China barra 69 toneladas de soja brasileira por contaminação com agrotóxicos proibidos

China bans 69 tons of soybeans from Brazil, finds wheat contaminated with a  banned pesticide, and

O jornal Folha de São Paulo está noticiando que a China bloqueou a entrada de 69 mil toneladas de soja brasileira após encontrar trigo contaminado com agrotóxicos no porão do navio onde parte da carga estava sendo transportada.

Segundo reportagem da Folha, as exportações de duas fábricas da Cargill, bem como de outras controladas pela Louis Dreyfus, CHS Agronegocio e 3Tentos serão suspensas a partir de hoje em decorrência do incidente.

Segundo o relatório da agência sanitária chinesa teriam encontradas aproximadamente dez toneladas de trigo com agrotóxicos proibidos no mercado chinês dentro do navio que transportava a carga de soja.

A avaliação chinesa concluiu que o revestimento químico utilizado no grão é tóxico e destinado exclusivamente ao plantio, não ao consumo humano ou animal. Por isso, foi classificado como um risco sanitário inaceitável. Além disso, o trigo brasileiro não está habilitado para exportação à China, o que reforçou a violação das regras comerciais e sanitárias locais.

Em carta enviada à Embaixada do Brasil em Pequim, a qual a reportagem da Folha de São Paulo teve acesso, a GACC afirma que sua decisão tem “o objetivo de proteger a saúde dos consumidores chineses e garantir a segurança da soja importada” pelo país asiático.

A Folha informou ainda que a Administração Geral de Alfândegas da China comunicou às autoridades brasileiras que o ocorrido representa uma “violação grave” das normas chinesas de segurança alimentar.

Nessa situação uma curiosidade: o Brasil é o maior exportador de soja para a China, e o país asiático é o principal fornecedor de agrotóxicos para o mercado brasileiro, inclusive de muitas substâncias que são proibidas por lá em função de sua alta toxicidade ambiental e para a saúde humana.

Desta forma, aqueles que ficam passando o pano e autorizando a comercialização dessas substâncias altamente perigosas deveriam se perguntar o porquê da China ter agido tão firmemente em um caso que reflete bem a postura de governantes que zelam pelos interesses de seus cidadãos, enquanto por aqui tudo é permitido em nome do sucesso da balança comercial.

O longo braço do lobby da soja sufoca povos indígenas na Amazônia

Como os gigantes agrícolas do Brasil estão usando a política e os agrotóxicos para expulsar os povos indígenas de suas terras 

Com a construção do terminal de Santarém, em 1998, a empresa norte-americana Cargill lançou as bases para o cultivo industrial de soja no estado do Pará. Foto: Knut Henkel 

Por Knut Henkel, de Açaizal, para o “Neues Deutschland”

Josenildo dos Santos, de 39 anos, é professor da aldeia e, como cacique, uma espécie de chefe da aldeia, representa as cerca de 70 famílias indígenas Munduruku do Açaizal perante as autoridades, na justiça e junto a empresas agrícolas. Estas últimas cultivam soja e milho nas fazendas vizinhas, grandes propriedades rurais, alternando-as. No final do verão, o milho é a cultura dominante na aldeia. A soja tem um ciclo de crescimento de apenas quatro meses , o que complementa as espigas amarelas, que levam de sete a oito meses para serem colhidas.

Especialmente ao redor da cidade amazônica de Santarém , vastas terras agroindustriais se estendem por um planalto. O cultivo de soja começou lá em 1998 – e vem se expandindo continuamente desde então. Isso ocorre frequentemente em terras reivindicadas por comunidades indígenas como os Munduruku em Açaizal. “Os processos judiciais sobre os títulos de propriedade que reivindicamos para áreas onde nossa comunidade vive há cerca de 100 anos estão em andamento desde 2000”, diz dos Santos. “Grandes áreas foram destruídas e plantadas com soja desde então.

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas começa em 10 de novembro no Brasil – bem no coração de um país onde a floresta amazônica está desaparecendo a um ritmo alarmante. Nossa série mostra a rapidez com que o desmatamento está progredindo – e quais soluções existem para o desenvolvimento econômico sustentável.

O chefe da aldeia representa sua comunidade no longo processo – apoiado pela Igreja Católica. A igreja assessora não apenas o município de Açaizal, mas também pelo menos outras cinco aldeias da região. “Onde quer que os produtores de soja avancem pela Rodovia Transamazônica , as aldeias estão sob pressão e ameaçadas de deslocamento”, explica Gilson Fernando de Jesús Rego, engenheiro agrônomo da Pastoral Rural Católica, em uma noite em Santarém. A rodovia é o elo de transporte mais importante da região.

