A placa e a pedra: minhas memórias coloridas da UFRJ

Acabo de ler uma postagem da Associação de Docentes da UFRJ (ADUFRJ) informando que a reitoria da minha “Alma Mater” finalmente resolver dar fim a uma placa que havia sido posta em um bloco de pedra situado na frente do Centro de  Tecnologia (CCT) e do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) na Cidade Universitária (ver imagem abaixo).

Conclui minha graduação em 1986, um ano após o fim oficial da ditadura civil-militar instalada pelo golpe de 1964, tendo iniciado minha trajetória na UFRJ em 1980 no curso de Meteorologia, tendo me transferido para o de Geografia em 1982. 

Aqueles eram outros tempos, pois cheguei na UFRJ em meio à atentados de bombas contra a OAB e bancas de jornais no centro do Rio de Janeiro. Mas também eram tempos em que o regime se decompunha abertamente e muitos estudantes da universidade como eu se sentiam na obrigação de participar do esforço de derrubar aquela ditadura hedionda.  Em função disso, como muitos outros, participei do movimento estudantil, tendo ocupado posições no Centro Acadêmico de Meteorologia, e também no Diretório Central dos Estudantes Mário Prata, e ainda da coordenação geral do Alojamento Estudantil da UFRJ.

Como estudante do CCMN, passava diariamente na frente daquela pedra e da placa instalada pela reitoria da UFRJ em setembro de 1972 para homenagear o talvez mais sanguinário dos ditadores instalados pelo golpe de 1964, o general Emilio Garrastazu Médici.  Como aquela placa me causava profunda repulsa, desenvolvi o esporte de pixá-la diariamente com a frase “Abaixo a Ditadura”, sempre carregando uma lata de tinta na mochila para realizar meu pequeno gesto de rebeldia sem ser ser descoberto. Eu fiquei tão bom no disfarce que pixava a pedra a qualquer momento do dia. Felizmente nunca fui flagrado realizando minha atividade artística, pois se fosse pego, a minha vida acadêmica provavelmente teria sido encurtada por algum julgamento disciplinar especial.

Agora a azeitona na empada: sempre aparecia algum servidor da UFRJ, com o qual nunca me encontrei, para apagar a pixação.  Era uma espécie de pinta e remove que se estendeu até os generais decidirem, sob pressão das ruas, voltarem para a caserna.

Agora, exatos 35 anos depois de eu ter concluído o meu Mestrado em Geografia pela UFRJ, me chega a notícia de que, finalmente, a placa de homenagem a Garrastazu foi removida. A coisa é que no Brasil determinadas coisas se movem muito lentamente, muito mais do que deveria, incluindo a homenagem de uma universidade pública a um ditador sanguinário. 

Uma coisa me alegrou na imagem: alguém continuou o trabalho de pixar a placa, uma prova de que, apesar da lentidão, ainda existe aqueles que lutam, mesmo que seja com uma lata de tinta na mão.

UFRJ enfrenta precarização e sucateamento, uma antessala da privatização


Já que Lula parece querer emular XiJiping uma sugestão:  que tal adotar a via chinesa de financiamento público das universidades?

O governo do presidente Lula vive emulando uma via chinesa para o futuro do Brasil,  afinal a China é o exemplo perfeito para países do Sul Global. Afinal, a China passou em menos de cinco décadas de um país econômica e socialmente atrasada para se tornar virtualmente a principal potência mundial.  Mas o que pouco se diz é que a raiz do sucesso óbvio dos chineses residiu em uma fórmula que rejeitou as reformas neoliberais impostas pelo Consenso de Washington, enquanto apostava no desenvolvimento das capacidades produtivas do país, incluindo um forte investimento em seu setor público, as universidades inclusas.

Enquanto isso, o Brasil vem apostando em um processo de aprofundamento de sua condição de país dependente, com a reprimarização da sua base produtiva, e a redução firme e continuada da capacidade de investimento público. No meio desse caminho fica claro o abandono do investimento no desenvolvimento científico e tecnológico, principalmente nas universidades públicas.

