Pesquisadores da Unifesp buscam potencial biotransformador de bactérias de sedimentos encontrados no estuário da Baixada Santista

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As técnicas de estímulo à biodegradação, que é a capacidade de microrganismos (principalmente bactérias e fungos) a degradarem/transformarem materiais e/ou rejeitos, normalmente prejudiciais ao ambiente, vêm cada vez mais se tornando importante na área ambiental. Isso se dá devido aos altos custos dos processos normalmente aplicados, combinados às ações que não apresentam total eficácia, mas que são comumente empregados por empresas e instituições de controle ambiental.

Dentro dos principais materiais tidos nocivos ao ambiente, se apresentam os combustíveis fósseis e seus resíduos, os quais são compostos de moléculas complexas e de difícil degradação. Diante dessa problemática, um estudo  desenvolvido pelo Departamento de Ciências Farmacêuticas do campus Diadema da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e publicado no periódico Marine Pollution Bulletin, buscou investigar microrganismos capazes de biodegradarem ou metabolizarem essas moléculas presentes na composição de combustíveis.

A pesquisa envolveu a parceria entre o grupo de pesquisas BioMicro, da Unifesp, coordenado pela professora Suzan Pantaroto de Vasconcellos, e outros grupos de trabalho do campus da Baixada Santista da Unifesp, com os professores Rodrigo Choueri, Flavia Talarico Saia e Augusto Cesar, de modo que fosse possível realizar coletas em pontos estratégicos dessa região litorânea.

Santos abriga o maior Porto da América Latina e Cubatão um dos complexos industriais mais importantes do país, compondo assim ambiente propício à obtenção de amostras de água estuarina potencialmente contaminadas por combustíveis em elevadas concentrações, permitindo assim a coleta, isolamento e avaliação de bactérias potencialmente adaptadas ao ambiente e às condições locais, tanto em termos metabólicos, quanto de aplicação como agentes biocatalistas em áreas acometidas por tais contaminantes”, explica Vitor Ferrari, autor principal do estudo.

A coleta foi realizada em três pontos distintos visando analisar se o entorno interferiria ou não no potencial das bactérias a realizar as atividades de biodegradação almejadas.

Achados do estudo

Após a fase de coleta, todo o material foi encaminhado ao Laboratório Multidisciplinar em Saúde e Meio Ambiente (LABMSMA), localizado na Unifesp campus Diadema. Ali, ocorreram o processamento das amostras e cultivos microbianos sob diferentes condições reacionais, de maneira a propiciar o isolamento de bactérias, as análises de biodegradação, utilizando moléculas específicas que servem como indicadoras da contaminação por combustíveis, além da caracterização das bactérias de interesse ao estudo. Para a análise de identificação bacteriana, o grupo novamente contou com mais parcerias (professores Ana Gales e Rodrigo Cayô), e colegas do laboratório Alerta, especialmente desenvolvido para projetos de pesquisa de investigação de mecanismos moleculares de resistência bacteriana a antimicrobianos, localizado no campus São Paulo da Unifesp.

“Dessa forma, a partir do material coletado, foi possível isolar 42 bactérias. Essas evidências nos fizeram observar que a região do litoral da Baixada Santista encontra-se contaminada por resíduos de combustíveis, devido às intensas atividades industriais e portuárias, uma vez que mesmo amostras coletadas em ambientes tidos como pristinos (não contaminados), permitiram a recuperação de microrganismos degradadores de hidrocarbonetos”, revela o pesquisador.

“Cinco bactérias de diferentes espécies apresentaram eficiência elevada na biodegradação de hidrocarbonetos, sendo que após apenas 48 horas apresentaram taxas de degradação acima de 80% frente aos contaminantes avaliados. Trata-se de um resultado importante e que pode mostrar possíveis caminhos para uma eventual e necessária biodegradação desses compostos que contaminam o nosso litoral, principalmente em razão de petróleo bruto, ocasionado pela intensa movimentação marítima”, conclui Ferrari.

