A sociedade brasileira é marcada por tantas desigualdades e injustiças que chega a ser difícil saber por onde começar qualquer crítica às estruturas que mantem esse sistema de desigualdades em pé. Mas um aspecto recente é o da intolerância religiosa que é preconizada por um conjunto de espertalhões travestidos de líderes espirituais. Se nos fosse dada a chance de ver a progressão patrimonial de alguns deles é bem possível que pudéssemos verificar que o aumento da riqueza dessas figuras está diretamente correlacionada ao aumento do tom da intolerância. É que eles lucram com a imbecilização de seus seguidores, que são transformados em pessoas intolerantes e violentas.
Como sou ateu desde que me entendo por gente, poderia simplesmente me esquivar de escrever qualquer coisa sobre o assunto. Mas como me lembro do poema do pastor alemão Martin Niemöller, aquele se tornou famoso por sua adaptação de um poema de Vladmir Mayakvosky, “quando os nazistas vieram atrás dos comunistas“, não posso deixar de repudiar as agressões sendo cometidas em todo o Brasil contra os seguidores das religiões de matriz africana. Também repudio o silêncio coletivo que está marcando esse processo de perseguição aos praticantes das religiões de matriz africana, pois entendo, como Niemöller, que esse silêncio ainda virá nos assombrar coletivamente. É que o silêncio frente ao massacre de uns sempre alimentará a espiral da violência, e nunca o contrário.
E como mais cedo nesta manhã estava ouvindo “Cavaleiro de Aruanda”, encontrei uma versão na voz da cantora Rita Ribeiro que me parece bem apropriada para esses tempos de resistência necessária à intolerância.