Na semana que passou tivemos acesso à situação desesperadora em que se encontra a maior universidade federal brasileiro, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Como sou egresso da UFRJ, tendo ali cursado graduação e mestrado, saber da situação praticamente falimentar da UFRJ gera um misto de raiva e inconformismo. É que com um orçamento que mal dá para manter o básico funcionando, a principal universidade brasileira tem setores inteiros (a Escola de Educação Física é o pior exemplo) completamente sucateados com prédios que simplesmente correm o risco de implodir.

Por outro lado, a resposta da reitoria da UFRJ exemplifica o risco que graça subjacente ao abandono e ao sucateamento, que é a privatização. A fórmula de deixar apodrecer bens públicos para depois entregá-los de bandeja para a iniciativa privada é manjada, mas muito eficiente. Com o próprio reitor, Roberto Medronho, “convocando” a iniciativa privada a (sic!) investir na UFRJ, não fica dífícil prever que o risco de que a universidade seja entregue para alguma empresa (de preferência multinacional) não é desprezível. Afinal de contas, quem paga a banda, escolhe a música. E Medronho está claramente dizendo isso, enquanto deixa de cobrar o devido investimento do governo Lula.

Mas alguém poderá lembrar que o presidente Lula esteve recentemente em Campos dos Goytacazes para inaugurar o novo prédio do campus local da Universidade Federal Fluminense (UFF). O problema é que não apenas a entrega dessa obra não representa nenhuma tendência de mudança nos investimentos estruturais, como não reflete sequer a situação geração da própria UFF que possui outras tantas obras inconclusas, e com um decaimento orçamentário igual ou pior do que o experimentado pela UFRJ.

O fato é que com o “novo teto de gastos” proposto pelo próprio presidente Lula que mantém a alocação preferencial de mais da metade do orçamento federal para o pagamento de juros da dívida pública, não há como esperar que haja o necessário investimento nas universidades públicas que são responsáveis por gerar mais de 90% da pesquisa científica realizada no Brasil.

Com isso, uma garantia: mantido o cenário descrito acima, o Brasil continuará importando tecnologia chinesa e vendendo soja para a China. E não é difícil saber quem vai sair ganhando ou perdendo nessa troca.

Associação Profissional dos Geólogos apoia a luta dos estudantes de Geologia da UFRJ contra precarização do ensino

A Associação Profissional dos Geólogos do Estado do Rio de Janeiro (APG-RJ), entidade representativa da categoria em território fluminense, vem declarar seu irrestrito apoio à luta dos discentes do curso de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pela melhoria das condições de segurança nos trabalhos de campo, através da renovação da frota de veículos que, hoje, encontra-se em péssimas condições.

Entendemos que os trabalhos de campo constituem fator imprescindível para a boa formação de geólogas e geólogos, sendo inclusive uma característica que confere excelência à graduação em Geologia da UFRJ, que sempre privilegiou essas atividades, representando um diferencial das suas alunas e alunos no mercado de trabalho.

A frota de ônibus e vans utilizada para trabalhos de campo não apenas da Geologia, mas dos cursos de Geografia, Biologia e outros, possui muitos anos de uso, sendo utilizada frequentemente para longas viagens para o Nordeste e Sul do país (inclusive com viagens para fora do território nacional), muitas vezes em rodovias mal conservadas ou de terra, que provocam forte desgaste nos veículos. As condições de manutenção das viaturas estão longe de serem as ideais, sendo comuns quebras dos veículos durantes as viagens, as vezes em locais ermos, colocando em risco discentes, docentes e motoristas.