“Os produtores de soja são muito agressivos, limpando a terra, inventando fatos — eles cultivam soja e pulverizam pesticidas até 15 vezes nos quatro meses entre a semeadura e a colheita.” Rego fala com cautela. Ele se recusa a ser fotografado e só compartilhará um novo estudo sobre conflitos de terra quando for publicado. “O lobby da soja tem um braço longo”, diz ele, em tom de desculpa.

Cultivo de soja no campo de futebol

O início do cultivo de soja no estado do Pará foi a construção de um terminal de soja pela empresa americana Cargill no porto de Santarém. Isso criou a infraestrutura para a expansão massiva do cultivo da planta, cujos grãos também são usados ​​na Europa principalmente como ração animal – em detrimento da floresta tropical. Isso é evidente nos arredores da vila de Açaizal.

Há apenas dez anos, a aldeia, com suas aproximadamente 70 casas, era cercada por uma densa floresta tropical. Pequenos agricultores como Paulo Munduruku caçavam ali, coletando castanhas-do-pará, frutas e plantas medicinais. Mas essa era está chegando ao fim. Hoje, um produtor de soja mora com sua família na aldeia – e continua a se expandir. Há alguns meses, ele exigiu que a comunidade da aldeia desocupasse o campo de futebol. “Ele disse que queria plantar soja lá”, lembra Munduruku, de 62 anos. “Quando eu me opus, junto com um dos meus filhos, ele nos ameaçou. Quase se tornou violento.”

Paulo Munduruku mora em um terreno no centro da aldeia, onde se encontram diversas castanheiras e árvores frutíferas. Ele plantou uma horta para sustentar a si mesmo e à sua família, pelo menos parcialmente. Isso costumava ser muito mais fácil antes da chegada dos produtores de soja. “Hoje, estamos cercados por fazendas de soja que ocuparam terras para as quais solicitamos o título de propriedade.” O ex-cacique recebeu ameaças de morte de produtores de soja diversas vezes porque descreve a situação com clareza.

Burocracia como arma

Este é o caso de muitas comunidades na Amazônia brasileira. Elas frequentemente têm uma relação tensa com as autoridades, que exigem provas de que as famílias vivem na região há muito tempo, que administram o meio ambiente de forma sustentável e que, portanto, têm direito legítimo à terra. Tal burocracia é estranha a muitas comunidades. “Mas sem títulos de terra, é impossível defender a área que habitamos da invasão de sociedades agrárias ou mineradoras”, explica Munduruku, com um gesto de desdém e olhando para seu sucessor, Josenildo dos Santos.

Ambos estão desgastados pela interminável batalha judicial. E veem que os produtores de soja não precisam lidar com tais obstáculos. “Eles compram pastagens de fazendeiros ou pequenos agricultores, mas também deslocam comunidades como a nossa”, critica Santos. “Eles ocupam terras – sem a intervenção do Estado. Pelo contrário: eles até recebem empréstimos.” A razão para isso é óbvia: o lobby da soja tem boas conexões com instituições públicas, pode influenciar significativamente as decisões nos parlamentos regionais e também tem um forte lobby no parlamento nacional em Brasília. O agronegócio controla financeiramente a política brasileira, explica o cientista agrícola Rego.

Moratória suspensa

De fato, os produtores de soja estão continuamente ocupando novas terras. Por um tempo, a moratória da soja acordada em 2006 – destinada a impedir o cultivo de feijão em terras recém-desmatadas – desacelerou essa expansão. No entanto, o acordo foi recentemente suspenso, tornando a soja novamente um dos principais impulsionadores da destruição da Amazônia. As metas climáticas do Brasil são, portanto, prejudicadas, e a população local está sofrendo particularmente com os desertos agroindustriais de milho e soja.

A professora dos Santos está particularmente preocupada com a saúde dos moradores quando agrotóxicos são pulverizados nas imediações da escola. “Náuseas, vômitos e até erupções cutâneas são o resultado. Aqui na aldeia, a maioria está preocupada com os efeitos que os pesticidas podem ter sobre a nossa saúde.” Sabe-se que o glifosato, sob o nome comercial Roundup, é usado no cultivo de soja. Não se sabe se outros agrotóxicos são usados. Os produtores locais de soja permanecem em silêncio sobre o assunto.

No entanto, os industriais agrícolas podem ter desconfiado da presença de uma equipe de pesquisa viajando por Santarém, realizando entrevistas e exames médicos, muitas vezes perto de escolas. Eles visitaram especificamente vilarejos no chamado corredor da soja do estado do Pará, onde o cultivo aumentou significativamente nos últimos anos.

Evidência científica

“Queremos determinar se há alguma mudança na população local”, explica Annelyse Rosenthal Figuerredo, professora da Universidade de Santarém. “Observamos pequenas mudanças nos testes cognitivos e visuais em comparação com o grupo de controle de uma área sem exposição a pesticidas. Também há alterações nas contagens sanguíneas.”

