Sob comando de Wladimir Garotinho, Prefeitura de Campos quer instalar lixódromo em área experimental do Colégio Agrícola Antonio Sarlo

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Como se a situação das áreas experimentais existentes no espaço do Colégio Agrícola Antonio Sarlo (CAAS) (hoje anexado à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf)) já não fosse desafiadora o suficiente para professores, servidores e estudantes que ali realizam suas atividades diárias; agora a Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes resolveu acrescentar uma nova camada de dificuldade ao pretender instalar um lixódromo em uma área adjacente a pontos de realização de pesquisas e aulas.

O Blog do Pedlowski teve acesso ao MODELO DE CONTRATO DE COMODATO – PEV ALDEIA” que foi apresentado pela Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, via a Secretaria Municipal de Serviços Públicos, para ocupar e usar gratuitamente uma área de 1,6 hectares pelo prazo de dois anos para usar como depósito de entulhos.

Se não bastasse a proposta de criar mais um desses espaços horrorosos onde todo tipo de entulho é jogado ao relento, o fato de se querer usar um espaço destinado à realização de ensino, pesquisa e extensão beira os raios da irresponsabilidade e do desvio de finalidade.

Com certeza transformar uma área de 1.600 metros quadrados em depósito de lixo (que é do que se trata esse comodato) estava nos planos de quem transferiu o CAAS para ser cuidado pela Uenf em 2018. Aliás, de lá para cá, pouco ou nada se fez para cumprir as promessas feitas para justificar a referida transferência. Mas daí se concordar em transformar parte do terreno em um lixão, já é demais. Com a palavra o reitor da Uenf!

Premonição hídrica: o que é salgado ainda mais salgado ficará

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No dia 06 de janeiro, o prefeito Wladimir Garotinho com justa e inteira razão indeferiu o pedido de 11,98% de reajuste na carésima tarifa de água e esgoto que nos é cobrada religiosamente pela lucrativa concessionária Águas do Paraíba (que neste momento presenteia os seus consumidores cativos com mais uma prestação do reajuste também negado em 2022). 

Pois bem, na última 5a. feira, o blogueiro Ralfe Reis nos informou que a juíza Helenice Rangel Gonzaga Martins, da 3a. Vara Cível de Campos dos Goytacazes, inndeferiu um pedido da mesmíssima Águas do Paraíba para derrubar o veto do prefeito Wladimir Garotinho, para poder assim acrescentar, sem dó nem piedade, mais 11,98% nas caríssimas contas que os campistas já pagam por um serviço que, convenhamos, continua a dever (e eu não estou nem falando da remoção dos agrotóxicos que hoje contaminam a água servida aos campistas).

A razão básica apontada pela meritíssima juíza da 3a. Vara Cível é que a Águas do Paraíba não teria demonstrado a necessidade de reajuste de contas em face do que seriam os custos efetivos que a empresa estaria tendo para fazer chegar uma água não tão benta na casa dos campistas. O despacho da juíza Helenice Rangel Gonzaga Martins me pareceu ser do tipo “direto e reto” e de boa sustentação jurídica.

O problema, meus caros leitores, é que agora vem a parte da premonição deste humilde professor e dublê de blogueiro: a não ser que eu não esteja lendo bem a posição do búzios, não muito distante no futuro teremos um juiz plantonista sediado na Cidade Maravilhosa dando um despacho que irá reverter a decisão do chefe do executivo municipal e concederá os 11,98% (como será que chegaram a este número??) demandados pela Águas do Paraíba.

Será que dessa vez, o prefeito Wladimir Garotinho vai recorrer para derrubar a liminar do juiz plantonista ou vamos ter que entubar mais esse reajuste absurdo? Quem viver, verá.

Abandono e destruição do Museu Olavo Cardoso coloque em xeque discurso pró-conservação do governo Wladimir Garotinho

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Desde meados de 2022 temos sido premiados pela mídia corporativa campista com cenas de um imbróglio interminável envolvendo o governo Wladimir Garotinho e a reitoria da Universidade Estadual do Norte Fluminense em torno do uso de uma verba de R$ 20 milhões que foi cedida pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para a realização da reforma do Solar do Colégio, edíficio histórico que abriga o Arquivo Público Municipal.