Entendemos que o sucateamento da frota de veículos está intrinsecamente vinculado ao sucateamento das universidades públicas federais nos últimos anos, que vêm sofrendo constantes cortes de verbas por parte do governo e do Congresso, justificadas pelo “Teto de Gastos” e a “Lei de Responsabilidade Fiscal”. Destacamos aqui a própria infraestrutura da UFRJ, onde é patente a má conservação dos seus prédios (IFCS, CT, Reitoria, Educação Física), o abandono de obras civis (muitos “esqueletos” inacabados na Ilha do Fundão), bem como os incêndios sucessivos ocorridos nos últimos anos (Praia Vermelha, Alojamento Estudantil, 8º andar da Reitoria, Museu Nacional).

A Reitoria, no entanto, deve encontrar o mais rápido possível meios para a renovação da frota de veículos disponíveis para os trabalhos de campo obrigatórios e não-obrigatórios, sem causar prejuízos à formação acadêmica dos discentes, garantindo a segurança destes, dos docentes e dos motoristas.

A APG-RJ parabeniza o Diretório Acadêmico Joel Valença e as/os estudantes de Geologia da UFRJ pela luta no sentido de garantir seu direito de aprender Geologia no campo, fator imprescindível para a sua boa formação acadêmica e profissional.

Só a luta e a organização garantem as conquistas!

Rio de Janeiro, 08 de Abril de 2025.

UFRJ às escuras revela a face mais austericida e trágica do Lula III

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Por dívida de R$ 31,8 milhões, Light corta energia elétrica e deixa UFRJ às escuras

Sou eternamente grato à Universidade Federal do Rio de Janeiro, pois lá não apenas encontrei a oportunidade de me formar geógrafo e mestre em Geografia, mas também guarida e uma enorme quantidade colegas no seu Alojamento Estudantil.  Por essa ligação quase umbilical com a UFRJ, a notícia que está sendo divulgada pela mídia corporativa, e confirmada em nota pela reitoria da universidade, é de embrulhar o estômago.

O fato é que por completa falta de orçamento, a UFRJ deve à empresa fornecedora de energia elétrica, a Light, um total de R$ 31,8 milhões, o que resultou no corte de energia em pelo menos “15 edificações” da instituição, deixando sem condições de funcionamento até o prédio que hospeda a sua reitoria.

Colocar a maior universidade federal do Brasil, e uma das maiores e mais importantes instituições universidades da América Latina, é uma espécie de chá de revelação dos aspectos mais dramáticos que o receituário austericida adotado pelo governo Lula III sob a batuta neoliberal do ministro Fernando Haddad.

Enquanto se deixa um dos principais instrumentos do desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil às escuras, o governo Lula III continua pagando regiamente os juros absurdos que são cobrados pelo setor financeiro em cima de uma dívida pública que nunca foi devidamente auditada.  

Essa lógica de se preocupar com o que a Faria Lima pensa e cobra em juros é que provoca este pagão na UFRJ. Aliás, se a UFRJ foi colocada neste estado comatoso, o que dirá de outras instituições de ensino e pesquisa federais que se encontram espalhadas por diferentes partes do território nacional? A situação deve estar igual ou pior.

Como desastre pouco é bobagem, o governo Lula III está preparando mais um pacote de maldades onde deverão ser cortados direitos e benefícios sociais, bem como o orçamento de áreas estratégicas, incluindo o sistema nacional de Ciência e Tecnologia.

Dada a situação crítica que as políticas de austeridade do governo Lula III estão gerando na UFRJ, me parece urgente que haja uma pronta reação em sua defesa. Não é possível permitir que se deixe a UFRJ às escuras, enquanto os banqueiros brasileiros e estrangeiros ficam com o grosso da riqueza nacional. Há que se cobrar diretamente do ministro da Educação, Camilo Santana, e do presidente Lula que os recursos necessários para garantir o funcionamento da UFRJ sejam liberados imediatamente.