Para Figuerredo, essas são indicações claras dos efeitos negativos do uso generalizado de agrotóxicos. Embora tal descoberta científica não deva surpreender, ela é importante — é a única maneira de as agências governamentais agirem. A comunidade da aldeia de Açaizal espera que o estudo ajude a impor distâncias maiores entre edifícios residenciais e tratores que pulverizam pesticidas no futuro. O estudo ainda não foi publicado. Não está claro se será publicado antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Belém , que começa em 10 de novembro.

“É claro que sabemos que o estudo causará comoção — e que o lobby da soja tentará desacreditar os resultados e a nós, pesquisadores”, diz Rosenthal Figuerredo. “Nós respeitamos isso. Mas já sabemos de várias escolas onde crianças com intoxicação por agrotóxicos tiveram que ser tratadas em postos de saúde.”

O professor e cacique Josenildo dos Santos também quer se basear justamente nesses casos. “Precisamos de argumentos fortes contra os grandes agricultores que colhem mais soja a cada ano”, afirma. Na safra atual, o total foi de 169 milhões de toneladas — mais de 16 milhões de toneladas a mais do que em 2024. Esse aumento anda de mãos dadas com a superexploração da floresta tropical.


Fonte: Neues Deutschland

Tribunal de Justiça do RS libera uso de agrotóxico 2,4-D para safra 

Denúncias de deriva do 2,4-D caem, mas produtores de uva continuam sofrendo  perdas | GZH

Deriva de 2,4-D causa morte de parreirais na campanha gaúcha

Por Sílvia Lisboa para “Matinal”

Em decisão publicada em 15 de setembro, o desembargador Francesco Conti, do Tribunal de Justiça gaúcho, manteve a decisão que suspendeu a proibição do agrotóxico 2,4-D. Com isso, o herbicida poderá ser usado no plantio da soja, que começa neste mês.

O governo de Eduardo Leite (PSD) entrou com um recurso contra a decisão da juíza Patrícia Laydner, titular da Vara de Meio Ambiente, que proibiu temporariamente uso do herbicida até que o estado delimitasse zonas de exclusão ou um zoneamento que protegesse as culturas da uva, da maçã, das oliveiras e a fruticultura, em geral, que são destruídas pela deriva do herbicida. O recurso pedia o efeito suspensivo da decisão da primeira instância, alegando que “as perdas na Região da Campanha poderiam ser superiores a 30% nas lavouras de grãos.”

Conti julgou procedentes os argumentos da ação civil pública em nome de duas associações de produtores de vinho e maçã que entraram com a ação civil pública em 2020, solicitando a proibição do uso do 2,4-D, um dos componentes do Agente Laranja, uma arma química usada na Guerra do Vietnã. O produto é muito usado nas lavouras da soja, milho, arroz e outros grãos e cereais, mas inviabiliza os cultivos de frutas e oleaginosas. O desembargador entendeu que, até ser analisado o mérito da apelação do estado, que quer manter o herbicida em uso, fica suspensa a proibição. Ou seja, até a ação não ter transitado em julgado, o 2,4-D seguirá liberado ao uso no Rio Grande do Sul.

Entramos em contato com a Associação de Vinhos Finos da Campanha, uma das autoras da ação, mas não obtivemos retorno até o fechamento desta notícia. O espaço segue aberto.

Para o deputado estadual Adão Pretto Filho (PT), vice-presidente da subcomissão sobre herbicidas hormonais da Assembleia Legislativa, a decisão é resultado da falta de diálogo do governo com os setores produtivos.

“O governo teria a oportunidade de dialogar com esses setores tão importantes, da fruticultura, da uva, das hortaliças, e tão afetados pelo 2,4-D e outros hormonais, mas de forma autoritária foi ao judiciário, pensando só no benefício econômico de alguns”, declara. “Lamentavelmente, a iniciativa foi tomada sem diálogo e de forma atrasada. A ciência e os pesquisadores já conhecem o mal que esses venenos fazem para o nosso estado.”

Além dos prejuízos aos cultivos de frutas e hortaliças, o 2,4-D causa danos à saúde humana. A Organização Mundial de Saúde (OMS) o classifica como possivelmente cancerígeno para humanos. Um dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) mostra que a substância está associada a problemas endócrinos, formação de câncer e malformações fetais.

A Assembleia Legislativa do RS criou uma subcomissão para debater o assunto que opõe o setor agrícola do estado. Em um relatório, a subcomissão propôs um novo marco regulatório com 10 medidas estruturantes que tentam melhorar as ações de fiscalização, regrar a aplicação do agrotóxico, criar um fundo para indenizar produtores atingidos e outro para premiar aqueles que conservam os biomas, entre outras ações.


