelo Multidisciplinar Digital Publishing Institute (MDPI), publicou mais de 4.763 artigos em 2023, representando 9,3% de todas as publicações na área, de acordo com a Web of Science. A Mathematics tem um fator de impacto de 2,4 e uma medida de influência do artigo de apenas 0,37, mas, o que é mais importante, é indexado pela Web of Science da Clarivate, pelo Scopus da Elsevier e outros indexadores, o que significa que suas citações contam para uma variedade de métricas profissionais. (Por outro lado, o Annals of Mathematics, publicado pela Universidade de Princeton, continha 22 artigos no ano passado e tem um fator de impacto de 4,9 e uma medida de influência do artigo de 8,3.)

As mega-revistas prosperam na era do acesso aberto, fornecendo uma plataforma conveniente para investigadores ansiosos por ver o seu trabalho publicado e amplamente lido. Sem acesso pago, os artigos dessas revistas podem ser compartilhados (e citados) perfeitamente. A revista recebe “taxas de processamento de artigos” pagas pelos autores de um artigo ou por suas instituições, com taxas normalmente na casa dos quatro dígitos em dólares americanos por artigo. Os anéis de citação, que existem há décadas , agora exploram os processos rápidos e fáceis de revisão por pares dos megajornais para canalizar milhares de referências para seus colaboradores. O resultado é uma distorção dos índices de citações acadêmicas e das pontuações dos fatores de impacto que permitem que estudos medíocres pareçam ser muito mais influentes do que são – pelo preço certo para a revista, claro.

Uma importante métrica de citação direcionada para o jogo citacional é a prestigiada lista de “ Pesquisadores Altamente Citados ” da Clarivate . “Da população mundial de cientistas e cientistas sociais, os Pesquisadores Altamente Citados™ são 1 em 1.000”, explica Clarivate. A inclusão na lista ocorre primeiro por meio da atividade de citação: “Cada pesquisador selecionado é autor de vários Highly Cited Papers™ que estão entre os primeiros 1% por citações em seu(s) campo(s).” Essa lista é então “refinada através de análise qualitativa e julgamento de especialistas”. Em geral, o rótulo de Pesquisador Altamente Citado da Clarivate é reconhecido pela comunidade científica como um marcador de influência.

A lista de Pesquisadores Altamente Citados também contribui para um indicador do Shanghai Ranking , um ranking acadêmico de universidades mundiais. Numa aposta pela visibilidade internacional, as instituições nem sempre são avessas a que os seus docentes encontrem atalhos para o reconhecimento acadêmico, mesmo aqueles que envolvem práticas duvidosas de citação. A atração de subir nas tabelas de classificação internacional é poderosa. Essa relação simbiótica entre anéis de citação, megaperiódicos e classificações globais sublinha a urgência de descobrir as más práticas de citação.

A proliferação de revistas predatórias agrava ainda mais o problema. O bibliotecário académico Jeffrey Beall deu o alarme sobre tais editores na Nature em 2012, detalhando o “atoleiro antiético” em que ocorreram manipulação de direitos de autor, faturação surpresa, metodologias pouco sólidas, fotos alteradas e até plágio. A “Lista de Beall”, que funcionou até Beall encerrá-la , em 2017, alertou os estudiosos sobre editoras potencialmente predatórias, muitas vezes com nomes inócuos. Apesar das tentativas de aumentar a conscientização acadêmica sobre essas questões, e apesar dos muitos esforços da Clarivate para detectar padrões de citação anômalos, os periódicos predatórios continuaram a minar o prestígio da lista de Pesquisadores Altamente Citados. Essa tendência representa uma grave ameaça à credibilidade do desempenho académico.

Para entender melhor a natureza do problema, vamos nos concentrar em um anel de citação específico. Uma análise que estou realizando com dois colegas franceses mostra como as táticas de citação combinadas podem produzir um número impressionante de artigos altamente citados em matemática num período muito curto. Em 2023, uma rede de cerca de 100 investigadores conseguiu ser coautora de 17 artigos — e fazer com que esses artigos fossem citados 396 vezes entre 2023 e o início de 2024. Esta é uma taxa de citação notável. Todos os 17 artigos estão na lista de “artigos altamente citados” da Clarivate para matemática em 2023.

Um padrão intrigante surge ao examinar os artigos que fazem referência a esses 17 artigos: o número total de artigos citados é 84, dos quais 75 são autocitações ou citações de coautores. Essa estreita colaboração sugere uma rede estreita de autores com potenciais distorções nos padrões de citação, lançando dúvidas sobre a real influência dos estudos. Além disso, o número médio de referências aos 17 artigos altamente citados é próximo de cinco, com vários artigos obtendo mais de cinco citações. Os matemáticos individuais típicos teriam recebido apenas uma referência acadêmica às suas publicações de 2023 de outros trabalhos na área.

Vamos nos concentrar em um dos artigos que citam, para ver a forma peculiar como algumas referências direcionadas aparecem:

As referências 13 a 20 são artigos com o mesmo primeiro autor e um editor de um periódico de acesso aberto onde apareceram quatro dos 17 artigos altamente citados publicados pela rede em 2023, juntamente com 21 dos 75 artigos citantes da rede.