MPF requer à Justiça que Iphan e UFRJ sejam condenados a restaurar prédio histórico no centro do Rio de Janeiro

Imóvel localizado no centro da cidade encontra-se abandonado há pelo menos 15 anos e apresenta risco de desabamento
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O Ministério Público Federal (MPF) propôs ação civil pública na Justiça Federal do Rio de Janeiro para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sejam condenados a reformar, com urgência, prédio histórico localizado na Praça da República, centro da capital. De acordo com o MPF, além do prejuízo ao prédio, que tem valor histórico e cultural, o avançado estado de deterioração em que se encontra a edificação representa risco à saúde e à segurança da população em seu entorno. 

A ação resulta de inquérito civil público instaurado pelo MPF para averiguar a situação do imóvel, que permanece abandonado há pelo menos 15 anos. Durante as investigações, foram realizadas diversas vistorias no local, que revelaram graves problemas estruturais e a necessidade de intervenções urgentes. Na última das vistorias, ocorrida em setembro de 2023, os peritos alertaram para o elevado risco de incêndio e desabamento da edificação. Também foram identificados indícios de que o imóvel possa vir a ser invadido.

“Em todas as vistorias foi reconhecida a situação deplorável do prédio e o alto risco para saúde e segurança da população no entorno do bem. Há, portanto, urgência de que se iniciem imediatamente obras emergenciais, a fim de conservar as características do imóvel e começar sua reparação, sob pena de se perder, de forma irreversível, os atributos necessários à compreensão histórica e cultural do bem”, afirma o procurador da República Antonio do Passo Cabral, que propõe a ação.

Responsabilidade

Localizado na Praça da República, nº 22, esquina com a Avenida Visconde do Rio Branco, estima-se que a construção tenha ocorrido por volta de 1910, constituindo o prédio patrimônio histórico e cultural brasileiro. O imóvel integrava o acervo de bens da União e foi transferido para a UFRJ em 1978. Em 2012, o prédio foi cedido ao Iphan para instalação do que seria o Centro Nacional de Arqueologia, que nunca chegou a funcionar no local.

De acordo com as cláusulas pactuadas no contrato celebrado entre os órgãos, a cessão do imóvel teria prazo inicial de 20 anos e o Iphan realizaria a restauração do bem em um prazo de até 48 meses a contar da data de assinatura do termo. O prazo chegou ao fim e a reforma não foi realizada. Desde 2017, após o término do prazo estabelecido para restauração do prédio, o Iphan está em tratativas para devolução do imóvel à UFRJ.

O MPF aponta, na ação civil pública, que, até o momento, não houve uma definição quanto à reforma do prédio. Tanto a UFRJ quanto o Iphan alegam não ter responsabilidade pela restauração do imóvel e relatam dificuldades financeiras para implementar as obras necessárias para sua recuperação.

Pedidos

Diante da inércia e da omissão dos órgãos em solucionar o problema e dos riscos que a deterioração do prédio representa, o MPF requer que a Justiça conceda tutela de urgência para determinar à UFRJ e ao Iphan que realizem obras emergenciais necessárias à conservação e reparação do imóvel. As obras devem ser iniciadas em prazo não superior a 30 dias, para que posteriormente seja realizada a integral reparação do prédio.

O MPF pede ainda que a Justiça determine aos réus que inventariem os danos atualmente existentes no imóvel, adaptem os projetos executivos anteriores ou confeccionem um novo plano de execução dos reparos, para diagnosticar as providências necessárias para a total recuperação do bem, devendo estabelecer ainda um cronograma para a execução das obras, permitindo monitoramento judicial.

Por fim, o MPF requer a condenação dos réus à completa restauração do imóvel, com a implementação de medidas contra incêndio e pânico, no prazo indicado no projeto executivo, sob pena de multa no valor de R$ 10 mil por dia de atraso.

