Ainda refletindo sobre a profunda degradação da nossa direção institucional, me vi lembrando da gestão do Prof. Salassier Bernardo com quem tive profundas diferenças em muitos momentos. O interessante é que mesmo durante os períodos de confrontos mais duros, sempre mantivemos uma relação respeitosa fora dos colegiados. Essa era uma qualidade singular do Prof. Salassier, pois ele não via a discordância como algo nefasto ou que o portador do contraditório devesse ser perseguido. Tanto isto é verdade que nunca sofri uma comissão de sindicância sequer durante seus quatro anos de gestão. E isso é uma marca impressionante já que os reitores seguintes me premiaram com tantas que eu até perdi a conta, incluindo um que jurava que tinha enfrentado a ditadura em nome da democracia!
Mas deixemos minhas reminiscências pessoais de lado e vamos ao que interessa. Eu preciso lembrar aos que esqueceram que na gestão do Prof. Salassier os colegiados funcionavam e ali se discutia tudo, inclusive as greves que ocorriam na instituição. Muitos dos que hoje abominam este tipo de discussão dentro dos colegiados não raras vezes eram os mais incendiários nos ataques dentro dos colegiados. Por essas e outras é que eu olho para a gestão do Prof. Salassier com uma certa nostalgia, pois a UENF vivia um tempo onde havia democracia e tínhamos diferenças que eram discutidas quase à exaustão em tempo real.
Felizmente, sinto que muita gente se cansou do atual estado de letargia sistêmica e estamos prontos para retomar o caminho da democracia, onde poderemos nos concentrar positivamente na construção de um modelo de descentralização orçamentária e discussão efetiva das prioridades coletivas que vão ainda impulsionar a UENF para grandes conquistas. E vamos olhar para os últimos 10 anos apenas como aquilo dizia Leonel Brizola sobre Garotinho… um fogo que passou e se alastrou dentro do canavial num dia de vento forte.
Finalmente, acho que nem preciso avisar, mas não sou e não serei candidato a nada em 2015. Serei apenas um soldado a serviço da superação do Ancien Régime que hoje asfixia a criatividade e a democracia dentro da UENF.