Em outro desses 75 artigos citados, encontramos 10 autocitações dentro da rede – nove das referências (nºs 15 a 23) novamente a artigos dentro da rede com o mesmo primeiro autor. Esses nove estão agrupados da seguinte forma no texto, logo após uma referência apropriada (nº 14):

… estudou as superfícies circulares semelhantes ao tempo no espaço 3 de Minkowski do ponto de vista da teoria da singularidade. Eles apresentaram singularidades e propriedades de simetria de superfícies circulares semelhantes ao tempo no espaço 3 de Minkowski [14]. Além disso, alguns dos mais recentes estudos relacionados sobre simetria e singularidade podem ser vistos em [15–23].

Essa forma de reconhecer artificialmente o trabalho de outra pessoa não é resultado do conhecido efeito Matthew , o “melhoramento da posição de cientistas já eminentes que recebem crédito desproporcional em casos de colaboração”. Em vez disso, resulta de um esforço concertado de grupo para elevar um académico ao topo da sua pirâmide. A rede que descobrimos produziu 75 artigos discretos, publicados principalmente em megajornais, num curto espaço de tempo. As revistas não exigem o mesmo nível de atenção e escrutínio que os locais estabelecidos e, por isso, há geralmente pouco reconhecimento da investigação da rede. Mas essa falta de escrutínio serve os interesses do grupo de citações – padrões de citação menos escrupulosos permitem-lhe citar e, assim, elevar trabalhos publicados nos mesmos tipos de revistas.

Em último caso, a nossa análise aponta para uma rede bem organizada que aproveita a colaboração e as citações para elevar a pontuação dos artigos recentes para o 1% mais citado. Seguem-se vários resultados indesejáveis. Estudiosos merecedores são enganados e não têm a sua influência reconhecida. A aparente influência de estudos medíocres pode enganar os estudantes de pós-graduação. E a falta de confiabilidade das métricas de citação terá um impacto adverso na disciplina como um todo.

O que podemos fazer para combater esses atalhos acadêmicos? Devemos promover uma cultura que priorize a qualidade e a integridade da pesquisa, e devemos desvendar a teia de anéis de citação. As instituições académicas e de investigação devem encorajar e recompensar investigação rigorosa e inovadora através de contratações, promoções e aumentos salariais adequados.

Os editores também devem ser totalmente responsáveis. As megajornais devem trabalhar para garantir a integridade do registro acadêmico. Podem salvaguardar a sua credibilidade desenvolvendo estratégias que detectem e previnam a manipulação de citações. Editores que seguem padrões rigorosos sabem que manter a qualidade da revisão por pares é um desafio, visto que bons revisores geralmente são bons pesquisadores com pouco tempo livre. A discussão desta questão deverá envolver a introdução de incentivos adequados para os revisores e o alargamento da utilização de processos de revisão mais inovadores, por exemplo, revisões publicadas lado a lado com artigos ou revisões pós-publicação nas quais os cientistas possam comentar o trabalho.

O desafio da má prática de citação não se limita a um tema ou região de pesquisa específica. As suas ramificações estendem-se muito além das preocupações imediatas dos académicos estabelecidos, lançando uma sombra iminente sobre o futuro dos jovens investigadores. À medida que a pressão para recolher citações se intensifica, os aspirantes a académicos podem encontrar-se numa encruzilhada onde a tentação de tomar atalhos se torna particularmente aguda. Os jovens investigadores, que deveriam concentrar-se na exploração das fronteiras do conhecimento, correm o risco de comprometer a sua integridade intelectual e podem ficar presos numa teia de práticas desonestas, sem um caminho claro de regresso ao comportamento ético.

Na situação atual, os bons investigadores que optam por permanecer no caminho certo podem enfrentar dificuldades na progressão na carreira e nas oportunidades de financiamento. Eles podem ser gradualmente empurrados para funções com menor intensidade de pesquisa e perder a chance de fazer contribuições significativas em seu campo. Esse cenário levaria a uma falha do sistema com consequências desastrosas.

* Domingo Docampo é professor de processamento estatístico de sinais na Universidade de Vigo, na Espanha.


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Este artigo escrito originalmente em inglês foi publicado pelo “Chronicle of Higher Education” [Aqui!  ].

A China tem uma lista de periódicos suspeitos de serem predatórios, e ela acaba de ser atualizada

A Nature conversou com a bibliotecária responsável pela Lista de Periódicos de Alerta Precoce da China sobre como ela é compilada anualmente

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A Biblioteca Nacional de Ciências da Academia Chinesa de Ciências em Pequim. Crédito: Yang Qing/Imago via Alamy

Por Smriti Mallapaty para a “Nature”

A China atualizou a sua lista de revistas consideradas não confiáveis, predatórias ou que não atendem aos interesses da comunidade científica chinesa. Chamada de Early Warning Journal List, a última edição , publicada no mês passado, inclui 24 periódicos de cerca de uma dúzia de editoras. Pela primeira vez, sinaliza periódicos que apresentam má conduta chamada manipulação de citações, na qual os autores tentam aumentar suas contagens de citações.

Yang Liying estuda literatura acadêmica na Biblioteca Nacional de Ciências da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim. Ela lidera uma equipe de cerca de 20 pesquisadores que produz a lista anual, que foi lançada em 2020 e se baseia em insights da comunidade global de pesquisa e na análise de dados bibliométricos.