As últimas chuvas que ocorreram no município de Campos dos Goytacazes obviamente tiveram um efeito altamente negativo sobre muitas edifícios históricos, incluindo o já citado Solar do Colégio. Isso motivou uma nova rodada de recriminações contra a Uenf, vista como sendo a culpada pelo processo de reforma ainda não ter sido iniciado. Em função disso, até a normalmente comedida Auxiliadora Freitas, atualmente presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), veio a público para lamentar o atraso das obras, afirmando que “Angustiante termos o projeto, o recurso e nossa história se perdendo. A cada chuva, parte de nossa história se perde. Estamos com o coração muito triste. Pedimos neste momento, já que é uma obra que precisa começar em caráter de urgência, urgentíssima, que a Uenf, seus gestores, equipe técnica, docentes e pesquisadores entrem nesta caminhada burocrática para a obra sair do papel e acontecer.

Tudo estaria certo se outro próprio municipal, o prédio que abriga o Museu Olavo Cardoso não estivesse hoje vivendo uma situação tão ou mais catástrófica que aquela aflige o Solar do Colégio, sem que a própria presidente da FCJOL, a quem cabe cuidar deste importância objeto arquitetônico da cidade de Campos dos Goytacazes tenha feita qualquer manifestação pública no sentido de indicar que o socorro está a caminho (ver imagens abaixo tiradas na manhã desta 6a. feira).

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O curioso é que em julho de 2022, a mídia campista noticiou que enquanto um processo de restauração do prédio que abriga o Museu Olavo Cardoso não fosse feito,  a Prefeitura de Campos estaria realizando “uma pequena reforma para que o equipamento cultural abrigue setores da Fundação Cultural Jornalista Osvaldo Lima (FCJOL), que estaria orçada em módicos R$ 32.665,20. A questão evidente é que essa pequena obra não só não foi realizada, como não houve qualquer início das ações para proteger e conservar um próprio municipal de importância histórica.

É interessante notar que  o Museu Olavo Cardoso foi criado para cumprir a última vontade de seu patrono, o usineiro  campista Olavo Cardoso, que registrou em testamento que sua residência deveria ser destinada à conservação e divulgação da memória de Campos após a morte de seu último herdeiro. 

E antes que me esqueça, penso que não custa perguntar por onde andam os membros do Conselho de Preservação do Patrimônio Arquitetônico Municipal – Campos dos Goytacazes (COPPAM) nessa situação lamentável em que se encontram vários edifícios históricos pertencentes à Prefeitura Municipal? Aparentemente, tomou Doril e sumiu!

Devolve a verba, reitor!

Em face dessa postura para lá de dual da Prefeitura de Campos que age para jogar sobre as costas da Uenf uma culpa que é sua, renovo aqui o meu convite ao reitor Raúl Palácio para que devolva imediatamente a verba de R$ 20 milhões para a Alerj.  O problema é que ao ficar com a pecha de incompetente, ele acaba coletivizando uma decisão pessoal sua de transformar a Uenf em barriga de aluguel de uma gestão municipal que objetivamente possui preocupação com o patrimônio histórico apenas de fachada.

Campos dos Goytacazes, uma cidade em que não pode chover

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As cenas caóticas que ocorreram na cidade de Campos dos Goytacazes foram uma espécie de repeteco macabro do que vivenciamos ao longo de 2022, trazendo caos e prejuízos para os campistas. Ao ler as reações que foram publicadas na mídia campista surgiram um outro tipo de repeteco que foi associar mais este episódio à causas naturais, puras e simples. Entretanto,como já escrevi e declarei sobre os efeitos de chuvas; o que aconteceu e continuará acontecendo não é o resultado casual do comportamento da natureza.

Uma primeira coisa é que o padrão de chuvas intensificadas está relacionado às modificações climáticas ocasionadas pelas emissões de gases estufa que resultaram na alteração no ritmo e intensidade das precipitações. Assim, dizer que essas chuvas são algo natural e, consequentemente, imutáveis não reflete aquilo que a ciência já determinou.

A segunda coisa é que eu já havia antecipado é que o tipo de isolamento asfáltico que foi aplicado recentemente em partes da área central iria aumentar a chance de inundações naquela área, basicamente porque foi aumentado o grau de impermeabilização das ruas. 

A terceira coisa é que apesar de todo o dinheiro que já foi retirado do bolso dos campistas pela concessionária Águas do Paraíba para tratamento de esgotos, pouco ou quase nada foi feito para viabilizar a remoção mais eficiente das águas da chuva, na medida em que poucas áreas tiveram suas redes de coleta ampliadas.

