Memórias de um almoço com Cícero Guedes, o sem terra assassinado por se negar a se dobrar para os padrões de subalternização social que existem no Brasil

Na foto abaixo estou ao lado de Cícero Guedes, liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Norte Fluminense, e que foi brutalmente assassinado com tiros na cabeça e nas costas no dia 26 de janeiro de 2013; tendo sido seu corpo abandonado em uma estrada abandonada nas próximas da Usina Cambahyba.

cicero pedlowski

Essa foto agora histórica foi tomada em um almoço na minha casa,  que só aconteceu por  eu ter encontrando com o Cícero caminhando no campus Leonel Brizola após uma das muitas reuniões que em vida ele frequentou na Universidade Estadual do Norte Fluminense.  Em princípio ele hesitou em aceitar, mas a fome falou mais alto e ele acabou aceitando compartilhar um almoço na minha casa.

Durante aquele almoço o Cícero me confidenciou duas surpresas: a primeira é que eu comia a mesma coisa que ele comia ou, segundo ele, a comida servida na minha mesa era “de pobre”.  A segunda surpresa foi que a pessoa que sentou ao nosso lado na mesa não era a minha esposa ou namorada, mas a pessoa que trabalha na minha casa. Para ele era surpreendente que “patrão e empregada” estivessem sentados na mesma mesa e comendo a mesma comida.

Quem não conheceu o Cícero não saberá que ele tinha passados momentos duras em sua vida de trabalhador rural, e que saber que eu “comia comida de pobre” e “almoçava junto com a empregada” era para ele realmente uma surpresa, pois não era o que ele estava acostumado a ver por parte das pessoas com mais educação e renda.  Por isso mesmo, após aquela visita, nossas interações se tornaram curiosamente mais amigáveis do que já eram. Lamentavelmente, ele foi assassinado meses depois daquele encontro, e não tivemos a chance de novamente compartilhar a mesma mesa.

Para mim, o assassinato do Cícero sempre será considerado uma enorme e inconsolável perda, pois ele era uma pessoa que eu respeitava e admirava.  Pior é saber que o seus assassinos e os mandantes de sua morte continuam impunes até hoje, fato esse que foi naturalizado pela absolvição em 2019 do suposto mandante. De lá para cá, não vi ninguém se interessando por apurar o assassinato do Cícero, e a impunidade que cerca esse caso é para mim uma prova de que é quase uma sentença de morte nascer negro, especialmente se a pessoa não aceita os padrões de subalternização social que ainda imperam no Brasil.

Cícero Guedes, você sempre estará presente!

Nota do Cimi sobre assassinatos de indígenas Guajajara, no Maranhão, e Tuiuca, no Amazonas

Tais crimes têm acontecido na esteira de discursos racistas e ações ditadas pelo governo federal, como o incentivo a invasões às terras indígenas

cimi logo

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) vem a público para denunciar e repudiar mais um atentado com vítimas fatais contra o povo Guajajara, no estado do Maranhão, e contra um indígena Tuiuca, no Amazonas.

Neste sábado (7) um grupo de lideranças indígenas Guajajara retornava de uma reunião com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Eletronorte quando foram atacados e atingidos por vários disparos de arma de fogo na BR 226, no município de Jenipapo dos Vieiras (MA).

Os dois indígenas assassinados são os caciques Firmino Praxede Guajajara, da Terra Indígena Cana Brava e Raimundo Belnício Guajajara, da Terra Indígena Lagoa Comprida; outros dois indígenas encontram-se gravemente feridos. Os disparos foram praticados por criminosos que estavam em um veículo Celta branco.

Lembramos que em 1º de novembro, a liderança Paulo Paulino Guajajara foi assassinada dentro da Terra Indígena Araribóia, também no Maranhão, atacado por invasores durante emboscada onde Laércio Souza Silva Guajajara acabou alvejado no braço e nas costas, mas felizmente sobreviveu. Até esta data o crime não foi solucionado e os criminosos seguem não identificados e presos.

Neste contexto, ressaltamos ainda que na última segunda feira, dia 2, foi vítima de espancamento e violência extrema o indígena Humberto Peixoto, do povo Tuiuca, do Amazonas, que trabalhava na Cáritas Arquidiocesana. O indígena veio a óbito também neste sábado (7).

