O preço salgado do progresso sobre a floresta amazônica e seus defensores

Os pequenos agricultores e os povos indígenas sofrem particularmente com a exploração do patrimônio natural mundial. No entanto, eles não estão presentes na mesa de negociações da Conferência Mundial do Clima

A floresta amazônica continua ameaçada, com milhares de hectares desmatados todos os anos.

A floresta amazônica continua ameaçada, com milhares de hectares desmatados todos os anos.
Por Knut Henkel para o “Neues Deutschland”

Maria Ivete Bastos dos Santos vive no coração da floresta amazônica . Macacos-esquilo, jacarés e um mar de vegetação fazem parte do cotidiano dessa agricultora sindicalizada – assim como a luta pela terra e contra o desmatamento ilegal , que ameaça seriamente seu sustento.

Uma vez por semana, Bastos monta sua barraca no mercado de produtos orgânicos em frente à Universidade de Santarém. Ela vende frutas, farinha de mandioca, cacau e muito mais – tudo o que ela e o marido cultivam em sua pequena fazenda na região de Aninduba. A travessia de balsa pelo Amazonas leva três horas: da remota vila no coração da floresta tropical até Santarém , a segunda maior cidade da bacia amazônica depois de Manaus, com mais de 300 mil habitantes.

“Cerca de 50 famílias vivem aqui, e existem dezenas de aldeias e várias comunidades indígenas na região que utilizam a floresta tropical de forma sustentável”, explica a mulher de 58 anos. “Mas a pressão é grande.” Ela franze a testa.

Lago Grande é o nome da região no estado brasileiro do Pará, cortada por rios, lagos e pântanos, que conta com uma balsa diária desde 2016. Para o representante sindical que defende os interesses dos pequenos agricultores, essa ligação de transporte é ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição.

Uma maldição, porque uma ligação por ferry – tal como uma estrada ou uma linha férrea – abre regiões inteiras à exploração dos seus recursos naturais. “Empresas madeireiras, produtores de soja, mas também empresas de mineração e petróleo estão de olho na nossa região. Já registrei queixas várias vezes quando camiões são transportados para fora da região do Lago Grande carregando madeiras preciosas como copaíba ou cumaru.”

Maria Ivete Bastos dos Santos, agricultora e ativista na floresta amazônica brasileira.

Maria Ivete Bastos dos Santos, agricultora e ativista na floresta amazônica brasileira. Foto: Knut Henkel

Para representar os interesses dos pequenos agricultores, ela viaja regularmente a Santarém. A ligação de ferry é uma mais-valia para ela: agora consegue chegar mais rapidamente à sede do sindicato ou ao mercado biológico em frente à universidade. Hoje, decorre ali uma conferência que antecede a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 30), onde a comunidade internacional se reunirá em Belém de 6 a 21 de novembro. Na conferência em Santarém, organizações da sociedade civil e representantes indígenas preparam-se para este evento global.

Como presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Santarém, Maria Ivete Bastos dos Santos chama a atenção para a crescente pressão enfrentada pelas comunidades e grupos indígenas: “O cultivo de soja na região é um problema tão grande quanto a iminente concessão de terras da floresta tropical para mineração ou extração de petróleo”, explica. “O Estado praticamente não tem presença aqui — e quando tem, geralmente fica do lado da indústria e do agronegócio.” Por expressar suas críticas abertamente, essa mulher vibrante de cabelos grisalhos já recebeu inúmeras ameaças — um destino que compartilha com muitos ativistas ambientais e de direitos à terra no Brasil.

Alessandra Korap também conhece bem a hostilidade. Aos 42 anos, com tatuagens marcantes nos braços e pernas, ela é porta-voz do povo indígena Munduruku, que vive no estado do Pará. Desde 22 de março de 2004, eles detêm formalmente um título coletivo de terras que abrange 2.381.000 hectares. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu-lhes esses direitos na época – uma área que engloba quase um terço do estado alemão da Baviera. Embora seja um passo importante, ela acredita que está longe de ser suficiente.

