História paralela: a guerra cultural é real

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Um dos bezerros de ouro da direita no Brasil é a anedota de que a esquerda estaria envolvida em uma espécie de guerra cultural para exterminar a democracia para instalar uma espécie de domínio cultural comunista no nosso país. 

Curiosamente, graças a uma reportagem da Agência Pública,  o que se vê é a participação direta de propagandistas da extrema-direita no oferecimento de conteúdos curriculares da disciplina de História via um desses famigerados cursos do chamado “Ensino à Distância” (EAD).

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O caso em questão foi revelado em matéria assinada pela jornalista Amanda Audi que mostra a participação da conhecida produtora de conteúdos falsos, a Brasil Paralelo, na composição do conteúdo curricular do curso de História na modalidade EAD do Centro Universitário Católico Ítalo Brasileiro que fica localizado no bairro de Santo Amaro na cidade de São Paulo.

A reportagem mostra em detalhes o uso de conteúdos preparados por seguidores do falecido “jack-of-all-trades” da extrema-direita Olavo de Carvalho e de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.  O resultado, como não poderia deixar de ser, conduz à formação de um historiadores da carochinha onde se apresentam conteúdos que reforçam uma versão de fatos históricos que fortalecem a narrativa da extrema-direita.

Amanda Audi mostra ainda que o Centro Universitário Ítalo Brasileiro não apenas é um dos financiadores da Brasil Paralelo, mas também propaga os conteúdos produzidos pela empresa, incluindo a apresentação de filmes.  Para surpresa de ninguém, pelo menos um alto dirigente da instituição, o reitor Marcos Antonio Cascino, segundo a reportagem, é propagador de teses negacionistas sobre a pandemia da COVID-19.

Mas indo direto ao ponto que importa, o que me parece significativo é entender o porquê desse interesse em formar historiadores alinhados com a ideologia da extrema-direita. É que no cotidiano ocupado e marcado por necessidades básicas em que a maioria das famílias brasileiras, quais são os pais que vão poder ficar acompanhando o que dizem os professores de História formados com os conteúdos da Brasil Paralelo? Eu diria que pouquíssimos pais vão poder fazer isso.

E aí, meus caros leitores, é que mora o perigo.  Por isso, é que se tem que entender que quando a extrema-direita aponta para a existência guerra cultural, ela está dizendo a verdade, apenas omitindo que quem está promovendo são seus soldados travestidos de professores de História.

 

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