Por Carlos Eduardo Rezende*

Nos últimos dias fiquei pensando até onde valeria uma manifestação nesta lista (eletrônica de professores da Uenf). Desde a eleição para a reitoria, vejo a universidade de uma forma muito estranha, possivelmente porque acabamos o semestre em janeiro, depois tivemos férias.

No entanto, desde aquela época presenciei uma clivagem diferente entre azuis, vermelhos, e alguns no furta-cor, estabelecidas pelo grupo dominante naquela ocasião. Muito estranho foi ver a migração de algumas pessoas que eram críticas do status quo dominante nos últimos 12 anos. Outros também procuram definir pessoas como esquerdistas, talvez pelo fato de acreditarem na marcha esquerda, direita, esquerda, direita. Enfim, uma série de bobagens que realmente transmite uma falta total de estímulo.

O resultado, a Uenf em desencanto. Estamos em um ambiente acadêmico que deveria presar por uma discussão um pouco mais aprofundada sobre os movimentos que estão nos levando a uma crise institucional sem precedentes na história desta instituição e do estado. No entanto, alguns preferem mandar mensagens cifradas e outros encaminhando inúmeras matérias para criar uma cortina de fumaça. Não sou “cientista político”, mas isto não me desabilita e ter posições e leituras do processo político em curso, e não me agrada o ressurgimento de algumas hienas farejando a carniça.

A realidade atual, estamos trabalhando 15 dias sem receber, e acredito que isto pode evoluir para mais tempo, estes recursos no mercado geram renda para esta turma do governo. Afinal o mercado está insaciável, os especuladores estão de plantão, e em breve teremos mais uma eleição. O que vai dar? Muito dinheiro rolando, como está rolando nas obras das Olimpíadas.

Considerando que temos uma perda real de aproximadamente 11% referente a 2015, mais um aumento na contribuição previdenciária, chegaremos a uma perda real de quase 15%. Isto aparentemente não é motivo para nada e o que preocupa alguns é o fechamento da Uenf, e nosso direito “de ir e vir”. E nosso direito de receber pelo mês trabalhado, vai ficar exatamente em que lugar? Dentro dos gabinetes? Legal! Na realidade não vejo muitas vantagens nisto, porque não temos telefone, a internet continua com grandes oscilações, enfrentamos o risco de corte imediato de água e pior, o de luz. Para onde vão as amostras coletadas e milhões de reais investidos nesta instituição?

Bom, se tudo isto não é motivo suficiente, realmente não sei mais o que devemos esperar acontecer, será que uma nova transgressão marinha? Estamos perto, pois todos percebem o aquecimento do planeta, ou não?

*Carlos Eduardo de Rezende é um dos fundadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense, atuando desde 1993 no Laboratório de Ciências Ambientais, onde atualmente é professor titular e chefe.