Ação Civil Pública nº 5009665-43.2024.4.02.5101

Consulta processual

Curso de extensão sobre a vida e obra de Vânia Bambirra na forma de Cine Debate é aberto pela UFRJ

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Curso de Extensão Universitártia – UFRJ 📽️ CineDebate *Vânia, a história de uma revolucionária* (20h/a), com a diretora da minissérie documental (acesso aqui: https://bit.ly/49BdjhN) e Coordenadora do Memorial-Arquivo Vânia Bambirra (www.ufrgs.br/vaniabambirra/), Profa. Dra. Carla Ferreira.

 🗓️ Dias 1°, 8, 15, 22 e 29 de abril de 2024. 2as-feiras, 18h30min. Auditório da Escola de Serviço Social da UFRJ. Campus Praia Vermelha. Entrada pela Av. Venceslau Brás, 71. Botafogo, Rio de Janeiro.

Solicite sua inscrição preenchendo o formulário 📝 no link https://cz95.short.gy/RHq2kb

 📜Certificado para quem totalizar 75% de frequência. 

💡Lembre-se que as vagas são limitadas e que o curso prevê reserva para cotas étnico-raciais.

UFRJ promove evento sobre “produção intelectual na universidade e ChatGPT”

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A Câmara Técnica de Ética em Pesquisa (CTEP), instância consultiva do Conselho de Ensino para Graduados (CEPG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), associada à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2), convida a comunidade universitária para uma discussão sobre “Produção intelectual na universidade e Chat GPT: Novos tempos para a integridade acadêmica”.

O evento será realizado no dia 25 de maio de 2023, das 15:30 às 18h, em formato virtual (link para inscrição ao final desta mensagem). Haverá interpretação de libras.

Detalhes de acesso serão disponibilizados por e-mail no dia 24 de maio, um dia antes do evento.

O tema é de amplo interesse público e, no âmbito da produção intelectual na universidade, são inúmeras as oportunidades e desafios que incluem questões de natureza autoral e de integridade acadêmica de amplo interesse na comunidade universitária. Este evento explorará algumas dessas oportunidades e desafios nas atividades de ensino e pesquisa na graduação e na pós-graduação.

A PR-2 e a PR-1 estimulam a participação, especialmente de docentes e discentes.

Segue a programação:

  • “Produção intelectual na universidade e Chat GPT: Novos tempos para a integridade acadêmica” [25 de maio 2023 – 15:30-18h]
    Abertura (15 min) – Profa. Denise Freire (IQ/CCMN) – Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2); Prof. Marcelo de Pádula (FF/CCS) – Pró-Reitor de Graduação (PR-1); Profa. Sonia Vasconcelos (IBqM/CCS) – Coordenadora da CTEP
    Apresentação dos palestrantes (5 min)
  • Apresentação 1 (30 min) – Prof. Jesús Mena-Chalco – Centro de Matemática Computação e Cognição (CMCC); Escritório de Integridade em Pesquisa da UFABC – Universidade Federal do ABC (UFABC)
  • Apresentação 2 (30 min) – Prof. Renan Almeida – Programa de Engenharia Biomédica da COPPE/UFRJ; Membro da Subcâmara de Integridade em Pesquisa da CTEP/UFRJ (Vice-Coordenador)
  • Sessão de Debates com a Audiência (60 min) – Moderadores: Profa. Sandra Becker (Instituto de Relações Internacionais e Defesa/CCJE); Profa. Bianca Ortiz (Decania/CCS/UFRJ); Profa. Mariana Boechat (Decania/CCS/UFRJ); Ariane Roder (COPPEAD) – Superintendente Acadêmica de Pesquisa (PR-2)
  • Considerações Finais (10 min) – Prof. Edson Watanabe (PEE/COPPE)

Inscrições: (15 a 23 de maio de 2023): Aqui

Haverá Certificado de Participação – que deverá ser solicitado pelos participantes no final do evento. 

