Evento climático extremo destrói cidade no Paraná e mostra a urgência das respostas para uma adaptação justa

Rio Bonito do Iguaçu: antes (esquerda) e depois (direita) depois da passagem do tornado

Há alguns anos cruzei pela estrada que leva a Rio Bonito do Iguaçu e não imaginei que aquela região seria palco de um evento climático extremo de imenso poder destrutivo ( ver vídeo abaixo) cujos efeitos se espalharam por dezenas de outras cidades.

Se ainda precisássemos de mais provas de que caminhamos para um processo agudo de transformação do clima da Terra, o tornado avassalador que varreu a pequena Rio Bonito do Iguaçu com velocidades acima dos 200 kim/hora é mais uma delas.

O poder destrutivo desse tornado, evento tão extremo quanto singular, revela que estamos entrando em uma fase em que o “tempo raivoso” diagnosticado pela física e filósofa alemã Friederike Otto saiu do campo das hipóteses teóricas para se mostrar com intensidade na nossa realidade cotidiana.

Enquanto o tempo literalmente fecha sobre nossas cabeças, as elites globais continuam seu processo de negacionismo climático usando governos que elas capturam para continuar pisando no acelerador do consumo de combustíveis fósseis que emitem giga toneladas de gases estufa para a atmosfera da Terra  todos os anos. Ao mesmo tempo, essas mesmas elites continuam construindo seus bunkers para sobreviver ao dia do juízo final que elas próprias criando.

Não há como se enganar: para parar esse esquema de sacríficio da maioria da Humanidade em benefício da acumulação exponencial de riqueza por uma minoria será preciso mais do que reuniões alegóricas como a COP30 que se inicia amanhã em Belém. Será preciso que superemos o sistema econômico que alimenta a destruição da Terra em nome do lucro de poucos.

Por isso é fundamental que haja o engajamento em atividades e mobilizações que coloquem a questão do colapso climático nos únicos termos que poderão gerar as soluções que realmente trarão alguma chance de adaptação ao “tempo raivoso” que já está entre nós. A saída para o colapso climático, meus amigos, terá de ser pela esquerda que não se ajustou aos limites impostos pela ordem capitalista.  Como a já citada Friederike Otto escreveu em seu livro mais recente, a crise climática possui reverberações que envolvem gênero, raça e classe. Quanto mais cedo entendermos o papel dessa tríade, mais cedo nos livraremos das receitas limitadas que o mercado capitalista nos oferece.