Em um fato raro nos dias atuais, o jornal “Estado de São Paulo” publicou hoje um artigo assinado pelo jornalista Vinicius Neder que aborda as escabrosas desapropriações de terras promovidas pelo governo do ex-(des) governador Sérgio Cabral no V Distrito de São João da Barra, inicialmente em benefício de Eike Batista, e posteriormente do fundo de “private equity” que controla atualmernte o Porto do Açu, o EIG Global Partners.
Ainda que a matéria siga o percurso corriqueiro de “ouvir as partes”, a matéria de Vinicius Neder traz elementos importantes sobre a persistente falta de pagamento por parte do Estado do Rio de Janeiro às centenas de pequenos agricultores que tiveram suas terras expropriadas para beneficiar os interesses corporativos e especulativos de Eike Batista e do EIG Global Partners.
Estando dentre os que foram ouvidos por Vinicius Neder (junto com o advogado Rodrigo Pessanha e com a proprietária rural atingida pelo empreendimento Noêmia Magalhães), quero relembrar a minha caracterização de que o que temos diante de nós em São João da Barra é um caso exemplar do Estado agindo como grileiro de terras de grandes corporações, deixando na completa miséria quem tinha nas pequenas propriedades expropriadas a única fonte de produção e reprodução social.
Interessante ainda notar que a matéria joga luz sobre uma estratégia (inderecorosa se não ilegal) que está sendo adotada que está sendo comprar (provavelmente via contratos de gaveta) propriedades expropriadas cuja indenização está sendo negada aos agricultores por parte do governo do Rio de Janeiro. Essa tática que é apresentada sem muita cerimônia pelo presidente da Prumo Logística, Rogério Zampronha, expressa claramente como uma corporação controlada por um fundo especulativo internacional trata aqueles que foram violentamente removidos de suas terras.
Finalmente, na versão impressa está presente outro artigo assinado por Vinicius Neder com declarações do professor da UFRJ, Mauro Osório, onde é dito com todas as palavras que a construção do Porto do Açu não é garantia de desenvolvimento econômico para o Norte Fluminense. A questão é que isto sempre foi dito por mim e outros pesquisadores que têm acompanhado o caso do Porto do Açu. Aliás, basta ir no V Distrito para ver todas as promessas douradas de Eike Batista não passavam de pirita, aquele famoso “ouro de tolo”.