Após as manifestações de hoje, como estão os que pularam precocemente da nau petista?

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Uma das artes mais difíceis na política é a hora de saber quando se deve pular de um barco que se julga predestinado ao naufrágio.  Se alguns portadores de cargos eletivos que recentemente abandonaram o Partido dos Trabalhadores (PT) pudessem ter consultado algum rato que tivesse a habilidade de transmitir a informação sobre a hora correta de dar o famoso pulo para fora, talvez não estivessem tão arrependidos neste momento.

Exemplos sobre esses puladores precoces abundam no PT, principalmente no Rio de Janeiro. Para apenas listar alguns cito o serelepe ex-ambientalista  e deputado estadual profissional Carlos Minc, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, e aqui em Campos dos Goytacazes, o vereador Marcão.

Ajudei a fundar o PT e militei no partido de 1981 até 1990 quando parti para outras atividades fora do Brasil. Quando finalmente voltei em 1997 vi que o partido que eu havia ajudado a criar já não era mais o mesmo, e que sua política de alianças não me contemplava mais e, muito menos, as formas pouco claros de angariar financiamentos com empresas. Sai pela porta da frente, e não me arrependo, nem de ter ajudado o partido nos seus primeiros anos, nem de ter pulado da nau por motivos que não fossem aqueles voltados para preservar mandatos conseguidos com a ajuda da aura e carisma de Luís Inácio Lula da Silva.

Agora, após todos esses anos, me reservo apenas a ser um professor que procura ensinar para além dos muros da Uenf, e a estar com aqueles que foram abandonados pelo PT ao longo de suas alianças com gente que agora quer destruir o partido e sua maior liderança. Com isso, vivo plenamente calmo com minha consciência.  

Será que os ratos precoces também vão conseguir ter um sono leve após as massivas manifestações que ocorreram nos 27 entes federativos em defesa do governo Dilma e de Lula? Penso que não. É que eles sabem que seus eleitores são mais do PT do que deles. Agora, quem mandou pular do navio em vez de defender o capitão?

PT/RJ: a vanguarda do atraso do ex-partido dos trabalhadores

Quando retornei ao Brasil em 1997 após quase uma década de exílio dourado nos EUA onde aprofundei meu treinamento acadêmico tentei voltar à militância no Partido dos Trabalhadores. Mas bastou ir a uma reunião de militantes que notei que aquele não era mais o partido que eu havia ajudado a construir no início da década de 1980.

De lá para cá, passados quase duas décadas, o PT do Rio de Janeiro que nunca foi uma força sólida dentro da estrutura nacional do partido se perdeu de forma tão completa e incurável que nem mesmo tendo sido esnobado pelo (des) governador Luiz Fernando Pezão na formação do seu processo secretariado, os dirigentes do partido conseguem ir para a oposição que é o lugar que lhes pertence neste momento.

Ao invés disso, ainda se vê a maioria da bancada dentro da ALERJ anunciar um envergonhado apoio a Pezão, na forma de “apoio crítico”, numa demonstração de que Anthony Garotinho estava mais do que certo quando vaticinou que o PT/RJ era o partido da boquinha.

Também com “quadros” como o ex-ambientalista Carlos Minc e o inexpressivo prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, alguém teria ilusão de que o PT/RJ iria, repentinamente, marchar para uma ação política independente e comprometida com as necessidades da maioria pobre da população fluminense? Claro que não! O PT/RJ é a vanguarda do atraso em que o PT se meteu nacionalmente.