Fonte: Matinal

Observatório dos Agrotóxicos: tsunami de venenos avança no governo Lula com a liberação de 43 registros adicionais

O leitor deste blog poderá até achar que é notícia velha, mas não é.  Vinte e quatro horas depois de liberar 42 registros de agrotóxicos do tipo Produto Técnico (a forma concentrada dos produtos), eis que o Diário Oficial da União desta 3a. feira (09/09) trouxe a liberação de mais 43 agrotóxicos, agora na modalidade formulada que é aquela pronta para uso.

O Ato nº 43, de 5 de setembro de 2025 traz um museu de velhas novidades, já que a maioria dos registros liberados serão usados nas culturas de soja e cana de açúcar, que já concentram o uso de agrotóxicos na agricultura brasileira. 

Além disso, outro padrão mantida é a hegemonia das fabricantes chinesas que respondem pela maior da produção dos produtos que tiveram seus registros liberados.  Com isso, temos um aprofundamento da processo de trocas desiguais, já que o preço das commodities agrícolas, a soja por exemplo, tende a ser menor do que a dos agrotóxicos. Como a China é o principal comprador da soja brasileira, e o principal fornecedor de venenos agrícolas usados nessa cultura no Brasil, temos aí um padrão de perdas contínuas para a economia brasileira.

Quanto ao presidente Lula, a manutenção dessa enxurrada de agrotóxicos representa uma quebra do compromisso de que seu governo começaria um giro em prol de um modelo agroecológico e de eliminação da dependência de agrotóxicos para a produção agrícola.

Estudo analisa o impacto das exportações de carne e soja no agravamento da escassez hídrica no Brasil

Um estudo publicado hoje pela revista científica “Communications Earth & Environment”, do grupo Nature, traz informações inéditas sobre o impacto das cadeias produtivas da carne bovina e da soja sobre o uso de água no Brasil, e eles não são nada desprezíveis segundo os autores do trabalho.

Os autores quantificaram o volume e a fonte de água doce utilizados para a produção e exportação de soja e carne bovina brasileiras para a China e a União Europeia (UE) juntamente com o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa para o período de 2015 a 2017. 

Os resultados obtidos demonstram que ambos os setores dependem principalmente de sistemas de abastecidos pelas águas das chuvas, mas também de  soja produzida a partir de sistemas irrigados, e de uma combinação de abeberamento do gado e reservatórios que servem como fonte de água potável.

Um dado particularmente preocupante é que entre  20% e 50% da água doce necessária para exportações para a China e a UE, respectivamente, dependem de bacias hidrográficas que apresentam escassez hídrica alta ou crítica. 

Quem desejar ler o trabalho em sua íntegra, basta clicar [Aqui!].

Ciência a serviço dos poderosos: associação de sojeiros do MT colheu amostras para estudo na Unicamp sobre agrotóxicos

Segundo processo disciplinar ainda em curso na universidade, Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso selecionou trabalhadores rurais, indicou laboratórios responsáveis pela coleta de amostras de urina de pessoas expostas a agrotóxicos e cuidou até do envio do material à Unicamp

Por Hélen Freitas/ Edição de Juliano Barros para a “Repórter Brasil” 

Um processo disciplinar aberto para investigar a conduta de um professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revela como uma importante entidade do agronegócio do Mato Grosso, principal polo produtor de grãos do país, atuou na realização de estudos científicos sobre os impactos causados pelo próprio setor. 

Documentos obtidos com exclusividade pela Repórter Brasil detalham como a Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho) participou diretamente de etapas cruciais de pesquisas sobre a exposição de trabalhadores rurais a dois agrotóxicos bastante populares: o glifosato e o paraquate.

Os estudos foram iniciados em 2016, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reavaliava a venda no mercado brasileiro dos dois herbicidas, amplamente usados no controle de plantas daninhas em lavouras. Na época, ambos figuravam entre os dez agrotóxicos mais utilizados no país.  

Além de financiar o projeto, a Aprosoja-MT acompanhou de perto todas as etapas das pesquisas. Depoimentos e documentos consultados pela reportagem revelam como a associação selecionou trabalhadores rurais para o estudo, indicou laboratórios responsáveis pela coleta de amostras de urina em campo e cuidou até da logística para envio do material à Unicamp.

Em 2019, a Anvisa decidiu manter o glifosato em circulação, mas impôs mudanças na rotulagem e na classificação toxicológica, além de exigir novas medidas de segurança para o manuseio do herbicida.

Um ano antes, a Iarc (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer), órgão da Organização Mundial da Saúde, já havia classificado o glifosato como “provavelmente cancerígeno” para humanos. A substância também é associada ao desenvolvimento de doenças como depressão, Alzheimer e Parkinson.