UFRJ pede revogação do Novo Ensino Médio

Segundo colegiado máximo da Universidade, o Novo Ensino Médio “representa mais um passo no desmonte do ensino básico”

sala-vaziaReformulação pressupõe uma autonomia que pode não existir na prática | Foto: Ana Marina Coutinho (SGCOM/UFRJ)

Por Assessoria de Imprensa da Reitoria

O Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da UFRJ, emitiu moção na última quinta-feira, 9/3, em que pede a revogação do Novo Ensino Médio (NEM).

Segundo o posicionamento do colegiado, que tem representação de estudantes, técnicos-administrativos e docentes, o NEM “representa mais um passo no desmonte do ensino básico”. Em agosto de 2021, o Complexo de Formação de Professores da UFRJ já havia se posicionado sobre o tema.

De acordo com a moção do Consuni, “a reforma precariza o trabalho do profissional da educação” e “abre margem para que profissionais com “notório saber” ministrem aulas, mesmo sem formação pedagógica”.

Leia na íntegra:

Em 2016, foi apresentada pelo Governo Federal uma medida provisória que propunha novas diretrizes para o Ensino Médio no Brasil. Num período marcado pela resistência dos estudantes contra essa medida, em 2017, ela foi aprovada no Congresso como a Lei n° 13.415/2017.

Todo o debate ao redor dela, foi atropelado com a MP, que representa a educação de acordo com o interesse dos tubarões da educação. 

Com o NEM, existe uma flexibilização do conteúdo ministrado nas escolas, tirando a obrigatoriedade de certas disciplinas (como artes, educação física e ciências sociais), mantendo apenas português e matemática como disciplinas obrigatórias. Além disso, altera a carga horária para 60% de conteúdos comuns da BNCC, e 40% de conteúdo optativo. 

Entretanto, a oferta de matérias optativas estará intrinsecamente ligada a condição social em que a escola e seus estudantes estão inseridos. Isso significa que, matérias de fim formativo, que serão complementares ao ensino, tecnologias, e mais valorizadas, serão aplicadas em escolas
específicas, enquanto que na maioria das escolas públicas do país, o ensino já está sendo voltado à entrada num mercado de trabalho precarizado.

Além disso, a reforma precariza o trabalho do profissional da educação, que, além de ter a carga horária reduzida muitas vezes (principalmente das áreas voltadas ao desenvolvimento de um pensamento crítico), a reforma abre margem para que profissionais com “notório saber” ministrem aulas, mesmo sem formação pedagógica. 

Com diversos cortes na educação, a precarização do ensino básico é evidente. Durante a pandemia, a enorme evasão de estudantes secundaristas resultou no Enem mais desigual da história. O NEM representa mais um passo no desmonte do ensino básico. 

Portanto, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em sessão de 09 de março de 2023, se posiciona pela revogação do Novo Ensino Médio e convoca todos para as mobilizações puxadas por entidades estudantis no dia 15 de março, e convida para o
ato no Rio de Janeiro, na Candelária!


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Este texto foi inicialmente publicado no site oficial da UFRJ [Aqui!].

“UFRJ não tem verba para seguir funcionando”, alerta Conselho Universitário

Segundo Consuni, ao bloquear orçamento da UFRJ, governo “escolhe sacrificar a educação”

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Por Assessoria de Imprensa da Reitoria

Em moção aprovada nesta quinta-feira, 9/6, o Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, repudiou os recentes cortes e contingenciamentos realizados pelo governo federal contra a UFRJ.

“Com mais esse corte, a UFRJ não tem verba para seguir funcionando, pagando as contas de água e energia elétrica, contratando serviços de segurança e limpeza, fazendo manutenções mínimas e adotando medidas de prevenção de incêndio, após agosto deste ano. Além disso, esse bloqueio impede a ampliação de políticas de assistência estudantil durante esse ano, que hoje se demonstram urgentes tendo em vista principalmente a característica socioeconômica atual do corpo estudantil das universidades”, diz trecho da moção.