A quarta coisa é que em determinadas áreas,  escondidas pelo pavimento, existem lagoas fantasmas que fazem hoje o papel de bloquear a saída da água da superfície, causando inundações sempre nas mesmas áreas.  A localização dessas antigas lagoas que foram aterradas para dar vazão a um modelo destrutivo de urbanização está em direta relação com os pontos de inundação, algo que continua a ser solenemente ignorado pelas autoridades municipais.

O somatório disso tudo é o que o mestre em Políticas Sociais, André Moraes Vasconcellos Martins,  já identificou como sendo o produto da aplicação de formas tradicionais de governar que, por sua vez, determinam formas de gestão completamente inadequadas para a atual conjuntura histórica . A persistência dessas formas tradicionais de governar resultará em um ciclo interminável de inundações nos próximos anos, essa é a verdade.

Assim, quanto mais cedo o prefeito Wladimir Garotinho determinar a realização de estudos que possam tratar do problema das inundações dentro da complexidade existente, melhor. Ah, sim, e não vai ser aumentando o uso de pavimentos asfálticos altamente impermeáveis que o problema será reduzido, muito pelo contrário. E antes que eu me esqueça: o primeiro passo que o prefeito deveria dar neste momento seria reverter a inexplicável extinção da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. É que no meio deste caos todo o que emerge é a falta de políticas municipais de cunho ambiental. Desta forma, o quanto antes o prefeito se mover doe um modelo baseado no conceito de “governar é asfaltar” para  o de “governar é respeitar os limites ambientais”, melhor.

A preocupação seletiva do prefeito coloca em risco o patrimônio histórico de Campos dos Goytacazes

Recentemente a mídia corporativa local deu espaço para o prefeito Wladimir Garotinho tecer ameaças nada veladas ao reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense por supostamente fazer corpo mole na liberação de R$ 20 milhões enviados pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para a realização de reformas no Solar do Colégio onde fica localizado o Arquivo Municipal.  O imbróglio envolvendo os R$ 20 milhões foi aparentemente resolvido após uma audiência pública realizada na Alerj onde se acordou o chamado óbvio ululante que é a realização de licitações para a contratação das empresas envolvidas na reforma do Solar do Colégio.

Mas tudo indica que o prefeito de Campos dos Goytacazes é um sujeito dotado de uma preocupação seletiva com a preservação de prédios históricos. É que as chuvas torrenciais que caem sobre a cidade estão servindo para escancarar a situação de completo abandono de outro prédio que pertence ao patrimônio arquitetônico municipal e que, pasmemos todos, também está de posse da Prefeitura Municipal. Além disso, diferente do Solar do Colégio, o prédio em questão está localizado em uma área de grande trânsito de carros e de pessoas, pois está localizado na esquina das ruas Marechal Deodoro (antiga rua do Príncipe)  e Saldanha Marinho (ver imagem abaixo).

casarão histórico

A questão é que este prédio não está nessa condição lamentável por falta de dinheiro nos cofres municipais como, aliás, não está o prédio que abriga o Arquivo Municipal.  Por outro lado, uma pergunta que se coloca é o porquê do silêncio sepulcral do Conselho de Preservação do Patrimônio Municipal (COPPAM) que não toma qualquer medida para obrigar o prefeito Wladimir Garotinho a iniciar as urgentes reformas que vários prédios históricos de propriedade do município se encontram neste momento. Estão esperando exatamente o quê? Um incêndio que consuma o prédio e que obrigue a sua demolição?

Já o prefeito precisa explicar a razão (ou razões) da dualidade de comportamento que ele mostra em relação à preservação do rico acervo arquitetônico que existe na cidade que ele governa.

A ponte sobre o Rio Ururaí é uma grave ameaça ao futuro do Assentamento Antônio de Farias

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Por Hermes Cipriano Oliveira

Há poucos dias o Prefeito de Campos dos Goytacazes, Wladimir Garotinho, anunciou a construção de uma ponte sobre o rio Ururaí “ligando os dois lados da Lagoa de Cima”. O que o prefeito não comentou e, portanto, se pressupõe que ele não está levando em consideração, é que existem três comunidades à jusante da ponte que serão diretamente afetadas pela sua construção. A ponte servirá de ligação da Br 101, a partir do Km 84 – na comunidade de Ibitioca, Décimo Distrito de Campos, passando pela comunidade de Pernambuca e pelo Projeto de Assentamento (PA) Antônio de Farias – até à RJ 158, que faz a ligação entre Campos e São Fidelis. A construção dessa ponte irá intensificar o tráfego de veículos nas vias que cortam essas respectivas comunidades. No entanto, o Prefeito não discutiu o assunto com os moradores das mesmas, não anunciou nenhuma obra de melhoramento das vias que serão diretamente impactadas ou consulta pública, ou estudo de impactos sociais e ambientais.

