Jacques Wagner precificou a democracia brasileira: R$ 20 bilhões

Jaques Wagner é anunciado por Lula como novo líder do Governo no Senado  Federal | PT - Capão Do Leão

Os bons companheiros em ação no PL da Dosimetria: Jacques Wagner costura acordo, Luís Inácio finge que veta

Que certas coisas só avançam no Brasil graças, digamos, à boa vontade da bancada parlamentar do PT na Câmara Federal e no Senado já é sabido faz algum tempo. Mas agora ao senador Jacques Wagner (PT/BA), a coisa atingiu uma nova prateleira com o o PL 2.162/2023, o famigerado PL da   Dosimetria. É que graças a um gesto de Wagner, o Senado Federal acaba de aprovar e enviar para sanção do presidente Luís Inácio. Com isso, todos os que tramaram contra a democracia brasileira, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, terão uma generosa redução de suas penas, ficando livres para tentar mais uma vez a derrubada do estado de direito no Brasil.

A explicação de Jacques Wagner é que a peça iria passar mesmo, e não haveria porque empurrar a aprovação para 2026.  Mas segundo um outro membro notório do Senado, Renan Calheiras (MDB/AL), a coisa cheira mais a mais uma negociata para aumentar a arrecadação federal a partir de um acordo para  destravar a análise de outro texto considerado prioritário para a equipe econômica,  um que trata do corte de incentivos fiscais e do aumento da tributação de bets, fintechs e juros sobre capital próprio. O valor desse corte seria da ordem de R$ 20 bilhões.

Em outras palavras, houve um acordo para precificar a democracia brasileira no irrisório montante de R$ 20 bilhões, tudo sob os auspícios do líder do PT no Senado Federal!

Como sempre ocorre nesses casos escabrosos, já estão sendo anunciados vetos do presidente Luís Inácio para “defender a democracia”. Vetos esses que serão facilmente derrubados, como já ficou evidente nos casos do PL do Veneno e do PL da Devastação.

Assim, acredita nesses vetos quem quiser, mas o estrago já está feito, e em breve, dependendo de quem for eleito em 2026, poderemos ter a reedição daquelas cenas horrorosas em Brasília ou em alguma outra capital brasileira nas quais a extrema-direita fique descontente com os resultados.

E tudo isso graças a Jacques Wagner, que fique bem claro.

Apesar da propaganda oficial, Brasil continua sendo um dos 5 países mais desiguais do mundo

Dados do IBGE mostram que abismo da desigualdade social persiste no Brasil

Temos que ouvir quase todos os dias uma cantilena que tenta nos convencer que após a chegada do PT à chefia do executivo federal, seja com Luís Inácio ou Dilma Rousseff, o Brasil repentinamente se tornou menos desigual, e que temos de seguir nessa toada sob risco de vermos a extrema-direita desfazer todos os ganhos. 

Pois bem, o problema é que a propaganda ainda pode ser checada com dados frios da realidade. E estamos tendo uma janela de oportunidade para avaliar essa discrepância óbvia com o lançamento da última edição do chamado o Relatório da Desigualdade Global divulgado que foi lançado na semana passada pelo World Inequality Lab (WIL), grupo de pesquisadores liderado pelo economista francês Thomas Piketty.

A partir dos dados coletados globalmente, o relatório revela que os 10% mais ricos do Brasil concentram 59,1% da renda nacional, e que, enquanto isso, os 50% mais pobres ficam com apenas 9,3% da renda (ver gráfico abaixo).

Com isso, o Brasil perde em desigualdade apenas para 4 países:   África do Sul, seguido por Colômbia, México e Chile!

Além disso, se olharmos para o período entre 2003 e 2024, o que se vê é que com todas as políticas sociais executadas pelos governos liderados por Lula e Dilma Rousseff, a desigualdade permaneceu praticamente inalterada com os 10% mais ricos mantendo-se com o controle de pelo menos 60% da renda, e insisto, apesar de toda a propaganda em contrário (ver figura  abaixo).

A verdade é que os padrões históricos de concentração da riqueza não serão abalados por políticas minimalistas que não realizam as transformações sistêmicas que o Brasil precisaria ter para que houvesse um mínimo de justiça social e, mais, de distribuição da riqueza. 

