Um mistério da meia noite: A Uenf e sua profusão de pré-candidatos a vereador para eleições municipais de 2024

misterio da meia noite

O Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro trouxe hoje a liberação de quatro servidores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf)  para participação da campanha eleitoral de 2024, incluindo aí um ex-reitor e um líder sindical em atividade. Mas além desses quatro servidores, já se tem notícia de pelo menos mais duas candidaturas de personagens ligados à universidade criada por Darcy Ribeiro (incluindo um ex-líder do DCE e ainda atual presidente da Associação de Pós-Graduando).

Em minha vivência de quase 27 anos dentro da Uenf, não me recordo de tantos candidatos associados de um jeito ou de outro à esta universidade.  Esse alto número de virtuais candidatos a vereador poderia indicar que vivemos uma espécie de ápice da mobilização política e que essas candidaturas refletem alguma decisão coletiva de colocar a Uenf em um novo patamar de abertura às coisas do mundo, em uma espécie de conversão a uma relação mais democrática com a população. Aliás, desconfio que vai ter candidato usando esse argumento como elemento programático.

Entretanto, como alguém que vivencia o cotidiano da instituição, penso que qualquer associação feita à Uenf por esses candidatos será algo que refletirá mais um ato de vontade do que uma expressão das relações políticas estabelecidas dentro da Uenf. 

O fato é que lembrando um discurso em que John F. Kennedy dizia para que os jovens estadunidenses parassem de perguntar o que o seu país poderia fazer por eles e começassem a se perguntar o que poderiam fazer por ele, eu diria que algumas dessas candidaturas refletem trajetórias de personagens que mais usaram a Uenf em benefício próprio do que contribuíram para a construção dela enquantoa universidade estratégica que Darcy Ribeiro e Leonel Brizola esperavam. 

Cabe lembrar que esse tipo de apropriação partidária da Uenf era um dos grandes temores de Darcy Ribeiro que postulava a necessidade da universidade brasileira se livrar do que ele entendia ser usos inapropriados para fins corporativos.  Felizmente o criador da Uenf não está mais entre nós para se certificar de que uns dos seus temores pode ter se confirmado de uma forma contundente.

Uma questão que inevitavelmente surgirá em relação a essa pleiade de candidatos e sua viabilidade eleitoral.  Se considerarmos o tamanho da comunidade universitária e aqueles aptos a votar, as chances serão baixas, especialmente porque uma parte significativa aparece como estando associada ao Partido dos Trabalhadores  (PT) que sabemos há muito tempo não elege um vereador que seja.

Mas se as chances de eleição são baixas, quais são as razões para tanta pré-candidatura? Esse é o que poderíamos chamar, lembrando de uma famosa música de Zé Ramalho, de um mistério da meia noite.

Jornal El País produz matéria sobre assassinatos de pré-candidatos a vereador no RJ

assassinatos

Com o título “A campanha de “matar quem atrapalha” nas eleições municipais do Rio”, o jornal “El País” produziu uma matéria em sua versão em português sobre a onda de assassinatos de políticos e pré-candidatos que está varrendo os municípios da Baixada Fluminense.

Segundo a matéria assinada pela jornalista Maria Martín, essa onda de assassinatos escancara a penetração do crime na vida pública no Rio de Janeiro.

Para ler a matéria completa, basta clicar (Aqui!)

Ato do PSOL em Itaocara para defender Gelsimar Gonzaga

O final da tarde desta 5a. feira deverá ser agitado na cidade de Itaocara, onde o PSOL está preparando a realização de um grande ato público contra a tentativa da Câmara de Vereadores de impedir a continuidade do governo do prefeito Gelsimar Gonzaga.

Esse conflito que foi ganhando corpo na medida em que Gelsimar fechou determinadas torneiras e colocou o dinheiro para funcionar em áreas essenciais da sua administração teve recentemente um momento mais agudo. Isso se deu com a aprovação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para lá de peculiar: apurar as razões da demora de Gelsimar em responder ofícios dos vereadores.

Aqui de Campos, a minha curiosidade é porque de uma CPI com este motivo. Provavelmente é porque faltou assunto realmente importante, o que é uma demonstração de probidade administrativa da administração de Gelsimar Gonzaga. Em suma, uma CPI dessas não pode ser coisa séria, mas é perfeitamente esperável numa correlação de forças onde apenas 1 em 11 vereadores está alinhado com o governo. Coisa bem diferente do que vemos no resto do Brasil.

gelsimar