A lista está se tornando cada vez mais influente. É referenciado em avisos enviados pelos ministérios chineses para abordar a má conduta académica e é amplamente partilhado em websites institucionais em todo o país. Os periódicos incluídos na lista normalmente veem as submissões de autores chineses caírem. Este é o primeiro ano em que a equipe reviu o seu método de desenvolvimento da lista; Yang fala com a Nature sobre o processo e o que mudou.

Como você cria a lista todos os anos?

Começamos coletando feedback de pesquisadores e administradores chineses e acompanhamos as discussões globais sobre novas formas de má conduta para determinar os problemas nos quais devemos nos concentrar. Em janeiro, analisamos dados brutos da base de dados de citações científicas Web of Science, fornecida pela empresa de análise editorial Clarivate, com sede em Londres, e preparamos uma lista preliminar de periódicos. Compartilhamos isso com editoras relevantes e explicamos por que seus periódicos podem acabar na lista.

Às vezes, os editores nos dão feedback e argumentam contra a inclusão de seu periódico. Se a resposta deles for razoável, iremos removê-la. Agradecemos sugestões para melhorar nosso trabalho. Nunca vemos a lista de diários como perfeita. Este ano, as discussões com as editoras reduziram a lista de cerca de 50 revistas para 24.

Retrato de Liying Yang.

Yang Liying estuda literatura acadêmica na Biblioteca Nacional de Ciências e gerencia uma equipe de 20 pessoas para montar a Lista de Periódicos de Alerta Precoce. Crédito: Yang Liying

Que mudanças você fez este ano?

Nos anos anteriores, os periódicos eram categorizados como de alto, médio ou baixo risco. Este ano, não reportamos os níveis de risco porque removemos a categoria de baixo risco, e também percebemos que os investigadores chineses ignoram as categorias de risco e simplesmente evitam completamente as revistas da lista. Em vez disso, fornecemos uma explicação de por que o periódico está na lista.

Nos anos anteriores, incluímos periódicos com números de publicações que aumentaram muito rapidamente. Por exemplo, se uma revista publicasse 1.000 artigos num ano e depois 5.000 no ano seguinte, a nossa lógica inicial era que seria difícil para estas revistas manter os seus procedimentos de controlo de qualidade. Removemos esse critério este ano. A mudança para o acesso aberto significou que é possível que os periódicos recebam um grande número de manuscritos e, portanto, aumentem rapidamente o seu número de artigos. Não queremos atrapalhar esse processo natural decidido pelo mercado.

Você também introduziu periódicos com padrões anormais de citação. Por que?

Percebemos que tem havido muita discussão sobre o assunto entre pesquisadores de todo o mundo. É difícil dizer se o problema vem dos periódicos ou dos próprios autores. Às vezes, grupos de autores concordam mutuamente com essa manipulação de citações ou usam fábricas de papel, que produzem artigos de pesquisa falsos. Identificamos esses periódicos procurando tendências nos dados de citações fornecidos pela Clarivate — por exemplo, periódicos em que as referências de manuscritos são altamente distorcidas para uma edição de periódico ou artigos de autoria de alguns pesquisadores. No próximo ano, planejamos investigar novas formas de manipulação de citações.

Nosso trabalho parece ter impacto nos editores. Muitos editores nos agradeceram por alertá-los sobre os problemas em seus periódicos, e alguns iniciaram suas próprias investigações. Um exemplo deste ano é a editora de acesso aberto MDPI, com sede em Basileia, na Suíça, a quem informamos que quatro de seus periódicos seriam incluídos em nossa lista devido à manipulação de citações. Talvez não esteja relacionado, mas em 13 de fevereiro, o MDPI enviou um aviso informando que estava investigando uma possível má conduta dos revisores envolvendo práticas antiéticas de citação em 23 de seus periódicos.

Você também sinaliza periódicos que publicam uma grande proporção de artigos de pesquisadores chineses. Por que isso é uma preocupação?

Este não é um critério que usamos por si só. Estas revistas publicam — por vezes quase exclusivamente — artigos de investigadores chineses, cobram taxas de processamento de artigos excessivamente elevadas e têm um baixo impacto de citações. Do ponto de vista chinês, isto é uma preocupação porque somos um país em desenvolvimento e queremos fazer bom uso do nosso financiamento de investigação para publicar o nosso trabalho em revistas verdadeiramente internacionais, a fim de contribuir para a ciência global. Se os cientistas publicarem em revistas onde quase todos os manuscritos provêm de investigadores chineses, os nossos administradores sugerirão que, em vez disso, o trabalho seja submetido a uma revista local. Dessa forma, os pesquisadores chineses podem lê-lo e aprender com ele rapidamente e não precisam pagar tanto para publicá-lo. Este é um desafio que a comunidade científica chinesa tem enfrentado nos últimos anos.

Como você determina se um periódico tem problemas com a fábrica de papel?

Minha equipe coleta informações postadas nas redes sociais, bem como em sites como o PubPeer, onde os usuários discutem artigos publicados, e o blog de integridade de pesquisa For Better Science. Atualmente, não fazemos as verificações de imagem ou texto, mas poderemos começar a fazê-lo mais tarde.