Ainda segundo o Consuni, o bloqueio representa “uma opção política, num contexto de recordes de arrecadação em que o governo escolhe sacrificar a educação, a ciência e a tecnologia para ajustar-se ao Teto de Gastos, preservando seu orçamento secreto”.

Leia o posicionamento na íntegra abaixo:

Moção de repúdio aos cortes orçamentários

Desde 2015, as Universidades Federais vêm sofrendo cortes sucessivos no orçamento discricionário, que diz respeito a pagamento das contas de água e de luz, manutenção da estrutura e do funcionamento fundamental das Universidades e suas unidades de saúde.

Contraditoriamente à relevância alcançada pelas Universidades, principalmente frente ao seu desempenho no combate ao Coronavírus, o orçamento das Instituições de Ensino diminui. Exemplo disso é que, no ano de 2021, a UFRJ contou com um orçamento de R$ 303 milhões, o menor orçamento da década, tendo registrado uma queda de R$ 71 milhões em relação ao ano de 2020, que também já havia sido alvo de cortes bilionários.

A UFRJ iniciou o ano de 2022 com um orçamento de aproximadamente R$ 329 milhões, que não repunha as perdas inflacionárias com relação a 2021. Esse valor já impunha uma enorme dificuldade a nossa Universidade, que já previa a impossibilidade de terminar o ano de 2022 sem dívidas milionárias. Para piorar, recentemente o Governo Federal anunciou um corte de R$ 3,2 bilhões na verba das Universidades e dos Institutos Federais e, após pressão dos segmentos do setor da educação, no dia 03/06/2022, o Ministério da Educação anunciou que o bloqueio na verdade será de R$ 1,6 bilhões.

Com mais esse corte, a UFRJ não tem verba para seguir funcionando, pagando as contas de água e energia elétrica, contratando serviços de segurança e limpeza, fazendo manutenções mínimas e adotando medidas de prevenção de incêndio, após agosto deste ano. Além disso, esse bloqueio impede a ampliação de políticas de assistência estudantil durante esse ano, que hoje se demonstram urgentes tendo em vista principalmente a característica socioeconômica atual do corpo estudantil das Universidades (de acordo com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, 7 em cada 10 estudantes das Universidades Públicas são atualmente de baixa renda). Essa medida coloca ainda em risco o funcionamento das políticas de assistência estudantil já existentes (auxílios, funcionamento dos bandejões, manutenção da Residência Estudantil) no ano que vem.

Este bloqueio é uma opção política, num contexto de recordes de arrecadação em que o Governo escolhe sacrificar a educação, a ciência e a tecnologia para ajustar-se ao Teto de Gastos, preservando seu orçamento secreto.

Por isso, o desbloqueio total do orçamento é urgente, assim como uma recomposição orçamentária e a revogação do Teto de Gastos, para permitir que a UFRJ e as demais Universidades Federais possam manter a qualidade do ensino, a produção de pesquisas de ponta, as iniciativas de extensão, as políticas de permanência e assistência estudantil, as reformas estruturais, o funcionamento dos seus campi e, assim, possa cumprir o seu papel de servir ao povo.

Assim, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reunido em sessão de 09 de junho de 2022, vem manifestar seu repúdio aos cortes do orçamento destinado às Universidades e Institutos Federais de Ensino e demandar a recomposição orçamentária.

Alertamos para a necessidade dessa verba na garantia do funcionamento da UFRJ no próximo período letivo.

Alerta prévio das condições do tempo

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Ana Cristina Palmeira, Wanderson Luiz Silva e Fabricio Silva (*)

A previsão do tempo com que a sociedade está mais familiarizada é a previsão atmosférica, baseada na escala de dias, como por exemplo, a previsão de que vai chover ou não no final de semana. Entretanto, no Brasil, verifica-se ainda a falta de conhecimento no que se refere à previsão meteorológica para a escala de poucas horas adiante, de um futuro bem próximo.