Os rios estão secando

“Já estamos vivenciando a crise climática. Os rios estão desaparecendo; mesmo em Santarém, na Amazônia, houve muitos trechos secos no ano passado. Os peixes estão morrendo devido às altas temperaturas e à falta de oxigênio na água.” Isso precisa estar na pauta da conferência climática, exige ela, e critica o fato de que os verdadeiros especialistas – os povos indígenas – praticamente não têm participação na COP 30.

Alessandra Korap, assim como muitos outros indígenas da região, não recebeu convite para a Conferência Mundial do Clima. Sindicatos e organizações não governamentais também estão excluídos do importante evento. “Isso é uma grande injustiça. Mesmo assim, viajarei para Belém em nome do meu povo para chamar a atenção para a nossa situação”, enfatiza.

Ela compartilha suas críticas ao Estado brasileiro com diversas organizações da sociedade civil, sindicatos, organizações não governamentais e comunidades indígenas. Embora muito se fale sobre a proteção da floresta amazônica, muito pouco está sendo feito, argumenta ela. As consequências dessa inação já são claramente visíveis: “O equilíbrio natural de seis meses de chuva e seis meses de seca não existe mais. Costumava ser diferente.” Isso tem consequências de longo alcance para os pescadores. “Durante a época das cheias, as árvores dão frutos que caem na água. Os peixes os comem, engordam, desovam e se reproduzem.” Hoje, no entanto, os rios — o Amazonas, mas também o Rio Tapajós, onde vivem os Munduruku — raramente transbordam. Como resultado, os frutos caem em terra seca, os peixes não conseguem mais alcançá-los e as cotas de pesca estão diminuindo visivelmente.

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas começa no Brasil em 6 de novembro – bem no coração de um país onde a floresta amazônica está desaparecendo em um ritmo alarmante. Nossa série mostra a rapidez com que o desmatamento está progredindo – e quais soluções existem para práticas econômicas sustentáveis.

Além disso, não apenas os produtores de soja estão invadindo áreas protegidas no estado do Pará, mas também empresas de mineração e petróleo estão buscando depósitos de matérias-primas como bauxita, cobre e petróleo. A comunidade da sindicalista Maria Ivete Bastos dos Santos, em Aninduba, pouco pode fazer para combater isso. Embora os moradores tenham documentado que vivem em uma região de floresta tropical intacta há várias décadas, eles não possuem títulos de propriedade de terras como as comunidades Munduruku.

Maria Ivete Bastos dos Santos cresceu na aldeia; ela enterrou seus pais no pequeno cemitério. Muitas famílias vivem ali há gerações, mas quase não têm direitos sobre a terra que cultivam. “Documentar que as comunidades vivem nessas regiões há muito tempo e têm um direito legítimo à terra é extremamente complexo — ainda mais difícil para as comunidades indígenas entenderem do que para nós”, critica ela. “Sem títulos de propriedade, é praticamente impossível defender a área que habitamos na justiça contra as reivindicações de empresas agroindustriais ou de mineração.”

Um porto para exploração

Os produtores de soja vêm invadindo áreas de floresta tropical há muito tempo, desmatando e estabelecendo novas plantações. Mas empresas de mineração, como a gigante do alumínio Alcoa, também estão de olho na região amazônica. A corporação americana possui três unidades no Brasil. A pequena cidade de Juruti, com seu porto onde a bauxita de uma mina da Alcoa é carregada e transportada pelo rio Amazonas, fica a apenas cerca de 350 quilômetros rio acima.

“Sabemos que a Alcoa coletou amostras de solo em diversas comunidades ao redor de Aninduba. Há pedidos pendentes para coleta de amostras aqui também. Estamos protestando contra isso”, explica dos Santos. O representante comunitário Joaci Silva de Souza, que vende mel em uma barraca próxima, concorda com a cabeça. Ele assumiu o cargo de representante comunitário do representante sindical. Ambos temem que a Alcoa — a terceira maior produtora de alumínio do mundo — já tenha solicitado uma concessão para extrair bauxita. “Não sabemos disso porque as autoridades não são muito transparentes. Simplesmente não somos informados, principalmente porque não temos título de propriedade oficial”, reclama Joaci Silva de Souza.