Já o paraquate teve destino diferente. Em 2017, a Anvisa deu início ao processo de banimento do herbicida devido a riscos à saúde, incluindo possível relação com doenças neurodegenerativas, como o Parkinson. A decisão previa um período de transição, em que o agrotóxico ainda poderia ser utilizado, até a proibição definitiva a partir de 22 de setembro de 2020. Desde então, o registro do paraquate está cancelado no Brasil.

Foi durante o período de transição que associações do agronegócio organizaram uma força-tarefa para tentar reverter a decisão da Anvisa, argumentando que novas pesquisas poderiam comprovar a segurança do paraquate.

O principal estudo utilizado para embasar esse movimento era justamente o conduzido na Unicamp. No entanto, após denúncia da Repórter Brasilsobre conflito de interesses, a pesquisa foi suspensa pelo Comitê de Ética da universidade, em julho de 2020.

Cinco anos depois, a Repórter Brasil enfim teve acesso aos documentos do processo disciplinar, ainda em curso na universidade, sobre a conduta do professor Paulo César Pires Rosa. Atual coordenador da graduação em Farmácia, ele participou das pesquisas orientando uma aluna sobre os impactos do glifosato e do paraquate na saúde de trabalhadores rurais. 

Os arquivos revelam também como a Aprosoja-MT atuou de cabo a rabo nos estudos, encomendados na tentativa de manter a comercialização dos agrotóxicos no país. Uma das principais representantes do agro nacional, a entidade já foi dirigida por produtores investigados por envolvimento com os atos golpistas de 08 de janeiro de 2023

Procurada, a assessoria de imprensa da Aprosoja-MT não se posicionou até o fechamento desta reportagem.

Antônio Galvan (à esq.), ex-presidente da Aprosoja-MT, foi investigado por envolvimento na tentativa de golpe em 8 janeiro de 2023 (Foto: Divulgação/Aprosoja)

Unicamp analisa se atuação de professor em instituto de pesquisa foi irregular

A rigor, o processo disciplinar tem como objetivo avaliar se o professor Paulo César Pires Rosa teria quebrado seu contrato de dedicação exclusiva à Unicamp, ao prestar serviços ao Inpes (Instituto de Pesquisas e Educação em Saúde), entidade criada por um docente aposentado da universidade. O Inpes foi o responsável por angariar os recursos para o estudo sobre a presença de paraquate no organismo de trabalhadores rurais do Mato Grosso.       

Em 2023, após três anos de investigação, uma comissão da Unicamp concluiu que Rosa teria atuado sem autorização como diretor científico do Inpes, entre 2018 e 2020. Além de uma suspensão de 15 dias, o parecer do órgão recomendou a devolução aos cofres da universidade de parte do salário recebido pelo docente no período. Segundo cálculos feito pela reportagem, o valor pode chegar a R$ 200 mil.

Ainda de acordo com o relatório da comissão, a Faculdade de Ciências Farmacêuticas recebeu uma proposta de convênio para realização dos estudos, com financiamento da Aprosoja-MT e intermediação do Inpes. O projeto chegou a ser aprovado pela Comissão de Pesquisa e Extensão, mas acabou vetado pela Comissão de Governança. Por essa razão, nunca foi efetivamente formalizado. Mesmo assim, a pesquisa seguiu em frente, até ser barrada em julho de 2020, após matéria da Repórter Brasil.

Durante a apuração, Rosa também foi investigado por uma possível utilização indevida da infraestrutura da universidade para as pesquisas sobre os agrotóxicos. A comissão, no entanto, concluiu que não havia provas de uso irregular dos laboratórios, nem de pagamentos diretos da Aprosoja-MT ao professor.

As amostras de urina coletadas dos trabalhadores rurais do Mato Grosso permanecem lacradas e armazenadas nas dependências da universidade, de acordo com a assessoria de imprensa da Unicamp. “Não há nenhuma possibilidade de retomada da pesquisa”, informou por telefone um coordenador de comunicação da universidade.

Atualmente, o caso está sob análise do Conselho Universitário, instância máxima da instituição. Durante reunião do órgão realizada em abril deste ano e disponível no Youtube, Fernanda Silvado, procuradora-chefe da Unicamp, disse haver “um claro conflito de interesses na pesquisa”. Em sua avaliação, a Aprosoja-MT era “financiadora e interessada na pesquisa, e ela também escolhia os trabalhadores, os laboratórios que faziam as análises clínicas das amostras”. 

Ao longo do processo disciplinar, Rosa sempre negou quaisquer irregularidades. Por Whatsapp, o professor afirmou à reportagem que não era o responsável pelos estudos, embora tenha atuado para captar com entidades públicas de fomento à pesquisa cerca de R$ 67 mil em bolsas de mestrado e doutorado, dentre outros recursos, segundo relatório de atividades encaminhado por ele próprio à universidade. 

