Enquanto agricultores desapropriados amargam o calote estatal, construção da termelétrica no Porto do Açu foi turbinada com R$ 4 bilhões do BNDES

A inauguração que ocorrerá amanhã da termelétrica GNA II deverá ter a presença do presidente Lula, e existem bilhões de razões para este convite. É que a sua construção teria envolvido um investimento de R$ 7 bilhões, sendo que apenas o BNDES garantiu o aporte de R$ 4 bilhões do valor total. Um investimento deste a empresa é uma joint venture que envolve a Prumo, controladora do Porto do Açu, a alemã Siemens Energy, a gigante estal chinesa da área de energia, a State Power Investment Corporation (Spic) e a petroleira inglesa BP.

O curioso é que todo esse dinheiro está investido em uma empresa que apenas vai operar se houver alguma crise grave em outras fontes de energia, e com impactos negativos para as contas pagas pelo brasileiro comum.

Mas enquanto essa montanha de dinheiro público foi colocado em uma empresa essencialmente estrangeira para vender energia mais cara para os brasileiros, as centenas de famílias que tiveram suas terras confiscadas pelo (des) governo de Sérgio Cabral continuam tendo negadas o ressarcimento devido pela perda de seus meios de produção e reprodução, atingindo ainda diretamente a geração de renda agrícola do município de São João da Barra.

Alguém deveria lembrar ao presidente Lula que foi durante o governo da presidente Dilma Rousseff, também do PT como ele, que ocorreram as escrabrosas ações da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Rio de Janeiro (Codin) para retirar agricultores pobres de terras que eles ocupavam por várias gerações. Assim, como hoje a Codin objetivamente não possui orçamento para pagar o que deve a centenas de agricultores familiares, o presidente Lula deveria liberar uma linha de crédito para honrar as dívidas com esses brasileiros pobres. Afinal, se há dinheiro para turbinar empreendimentos controlados por empresas estrangeiras, há que haver dinheiro para quem está sendo atingido duramente pelos efeitos de um modelo de desenvolvimento calcado na criação de enclaves.

Decodificando a mensagem da Prumo Logística sobre desistência da Bolognesi Energia em construir termelétrica no Porto do Açu

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A matéria abaixo assinada pela jornalista Fernanda Moraes trata da desistência da empresa Bolognesi Engenharia S/A de desenvolver projetos de gás natural no Porto do Açu. Até aí tudo bem, mas a Prumo Logística poderia ter explicitado em sua nota o porquê da razão da empresa gaúcha de bater em retirada do Porto do Açu, mesmo antes de ter batido a primeira estaca no interior do empreendimento.

Mas se lermos com atenção a nota da Prumo Logística usando a estratégia da psicologia reversa, poderemos inferir que a empresa ao afirmar que a Prumo ao dizer que “continua avançando com os estudos e negociações, especialmente em razão das vantagens competitivas do Porto do Açu, decorrentes de sua localização e de infraestrutura já existente”, na verdade está nos dando a verdadeira razão da desistência da Bolognesi Engenharia, qual seja, a falta da infraestrutura necessária para se tocar projetos dentro do empreendimento.  E convenhamos que a Bolognesi Engenharia não é a primeira empresa a pular fora da canoa do Porto do Açu justamente por não identificar a existência da infraestrutura necessária para ali tocar projetos de maior envergadura.

E la nave vá! Resta apenas saber para onde.

Prumo busca novo parceiro

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Administradora do empreendimento garantiu continuidade do projeto na área do Porto (Prumo / Divulgação)

Fernanda Moraes

A Prumo Logística, que administra o Porto do Açu, em São João da Barra (SJB), informou nesta segunda-feira  que a empresa, em conjunto com a Bolognesi Energia S.A., decidiu não prosseguir com a celebração do contrato entre elas para o desenvolvimento de projetos de gás natural no Porto do Açu (“Hub de Gás”). Em 30 de abril último, as empresas haviam assinado memorando de entendimentos. O motivo da desistência não foi informado.

Em nota, a assessoria da Prumo disse que a empresa continua com o desenvolvimento do hub de gás e já está em negociação com outros parceiros. “Houve a decisão de não assinar o contrato, mas o projeto está mantido. A Prumo continua avançando com os estudos e negociações, especialmente em razão das vantagens competitivas do Porto do Açu, decorrentes de sua localização e de infraestrutura já existente”, informou a nota.

Ainda de acordo com a assessoria, a Prumo manterá seus acionistas e o mercado informados sobre qualquer evento ou fato relacionados ao desenvolvimento do hub de gás. Em setembro deste ano foram realizadas audiências públicas em Campos e São João da Barra para apresentação do projeto de construção da Usina Termelétrica “UTE Novo Tempo GNA”.

A UTE será instalada numa área de 40 hectares no Porto do Açu. Ela será dividida em duas unidades geradoras de energia elétrica, que terão capacidade para produzir 3.100 MW. Baseado em dados de consumo de 2014, que constam no Balanço Energético Nacional (BEN), publicado por órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME), a UTE produzirá energia correspondente a 95% do consumo residencial de todo o estado do Rio de Janeiro.

FONTE: http://diarionf.com/prumo-busca-novo-parceiro