Minha equipe também criou um banco de dados online de artigos questionáveis ​​chamado Amend , que os pesquisadores podem acessar. Coletamos informações sobre retratações de artigos, avisos de preocupação, correções e artigos que foram sinalizados nas redes sociais.

Marcado para baixo: Gráfico que mostra a queda nos artigos publicados em periódicos de médio e alto risco no ano seguinte ao lançamento da Lista de Periódicos de Alerta Precoce.

Fonte: Lista de Diários de Alerta Precoce

Que impacto a lista teve na pesquisa na China?

Esta lista beneficiou a comunidade científica chinesa. A maioria dos institutos de investigação e universidades chineses fazem referência à nossa lista, mas também podem desenvolver as suas próprias versões. Todos os anos, recebemos críticas de alguns investigadores por incluírem revistas nas quais publicam. Mas também recebemos muito apoio daqueles que concordam que as revistas incluídas na lista são de baixa qualidade, o que prejudica o ecossistema de investigação chinês.

Houve muitas retratações da China nos periódicos da nossa lista. E quando um periódico entra na lista, as submissões de pesquisadores chineses normalmente caem (veja “Marcados para baixo”). Isso explica por que muitos periódicos da nossa lista são excluídos no ano seguinte — esta não é uma lista cumulativa.

DOI: https://doi.org/10.1038/d41586-024-00629-0

Esta entrevista foi editada para maior extensão e clareza.


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Este texto foi escrito originalmente em inglês e publicado pela revista “Nature” [Aqui!].

Depois das revistas e conferências predatórias, os prêmios científicos predatórios

Fake-Prizes-and-Customer-Surveys.-6-Telltale-Signs-You-re-Dealing-With-a-Scam

Venho há alguns anos noticiando neste blog o impacto das chamadas revistas predatórias (veículos disseminadores do que eu considero lixo científico) que resultaram na famosa “Lista de Beall“, trabalho do hoje aposentado bibliotecário da Universidade do Colorado, Jeffrey Beall.  O impacto deste tipo de veículo é tão grande que no Brasil acaba de ser lançado um artigo escrito por pesquisadores ligados ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia que apresenta o primeiro mapeamento de revistas predatórias brasileiras.

Eis que hoje aportou em minha caixa de correspondência eletrônica uma nova forma de fraude acadêmica que é a dos primeiros científicos predatórios (ver imagem abaixo).

premio predatório

Um primeiro sinal de que esse convite era parte de um esquema foi o fato de quem me comunicava a “outorga temporária” de um prêmio científico não se dignou a assinar a correspondência. Além disso, também me chamou a atenção que o artigo motivo do “prêmio” foi publicado em 2012, o que seria, caso o “prêmio” fosse legítimo, um belo exemplo de reconhecimento tardio de uma obra científica.

No entanto, ao acessar o site que concede a “honraria” pude logo ver que ser reconhecido me custaria a bagatela de 199,00 dólares americanos, fruto de um generoso desconto já que o preço cheio seria de 399 dólares americanos (ver imagem abaixo).

prêmio predatório 1

Após constatada o esquema fraudulento, me pus a verificar na internet se já existe alguma referência a este esquema de premiações predatórias, e confirmei que sim.  Em um texto publicado no blog EV Science Consultant, encontrei o texto “Predatory award organization – yet another scam” (“Organização de premiação predatória – mais uma fraude”) da autoria da professora associada da Leiden University, Esther van de Vosse, que lista uma série de organizações que emitem prêmios científicos fraudulentos. Ao verificar a lista criada pela professora van de Vosse,  encontrei o nome da “ScienceFather”, justamente a organização que me enviou a notificação de que eu havia sido “premiado”.

Com a sensação de que poderia haver mais informação disponível sobre a ScienceFather e seus métodos fraudulentos, fiz uma rápida procura no Youtube e rapidamente encontrei um vídeo em inglês que descreve com relativo detalhamento as características fraudulentas (ver abaixo).

Além do vídeo, encontrei uma “carta ao editor” do “Journal of Optometry” que é publicado pelo Spanish General Council of Optometry onde a autora, a doutora Jameel Rizwana Hussaindeen, alerta sobre o aparecimento de mais essa forma de fraude na forma de prêmios falsos a cientistas.

Um dos problemas em cair nesse tipo de esquema fraudulento se refere ao fato de que muitos dos incautos acabam utilizando não apenas recursos pessoais, mas também parte das verbas que são obtidas de agências do estado. Além disso, como não se sabe exatamente quem são os cabeças desses esquemas de captação de recursos via fraudes científicas, o dinheiro que é entregue em troca desses troféus sem valor pode estar alimentando outras formas de enriquecimento ilegal.

Por último, há que se ficar cada vez mais atento para que os convites desse natureza não sejam premiados com a entrega dos numerários que eles demandam.