“As pesquisas não foram sobre [sic] minha coordenação, era do prof Ângelo”, informou Rosa na troca de mensagens por Whatsapp, em referência a Ângelo Trapé, médico, ex-professor da Unicamp e fundador do Inpes — o instituto responsável pela intermediação da pesquisa sobre o paraquate, em 2018.  

Pesquisa com trabalhadores rurais que aplicam paraquate na soja foi suspensa pela Unicamp após revelações de conflito de interesse (Foto: Pedro Biondi/Repórter Brasil)

Procurada, a assessoria de imprensa da reitoria da Unicamp afirmou que “o ex-professor Ângelo Trapé se aposentou em 2017 e, desde então, não possui vínculo formal com a universidade”. Trapé não respondeu ao pedido de entrevista.   

Rosa inicialmente respondeu à reportagem por Whatsapp, mas depois preferiu não conceder entrevistaSeus advogados, no entanto, enviaram uma nota. 

“Como o processo disciplinar ainda está em andamento, entendemos que não é o momento adequado para manifestação em matéria jornalística, a fim de não comprometer a imparcialidade dos julgadores e publicizar uma situação que está sendo devidamente apurada pelos órgãos competentes, a Universidade”, diz o texto. 
Os advogados ainda afirmaram que vão solicitar apuração pelos órgãos competentes sobre os documentos obtidos pela Repórter Brasil. “Entendemos que houve o vazamento de informações que são consideradas sigilosas, e protegidas pela Lei Geral de Proteção de Dados”, prossegue o texto. Leia a resposta na íntegra.

Aprosoja-MT escolheu laboratórios; amostras já haviam sido coletadas

Em um dos depoimentos que aparecem nos autos do processo acessado pela reportagem, uma estudante de doutorado, orientanda do professor Rosa, afirma que os trabalhadores rurais participantes da pesquisa teriam sido selecionados pela Aprosoja e pelo Inpes. 

“Quando a depoente e o indiciado [Rosa] chegaram ao Mato Grosso, os laboratórios já estavam definidos e já havia amostras coletadas previamente”, diz um trecho do relatório final da comissão responsável pela apuração do caso.

Durante audiência no Comitê de Ética da Unicamp, Ângelo Trapé confirmou que a escolha dos trabalhadores partiu, de fato, da Aprosoja-MT. Segundo o fundador do Inpes, a associação dos produtores rurais também indicou fazendas e participou diretamente do recrutamento dos participantes. 

“No projeto submetido ao CEP [Comitê de Ética em Pesquisa] da Pós-Graduação constava que seria o indiciado e a aluna quem selecionariam os participantes, mas que, posteriormente, constatou-se uma participação da Aprosoja nessa seleção”, diz um trecho da ata do depoimento de Trapé. Ele também relatou que o envio das análises à Unicamp foi feito pela própria associação. A conclusão do comitê foi a de que as práticas configuravam “conflito de interesses”.

Os autos do processo disciplinar também trazem a defesa de Rosa. “Embora a Aprosoja tenha participado da escolha dos trabalhadores e laboratórios envolvidos nos estudos, não houve sequer uma ingerência sobre o trabalho realizado, e isso não restou comprovado nos autos deste procedimento”, afirmou o professor em recurso apresentado à universidade.

Estudo aponta o glifosato, agrotóxico mais vendido no Brasil, como uma das substâncias mais frequentemente associadas a abortos espontâneos (Foto: Vitor Dutra Kaosnoff/Pixabay)
Autos do processo disciplinar revelam que os trabalhadores rurais participantes da pesquisa teriam sido selecionados pela Aprosoja e pelo Inpes (Foto: Vitor Dutra Kaosnoff/Pixabay)

Segundo Rosa, os trabalhadores teriam sido indicados com base em critérios técnicos, como o contato efetivo com o herbicida paraquate. Já os laboratórios teriam sido selecionados levando em conta os locais onde as coletas foram realizadas.

Em fevereiro de 2018, no mestrado sobre impactos do glifosato defendido por uma aluna do professor Rosa, a estudante demonstra gratidão não só a seu orientador, mas também ao fundador do Inpes e à própria entidade do agronegócio. 

“Agradeço à Associação dos Produtores Rurais de Soja e Milho (Aprosoja) do estado do Mato Grosso, pela parceria, apoio financeiro e contribuição na seleção e na realização das coletas das amostras dos voluntários incluídos neste estudo”, escreveu.

Em agosto de 2018, Rosa detalhou em um evento da Aprosoja como se deu a participação da associação dos produtores. “A Aprosoja arcou com os custos de reagentes e materiais para analisar essas amostras. E o sindicato rural indicou os trabalhadores, segundo os nossos critérios de inclusão e exclusão”, relatou o professor. 

Na época, o processo de reavaliação do glifosato pela Anvisa estava na reta final. Uma decisão judicial chegou a suspender o registro de produtos à base da substância no país. Dois meses depois, a medida foi derrubada e o uso do herbicida voltou a ser permitido.