Tais crimes, contanto ainda com atentados, ameaças, tortura e agressões ocorridas por todo país contra essas populações, têm acontecido na esteira de discursos racistas e ações ditadas pelo governo federal contra os direitos indígenas. O presidente Jair Bolsonaro tem dito e repetido, em vários espaços de repercussão nacional e internacional, que nenhum milímetro de terra indígena será demarcado em seu governo, que os povos indígenas teriam muita terra e que atrapalham o ”progresso” no Brasil.

Bolsonaro repetiu este discurso na abertura dos trabalhos das Nações Unidas em setembro deste ano, quando várias terras indígenas ardiam em fogo, principalmente na região Amazônica. Também no mês de setembro o ministro das Minas e Energia disse que estava preparando um Projeto de Lei para ser enviado ao Congresso com o objetivo de regulamentar a exploração de minérios e outras atividades da agropecuária nos territórios indígenas.

Protesto-Guajajara-DivulgaçãoApós o ataque, em protesto, indígenas Guajajara fecharam a BR-226. Crédito da foto: Divulgação

Os direitos dos povos indígenas têm sido negociados e entregues à bancada ruralista, que já tem o controle das ações da Funai em Brasília e nas regiões. Nestes últimos dias, o atual presidente da Funai, Marcelo Xavier, determinou que todos os servidores sejam obrigados a solicitar sua autorização para prestar assistência às comunidades indígenas, além de proibir o deslocamento de servidores a terras indígenas não homologadas e registradas.

Seguindo com o projeto de isolar as aldeias das políticas públicas estatais e de desvirtuar a Funai da missão de proteger e promover os direitos dos povos indígenas, Xavier manifestou desinteresse do órgão indigenista em ações judiciais que discutem demarcações de terras indígenas e substituiu antropólogos de larga experiência técnica em Grupos de Trabalho criados para proceder estudos de identificação e delimitação de terras indígenas por ‘pessoas de confiança’, sem competência para o trabalho.

O Ministério da Justiça, ao qual a Funai é subordinada, está omisso e o ministro Sérgio Moro se nega a receber os representantes indígenas que têm solicitado audiências para resolver pendências territoriais.

A ação propositada do governo federal de instrumentalização da política indigenista, em favor dos interesses econômicos dos ruralistas, mineradores e madeireiros, é grave e irresponsável, atenta contra a Constituição Federal e contra todos os acordos e convenções internacionais de proteção dos povos originários, dos direitos humanos e do meio ambiente.

O atentado contra lideranças indígenas Guajajara, neste sábado, é de responsabilidade das autoridades do governo federal, que têm negado os direitos indígenas, incitado o preconceito e o ódio na população e acobertado a invasão dos territórios e a violência física contra os povos.

Vimos, portanto, conclamar às autoridades a se submeterem à Constituição Federal de 1988, que concebe os povos indígenas como cidadãos brasileiros com seus direitos garantidos. Exigimos imediata e isenta apuração dessa onda de crimes contra os povos, que os criminosos sejam identificados e penalizados nos termos da legislação brasileira.  Que as autoridades não deixem mais esse crime contra as lideranças indígenas ficar na impunidade como sempre tem acontecido.

O Cimi se solidariza com os familiares das lideranças assassinadas e feridas, com os povos Guajajara e Tuiuca e com todos os povos indígenas do Brasil nesse momento de profunda dor e indignação.

Brasília, 7 de dezembro de 2019

Conselho Indigenista Missionário (Cimi)

 

Anistia International emite nota pública sobre assassinato de Marielle Franco

Autoridades estaduais recém empossadas no Rio de Janeiro devem assumir publicamente um compromisso com a solução correta das investigações do assassinato de Marielle Franco, afirma Anistia Internacional

Dez meses após o assassinato de Marielle Franco com as investigações ainda inconclusas, a Anistia Internacional reivindica que as autoridades do Estado do Rio de Janeiro venham a público se comprometer com a solução correta do crime. Marielle Franco, defensora de direitos humanos e vereadora no município do Rio de Janeiro, foi assassinada a tiros na noite de 14 de março de 2018 junto com o motorista Anderson Gomes que dirigia o veículo onde estavam.