Portanto, o município se baseia em informações de organizações ambientais como o Greenpeace ou a Associação Pastoral Rural Católica, que assessora diversos municípios e, às vezes, também oferece representação legal. Isso frustra de Souza. Ele cita o exemplo do leilão de licenças de extração no estuário do Amazonas e no interior da Amazônia, realizado pelo governo em junho deste ano. “O governo está focando na exploração de recursos naturais – apesar de todas as críticas à abordagem da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva”, afirma de Souza.

Quem critica essa prática e as pessoas que lucram com ela vive em perigo no Brasil. Em março passado, Maria Ivete Bastos dos Santos escapou por pouco de ser atropelada por um carro em alta velocidade no trânsito de Santarém, ao realizar um salto ousado. A polícia ofereceu-lhe proteção, mas ela recusou.

Alessandra Korap e outros ativistas indígenas do estado do Pará também estão familiarizados com situações semelhantes. “Minha confiança nas forças de segurança do estado não é particularmente alta”, diz Ronaldo Amanayé, da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa). “Prefiro cuidar da minha própria segurança.” Ele acrescenta — em voz baixa, quase sussurrada — que há muitos casos em que informações foram repassadas das forças de segurança para produtores de soja, mineradoras ou garimpeiros.

Para ele também, a conferência preparatória deixou uma coisa clara: ele estaria presente em Belém e representaria a perspectiva das comunidades indígenas. Não há alternativa para ele – uma avaliação compartilhada por Maria Ivete Bastos dos Santos. Ela está desmontando sua barraca no mercado em frente à entrada principal da universidade. Daqui a uma hora, a balsa parte para Aninduba. Depois, são três horas de viagem de volta para a floresta tropical – onde a luta por terra e futuro começou há muito tempo.


Fonte: Neues Deutschland

Apertando o acelerador: Assembleia Legislativa diminui distâncias e potencializa exposição humana a agrotóxicos no Mato Grosso

Deputados aprovaram em regime de urgência o Projeto de Lei 1833/2023, uma proposta que elimina barreiras cruciais para a aplicação de agrotóxicos em pequenas propriedades rurais

Foto: Adriano Gambarini/ OPAN

Por Opan 

Em uma sessão marcada pela pressa, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) deu um passo que promete redefinir o cenário da produção agrícola e causar sérios danos à saúde pública no estado. Nesta quarta-feira (19), deputados aprovaram em regime de urgência o Projeto de Lei 1833/2023, uma proposta que elimina barreiras cruciais para a aplicação de agrotóxicos em pequenas propriedades rurais. A decisão levanta questões urgentes sobre os limites entre o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente.

A flexibilização representa uma mudança drástica em relação à legislação anterior, que estabelecia distâncias mínimas para a aplicação de agrotóxicos, e que eram consideradas insuficientes para um nível adequado de proteção à saúde da população e do meio ambiente. A proposta também estabelece novas distâncias mínimas para médias e grandes propriedades rurais. No caso de médias propriedades, a aplicação de agrotóxicos poderá ocorrer a uma distância mínima de 25 metros das áreas habitadas e fontes de água. Já para grandes propriedades a distância mínima estabelecida é de 90 metros.

Essas mudanças contrastam com o Decreto nº 2.283/2009, que estava em vigor em Mato Grosso e determinava que o uso de agrotóxicos na agricultura só poderia ocorrer a uma distância mínima de 300 metros de povoações, cidades, vilas, bairros e mananciais de captação de água para abastecimento da população.

Além disso, o decreto estabelecia distâncias mínimas de 150 metros de mananciais de água, moradias isoladas e agrupamentos de animais, e de 200 metros de nascentes, mesmo que intermitentes.

