O perigo ronda o Doce e o São Francisco, mas não só eles
Por Lindsay Newland Bowker*
No Brasil, 93% dos 2,3 bilhões de metros cúbicos de rejeitos gerados pela indústria da mineração estão armazenados em instalações classificadas como “Alto Risco” pelo governo brasileiro.
Duas bacias hidrográficas, a do Rio Doce e a do Rio São Francisco, apresentam uma parcela desproporcional do risco total do país em caso de falha nos rejeitos.
A tabela abaixo aponta que 84% de todos os rejeitos armazenados em rios pertencentes à bacia hidrográfica do Rio Doce estão depositados em instalações classificadas como de alto risco pelo governo. No caso da bacia hidrográfica do Rio São Francisco, este valor chega a 99% de todos os rejeitos que poderiam alcançar esta importante bacia hidrográfica.
É importante notar que a designação de perigo não é uma medida de risco, mas sim uma medida da extensão do dano que resultaria no evento de falha. Por um longo tempo (e com um padrão não suficientemente forte) todas as instalações de rejeitos classificadas como de alto risco devem ter um fator mínimo de segurança de 1,5.
Há que se notar que o governo do Brasil não divulgou a mais recente análise de estabilidade para qualquer uma desses reservatórios. Isto é lamentável, pois uma correta avaliação de risco não pode ser feita sem essa informação.
Lindsay Newland Bowker é uma especialista em causas e conseqüências de falhas de reservatórios rejeitos, sendo fundadora e diretora executiva da World Mine Tailings Failures [Aqui!], um instituto voltado para o estudo de reservatórios de rejeitos e produção de informações confiáveis para todas as partes interessadas em todo o globo.