Artigo apresenta primeiros resultados da pesquisa que mapeia revistas suspeitas de cometerem práticas editoriais predatórias

Artigo de pesquisadores do Ibict publicado nos Anais do ABEC Meeting 2023 apresenta resultados preliminares de pesquisa que realiza o mapeamento de periódicos científicos que adotam práticas editoriais predatórias

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Foi publicado nos Anais do ABEC Meeting 2023 o artigo intitulado “Mapeamento de revistas brasileiras com práticas editoriais predatórias”, de autoria dos pesquisadores do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia: Denise Andrade, Fhillipe Campos, Juliana Sousa, Raphael Vilas Boas, Priscila Sena, Washington Segundo e Bianca Amaro.

Os Anais reúnem os trabalhos apresentados no ABEC Meeting 2023, o maior evento de editoria científica do Brasil. Realizado pela Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC Brasil), o evento ocorreu entre os dias 21 a 23 de novembro, em Foz do Iguaçu (PR), e contou com a presença de centenas de profissionais da área de editoria científica do país, além de palestrantes de outras partes do mundo.

O trabalho aborda uma pesquisa do Ibict para que a comunidade científica ajude no mapeamento de revistas que adotam práticas editoriais predatórias. Tais práticas são assim classificadas pela literatura científica que estuda o assunto, as quais serviram de fundamentação teórica para o artigo publicado.

De acordo com os pesquisadores,  existem iniciativas  que  se  valem  do  Movimento  de  Acesso  Aberto  para  subverter a lógica da comunicação científica, tendo por interesse precípuo a obtenção de lucros financeiros. Tais ações são executadas por revistas denominadas predatórias, termo que vem sendo cada vez mais estudado e conhecido pelos pesquisadores mundo afora.

O objetivo do trabalho consistiu em mapear revistas brasileiras que executam práticas editoriais caracterizadas como predatórias, a partir da perspectiva dos próprios pesquisadores e pesquisadoras brasileiras. De natureza descritiva e procedimento exploratório, analisou-se de forma quantitativa os dados obtidos de 4.793 respostas, sendo 2.229 respostas via e-mail e 2.564 respostas via formulário. Dessas, 66 revistas são brasileiras identificadas em 478 denúncias.

“Este é o primeiro resultado de uma ampla pesquisa que o Ibict lançou no final de agosto de 2023. Naquele momento, foi feito um convite aos pesquisadores e editores científicos brasileiros para que nos encaminhassem emails de revistas por eles consideradas predatórias, de acordo com os critérios apontados pela literatura científica que estuda o assunto. De lá até aqui, recebemos milhares de mensagens destes pesquisadores, e temos trabalhado arduamente em cima desses dados para fazer uma curadoria correta e assim disponibilizar resultados mais robustos. O artigo publicado nos Anais do ABEC Meeting 2023 traz resultados preliminares com um recorte pequeno da pesquisa, e certamente não representam a pesquisa como um todo, que demanda um pouco mais de tempo para ser finalizada”, afirmam os autores.

Os autores apontam também que a participação ativa dos pesquisadores está sendo de fundamental importância para o sucesso da pesquisa: “Quando lançamos a pesquisa, não tínhamos dimensão do nível de adesão dos pesquisadores. Hoje, nós temos, ao todo, cerca de 7.000 e-mails e mais de 5.000 respostas ao formulário. Esses números reforçam que práticas editoriais predatórias causam extremo desconforto aos pesquisadores, que necessitam de veículos íntegros para comunicar os resultados de seus avanços científicos. Nesta direção, o Ibict lançou o Diretório das revistas científicas eletrônicas brasileiras (Miguilim), que oferece à comunidade científica a maior coleção de revistas científicas do país, com um alto nível de especificação de suas características”.

Para ler o artigo [Aqui!].


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Este texto foi originalmente publicado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

Mais de 10.000 artigos científicos foram retirados de circulação em 2023 – um novo recorde

O número de artigos retirados aumentou acentuadamente este ano. Especialistas em integridade dizem que esta é apenas a ponta do iceberg

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As retratações estão disparando à medida que os editores trabalham para remover artigos falsos da literatura científica em circulação. Crédito: Klaus Ohlenschläger/Getty

Por Richard Van Noorden para a Nature

O número de retratações emitidas para artigos de investigação em 2023 ultrapassou os 10.000 – quebrando recordes anuais – à medida que os editores lutam para limpar uma série de artigos falsos e fraudes de revisão por pares. Entre as grandes nações produtoras de investigação, a Arábia Saudita, o Paquistão, a Rússia e a China têm as taxas de retração mais elevadas nas últimas duas décadas, concluiu uma análise da Nature .

A maior parte das retratações de 2023 veio de periódicos de propriedade da Hindawi, uma subsidiária da editora Wiley com sede em Londres (ver ‘Um ano excelente para retratações’). Até agora neste ano, os periódicos Hindawi retiraram mais de 8.000 artigos, citando fatores como “preocupações de que o processo de revisão por pares tenha sido comprometido” e “manipulação sistemática da publicação e do processo de revisão por pares”, após investigações solicitadas por editores internos e por detetives da integridade da pesquisa que levantaram questões sobre textos incoerentes e referências irrelevantes em milhares de artigos.

UM ANO BUMPER PARA RETRAÇÕES.  O gráfico mostra que os avisos de retratação em 2023 ultrapassaram 10.000.

A maioria das retratações de Hindawi são de edições especiais: coleções de artigos que são frequentemente supervisionados por editores convidados e que se tornaram notórios por serem explorados por golpistas para publicar rapidamente artigos de baixa qualidade ou falsos .