“O ano de 2018 terminou sem que o estado do Rio de Janeiro, sob intervenção federal na área de segurança pública, tenha conseguido solucionar o caso. A nova gestão do governo do estado tem o dever de assumir esta responsabilidade e não deixar o caso sem solução. O novo governador e o novo chefe de polícia deveriam vir a público se comprometer com a investigação correta do assassinato de Marielle Franco desde o início de sua gestão”, afirma Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional.

“A demora na solução do assassinato de Marielle Franco tem enormes impactos negativos, pois gera uma espiral de medo e silêncio entre ativistas, defensores de direitos humanos, jovens, mulheres negras, comunidade LGBT e todas as pessoas e grupos que, de alguma forma, ela representava. Mas, além disso, há uma enorme preocupação com o fato de que algumas das altas autoridades do estado do Rio de Janeiro estiveram envolvidas em um episódio de violência contra a memória e a imagem de Marielle”, disse Werneck.

Durante o período da campanha eleitoral de 2018, uma placa em homenagem a Marielle Franco que havia sido colocada em frente à Câmara Municipal, na Cinelândia, foi retirada pelos então candidatos a deputado estadual, Rodrigo Amorim, e a deputado federal, Daniel Silveira. Logo depois a placa foi depredada e usada durante um ato público de campanha com o então candidato ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. No ato, os três candidatos estavam em cima de um carro de som e proferiram discursos para o público presente. A placa de homenagem a Marielle Franco foi acenada para o público e danificada ainda mais. Ofensas e palavras hostis contra a vereadora e aqueles que a haviam homenageado foram proferidas. Diferentes imagens de vídeo registaram o episódio e, nas imagens, o então candidato à governador Wilson Witzel é visto sorrindo em apoio aos outros dois candidatos presentes.

“Esse episódio foi um ataque direto à memória de Marielle Franco, à sua família, aos parlamentares do Rio de Janeiro e às pessoas ela representava ou que com ela se identificam. Ao depredar a placa e proferir aquelas palavras hostis e ofensivas, os três candidatos estavam atacando e desqualificando também os defensores de direitos humanos, as mulheres negras, os jovens de favela, as pessoas LGBT. Eles disseminaram com aquele ato uma mensagem de intolerância, totalmente incompatível com os cargos públicos que hoje ocupam. É grave que pessoas eleitas a cargos no executivo e no legislativo estadual tenham atacado com tamanha virulência a memória de uma parlamentar. Eles devem se comprometer a trabalhar pela solução correta do caso e a não repetir atitudes ofensivas como aquela”, afirma Werneck.

O episódio de depredação da placa de homenagem à Marielle Franco representou não apenas um ataque à memória da defensora de direitos humanos e vereadora, mas também um ataque à institucionalidade e às instituições democráticas. O episódio levanta uma enorme preocupação sobre o andamento correto das investigações e sobre um horizonte de solução para o caso, que agora está sob responsabilidade de Witzel.

“O assassinato de uma defensora de direitos humanos e vereadora é algo que diz respeito à toda a sociedade. Não é uma questão de partidos políticos de direita ou esquerda. A utilização política do assassinato de Marielle Franco não contribui para que sejam dadas as respostas necessárias e que a sociedade brasileira e a comunidade internacional esperam. É inaceitável que este caso ainda não tenha sido solucionado. Como movimento global, a Anistia Internacional seguirá mobilizada até que os mandantes e executores sejam levados à justiça e responsabilizados”, finalizou Jurema Werneck.

Menos uma flor no nosso jardim

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Por Fábio Py Murta*

Passei o dia engasgado, com algo preso no peito. É que algumas vezes, passei, falei, beijei uma flor. Na última vez trocamos meia dúzia de palavras de carinho. Recebi um daqueles abraços. Hoje, percebi que era despedida. Tinha uma voz potente. Não se aguentava nos gestos, nos muros, nas bocas e interjeições. Era uma voz dissonante nas políticas de esquerda, quando normalmente são ocupados por brancos, homens, letrados de classe média, que vivem no asfalto.