Os moradores do Antônio de Farias realizaram uma reunião no último dia 6 de novembro e querem participar da discussão sobre essa possível obra, através de uma Audiência Pública, e sugerem que todos os possíveis afetados sejam convidados, para discutir os prós e os contras, os benefícios e os malefícios dessa ponte.

Malefícios potenciais: pode se transformar em uma via de acesso sem policiamento para quem não quer passar pela fiscalização da BR, aumentar o fluxo de carros nas respectivas comunidades, provocando acidentes com pessoas e animais de criação, onde existe uma cultura de baixo fluxo de automóveis e de pessoas conhecidas.

Benefícios potenciais: via alternativa para chegar ao lado sul da Lagoa de Cima

Não vemos outros benefícios e isso discutimos na nossa reunião da comunidade a ser afetada, onde discutimos também a ausência do Poder Público Municipal no cumprimento dos compromissos com o do projeto de assentamento. O PA Antônio de Farias é resultado da ocupação realizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no dia 02/12/2000.

Após a ocupação e dadas as condições irregulares da fazenda Sta. Rita do Pau Funcho, que estava com impostos atrasados, em condições de improdutividade, a mesma foi desapropriada pelo INCRA-Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, e foi realizado um convênio/parceria entre os entes federativos, onde cada um ficou com algumas atribuições: a União, através do INCRA, ficou com a atribuição de disponibilizar o crédito de implantação do PA, o crédito de instalação, documentação e fiscalização; o Estado, através do ITERJ-Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro, ficou com a atribuição de construção das casas, instalação de um sistema de irrigação e prestação de assistência técnica e incentivo à produção; e para o município ficou a atribuição de construção e manutenção das estradas internas, construção e funcionamento do Posto de Saúde e da Escola no interior do assentamento, em uma área que está reservada para isso.

Passados quase 22 anos da criação do PA Antônio de Farias, o assentamento e a região vivem de demandas não cumpridas por parte principalmente do Poder Público Municipal. Na via de acesso ao assentamento, apesar de ser asfaltada, falta manutenção e tem esgoto correndo a céu aberto; a estrada interna do assentamento carece de manutenção, e a construção da Escola é um tabu por parte do município, apesar de na região não ter escola com capacidade de atender à demanda local e de o assentamento ter disponibilizada uma área específica para este fim.

*Hermes Cipriano é  Agricultor e Geógrafo, sendo assentado no PA Antônio de Farias  

As cenas do Parque Saraiva como oráculo do que virá até as eleições de outubro. E adianto que nada será “normal”

Imagino que a maioria dos habitantes de Campos dos Goytacazes não tem muito conhecimento da localização do Parque Saraiva, um bairro que está localizado no II Distrito do município, Goitacazes. Assim, se nem os campistas sabem da existência desse pequeno bairro, composto por nove ruas perpendiculares à RJ-216, quiçá o resto dos brasileiros que se distribuem em país de dimensões continentais (ver mapa abaixo mostrando a localização do bairro).

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Mas apesar da desproporção escalar, o Parque Saraiva se transformou ontem (15/06) em uma espécie de antessala do que deverá acontecer nas eleições gerais que ocorrerão no Brasil (ou pelo menos se espera que ocorra) no mês de Outubro.  É que num ponto empoeirado daquele pequeno bairro, se aglomeraram apoiadores dos grupos políticos familiares que hoje se degladiam para dominar a política municipal, sob as vistas preocupadas do governador acidental do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.  Diante de uma plateia numerosa, o que se testemunhou foram as mais puras formas de agressão verbal que se pode manusear para tornar direitos emmeros objetos de pura barganha política (ver vídeo abaixo).

A despeito do que possa parecer, o que ocorreu no Parque Saraiva é um retrato fiel de como a dominação ideológica de setores que se valem do estado para se manter em posições privilegiadas, enquanto a maioria da população pobre se vê cotidianamente privada de direitos constitucionais básicos, como, por exemplo, o direito à moradia digna.