Em 6 de dezembro, a Wiley anunciou em uma teleconferência de resultados que deixaria de usar a marca Hindawi por completo, tendo anteriormente fechado quatro títulos Hindawi e, no final de 2022, pausado temporariamente a publicação de edições especiais. A Wiley incorporará os títulos existentes de volta à sua própria marca. Como resultado dos problemas, disse o presidente-executivo interino da Wiley, Matthew Kissner, a editora espera perder US$ 35-40 milhões em receitas neste ano fiscal.

Os artigos retratados de Hindawi podem ter sido, em sua maioria, artigos falsos, mas ainda assim foram citados coletivamente mais de 35 mil vezes, diz Guillaume Cabanac, cientista da computação da Universidade de Toulouse, na França, que rastreia problemas em artigos, incluindo “frases torturadas” – escolhas de palavras estranhas. usados ​​em esforços para evitar detectores de plágio — e sinais de uso não divulgado de inteligência artificial . “Esses artigos problemáticos são citados”, diz ele.

AUMENTOS DA TAXA DE RETRAÇÃO.  O gráfico mostra que a proporção de artigos retratados em relação aos artigos publicados subiu para mais de 0,2%

As retratações estão a aumentar a uma taxa que supera o crescimento dos artigos científicos (ver ‘Taxas de retratação crescentes’), e o dilúvio deste ano significa que o número total de retratações publicadas até agora ultrapassou os 50.000. Embora análises tenham mostrado anteriormente que a maioria das retratações se deve a má conduta, nem sempre é esse o caso: algumas são lideradas por autores que descobrem erros honestos em seus trabalhos.

A maior base de dados do mundo para rastrear retratações, recolhida pela organização de comunicação social Retraction Watch, ainda não inclui todos os artigos retirados de 2023. Para analisar tendências, a Nature combinou as cerca de 45 mil retratações detalhadas nesse conjunto de dados – que em setembro foi adquirido para distribuição pública pela Crossref , uma organização sem fins lucrativos que indexa dados de publicação – com outras 5 mil retratações da Hindawi e de outras editoras, com a ajuda do Banco de dados de dimensões.

Taxas crescentes

A análise da Nature sugere que a taxa de retratação – a proporção de artigos publicados num determinado ano que são retratados – mais do que triplicou na última década. Em 2022, ultrapassou 0,2%.

Entre os países que publicaram mais de 100 mil artigos nas últimas duas décadas, a análise da Nature sugere que a Arábia Saudita tem a maior taxa de retratação, de 30 por 10 mil artigos, excluindo retratações baseadas em artigos de conferências. (Esta análise conta um artigo para um país se pelo menos um coautor tiver afiliação nesse país.) Se forem incluídos artigos de conferências, as retiradas do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE) na cidade de Nova York, colocam a China na dianteira, com uma taxa de retração acima de 30 por 10.000 artigos.

PAÍSES COM MAIORES TAXAS DE RETRAÇÃO.  O gráfico mostra os 8 principais países com as maiores taxas de retração nas últimas duas décadas.

A análise mostra que cerca de um quarto do número total de retratações são artigos de conferências – e a maioria deles compreende retiradas do IEEE, que retirou mais de 10.000 artigos deste tipo nas últimas duas décadas. O IEEE foi o editor com maior número de retratações. Não registra quando ocorreu a retratação dos artigos, mas a maioria dos removidos foi publicada entre 2010 e 2011.

Medidas preventivas

Monika Stickel, diretora de comunicações corporativas do IEEE, diz que o instituto acredita que suas medidas e esforços preventivos identificam quase todos os artigos submetidos que não atendem aos padrões da organização.

No entanto, Cabanac e Kendra Albert, advogada de tecnologia da Harvard Law School em Cambridge, Massachusetts, encontraram problemas, incluindo frases torturadas, fraude de citação e plágio, em centenas de artigos do IEEE publicados nos últimos anos, informou o Retraction Watch no início deste ano.  Stickel diz que o IEEE avaliou esses artigos e encontrou menos de 60 que não estavam em conformidade com os seus padrões de publicação, com 39 retratados até agora.

As cerca de 50 mil retratações registradas em todo o mundo até agora são apenas a ponta do iceberg de trabalhos que deveriam ser retratados, dizem os detetives da integridade. O número de artigos produzidos por “fábricas de artigos” – empresas que vendem trabalhos e autorias falsos a cientistas – é estimado em centenas de milhares só, independentemente de artigos genuínos que podem apresentar falhas científicas. “Os produtos da fábrica de artigos são um problema mesmo que ninguém os leia, porque são agregados a outros em artigos de revisão e incluídos na literatura convencional”, diz David Bimler, um detetive de integridade de pesquisa baseado na Nova Zelândia, também conhecido pelo pseudônimo Smut Clyde .

DOI: https://doi.org/10.1038/d41586-023-03974-8


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Este texto escrito originalmente em inglês foi publicado pela Natrure [Aqui!].

Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia realize pesquisa para identificar revistas predatórias

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Revistas predatórias se caracterizam por diversas práticas, mas entre elas destaca-se o frequente envio de e-mails a pesquisadores prometendo rápida publicação de artigos científicos mediante pagamento de taxas. Com o intuito de mapear revistas que realizam esse tipo de prática, a equipe Miguilim têm feito esforços no sentido de compilar dados sobre elas.

Assim, o pessoal da equipe Miguilim está solicitando que pesquisadores brasileiros compartilhem com eles  os dados dessas revista através do seguinte link: https://forms.gle/Fs1pPK7vqg7rfyqb9

O pessoal da Miguilim informou que nenhum dado dos respondentes será coletado e que todas as informações recebidas serão utilizadas para fins estritamente acadêmicos.

Caso prefiram, os pesquisadores também podem encaminhar, para miguilim@ibict.br, os e-mails recebidos desse tipo de revista.

Por fim, a Equipe Miguilim solicita que, se possível, os pesquisdores também colaborem com a pesquisa divulgando-a entre os pesquisadores de seu ciclo de pesquisa, ou que conheça.

É importante lembrar que esta ação se insere no escopo do Diretório das revistas científicas eletrônicas brasileiras (Miguilim), um serviço criado e mantido pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), que tem entre seus objetivos “Disseminar boas práticas editoriais à comunidade científica”.

Quando os cientistas recebem gato por lebre: o caso das revistas sequestradas

gato por lebre

Por Fita Gallent Torres e Ruben Comas Forgas  para o “The Conversation”

Periódicos predatórios são uma das práticas ilegais mais conhecidas no sistema de publicação científica, mas não são as únicas. Existe uma forma de fraude mais sofisticada e perigosa : jornais sequestrados .

Esses são sites fraudulentos que clonam periódicos legítimos fazendo-se passar por eles, tentando enganar pesquisadores desavisados, fazendo-os pensar que podem obter uma publicação rápida e fácil em um periódico respeitável em troca de dinheiro. Na realidade, eles estão postando seus trabalhos em um simples portal da web. Eles receberam um porco por uma cutucada.

Tudo começou em 2011, quando um cibercriminoso registrou um domínio expirado (sciencerecord.com) para hospedar sete periódicos fraudulentos e três periódicos sequestrados. Desde então, o aumento dessa prática não foi isento de preocupação. Esse registro foi seguido por muitos outros que, embora fossem casos isolados, logo abriram a caixa de Pandora.

Em 2014, foi publicada uma lista de 19 revistas sequestradas . Apenas um ano depois, esse número chegou a 90 .

Atualmente, graças ao trabalho de alguns pesquisadores que procuram lançar luz sobre esse fenômeno, o número de periódicos clonados identificados já ultrapassa 200. O número real é seguramente muito maior, mas a natureza dessas publicações – que são criadas e desaparecem em um questão de alguns meses – dificulta a identificação.

Como identificar uma revista sequestrada?

Periódicos predatórios violam os direitos intelectuais de periódicos legítimos e comprometem a transferência de conhecimento. Por isso, é importante conhecer os traços que os definem e as estratégias que utilizam para enganar os pesquisadores.

Aqui estão alguns deles:

  • Eles sequestram a identidade de periódicos legítimos copiando literalmente seus títulos e ISSNs e até mesmo registrando domínios expirados de periódicos respeitáveis.
  • Eles podem tirar proveito de revistas legítimas publicadas em formato impresso para oferecer a falsa versão digital delas.
  • Eles reciclam artigos idênticos para criar um arquivo fictício na revista sequestrada para atrair a atenção de autores em potencial.
  • Eles não fazem revisão por pares.
  • Eles usam como álibi os perfis de editores e pesquisadores famosos na área de especialização da revista e os incluem em seus conselhos editoriais sem seu conhecimento ou consentimento.
  • Eles fornecem fatores de impacto falsos.
  • Eles conseguem indexar conteúdo adulterado em bancos de dados internacionais como Scopus e Web of Science.

Recomendações para evitar ser enganado

Identificar uma revista sequestrada pode ser uma tarefa árdua. Por isso é importante atender às recomendações dos especialistas antes de enviar um manuscrito. Alguns deles estão listados abaixo:

  1. Verifique se o endereço da revista na web corresponde ao revisado em bases de dados confiáveis, índices bibliográficos ou diretórios reconhecidos. Da mesma forma, e em paralelo, consulte a página WHOIS , através da qual se verifica o registo e a disponibilidade de um domínio.
  2. Baixe e avalie outros artigos publicados na revista. O pesquisador apreciará sua baixa qualidade, pois não foram submetidos a uma revisão por pares.
  3. Conheça as políticas das revistas quanto aos processos de avaliação e edição, taxas de publicação, custódia de arquivos e direitos autorais.

Por fim, cabe destacar que a publicação nesses periódicos ilegais, cujas páginas na internet desaparecem de um dia para o outro, traz consequências desagradáveis ​​para o pesquisador (descrédito de sua imagem, perda de sua produção científica, prejuízos aos editais de promoção profissional e acadêmica, fraude monetária).

É também uma queixa das revistas legítimas, que as publicações que as suplantam desacreditam, colocando em risco a confiança dos leitores sobre o que consomem.