Seria candidata à prefeitura do Rio de Janeiro, na chapa encabeçada por Tarcísio Motta. Uma vida política foi interrompida. Era muito política, muito. Vinha da favela. Cria da maré. Mulher, pobre, negra, favelada, interseção que marca no Brasil um lugar de toda exclusão. Por isso, se destacou vocalizando o lugar de sentido distintos dos feitores de política oficial no Brasil. Linda e propositiva. Profunda e suave. Mesmo assim ouvia os pontos de todos e todas. Sempre se lembrando de onde vinha, ouvi ela dizendo certa vez: “tudo bem, gente, mas na favela, a questão que se pede são as creches para as mulheres trabalharem”. Assim, eu via Marielle, mulher, preta, pobre, de favela, que sempre pensava no chão que pisava. Vivendo as lutas necessárias. Todas. Acumuladas. Engasgadas…

Ontem, após participar de atos de sua memória. Vi seu enterro que me lembrou a memória da profecia bíblica. No tempo bíblico, o enterro era o momento de denúnciar, gritar os males, xingar os governantes e elites. A profecia/enterro era para bradar o que não se dizia no habitual. Era um espaço de permissão, denúncia. Era o instante do grito: “Ai!”, como tido em Isaias 10,1-2: “Ai, daqueles que fazem leis injustas, que escrevem decretos opressores,para privar os pobres dos seus direitos e da justiça os oprimidos do meu povo, fazendo das viúvas sua presa e roubando dos órfãos!”. Confesso que passei o dia todo nas profecias bíblicas, buscando suas poesias. Lembrando de profetas e profetizas da Bíblia: Isaias, Amós, Débora… Contudo, no noticiário percebi que estavam só falando das poesias, manifestações, atos. Os veículos oficiais e os governantes praticando a operação deslavada de tratar o crime como sendo mais um no número da violência das favelas, coisas do trafico de drogas, das guerras de facções. Com a operação tentam esconder, escorregar a resposta correta. Por isso, me permitam dizer: a vida da Marielle Franco foi-nos tirada em um ASSASSINATO tramado. Coisa da estética brutal militar. Coisa típica da truculência, arrogância e burrice dos oficiais milicos. Me desculpem: deram quatro tiros no seu lindo rosto para esculachar. Não foi um tiro. Foram quatro. Destruíram sua face, na tentativa de esfarelar sua memória. Não tiveram vergonha de fazê-lo em frente às câmeras, em um cruzamento. E, ainda por cima, deixaram uma assessora viva para contar a história. Não nos enganemos. Eles querem mostrar poder.

Não. Não foi a ‘simples’ linha da espiral de violência que nos levou a Marielle Franco. Mas sim, foi essa mania de dar poder aos militares no Brasil quenos levou uma filha da Maré. Os jornais oficiais, as elites, não podem apagar da memória esse dado. Marielle merece mais, muito mais do que estão oferecendo a ela. Mais chão. Mais concreto. Mais do sonho que o povo preto/preta, favelado, pobre, inunde o asfalto para cobrar com o dedo ao fronte a parte que lhe cabe nesse quinhão brasileiro. Sim, lembro o bom e velho Marx, que cortaram mais uma flor. A primavera há de chegar. Essa é minha oração ontem, hoje e eternamente… Marielle, seus gestos, falas e temas são nossos: desde ontem, ressuscitada está entre nós!!!

Foto: Reprodução internet.

*Fábio Py é pós-doutorando no Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) e colunista no site de Caros Amigos

FONTE: http://fazendomedia.org/menos-uma-flor-no-nosso-jardim/

 

Norsk Hydro e as diversas facetas da hecatombe socioambiental em Barcarena (PA)

barcarena hydro

Enquanto a mídia corporativa brasileira rapidamente soterrou o incidente ambiental causado pelo Norsk Hydro na cidade de Barcarena (PA), o jornal britânico “The Guardian” publicou uma matéria que abrangeu todos os aspectos que envolvem a empresa “quase estatal” da Noruega e sua atuação em território paraense [1].

Com o título “Poluição, doença, ameaças e assassinato”, a matéria assinada pelo jornalista Dom Phillips mostra que por muitos anos a população de Barcarena vem reclamando e sofrendo com a poluição causada pelas operações da Hydro Norsk que opera sob o olhar complacente do governo do Pará e dos órgãos ambientais.

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Entre os vários aspectos abordados na matéria uma que deixa claro o papel da Norsk Hydro  nessa pequena hecatombe socioambiental tem a ver com as doenças que foram acometidas contra a população local pelo consumo de água contaminada por rejeitos tóxicos cuja assinatura é única e os liga diretamente às operações da empresa norueguesa. Para que se tenha uma ideia do problema, análises das amostras coletadas próximas no duto clandestino que operada pela Norsk Hydro mostraram a presença de altos níveis de alumínio, nitrato, sulfato, clareto e chumbo. Apenas no caso do alumínio o valor encontrado de 22 mg por litro está bem acima do limite legal no Brasil que é de apenas 0,1 mg por litro!   