O mais interessante é que no frigir dos ovos, o palanque que se tornou palco de trocas de farpas pontiagudas reunia apenas aliados do governador acidental Cláudio Castro, essa é a verdade inescapável.  Assim, se as agressões verbais, que ameaçaram deflagrar uma batalha campal de fins imprevisíveis, foram tão evidentes entre aliados (ainda que de ocasião), imaginemos o que poderá acontecer quando os encontros se derem entre adversários de direita e esquerda.

Como alguém já disse, esqueçam a ilusão de que haverá algum nível de normalidade cívica nos eleições de outubro. A poeira levantada nas proximidades do palanque montado para celebrar (no melhor estilo de campanha antecipada) um projeto de mirrados R$ 32 milhões é apenas o prenúncio do que virá até que cheguemos (se chegarmos) nas salas eleitorais.

Após polêmica com ponte, pesquisador da Uenf disponibiliza livro com diagnóstico da Lagoa de Cima

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O pr4ofessor Carlos Eduardo de Rezende coordenou a realização em 2006 de um diagnóstico socioambiental da Lagoa de Cima, um importante lacustre localizado na região Norte Fluminense

Após ler o texto publicado neste blog sobre a construção de uma ponte sobre a Lagoa de Cima que foi anunciada pelo prefeito Wladimir Garotinho, o professor Carlos Eduardo de Rezende, que atua no âmbito do Laboratório de Ciências Ambientais enviou uma versão digital do livro “Diagnóstico ambiental da área de proteção ambiental da Lagoa de Cima” que foi por mim mencionado.

O professor Carlos Eduardo de Rezende também considera que a obra continua atual e merecedora da devida atenção pelos interessados em conhecer melhor o rico ecossistema lacustre da Lagoa de Cima e, por isso, resolver disponibilizá-la via o “Blog do Pedlowski”.

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Quem desejar baixar a obra produzida por uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense, basta clicar [Aqui!].

Wladimir Garotinho e sua bizarra ideia de construir uma ponte sobre a Lagoa de Cima

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Li com alguma incredulidade a informação de que o prefeito Wladimir Garotinho em sua recente à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) teria anunciado a construção de uma ponte sobre o espelho da Lagoa de Cima, uma unidade de conservação ambiental criada via a Lei Municipal No. 5.394 de 24 de Dezembro de 1992 nos estertores do primeiro mandato de prefeito de Anthony Garotinho, que vem ser o pai mais famoso do jovem alcaide campista (ver imagem abaixo).

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A ideia de construir uma ponte sobre um ambiente lacustre que já se encontra sob forte pressão me faz pensar que, ao contrário do pai que mostrou em 1992 estar antenado com as preocupações ambientais emanadas naquele ano do interior da  Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro naquele mesmo ano, Wladimir está mais alinhado com as posturas de outro prefeito notório, Zezé Barbosa, que resolveu dividir outra famosa lagoa campista, a do Vigário,  para a construção de uma avenida sobre seu leito. 

A volta ao passado já tinha sinalizada por Wladimir Garotinho quando ele decidiu extinguir a secretaria municipal de Meio Ambiente, mas agora com a proposta de construção de uma ponte (que poderia ser chamada de Ponte Zezé Barbosa) sobre a Lagoa de Cima, a regressão está clara e escancarada.  E desde já sinalizo que essa proposta indecorosa não poderá ser tolerada, seja por quem se beneficia dos serviços ambientais propiciados por aquele importante ecossistema lacustre, mas também pelas autoridades judiciais.

É que não se for tolerada a construção dessa ponte sobre a Lagoa de Cima as consequências ambientais, bem como os prejuízos econômicos e culturais, serão inevitáveis.  O curioso é que no já distante ano de 2006, sob o comando científico do professor Carlos Eduardo de Rezende, dois laboratórios da Universidade Estadual do Norte Fluminense (o de Ciências Ambientais (LCA) e o de Estudos do Espaço Antrópico (LEEA), produziram um estudo detalhado sobre a Lagoa de Cima que foi transformado no livro intitulado “Diagnóstico ambiental da área de proteção ambiental da Lagoa de Cima” (ver imagem abaixo).

