Revolta na França. O Castelo está em chamas

macron demissionMesmo o comportamento aristocrático de Macron não é adequado para conter a raiva dos manifestantes (Paris, 1º de maio de 2023)

Por Hansgeorg Herman para o JungeWelt

O presidente francês Emmanuel Macron adora grandes gestos, os napoleônicos, monárquicos. Como deve ter sido difícil para ele cancelar sua “visita de estado” à Alemanha, que estava marcada para três dias, onde esteve em prédios inúteis, mas representativos, para comemorar a histórica visita do general Charles de Gaulle – 4 a 9 de setembro de 1962 – para a jovem República Federal gostaria de se conectar. Os discursos foram escritos, observou a parafernália filosófica – então “uma conflagração” bloqueou seu caminho para Berlim, como os jornais diários parisienses chamavam a revolta massiva que se espalhava como um incêndio florestal em casa. A juventude do país, principalmente aquela que, como Nahel, de 17 anos, executado a sangue frio por um policial no dia 27 de junho, cresceu em um dos bairros ditos sensíveis da sociedade urbana,

O racismo a ser suportado todos os dias nas favelas, das quais apenas alguns escapam para uma vida melhor esperada; Violência policial – surgindo como uma formalidade administrativa ou mesmo banal como um tiro mortal da arma de serviço; a amarga percepção de que “nada vai mudar”. Após o habitual ritual de condolências e consternação, o Presidente e o seu duro Ministro do Interior, Gérald Darmanin, enviaram 45.000 homens fardados fortemente armados “às ruas” – reconhecidamente não para o diálogo, mas para a “restauração da ordem”. “Graças à intervenção determinada” da polícia, Darmanin anunciou orgulhosamente na manhã seguinte que eles conseguiram na noite de domingo. Seu chefe Macron já havia entrado em frente ao portão de seu Palácio do Eliseu na tarde de sexta-feira com uma tese maluca.

O que ele quer dizer com isso, perguntaram os intelectuais no dia seguinte, o que o leva a tal absurdo? O espanto do mundo, todos os olhos em você, não importa o motivo – é disso que o plebeu criado por jesuítas da província católica mais gosta? “A República não é chamada a ocupar o lugar dos pais”, ensinava às famílias daqueles que, em tenra idade e cheios de raiva, são marginalizados por esta mesma República ou imediatamente retirados fisicamente de circulação. Em vez de tristeza, apenas um triste balanço: mais de 1.100 prisões na noite de sábado, mais 490 nas horas até a tarde.

Pierre Bourdieu, o sociólogo mais famoso da França, descreveu em sua análise de 1989 sobre a “nobreza estatal” (La Noblesse d’Etat) como a classe política do país e seus cúmplices no poder executivo, que foram mantidos à distância com salários luxuosos, se descreveram como »cavaleiros brancos«, blindados com a fé cristã e as Sagradas Escrituras – teriam que trazer luz aos becos escuros dos ignorantes e incrédulos (muçulmanos). Pelo menos até eles se iluminarem e incendiarem o castelo para os cavaleiros.


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Este texto escrito originalmente em alemão foi publicado pelo jornal “JungeWelt” [Aqui!].

As elites brasileiras adoram a França. Deviam ver o que anda acontecendo por lá!

As elites brasileiras adoram gastar suas fortunas na França. Muitos vão para lá em seus jatinhos particulares, alugam limusines e saem pelo país gastando partes de suas fortunas. Aliás, isso também se estende a parlamentares como Eduardo Cunha e a governadores como Sérgio Cabral. Em suma, a França aguça o que há de “melhor” nas elites brasileiras.

Pois bem, com a iminente tomada do poder por Michel Temer, uma série de medidas estão sendo anunciadas para dilapidar direitos sociais e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Pois bem, o presidente francês François Hollande vive nesse momento uma profunda revolta social por ter proposta coisas muito semelhantes ao que Michel Temer vem anunciando que adotará.

Bom, como eles adoram tanto a França, as imagens abaixo deviam ver como os trabalhadores e a juventude estão respondendo à tentativa de precarização de seus direitos.  É que acontece na França, poderá bem acontecer por aqui. E Vive le France!

Agora é oficial: PIG reconhece refluxo da revolta dos coxinhas

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Agora é oficial! Até o Partido da Imprensa Golpista (PIG) reconheceu o fracasso dos protestos de ontem que, como eu já havia apontado, reuniram menos pessoas em menos cidades.  O dia de hoje deve estar tenso nas redações do PIG que já estão sendo assombradas por centenas de demissões. Agora com a falta de retorno no investimento feito nas “mobilizações espontâneas”, o problema passa a ser no que fazer para equilibrar as contas. 

Número de cidades com protestos cai e frustra expectativas de grupos de oposição

Em São Paulo

 

Natinho Rodrigues/Divulgação

Protesto em Fortaleza; neste domingo houve manifestações em 152 localidades

Protesto em Fortaleza; neste domingo houve manifestações em 152 localidades

Cientes de que a mobilização para os protestos deste domingo (12) tinham menor volume, os grupos de oposição ao governo Dilma Rousseff e ao PT tentaram aumentar a capilaridade do movimento e atingir mais cidades pelo país do que em 15 de março.

Mas a iniciativa não funcionou: em vez de 212 municípios, como no mês passado, neste domingo houve manifestações em 152 localidades de 24 Estados e no Distrito Federal, conforme levantamento do jornal “O Estado de S. Paulo”.

A expectativa dos movimentos era dobrar o número de cidades com protestos. O Vem Pra Rua dizia até sexta-feira ter atos previstos em 413 municípios de todas as 27 unidades da federação e fora do país. Na madrugada de domingo, pelo Facebook, o grupo liderado pelo empresário Rogério Chequer postou uma imagem com manifestações confirmadas em 452 cidades.

Até esta edição ser concluída, o Vem Pra Rua divulgou imagens dos protestos e agradeceu “a todos que sacrificaram o domingo de descanso para se manifestar por um Brasil melhor”, mas não divulgou o número de localidades em que de fato ocorreram protestos.

Sem comparação

Também organizador das manifestações, o Movimento Brasil Livre (MBL) havia previsto protestos em 161 cidades. Pelo Facebook, o grupo postou uma série de fotos e vídeos dos atos. O MBL diz ter promovido manifestações em 181 municípios brasileiros.

Líder do movimento, Renan Santos minimizou o fato de o protesto de ontem ter atraído menor adesão de manifestantes em comparação com o ato de 15 de março.

“Não queremos ficar disputando para fazer uma foto bonita da avenida Paulista lotada. Nossa proposta agora é promover ações para interferir diretamente na política.” Segundo ele, o ato deve ser o último grande protesto de abrangência nacional, nos moldes dos que ocorreram ontem e em março.

Para David Martins de Carvalho, presidente estadual do Solidariedade, partido que participou dos protestos de ontem, a menor mobilização de manifestantes era esperada. Apesar disso, a legenda voltou a coletar assinaturas para pedir o impeachment de Dilma no Congresso.

“O povo pode ficar desanimado porque, depois do 15 de março, que foi um movimento com milhões de pessoas na rua, praticamente não houve nenhuma mudança na forma de governar”, disse Carvalho. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.

FONTE: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2015/04/13/numero-de-cidades-com-protestos-cai-e-frustra-expectativas-de-grupos-de-oposicao.htm