Em nova edição, revista Ambientes traz artigo sobre as conexões entre o “ogronegócio” e a extrema direita bolsonarista

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A  Ambientes: Revista de Geografia e Ecologia Política, que é uma publicação destinada a  reunir, disseminar e estimular reflexões e pesquisas relacionadas aos enfoques da Geografia Ambiental e da Ecologia Política, acaba de lançar mais um número,. Em que pesem esta edição trazer vários artigos muito interessantes, aproveito para destacar o trabalho intitulado “Agronegócio e a extrema-direita bolsonarista: Simbiose que engendra e amplia a barbárie socioambiental no Brasil” de autoria do professor Warllen Torres Nannini do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSuldeMinas).

Ressalto este artigo porque considero que o mesmo traz uma interessante análise sobre as conexões entre o “ogronegócio” e a extrema direita bolsonarista. Segundo o professor Nannini, o ogronegócio, apesar de ser um setor econômico complexo devido ao leque de relações estabelecidas entre os diferentes agentes que o compõema, tem suas principais entidades patronais agindo como um partido político monolítico, organizado e bem articulado quando o assunto é a defesa de seus interesses setoriais.  Nesse sentido, é que “ogronegócio” impõe um conjunto de ações para desconstruir as regras e burlar as leis que possam atrapalhar o  seu avanço.  No seu artigo, Nanninin também destaca a hegemonia política do agronegócio, já que  representantes ocupam metade dos assentos da Câmara e do Senado, além de terem tido cargos de destaque no governo de Jair Bolsonaro.

Nannini, argumenta ainda que o ogronegócio foi capaz de transformar o aparelho de Estado em um mecanismo que cria imunidades implícitas, legalizando o desmatamento e a violência no campo, por meio de leis e normas que favoreceram a manutenção e ampliação do quadro histórico trágico que o país vive, seja na esfera social, econômica ou ambiental. Em função de todas essas características, Nannini argumenta que assim se explica a aliança entre o ogronegócio e Jair Bolsonaro, o que transformou esse setor em uma das principais bases de sua sustentação.

A partir da leitura desse artigo, considero que ficará mais claro o porquê de tanta hesitação do atual governo em avançar as bases para o modelo de agricultura que foi defendido pelo presidente Lula em seu discurso da vitória. É que implantar uma agricultura de perfil agroecológico terá de se confrontar diretamente com um ogronegócio que cresce às custas da destruição ambiental e da ação violenta contra populações tradicionais e o campesinato.