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Essa obra trouxe não apenas informações sobre as características ambientais da Lagoa de Cima, mas uma série de informações importantes para a sua gestão sustentável. Lamentavelmente todas as informações contidas na obra, ainda que entregues em cerimônia pública a gestores municipais e posteriormente ao Ministério Público Estadual, na figura do falecido promotor de justiça Marcelo Lessa, nunca foram devidamente aproveitadas. No entanto, me atrevo a dizer que tanto o diagnóstico como as linhas mestras para o ordenamento e uso sustentável da APA da Lagoa de Cima continuam atuais.

Em função disso tudo é que será necessária uma mobilização urgente para impedir que a ponte Zezé Barbosa jamais saia dos planos mirabolantes de Wladimir Garotinho. Afinal de contas, não é possível que em pleno século XXI ainda se tolere ações que já estão para lá de ultrapassados. Essa ponte para o passado proposta por Wladimir não pode ser tolerada. Simples assim.

E antes que eu me esqueça, uma humilde sugestão ao prefeito: seja mais como seu pai foi, e menos Zezé Barbosa.  A natureza certamente vai agradecer!  Para quem tiver dúvida disso, sugiro que assista o vídeo abaixo que é bem ilustrativo das belezas da Lagoa de Cima.

Enquanto a Uenf é transformada em barriga de aluguel de reforma de solar, novo PCV fica congelado na Casa Civil

raul wladimirReitor da Uenf, Raúl Palacio, e prefeito de Campos dos Goytacazes, Wladimir Garotinho, se encontram para acelerar uso de verbas entregues pela Alerj. Enquanto isso, os direitos dos servidores são congelados

Quem lê notícias veiculadas por meio da mídia corporativa campista dando conta que o reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) se transformou em uma espécie de parteiro de uma estranha passagem de recursos da Assembleia Legislativa para a Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes (ver imagem abaixo) reformar o solar em que está abrigado o Arquivo Público Municipal deve achar que está tudo indo de vento em popa na universidade criada por Darcy Ribeiro e Leonel Brizola.

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Mas, na verdade, a coisa está muito mal parada, e a insatisfação até agora evidenciada apenas por um movimento espontâneo dos estudantes que se cansaram de estudar em condições que beira a indignidade. Entretanto, outros problemas se acumulam debaixo do tapete do reitor Raúl Palácio, a começar pela falta de pagamento de enquadramentos, progressões, triênios e adicionais. 

O fato é que não é de hoje que a Uenf é uma espécie de exemplo avançado de desrespeito aos direitos dos seus professores, pois há quem esteja a devida progressão funcional por quase uma década, com o consequente resultado de que as dividas trabalhistas se acumulem, sem que haja a previsão orçamentária para honrá-las. Na prática, a Uenf que é propalada como um lugar em que “se faz ciência” está transformada em um em que são dadas aulas magnas avançadas de desrespeito aos direitos dos servidores públicos.

O congelamento do trâmite do novo PCV é uma chaga a mais no sofrimento dos servidores

Um dos pilares sobre o qual qualquer instituição premia a dedicação dos seus servidores é o chamado Plano de Cargos e Vencimentos (PCVs) que recebe nomes diferentes dependendo da instituição, mas cujo significado é fazer avançar o salário levando em conta o tempo de trabalho, bem como a contínua qualificação e dedicação ao avanço das tarefas profissionais. 

O atual PCV da Uenf publicado em 2006 está compreensivelmente defasado e, por isso, foi realizado um longo e exaustivo debate para sua atualização que resultou na aprovação de uma nova versão no ano passado. 

O problema é que após a aprovação pelo Conselho Universitário da Uenf, o “novo” PCV está aparentemente trancado a sete chaves dentro de uma gaveta na Secretaria da Casa Civil do governador acidental Cláudio Castro.  Como estamos em um ano eleitoral, a janela para envio para a Alerj, a mesma que entregou R$ 20 milhões para a reforma do prédio do Arquivo Municipal de Campos está se esgotando.

E o que tem feito o reitor da Uenf em face dessa situação além de posar para fotos com o prefeito de Campos dos Goytacazes? Acertou quem respondeu nada. Resta saber o que farão os dirigentes da Aduenf e do Sintuperj-Uenf. Mas seja o que pretendam fazer, que seja rápido. Senão o novo PCV continuará trancafiado até, pelo menos, 2023. Com a inflação que está por aí destroçando o poder de compra dos salários, essa perspectiva não me parece boa.

Ah, sim, antes que eu me esqueça. Será que sou eu que acha esse uso da Uenf como barriga de aluguel para pagar uma obra com dinheiro da Alerj um tanto estranho?