O deputado Gilberto Cattani (PL), autor do projeto de lei, justifica a proposta argumentando que a distância mínima de 300 metros estabelecida pelo decreto anterior traz prejuízos à produção agrícola, à população e à economia, devido ao alastramento descontrolado de pragas agrícolas.

No entanto, especialistas alertam para os graves riscos que a medida representa para a saúde da população, o meio ambiente, aos produtores e até para a própria produção.

“Um dos resultados que nós vimos é que existe uma necessidade de manter uma zona segura, sem a aplicação de agrotóxicos em volta das áreas de preservação permanente, as APPs. Porque os agrotóxicos por si só, eles não controlam todas as pragas da paisagem. Nós sabemos que paisagens que tiveram uma aplicação de altos índices suscetíveis, ano a ano, de agrotóxicos eles selecionaram pragas mais resistentes. Então, é fundamental que se alinhe o controle biológico natural e resguardar uma faixa segura de APPs porque nós vimos que tem animais que são fundamentais para ajudar a controlar essas pragas junto com os agrotóxicos. Então, manter essas zonas seguras é fundamental para preservar a agricultura”, explicou o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Lucas Ferrante, durante audiência realizada nesta terça-feira (18), que debateu o tema.

Foto: Adriano Gambarini/ OPAN

O médico, pesquisador e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Wanderlei Pignati, também ressaltou que a proposta é absurda, pois vai aumentar a exposição a venenos e ampliar a probabilidade da população ter doenças.

“Quanto mais perto, maior é a probabilidade de você ter intoxicação aguda, malformações, câncer. A população que mora do lado, crianças e adultos, os rios, tudo vai ser muito afetado e contaminado”, afirma.

Wanderlei Pignati é responsável por um estudo que analisou as condições de saúde de pessoas que moravam em distâncias inferiores a um quilômetro das áreas de lavouras em Mato Grosso. Por meio da pesquisa, realizada pelo Núcleo de Estudos em Ambiente, Saúde, Trabalho e Educação (Neast), do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da universidade, foi demonstrado que a proximidade de áreas agrícolas é um fator de risco significativo.

Pesquisas da UFMT e do Neast/ISC/UFMT, em parceria com a Operação Amazônia Nativa (OPAN), também demonstraram a relação entre o uso intensivo de agrotóxicos em lavouras próximas a territórios indígenas e a causa de graves problemas de saúde.

Além disso, foram encontrados agrotóxicos proibidos, como carbofurano, atrazina e carbendazim, nas lavouras. A exposição a esses produtos está associada a intoxicações agudas, doenças crônicas, como câncer e problemas neurológicos, e impactos ambientais severos.

O estudo ainda mostrou que as pessoas com residência próxima a lavouras agrícolas de milho e algodão tiveram quase duas vezes mais intoxicações agudas comparadas com as que residiam em outros locais.

Na sessão ordinária apenas três deputados, Wilson Santos (PSD), Lúdio Cabral (PT) e Valdir Barranco (PT), votaram contrários ao projeto de lei, que segue para sanção do governador Mauro Mendes (União Brasil).


Fonte: OPAN

Avanço do mar: veja quais praias são ameaçadas pela erosão costeira no litoral de São Paulo

Litoral de São Paulo pode ser “engolido” pelo avanço do mar. Saiba quais são as praias com maior risco de erosão costeira

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Por Isabela Thurmann para o “Metrópoles” 

São Paulo

 Se confirmadas as previsões de aumento de temperatura disponíveis em um estudo da organização não governamental norte-americana Climate Central, todo o litoral deSão Paulo estará em risco de ser engolido pelo mar por causa da erosão costeira.

De acordo com o Mapa de Risco à Erosão Costeira do Estado de São Paulo, feito pelo Instituto Geológico do Estado de São Paulo, com dados de 2017, as praias com maiores riscos de sofrerem com o avanço do mar são: Ubatumirim, Barra Seca, Itaguá, Praia Grande, Fortaleza e Maranduba, em Ubatuba; Tabatinga, Massaguaçu e Caraguatatuba, em Caraguatatuba; Enseada, São Francisco, Pontal da Cruz e Baraqueçaba, em São Sebastião; Perequê, em Ilhabela; Itaguaré e São Lourenço, em Bertioga; Pernambuco e Astúrias, em Guarujá; Gonzaguinha e Capitão, em São Vicente; Itanhaém, em Itanhaém; Peruíbe e Guaraú, em Peruíbe; Itacolomi, Jureia e Leste, em Iguape; Ilha Comprida, em Ilha Comprida; e Itaguaçu, em Ilhabela.

