Num sinal de que os ventos da mudança sopram na Europa, o Partido Trabalhista inglês elegeu Jeremy Corbyn para dirigir o partido e liderar a bancada do partido no congresso britânico. Para quem não consegue visualizar de cara o que isto significa, Corbyn é um crítico duro das medidas de austeridade fiscal, defende que os ricos paguem mais impostos e apoia mais alocação de recursos para programas sociais.  E na questão sensível da Palestina, Corbyn tem se posicionado a favor das demandas dos palestinos.

Além disso, Corbyn em seu discurso de vitória apontou que o caminho a ser seguido pelo Partido Trabalhista sob seu comando é de um retorno às bases mais fundamentais do trabalhismo inglês que são os sindicatos. Além disso, acenou com uma política diversa ao do governo conservadora no tratamento da pobreza dentro da Inglaterra ao dizer que a pobreza não é inevitável, e que precisa ser combatida de frente.

O interessante é que Corbyn era visto com um candidato sem chances de vitória na disputa que reunia três outros candidatos mais alinhados com a linha moderada imposta ao partido por Tony Blair, e que foi inclusive uma referência para a guinada à direita do PT.

Para mim o mais interessante é que as mudanças sendo operadas na esquerda européia, ainda que dentro dos partidos tradicionalmente ligadas ao reformismo social democrata, ainda não estejam tendo qualquer eco no Brasil. É que ao que tudo indica, a esquerda moderada européia está se realinhando para combater as políticas neoliberais. Enquanto isso no Brasil, o PT continua sua guinada à direita e se dispõe a aplicar as mesmas políticas que estão levando à derrota das direções moderadas dos partidos social democratas.