Álcool em gel fora do padrão pode atuar como proliferador de bactérias, alerta microbiologista da UFPR

Consequências da existência de sanitizante adulterado no mercado vão além de lacunas na prevenção contra o novo coronavírus, aponta estudo. UFPR oferece testagem gratuita de álcool

O álcool gel pode ser responsável pelo desenvolvimento de outras bactérias, além de não funcionar como agente antisséptico, se produzido com insumos de má qualidade ou em desacordo com as diretrizes oficiais. Esse é o alerta da professora de Microbiologia Marcia Regina Beux, do Departamento de Patologia Básica da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em 2011, na época da epidemia de H1N1, ela conduziu uma pesquisa que confrontou marcas de álcool gel com espécies de bactérias comuns na microbiota das mãos e chegou a conclusões apropriadas também para a atual pandemia de Covid-19.

Ao utilizarmos um produto de má qualidade ou com o prazo de validade vencido, podemos contribuir para que bactérias que estejam na pele ou na superfície se proliferem, causando o efeito contrário daquele esperado. “Há um leque de microrganismos que podem se desenvolver em uma má formulação como bactérias Gram negativas e Gram positivas, esporuladas e até mesmo fungos”, conta a especialista que alerta sobre o risco de produtos de má procedência. “Podem causar infecções e até abscessos (bolsas de pus), caso haja algum ferimento na pele que sirva como porta de entrada para as bactérias no organismo”.

O álcool de boa qualidade, quando utilizado na pele, atua como um agente antisséptico, reduzindo a microbiota, ou seja, diminuindo a quantidade de microrganismos como bactérias, fungos, protozoários e vírus, residentes ou transitórios, naquele ambiente. Em superfícies, o álcool é um agente de desinfecção que reduz ou inativa a carga microbiana. “Sua ação é reportada pela capacidade de desnaturar as proteínas e remover a camada lipídica de algumas bactérias e vírus envelopados”, explica Marcia.

Fórmula ideal

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que o álcool gel seja produzido conforme as diretrizes traçadas pelo Formulário Nacional de Farmacopeia Brasileira. De acordo com a normativa, a forma farmacêutica do álcool gel é:

formula 1

Para a professora, quanto mais próxima a fórmula do produto for da recomendada, mais confiável é seu uso. “A formulação básica não contém agentes odorizantes ou hidratantes. Algumas fórmulas contêm óleos essenciais que teriam também uma função de antimicrobianos naturais”.

Outros vilões

Os sabonetes, sejam líquidos ou em barra, outros produtos de higiene pessoal e cosméticos, assim como desinfetantes, também podem se comportar como meios de cultura para microrganismos diversos. Para comprar um produto que qualidade, é importante observar no rótulo se a formulação contém agentes de conservação como ácido benzóico, ácido sórbico, clorhexidina e cloreto de benzalcônio.

Marcia não aconselha usar o álcool gel como substituto da água e do sabonete. “A utilização desse produto é viável apenas na impossibilidade de lavar adequadamente as mãos com água e sabonete”, finaliza.

água 1

Testes gratuitos

O Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear (LabRMN), do Departamento de Química da UFPR, oferece testes gratuitos de álcool gel desde junho. O serviço de análise começou para apoiar as polícias Civil e Federal, que apuram casos de fraudes nessa indústria, e a partir de agosto foi aberto à comunidade em geral (pessoas físicas e pequenas empresas) de forma gratuita.

Para solicitar a análise, basta entregar entrar em contato através do e-mail alcoolgel@c3sl.ufpr.br e levar uma amostra do produto à guarita do Centro Politécnico da UFPR (Av. Cel. Francisco H. dos Santos, 100, Jardim das Américas).

Quem não mora em Curitiba pode enviar amostra pelo correio — apenas um mililitro é suficiente para o teste –, informando dados pessoais e de contato. O resultado é encaminhado por e-mail.

LINKS

Matéria no Portal da UFPR: https://bit.ly/38ZKu2i

Matéria sobre os testes gratuitos oferecidos pelo LabRMN/UFPR: https://bit.ly/3fiPSii