É importante, pois, que as universidades, os centros de investigação e a comunidade acadêmica tomem as medidas necessárias para evitar essas estafas, den a conhecer esses negócios fraudulentos e acionar os protocolos de atuação pertinentes para proteger e garantir o conhecimento científico e o trabalho de os pesquisadores.

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Este artigo é parte do Projeto de Inovação Pedagógica, nº. referência PID222452, financiado pelo IRIE da Universitat de les Illes Balears, e o projeto “Congressos, revistas e editoras predatórias: desenho de um programa de formação para estudantes de pós-graduação”, financiado pela Universidade Internacional de Valência (VIU). Também faz parte das ações da Rede Ibero-Americana de Pesquisa em Integridade Acadêmica (Red-IA).


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Este artigo escrito originalmente em espanhol foi publicado pelo “The Conversation” [Aqui!  ].

Serviço da Universidade de Liège ajuda pesquisadores a determinar o grau de autenticidade de periódicos de acesso aberto

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Por Lorena Caliman

A Universidade de Liège (Universidade de Liège) disponibilizou, no final de novembro de 2020, a versão Beta do “Compass to Publish “, um serviço que, através de vários critérios, quantifica o grau de autenticidade das revistas científicas acessíveis que requerem ou ocultam taxas de processamento de artigos (APC).

A ferramenta de avaliação online apresenta uma escala de 7 cores de resultados, que categorizam a natureza falsa ou enganosa dos periódicos analisados. As bordas mostram vermelho escuro -indicando que a revista é provavelmente predatória, e que é melhor evitá-la- e verde escuro -indicando que as respostas mostram uma alta probabilidade de não ser uma publicação predatória-. A ideia por trás da escala de sete cores é permitir uma visão mais sutil em comparação com a lógica binária de listagens confiáveis ​​e bancos de dados de periódicos predatórios.

O serviço utiliza um método de avaliação baseado em 26 critérios na forma de perguntas para o candidato. Os critérios e questões são resultado do trabalho crítico e analítico da equipe por trás da ferramenta , que examinou as práticas de um número significativo de periódicos e editores predatórios. A equipe também realizou uma pesquisa qualitativa e uma seleção de critérios de listas e diretórios confiáveis, selecionando aqueles que eram realmente incriminadores e fáceis de verificar, relevantes e claros o suficiente e fáceis de usar.

Os 26 critérios são divididos em 7 seções principais: listas confiáveis ​​(plataformas de indexação), listas de periódicos e editores supostamente predatórios (conhecidos como “listas negras”), periódicos sequestrados, indexação e métricas, conselho editorial e revisão por pares, conteúdo e apresentação e estratégias de comunicação. Consulte a lista completa de questões do exame.

Sobre revistas e editoras predatórias

A importância desse tipo de ferramenta é destacada, levando-se em conta estimativas de que somente em 2014, entre 255.000 e 420.000 artigos foram publicados em periódicos predatórios. Uma investigação internacional sobre a Fake Science, liderada por dezenas de meios de comunicação, incluindo Le Monde, Süddeutsche Zeitung da Alemanha e a revista The New Yorker, informou em 2018 que pode haver mais de 10.000 revistas predatórias em operação.

Periódicos predatórios se apresentam como periódicos de acesso aberto e cobram da APC pelos serviços que afirmam fornecer. No entanto, muitas vezes eles não fornecem esses serviços, ou apenas superficialmente. Embora afirmem fornecer serviços que incluem políticas de arquivamento e indexação, revisão editorial, edição, formatação e processo de revisão por pares, muitas vezes não o fazem e, em alguns casos, nem mesmo publicam o material submetido para o qual solicitaram permissão. pagamento.

O modelo “autor paga”, sequestrado por periódicos predatórios, é comum na publicação acadêmica. Ele permite que os leitores tenham acesso gratuito ao conteúdo da pesquisa mediante o pagamento de taxas, seja pelos autores, suas instituições ou financiadores. O modelo de pagamento do autor, no entanto, não é o mais comum na publicação em Acesso Aberto: mais de 70% dos periódicos incluídos no DOAJ (Directory of Open Access Journals) não exigem o pagamento de APCs.

Editores e revistas predatórios usam um modelo de negócios baseado em publicação quantitativa, pela simples razão de que quanto mais publicam, mais dinheiro recebem. Para maximizar seus lucros, os editores predatórios costumam ter um catálogo muito grande de periódicos, e os periódicos predatórios geralmente adotam uma estratégia de publicação de alta frequência, publicando um grande número de edições.

Os pesquisadores que desejam se manter competitivos por meio da publicação rápida podem se tornar vítimas fáceis desse tipo de publicação predatória. É comum que as partes interessadas na comunicação científica continuem a usar métodos principalmente quantitativos para avaliar a pesquisa, o que pode influenciar os pesquisadores a publicar em canais predatórios, deliberadamente ou não.

Além dos modelos de publicação de acesso aberto, o fenômeno da “fake science” também está associado a falsas conferências e as editoras de livros do tipo “vanity press” (editoras onde os autores pagam para publicar seus livros) oferecendo a publicação de trabalhos de estudantes e pesquisadores usando um modelo de impressão sob demanda sem prestação de serviços sérios, como redação, revisão por pares, edição, formatação, etc.


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Este texto foi inicialmente publicado pela Universidade de Coimbra [Aqui!].