Em nota, a Anvisa nega que pesquisas financiadas pela entidade ruralista tenham influenciado no resultado do processo. “Nenhum resultado de reavaliação de ingredientes ativos de agrotóxicos pode ser atribuído a um único estudo ou uma única fonte de dados. Trata-se de uma análise complexa e sistematizada”, afirma o texto. Leia a resposta completa.


Fonte: Repórter Brasil

Na esteira do Projeto do Semiárido, monoculturas de soja e eucalipto

Na prática, recursos do Projeto de Lei do Semiárido vão financiar monoculturas de árvores e de soja

A mídia corporativa local anuncia que o Senado Federal deverá votar nesta 3a. feira o Projeto de Lei No. 1440/2019, também conhecido pela alcunha de “Projeto do Semiárido”, que deverá  conceder aos municípios do Norte e Noroeste benefícios do semiárido. A justificativa encontrada para essa equiparação à região Nordeste em termos de benefícios que compensem o ressecamento associado à escassez das chuvas.

Curiosamente o “Projeto do Semiárido” tem como um dos suas principais apoiadoras a Federação de Indústria do Rio de Janeiro (Firjan) que, por outro lado, é uma das inspiradoras da criação de um deserto verde no Norte Fluminense, a partir da implantação de grandes plantios de eucalipto.

🌱 Notícia boa para Campos! 📢, O desenvolvimento da nossa cidade segue  firme! Antes, terras sem uso e improdutivas agora estão sendo arrendadas  para o plantio de eucalipto. Já temos uma empresa ...

Wladimir Garotinho: entre o “Projeto do Semiárido” e o apoio ao Deserto Verde

É o famoso acendendo “uma vela para Deus e outra para o diabo”.  Afinal, se os municipios do Norte e Noroeste Fluminense estão assim tão prejudicados pela escassez de chuvas, como é que se explica o apoio à implantação de monoculturas de árvores, como faz a Firjan?

No plano municipal, há que se lembrar que é a Secretaria Municipal de Agricultura (SEMA) quem apoia de forma muito animada a implantação de outra monocultura voraz no consumo de águas que é a da soja.   Assim, somando-se os planos da Firjan e da SEMA teremos que qualquer financiamento que saia para o “Projeto do Semiárido” será, na prática, para apoiar monoculturas que causam alto consumo e ainda a contaminação dos recursos hídricos via o uso intensivo de agrotóxicos.

O Secretário Municipal de Agricultura, Almy Junior, participa de “colheita da soja” : semiárido que é bom, nada

Por outro lado, sobre a recuperação da cobertura vegetal via projetos de reflorestamento usando espécies da Mata Atlântica não há uma palavra sequer.  E se levarmos em conta que grande parte do ressecamento que vivemos no Norte e Noroeste Fluminense se devem à derrubada quase total das florestas para o plantio de outras monoculturas e de pastagens, esse esquecimento deixa ainda mais explícito que o “Projeto do Semiárido” oscila entre as mais puras formas de cinismo e de farsa.

E uma coisa é certa: sem correções profundas de rumo, qualquer dinheiro que vier parar por aqui por causa desta lei será para aprofundar os problemas existentes e não o contrário. 

Enchentes de 2025: Rio Grande do Sul está se tornando um forte centro propulsor de refugiados climáticos

Enchentes no RS: Para onde vão os refugiados climáticos?

Pessoas desabrigadas pelas enchentes de 2024. O drama está se repetindo em 2025

O termo refugiado climático se refere a pessoas que, por causa das mudanças climáticas têm de deixar o território em que vivem.  Pois bem, as notícias que chegam do estado do Rio Grande do Sul dão conta que, pouco mais de um ano após a ocorrência das mega enchentes que assolaram a parte central do estado e que tiveram impactos profundos sobre a cidade de Porto Alegre, há uma nova enchente gigantesca em curso.

Segundo informações do site Metsul,  o nível do Rio Jacuí, que desemboca no Guaíba, atingiu nesta sexta-feira (20/6) 26,30 metros em Cachoeira do Sul, valor que fica abaixo somente das enchentes de 1941 e 2024.  Como o Jacuí termina no Guaíba, as próximas horas poderão ser dramáticas para os segmentos da população que foram duramente afetados em 2024.  Penso ser importante lembrar que em maio de 2024, o estado do Rio Grande do Sul foi assolado por inundações históricas, afetando mais de 300 mil pessoas e 446 municípios.

Ponte do Fandango foi interditada nesta sexta-feira (20/6) com o terceiro maior nivel do Rio Jacuí já observado na história de Cachoeira do Sul | Cristiano Pontes Dias

Nos próximos dias e semanas, o Blog do Pedlowski deverá publicar textos de testemunhas privilegiadas da hecatombe climática que se abate mais uma vez sobre o Rio Grande do Sul em um esforço de oferecer informações que estão sendo negadas pela mídia corporativa.