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Mais sinistra ainda é a situação dos que ousam denunciar as ligações entre o adoecimento da população e a contaminação causada pelas operações da Norsk Hydro cujo maior exemplo foi o assassinato do líder comunitário Paulo Nascimento que era um das principais vozes a denunciar os danos ambientais sendo causados na região da Barcarena.

Como já disse antes, não tenho expectativa alguma em que uma resposta para os problemas causados pela Norsk Hydro seja produzida no Brasil. Aqui a coisa está “dominada”. Mas a pressão que já era grande na Noruega, agora deverá aumentar com essa matéria do “The Guardian”.

Finalmente, algo que me veio à mente em relação ao posicionamento do governo da Noruega que cortou o aporte de recursos para o Fundo Amazônia sob a desculpa de que essa era uma punição pelo fato do governo brasileiro não ter contido o desmatamento na região amazônica. Agora, parece que a medida visava era cobrir os próprios descaminhos das operações de uma empresa “quase estatal” onde o governo norueguês detém uma parcela significativa do estoque de ações.


[1] https://www.theguardian.com/world/2018/mar/16/brazil-pollution-amazon-aluminium-plant-norwegian

 

Ato em homenagem à memória de Carlos Marighella

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Amanhã, em São Paulo: nesta quarta-feira, 4 de novembro, o assassinato de Carlos Marighella completa 46 anos. Velhos e novos companheiros do guerrilheiro que incendiou o mundo prestarão uma homenagem à sua memória. A partir das 10h, no mesmo local onde ele foi morto por agentes da ditadura (alameda Casa Branca, altura do número 800).

FONTE: https://www.facebook.com/282900591824287/photos/a.282913841822962.66111.282900591824287/884347898346217/?type=3&theater

Absolvição de policial que matou jovem negro desarmado gera protestos nos Estados Unidos

Por Valor, com Associated Press

SÃO PAULO  –  Milhares de pessoas, de Los Angeles à Nova York, realizaram centenas de protestos – a maioria pacíficos – nesta terça-feira nos Estados Unidos, contra a decisão do júri de não indiciar um policial branco pela morte de um jovem negro desarmado em Ferguson (Missouri). 

Em todo o país houve marchas com cartazes e gritos de “Mão para cima. Não disparem”, o chamado para convocar as pessoas a protestar contra as mortes causadas pela polícia. De acordo com a CNN, estavam programados protestos em mais de 115 cidades do país. 

Os principais distúrbios ocorreram em St. Louis e Oakland, onde os manifestantes invadiram as rodovias e cercaram os carros com as mãos para o alto. 

Grupos de algumas dezenas e de várias centenas de pessoas se concentraram em Chicago, Denver, Salt Lake City, Boston e várias outras cidades. Na capital Washington, pessoas segurando cartazes com a mensagem “Justiça para Michael Brown” se aglomeraram na frente da Casa Branca.

“Mike Brown é o emblema [de um movimento]. O país está em ebulição”, disse Ethan Jury, que se juntou as centenas de manifestantes na Filadélfia. “Quantos mais têm de morrer? Quantos negros têm de morrer?”

O protesto estava programado antes mesmo do anúncio da decisão do júri de que o policial Darren Wilson não será acusado pela morte a tiros do jovem Michael Brown, de 18 anos. 

O caso de Ferguson, com fortes implicações raciais, tem gerado tensões e debates sobre as relações entre a comunidade e as forças da ordem em cidades com grandes áreas de subúrbio de população majoritariamente negra.

Em Oackland (Califórnia), centenas de manifestantes carregando cartazes com a mensagem “O povo diz culpado” fecharam uma rodovia e várias ruas, atacaram lojas e carros policiais. Mais de 40 pessoas foram detidas por lançarem garrafas, quebrar janelas e iniciar pequenos incêndios, segundo a prefeita Jean Quan em comunicado. Não houve registro de feridos graves. 

Em Los Angeles, as manifestações foram majoritariamente pacíficas com um breve bloqueio da rodovia interestadual 110, segundo informações da imprensa local.