Erosão costeira

A Fundação Florestal define a erosão costeira como um fenômeno natural que ocorre nas áreas costeiro-marinhas e no litoral sul do estado de São Paulo.

O avanço do mar provoca a perda de áreas de praia, impacta a vegetação de restinga e ameaça casas e edificações próximas. O fenômeno, intensificado por fatores humanos, afeta diretamente a biodiversidade e as comunidades locais.

Segundo o professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP)Alexander Turra, cerca de 40% da região costeira brasileira vivencia um severo processo de erosão. Os dados constam em um documento publicado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2018.

“A erosão costeira tem várias causas: desde a retirada de areia rio acima, a construção de barragens, o aumento ou a diminuição de chuva, até as mudanças climáticas, o padrão de ocupação local”, explica o docente.

Na Barra do Una, em Peruíbe, um dos processos erosivos é a ocupação da bacia hidrográfica da região, que altera a desembocadura do rio. “Esse é um movimento natural que ocorre no passado geológico ou em momentos em que não ocorria ocupação humana”, confirma Turra.


Fonte: Metrópoles

Campos dos Goytacazes está incluída entre Brasil cidades brasileiras com risco de desastre ambiental

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Por Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Com a intensificação das mudanças climáticas provocadas pela ação humana no meio ambiente, têm aumentado os desastres ambientais e climáticos em todo o mundo, a exemplo do que ocorre no Rio Grande do Sul.

No Brasil, o governo federal mapeou 1.942 municípios suscetíveis a desastres associados a deslizamentos de terras, alagamentos, enxurradas e inundações, o que representa quase 35% do total dos municípios brasileiros. 

“O aumento na frequência e na intensidade dos eventos extremos de chuvas vêm criando um cenário desafiador para todos os países, em especial para aqueles em desenvolvimento e de grande extensão territorial, como o Brasil”, diz o estudo do governo federal.

As áreas dentro dessas 1,9 mil cidades consideradas em risco concentram mais de 8,9 milhões de brasileiros, o que representa 6% da população nacional.

O levantamento publicado em abril deste ano refez a metodologia até então adotada, adicionando mais critérios e novas bases de dados, o que ampliou em 136% o número dos municípios considerados suscetíveis a desastres. Em 2012, o governo havia mapeado 821 cidades em risco desse tipo.

Com os novos dados, sistematizados até 2022, os estados com a maior proporção da população em áreas de risco são Bahia (17,3%), Espírito Santo (13,8%), Pernambuco (11,6%), Minas Gerais (10,6%) e Acre (9,7%). Já as unidades da federação com a população mais protegida contra desastres são Distrito Federal (0,1%); Goiás (0,2%), Mato Grosso (0,3%) e Paraná (1%).

O estudo foi coordenado pela Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento, ligada à Casa Civil da Presidência da República. O levantamento foi solicitado pelo governo em razão das obras previstas para o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que prevê investimentos em infraestrutura em todo o país. 

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Municípios em risco de desastre ambiental  (2012 e 2022) – Arte/Agência Brasil

Populações pobres

As populações pobres são as mais prováveis de sofrerem com os desastres ambientais no Brasil, de acordo com a nota técnica do estudo.

“A urbanização rápida e muitas vezes desordenada, assim como a segregação sócio-territorial, têm levado as populações mais carentes a ocuparem locais inadequados, sujeitos a inundações, deslizamentos de terra e outras ameaças correlatas. Essas áreas são habitadas, de forma geral, por comunidades de baixa renda e que têm poucos recursos para se adaptarem ou se recuperarem dos impactos desses eventos, tornando-as mais vulneráveis a tais processos”, aponta o documento.

