
Por Douglas Barreto da Mata
Eu não tinha nenhuma intenção de fazer uma espécie de “minissérie” de análises sobre a sucessão estadual, mas o desenrolar dos acontecimentos torna irresistível esse formato, algo como um enredo, ou uma mini novela. Nos dois primeiros textos [Aqui! e Aqui!) , que você pode ler abaixo, o eixo central foi a intrincada engenharia que será necessária para tornar candidato a governador o presidente da Alerj, deputado Rodrigo Bacelar.
Apesar da torcida de seus correligionários, e das “análises” de seus órgãos de imprensa, o fato é que a coisa é mais complicada do que parece. Hoje vamos tentar dar um desfecho no raciocínio, deixando claro, óbvio, que não temos a pretensão de ir além da mera projeção de cenários.
Se a candidatura de Rodrigo Bacelar depende da renúncia de Thiago Pampolha, é sobre essa questão que devemos nos debruçar, embora haja outras subjacentes, que não podem ser desprezadas, como ressentimentos e vinganças guardadas como iguarias no freezer para serem consumidas no devido tempo.
Aqui eu menciono a possibilidade de Cláudio Castro devolver ao presidente da Alerj todas as desfeitas que teve que suportar nesse trajeto, soprando ao ouvido de Pampolha que aceite o acordo, mas não renuncie.
Mas voltemos ao principal, isto é, para onde vai Thiago Pampolha? Ora, os “bacelar-boys” juram que o vice-governador aceitou ir para o TCE.
Tomemos isso como certo. A questão não é querer, pois Thiago, por ele mesmo, já sabe que ficou com poucas opções eleitorais. Talvez uma candidatura de deputado federal pelo MDB. O problema é Thiago acreditar em Rodrigo Bacelar e Cláudio Castro.
Com a possibilidade de discussão judicial de sua indicação, como já anunciou o advogado Travanca, e com a jurisprudência recente do STF, acionada recentemente pelo MP, contra o deputado Albertassi, fica claro que não há vaga certa.
Ora, como já disse em outro texto, seria o “crime perfeito”. A promessa da dupla Rodrigo/Castro a Pampolha, lembremos, é de indicação e aprovação do nome, não é de assunção da vaga. Assim, como disse um amigo observador atento dos bastidores, Thiago ficaria sem a vaga, que seria reservada para Castro ou o próprio Rodrigo, caso os planos eleitorais de ambos não dessem certo.
Bem, Thiago pode ter pensado nisso. Porém, Thiago pode ser muito mais esperto do que julgam. Afinal de contas, ele sabe, e todos os integrantes deste desfile sabem que Thiago é um dos candidatos que mais pode atrapalhar Eduardo Paes, ainda mais se ele tiver um vice com Wladimir Garotinho. Seria uma nova formatação capital e interior.
Para Wladimir Garotinho não seria má ideia, já que ele seria vice de um governador de um mandato, já que Pampolha não poderia se reeleger. Para o campo da direita seria ótimo, dois jovens, de centro, um evangélico, um vice-governador, com alguma penetração na capital, e outro herdeiro de uma família de governadores.
Thiago, se tiver noção desse cacife, pode ter negociado com Eduardo Paes, não para compor a chapa dele, já que os dois se sobrepõem na capital, e ambos sabem que essa vaga deve ser ofertada a Wladimir. Pampolha pode receber de Eduardo as chaves da prefeitura do Rio, e a garantia de torná-lo o futuro prefeito em 2028. Não é pouca coisa. Esse arranjo pode ter selado a sorte de Rodrigo Bacelar e de Castro, quem sabe?
Thiago Pampolha, nesse momento, está “fingindo de morto para ver quem vai a seu enterro”. Por que trocar um acordo com melhores chances de concretização com Paes, para ficar com uma promessa de quem já lhe maltratou tanto?
Enfim, por onde quer que se olhe, as chances de Pampolha renunciar ao cargo de vice-governador para que Rodrigo Bacelar seja candidato é uma ilusão de Carnaval, que pode acabar em choro na Apoteose.