Observa-se no Brasil uma acentuada quantidade de municípios que apresentam escorregamentos de massa e inundações de forma recorrente. Eventos meteorológicos extremos, como chuvas intensas, ondas de calor e secas prolongadas têm se tornado mais frequentes e intensos em várias partes do globo em função das mudanças climáticas vigentes.

Nesse contexto, faz-se necessário compreender a importância relacionada à previsão de curtíssimo prazo do tempo – ou seja, de imediato, nowcasting na linguagem meteorológica – principalmente no que diz respeito ao reconhecimento de condições atmosféricas que possam originar desastres e/ou situações de calamidade pública em determinada região.

No que se refere à Meteorologia, com o crescimento da capacidade computacional e das redes observacionais, paulatinamente mais ferramentas capazes de fornecer informações acerca do panorama da atmosfera têm sido desenvolvidas. Dessa maneira, as equipes de monitoramento são capacitadas para melhor avaliação da atmosfera e da potencialidade para a formação de eventos meteorológicos extremos.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a previsão de curtíssimo prazo pode ser definida como uma previsão do tempo com detalhes locais, desde o presente até 6 horas adiante, incluindo análise detalhada do estado da atmosfera naquele período. Focada em caracterizar condições atmosféricas adversas, a previsão imediata utiliza observações de superfície e altitude, dados de radar meteorológico, satélites, modelos numéricos de alta resolução, sensores de descargas atmosféricas, instrumentos não convencionais e Inteligência Artificial.

Recentemente, o Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) passou a contar com o Laboratório de Previsão de Curtíssimo Prazo e Eventos Extremos (LACPEX), com atividades voltadas ao ensino e à pesquisa de técnicas de nowcasting e ao estudo da variabilidade climática das características da atmosfera, favoráveis à ocorrência de eventos meteorológicos extremos; um reforço importante e urgente aos já estabelecidos laboratórios que atuam na Meteorologia.

nowcasting é um dos ramos relativamente novos da Meteorologia. Informações relevantes para a sua eficácia estão sendo cada vez mais estudadas em detalhes, como, por exemplo, os processos físicos no interior das nuvens e a sua representação por meio de modelos numéricos e dados de sensoriamento remoto, os quais definem a morfologia e os traços de severidade associados aos sistemas meteorológicos (ainda não existem medidas diretas desses parâmetros).

Além disso, verifica-se ainda os iminentes desafios associados à modelagem numérica dos sistemas convectivos e a sua previsão em curtíssimo prazo, uma vez que isso depende das análises provenientes de dados de radares e satélites e a alta variabilidade espaço-temporal. Nesse contexto, iniciativas utilizando técnicas de Inteligência Artificial se apresentam como ferramentas de grande potencialidade para o reconhecimento de condições meteorológicas críticas, a emissão prévia dos alertas e consequentes ações antecipadas.

É preciso reconhecer os avanços, mas também compreender as necessidades de melhoria. Diminuir os abismos tecnológicos, humanos e logísticos para cada vez mais preparar os Meteorologistas para o enfrentamento diário, o qual a sociedade espera e confia. É preciso estreitar o espaço entre o operacional e a academia para seja possível, juntos, conhecer e prever o tempo com antecedência; ter profissionais habilitados para as funções operativas, bem como educar e respaldar a população para eventos severos.
 

* Ana Cristina Palmeira é doutora em Ciências/Meteorologia, Professora da UFRJ e Conselheira do Crea/RJ; Wanderson Luiz Silva é Mestre em Meteorologia, Professor e Pesquisador no Depto. de Meteorologia da UFRJ, coordenador do Laboratório de Previsão de Curtíssimo Prazo e Eventos Extremos e Conselheiro Suplente do Crea-RJ; Fabricio Silva é Mestre em Meteorologia; Professor do Depto. de Meteorologia da UFRJ e também coordenador do Laboratório de Previsão de Curtíssimo Prazo e Eventos Extremos (LACPEX/UFRJ).