O levantamento ainda identificou os desastres ambientais no Brasil entre 1991 e 2022, quando foram registrados 23.611 eventos, 3.890 óbitos e 8,2 milhões de desalojados ou desabrigados decorrentes de inundações, enxurradas e deslizamentos de terra.

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Recomendações

A nota técnica do estudo faz uma série de recomendações ao Poder Público para minimizar os danos dos desastres futuros, como a ampliação do monitoramento e sistemas de alertas para risco relativos a inundações, a atualização anual desses dados e a divulgação dessas informações para todas as instituições e órgãos que podem lidar com o tema.  

“É fundamental promover ações governamentais coordenadas voltadas à gestão de riscos e prevenção de desastres”, diz o estudo, acrescentando que o Novo PAC pode ser uma oportunidade para melhorar a gestão de riscos e desastres no Brasil.

“[A nota técnica deve] subsidiar as listas dos municípios elegíveis para as seleções do Novo PAC em prevenção de risco: contenção de encostas, macrodrenagem, barragens de regularização de vazões e controle de cheias, e intervenções em cursos d’água”.

Confira se seu município está na lista, a partir da página 12 da nota técnica.

Edição Fernando Braga


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Fonte: Agência Brasil

Estudo expõe preocupações dos consumidores europeus sobre o impacto de alimentos ultraprocessados ​​na saúde

Num estudo pan-europeu, o Observatório do Consumidor Alimentar do EIT constatou uma crescente apreensão entre os consumidores relativamente às implicações para a saúde dos alimentos ultraprocessados

Elderly couple of spouses buy ready-made meals for picnic with friends in culinary department. Model

Apesar de a maioria dos consumidores europeus expressar preocupações sobre o impacto dos alimentos ultraprocessados ​​na saúde, a falta de sensibilização, compreensão e meios dificulta escolhas informadas e saudáveis, de acordo com o estudo apoiado pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT)

Por Editor da fleischwirtschaft.com

O estudo revela uma lacuna significativa entre as preocupações dos consumidores europeus sobre os alimentos ultraprocessados ​​e a sua capacidade de fazer escolhas informadas. O estudo, que abrange um inquérito a 10.000 consumidores de 17 países europeus, juntamente com um acompanhamento qualitativo, lança luz sobre os desafios que os indivíduos enfrentam ao navegar pelas complexidades dos alimentos processados.

De acordo com as conclusões, 65% dos consumidores europeus acreditam que os alimentos ultraprocessados ​​representam riscos para a saúde, contribuindo inclusive para a obesidade, a diabetes e outros problemas relacionados com o estilo de vida. No entanto, apesar desta consciência, 56% dos consumidores admitem ainda escolher alimentos processados, indicando um paradoxo no comportamento do consumidor.

Uma das principais razões por trás desta contradição é a falta de compreensão dos níveis de processamento de alimentos. O estudo expõe que os consumidores muitas vezes subestimam ou superestimam o quanto seus alimentos são processados. Por exemplo, enquanto 61% identificam corretamente as bebidas energéticas como ultraprocessadas, apenas 34% e 22%, respetivamente, rotulam corretamente o queijo vegan e as barras de chocolate como tal.

Curiosamente, as alternativas à base de plantas enfrentam um escrutínio adicional, com 54% dos consumidores a evitá-las devido a preocupações com o ultraprocessamento. Isto é particularmente prevalente entre os consumidores de carne e laticínios, levantando questões sobre o impacto das preocupações com a saúde na adoção de dietas baseadas em vegetais.

Em resposta às conclusões, Klaus Grunert, professor da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e diretor do Observatório do Consumidor Alimentar do EIT, sublinha a necessidade de uma rotulagem, orientação e educação mais claras e apela a esforços contínuos para compreender e chegar a acordo sobre a forma como os alimentos são classificados, avaliados. e rotulado “para que nossos conselhos aos consumidores sejam informados pela ciência mais recente”.