Em St. Louis, centenas de manifestantes marcharam em um local próximo a outro tiroteio envolvendo a polícia e fecharam a rodovia interestadual 44. Não houve ataques aos automóveis.

Em Ferguson, foram registrados ataques contra patrulhas policiais e edifícios. Os manifestantes levantaram barricadas e gritaram insultos à polícia, que respondeu lançando granadas de gás. Moradores reportaram sons de tiros nas ruas e a ocorrência de vários incêndios.

Em Seattle, uma passeata bloqueava periodicamente o tráfego nos cruzamentos, enquanto que a polícia apenas observava. Depois da marcha pacífica, os manifestantes começaram a lançar latas, garrafas e pedras. Cinco pessoas foram detidas. 

Em Nova York, a família de Eric Garner, que morreu asfixiado ao ser detido por um policial meses atrás, se juntou ao reverendo Al Sharpton, que lamentou a decisão do júri em Ferguson em um discurso do Harlem.

“Estamos do lado de Michael Brown para lutar pelo o que é certo”, afirmou o reverendo. “Perdemos o primeiro round, mas a luta não acabou.”

Centenas de pessoas marcharam do sul de Manhattan a Times Square. Os manifestantes chegaram a bloquear brevemente várias pontes. 

FONTES: http://www.valor.com.br/internacional/3793354/eua-tem-dia-de-protestos-contra-decisao-de-ferguson#ixzz3K7JV1Ejl

Entidades se pronunciam sobre assassinato de assentada do Assentamento Zumbi dos Palmares

NOTA PÚBLICA

 
Estimados companheiros e companheiras, amigos e amigas:
 
Mais uma mulher assassinada! Recebemos a triste e revoltante noticia de que Carmen Gilcilene Paes Pereira, de 44 anos, foi espancada e assassinada, no Assentamento Zumbi dos Palmares, em Campos dos Goytacazes – RJ, e sua filha de 10 anos sequestrada e ainda desaparecida, no dia 15 de maio de 2014.
 
Esse é o quarto assassinato no Zumbi em pouco mais de um ano. Em janeiro de 2013, Cícero Guedes dos Santos, de 49 anos, Coordenador do MST, foi encontrado morto em Campos. Em fevereiro do mesmo ano, Regina dos Santos Pinho, de 56 anos, foi assassinada na região. Em fevereiro desse ano, Carlos Eduardo Cabral Francisco, de 41 anos, foi encontrado morto no canavial. Todas as vítimas eram assentadas no Zumbi dos Palmares.
 
O Assentamento Zumbi dos Palmares foi o primeiro assentamento do MST na região, fruto da desapropriação da fazenda São José, com aproximadamente 8.500 hectares, há 17 anos. Cerca de 510 famílias estão assentadas no local. Gilcilane vivia no Zumbi desde o início do Assentamento. Ela morava e produzia no lote da família. 
 
Desde nossas organizações – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, Comissão Pastoral da Terra – CPT e Via Campesina Brasil, nos declaramos indignados e revoltados com essa notícia que atingiu a mais uma Mulher Trabalhadora Rural, violência que vem sendo frequente na região, especialmente nesse Assentamento. 
Esperamos que as autoridades policiais e judiciais não meçam esforços para encontrar, julgar e penalizar os assassinos e responsáveis por tal barbárie.
 

Assim também, como reivindicamos mais uma vez a ação investigadora e protetora do Estado brasileiro para com as famílias que vivem nas áreas de assentamentos da região, pois não podemos permitir que os territórios dos trabalhadores e das trabalhadoras sejam espaços de atuação da bandidagem.

Assinam as Entidades:

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST;

Comissão Pastoral da Terra – CPT;

Via Campesina Brasil; 

Pastoral da Juventude Rural – PJR – Fluminense;

Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA;

NERU/UFF

IV Feira Estadual da Reforma Agrária levará nome de Cícero Guedes

A quarta edição da “Feira da Reforma Agrária” que está ano ocorrerá entre 1 e 10 de Dezembro no Largo da Carioca no centro da cidade do Rio de Janeiro vai homenagear Cícero Guedes, liderança do MST na região Norte Fluminense, que foi covardemente assassinado no início de 2013 nas imediações da Usina da Cambaíba. Apesar de não trazer Cícero de volta ao convívio de sua família, essa é uma justa homenagem a uma importante figura histórica.

feira cicero guedes