De Woody Guthrie para Rodrigo Constantino

woody

O pseudo colunista e direitista iletrado e, sim, blogueiro da Revista Veja, Rodrigo Constantino, anda enrolado para explicar uma das suas últimas postagens intitulada “Menos escolas, mais prisões” (Aqui!), onde com seus costumeiros argumentos esdrúxulos, o “infant terrible” dos coxinhas acabou enredado num tremendo atoleiro.  Li a última resposta de Constantino aos seus críticos, e lá vi as mesmas baboseiras sobre os males causados por Karl Marx e Paulo à Disneylandia capitalista onde ele acha que pensa que vive (Aqui!).

Eu tento falar pouco aqui nesse blog de personagens do quilate de Rodrigo Constantino porque eles já têm o devido apoio da imprensa corporativa e do Instituto do Milênio para escrever seus impropérios e arrastar com ele uma multidão de coxinhas, tal como o flautista de Hamelin fez com os ratos no conto folclórico que foi reescrito pelos Irmãos Grimm.

Mas numa dessas felizes coincidências da vida, hoje comecei a ouvir uma canção escrita por Woody Guthrie (Aqui!) para falar do sofrimento dos trabalhadores e camponeses estadunidenses durante o período da Grande Depressão, mas na interpretação do cantor inglês Billy Bragg. Além do vídeo, coloco a letra para se verificar que não é preciso ser marxista ou Paulo Freiriano para olhar o mundo do capitalismo pelo que ele é e impõe sobre a vida da maioria das pessoas. 

Então ficamos assim…. Suderj informa: sai Rodrigo Constantino, entra Woody Guthrie via Billy Bragg.

I Ain’t Got No Home
Por Woody Guthrie

I ain’t got no home, I’m just a-roamin’ ‘round,
Just a wandrin’ worker, I go from town to town.
And the police make it hard wherever I may go
And I ain’t got no home in this world anymore.

My brothers and my sisters are stranded on this road,
A hot and dusty road that a million feet have trod;
Rich man took my home and drove me from my door
And I ain’t got no home in this world anymore.

Was a-farmin’ on the shares, and always I was poor;
My crops I lay into the banker’s store.
My wife took down and died upon the cabin floor,
And I ain’t got no home in this world anymore.

I mined in your mines and I gathered in your corn
I been working, mister, since the day I was born
Now I worry all the time like I never did before
‘Cause I ain’t got no home in this world anymore

Now as I look around, it’s mighty plain to see
This world is such a great and a funny place to be;
Oh, the gamblin’ man is rich an’ the workin’ man is poor,
And I ain’t got no home in this world anymore.

Eu não tenho mais casa

Woody Guthrie

Eu não tenho mais casa, estou vagando por ai
Apenas um trabalhador vagando, de cidade em cidade
E a polícia torna a coisa difícil onde quer que eu vá
E eu não tenho nenhuma casa mais nesse mundo.

Meus irmãos e minhas irmãs estão presos nesta estrada,
Uma estrada quente e empoeirada que um milhão de pés pisaram;
O homem rico tomou a minha casa e me expulsou da minha porta
E eu não tenho nenhuma casa mais nesse mundo.

Eu era um meeiro, e sempre fui pobre;
Minha colheita eu deixo na loja do banqueiro
Minha esposa foi para baixo e morreu no chão da cabana,
E eu não tenho nenhuma casa mais nesse mundo.

Eu trabalhei em suas minas, e eu colhi o seu milho
Eu tenho trabalhado, senhor, desde o dia em que nasci
Agora eu me preocupo o tempo todo como eu nunca fiz antes
Porque eu não tenho nenhuma casa mais nesse mundo

Agora, como eu olho em volta, é uma grande planície para ver
Este mundo é tão grande e um lugar divertido para estar;
Oh, o apostador é rico, e o trabalhador é pobre,
E eu não tenho nenhuma casa mais nesse mundo.

Nem a Revista Veja parece aturar Rodrigo Constantino

Revista Veja censura seu próprio colunista

Por Redação

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O colunista da Veja Rodrigo Constantino teve um texto tirado do ar pela própria revista. Na coluna da última quarta-feira (20), ele ironizou o depoimento da jornalista Miriam Leitão ao portal Observatório da Imprensa, em que relatava as torturas sofridas durante a ditadura militar.

Membro do PCdoB nos anos 1970, ela descreveu momentos de terror passados em uma prisão do Espírito Santo. Miriam contou que, grávida, foi submetida a sessões de espancamento, ameaças de estupro, além de ser trancada com uma cobra em uma sala escura, em uma espécie de tortura psicológica. Ao final do relato, a jornalista pede uma retratação das Forças Armadas. “Gostaria de ouvir um pedido de desculpas, porque isso me daria confiança de que meus netos não viverão o que eu vivi. É preciso reconhecer o erro para não repeti-lo”, afirmou.

Esse foi o gancho usado pelo colunista da Veja, que, em tom de deboche, disse que era Miriam quem deveria pedir desculpas ao País por sua atuação durante a oposição ao regime. Nas palavras dele, a então militante não era uma heroína, mas uma comunista que pretendia transformar o Brasil em uma “imensa Cuba”. As ideias de Rodrigo duraram pouco na rede e logo foram retiradas pelo editor.

No Twitter, Constantino confirmou a interferência em sua publicação e reforçou o ataque à jornalista. “A pedido do editor da Veja.com, retirei do ar (…) Ainda acho que ela deveria fazer um reconhecimento público de que não lutava por uma democracia e não era uma heroína, mas faço isso em outra ocasião”, escreveu.

 Parece que, até para a Veja, Rodrigo dessa vez passou de todos os limites.

FONTE: http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/08/revista-veja-censura-seu-proprio-colunista/