O aspecto qualitativo do estudo sugere que conveniência, preço e sabor continuam sendo os principais impulsionadores do consumo de alimentos ultraprocessados. Apesar das preocupações, a maioria dos consumidores está relutante em reduzir a sua ingestão, na esperança de equilibrar os alimentos processados ​​com alternativas menos processadas e caseiras. No entanto, os consumidores com menos recursos em termos de tempo e dinheiro têm menos poder nas suas escolhas alimentares e é pouco provável que dêem prioridade ao valor nutricional em detrimento da conveniência.

Sofia Kuhn, Diretora de Engajamento Público da EIT Food, reconhece o papel que os alimentos processados ​​desempenham na dieta das pessoas: “Seja um molho de macarrão pré-embalado para uma refeição rápida em casa ou uma refeição fast-food fora com a família, ultra- os alimentos processados ​​fazem parte do dia-a-dia das dietas dos consumidores em toda a Europa. No entanto, é evidente a partir destas descobertas que as pessoas têm preocupações reais sobre os aspectos de saúde e sustentabilidade destes alimentos.” Kuhn também destaca a responsabilidade do sector em criar um ambiente que promova decisões informadas.

O relatório conclui com recomendações para o setor alimentar melhorar a rotulagem, a educação e a orientação sobre alimentos ultraprocessados. Apela às instituições de saúde e aos cientistas para que definam os alimentos ultraprocessados ​​de forma conclusiva e comuniquem eficazmente com os consumidores sobre o processamento dos alimentos e as possíveis implicações para a saúde.


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Este texto escrito originalmente em inglês foi publicado pela Fleischwirtschaft.com [Aqui!].

Seguindo a trilha venenosa de Bolsonaro, governo Lula autoriza mais 29 agrotóxicos e chega a 261 liberações em 2023

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O Observatório dos Agrotóxicos do Blog do Pedlowski detectou hoje a publicação pelo Diário Oficial da União do Ato Nº 34,  de 01 de agosto de 2023, por meio do qual, o Ministério da Agricultura comandado pelo ruralista Carlos Fávaro liberou mais 29 agrotóxicos do tipo “produto técnico”, o que elevou o total de produtos liberados desde 01 de janeiro a 261.

Com isso, o governo Lula confirma que está seguindo a mesma trilha venenosa adotada pela dupla Tereza Cristina e Jair Bolsonaro, o que significa um claro abandono com as promessas eleitorais de buscar um modelo agroecológico para a agricultura brasileira.

Afora os impactos que mais agrotóxicos sendo liberados para um mercado que já se encontra fartamente abastecido de substâncias altamente perigosas, o que a continuição destas liberações representa é o aumento dos riscos ambientais e para a saúde humana que as grandes monoculturas causam para a maioria dos brasileiros.  Essa continuidade de liberações de agrotóxicos representa um desserviço à população brasileira, apenas para continuar mantendo de pé um modelo de agricultura que não sobreviveria sem os pesados subsídios governamentais que lhe são dados.

O Observatório dos Agrotóxicos irá liberar as planilhas com os produtos liberados no Ato Nº 34 e a que traz todos os agrotóxicos já liberados desde o início do terceiro mandato do presidente Lula.

Defensoria Pública realiza audiência pública sobre os riscos dos agrotóxicos em São Paulo

Nos próximos dias 29 e 30 de Agosto, a Ouvidoria Geral da Defensoria Pública Pública de São Paulo realizará uma audiência pública para discutir os riscos da exposição a agrotóxicos  sobre a saúde humana e  o ambiente.

Essa é uma atividade de especial importância, não apenas porque São Paulo é um dos líderes nacionais no consumo destas substâncias, mas como também passamos por um processo de pressão para facilitar ainda mais o uso de agrotóxicos no território brasileiro, inclusive para produtos banidos em outras partes do  mundo.

Para maiores detalhes sobre como a audiência irá funcionar, basta clicar (Aqui!)

Abaixo o cartaz com a programação completa e ifnormações sobre local onde o evento ocorrerá.

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