É importante lembrar que a situação do Rio Grande do Sul é causada por uma combinação de elementos complexos que combinam mudanças no uso da terra dentro e fora dos limites estaduais com fatores climáticos que operam em diferentes escalas espaciais.  A hegemonia das monoculturas da soja e de árvores na região central do Rio Grande do Sul somada ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado representa um gatilho poderoso na detonação de uma grave crise climática que ameaça se repetir anualmente.

Enquanto isso as elites gaúchas dentro e fora do aparelho de estado continuam se comportando no melhor estilo dos ricos que estavam dentro do navio Titanic. Em outras palavras, continuam aferradas ao mesmo estilo de produção e consumo que está na gênese da crise climática que abala o Rio Grande do Sul. Afinal de contas, elas não precisam se preocupar quando as águas sobem.

Como me chegaram notícias de que sequer as comportas que protegem (ou deveriam proteger) foram consertadas, o produto final disso será a criação de uma massa de refugiados climáticos que terão de procurar outras partes do Brasil para se instalar. 

Instituto Escolhas publica relatório devastador sobre a (in) sustentabilidade da produção de soja no Brasil

O prometido e antecipado relatório técnico produzido pelo Instituto Escolhas sobre a (in) sustentabilidade da principal commodity de exportação produzida no Brasil, a soja, acaba de ser publicado e traz dados alarmantes sobre a forte dependência em relação ao uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos.

Os dados baseados principalmente em estatísticas oficiais são quase tão devastadores para a soja, como a soja é para as florestas e ecossistemas hídricas nacionais. O que o estudo do Instituto Escolhas revela é que o aumento exponencial do uso de agrotóxicos no Brasil está diretamente ancorado na expansão dos monocultivos de soja.

E, pior, o estudo mostra que apesar do aumento exponencial no uso de agrotóxicos, o retorno em termos de produção vem caindo ao longo do tempo, o que faz com que o custo proporcional dos venenos agrícolas represente atualmente uma parte substancial do custo associado ao plantio de soja.

O relatório tem o sugestivo título de “Brasil como líder mundial em produção de soja: até quando e a que custo?”,  e sua leitura deixará claro aos leitores que essa é uma liderança é uma espécie de tigre de papel, mas que traz custos econômicos, sociais e ambientais altíssimos.

O Instituto Escolha está distribuindo o relatório na forma completa, mas também está publicando um sumário com as informações mais significativas.  Em qualquer um dos formatos, essa é uma leitura obrigatória para quem deseja entender melhor o peso significativo da soja no uso exponencial de agrotóxicos no campo brasileiro.

Soja lidera uso de agrotóxicos no Brasil, mas apesar disso a produtividade está caindo drasticamente, mostra relatório

De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Escolhas, o latifúndio agro-exportafor brasileiro tem intensificado o uso de agrotóxicos e fertilizantes para aumentar a produção de soja, na qual o Brasil é líder mundial.  Além disso, esse aumento se dá em um ritmo mais acelerado do que a expansão da área plantada, o que pode acarretar riscos ambientais e reduzir a rentabilidade dos produtores. Por outro lado, ao se comparar com países líderes no uso de agrotóxicos, como Estados Unidos, Argentina, China e Índia, o Brasil se destaca, conforme mostram dados oficiais.

Por outro lado, o levantamento feito pelo Instituto Escolhas aponta que mesmo com um aumento da produtividade de 2% ao ano, esse crescimento é inferior à expansão da área plantada e ao aumento do uso de insumos, que foram de 5% e 11% respectivamente.  O estudo também mostra que, em 30 anos, a área de soja saltou de 11 para 44 milhões de hectares, mas a eficiência do uso dos agrotóxicos caiu drasticamente: em 1993, eram 23 sacas de soja produzidas para cada quilo de agrotóxico aplicado; hoje, são apenas 7.

Além disso, o estudo mostra que o custo dos agrotóxicos e fertilizantes saltou de 30% para 44% sobre o valor bruto da produção. 

Livre da soja, Pantanal sofre com veneno que chega pelos rios

Segundo Jaqueline Ferreira, do Instituto Escolhas, o aumento do uso de agrotóxicos e fertilizantes é frequentemente minimizado pelos alta na produção de soja, que é essencial para o abastecimento mundial e fonte de exportação de dólares para o país. Para a safra 2024/2025, o Brasil projeta uma produção recorde de 168 milhões de toneladas de soja, 13% a mais que o ano anterior. Mas esse resultado não pode esconder que isso está acontecendo graças ao aumento do desmatamento e do uso de agrotóxicos, muitos deles banidos na Europa e até na China.