Assim, sem a adoção de reformas como a da terra urbana e rural, o que teremos é a manutenção de um padrão de iniquidade profunda, mesmo com todas as riquezas existentes no território brasileiro.

Quem desejar ler o relatório na íntegra, basta clicar [Aqui! ].

O custo oculto da crise climática brasileira para os supermercados do Reino Unido

Brazil's climate crisis hits UK supermarkets

Por Monica Piccinini para “The Canary”

A maioria das pessoas no Reino Unido não faz ideia de que os alimentos em suas geladeiras estão intimamente ligados às condições climáticas extremas que assolam o Brasil.

O Reino Unido importa mais alimentos do Brasil do que de qualquer outro país não europeu.

Essas condições climáticas — como secas, inundações e ondas de calor — estão moldando cada vez mais o cenário da produção de alimentos no Reino Unido e, em última análise, o que chega às prateleiras dos supermercados.

Um relatório recente da Unidade de Inteligência Energética e Climática (ECIU) constatou que o Reino Unido importa quase dois quintos de seus alimentos. Enquanto isso, cidades no sul do Brasil estão submersas , dizimando plantações e rebanhos.

O Brasil tem sido, e continua sendo, um dos principais fornecedores de soja, carne bovina, frango, café, açúcar e frutas para os supermercados do Reino Unido. No entanto, poucas pessoas reconhecem que o Brasil está passando pelas mudanças climáticas mais rápidas do mundo.

A mão que nos alimenta

Nos últimos dois anos, a Amazônia enfrentou a pior seca em sete décadas. O sul sofreu com enchentes mortais , agravadas pelo aquecimento global, e com o calor extremo , que também causou o fechamento de escolas. Essas mudanças climáticas estão prejudicando gravemente as fazendas que nos fornecem alimentos.

Gareth Redmond-King, líder do programa internacional da ECIU, disse :

As famílias britânicas já estão sentindo o preço nas compras devido aos extremos climáticos que afetam tanto o país quanto o exterior. Este ano registrou a segunda pior colheita da história do Reino Unido.

Condições climáticas extremas são agora comuns. As estações secas são mais longas, as chuvas são imprevisíveis e as florestas estão perdendo sua capacidade de reciclar a umidade.

O impacto não se limita ao Brasil, pois os efeitos dessas mudanças podem ser sentidos no Reino Unido, afetando as cadeias de suprimentos e, inevitavelmente, as escolhas do consumidor.

Uma pesquisa da Global Witness mostra que os consumidores do Reino Unido ainda compram produtos ligados ao desmatamento, demonstrando pouca preocupação com o país de origem dos alimentos.

Redmond-King apresenta o panorama geral.

Dependemos do Brasil para café, açúcar, laranjas e frutas tropicais – além de muita soja para alimentar o gado criado no Reino Unido […] Vastos trechos de floresta tropical e outros biomas foram desmatados para o cultivo de alguns desses alimentos; esse desmatamento é, por si só, um fator crucial das mudanças climáticas que afetam a capacidade de produzir esses alimentos.

A organização constatou que as importações de carne bovina, soja e óleo de palma contribuem para a perda de florestas em uma área equivalente à das cidades de Newcastle, Liverpool ou Cardiff.

As supostas proteções, nomeadamente a Lei Ambiental do Reino Unido (2021), não foram implementadas devido a repetidos atrasos. A sua abordagem incompleta deixa as florestas vulneráveis ​​ao desmatamento e ignora as violações dos direitos humanos.

Os impactos das mudanças climáticas atingem o Reino Unido

Em 2024, as importações de soja do Brasil foram avaliadas em £ 243 milhões. A pressão sobre a produção brasileira de soja é maior do que nunca devido ao calor extremo. Cientistas afirmam que cada aumento de 1 ° C no aquecimento global pode reduzir a produção de soja em cerca de 6%.

Esse aumento atingiria o cerne da produção de soja no Brasil e ameaçaria o mercado avícola do Reino Unido. A carne bovina e o frango também são provenientes diretamente das mesmas florestas ameaçadas. O Reino Unido importa 500 mil toneladas de frango brasileiro por ano, e esses frangos precisam de ração à base de soja.

Existem também custos sociais e ambientais ocultos para a indústria da soja no Brasil. Como relata a Unearthed , o uso de sementes resistentes a herbicidas transformou a indústria da soja brasileira.

Estima-se que aproximadamente 98% da safra atual seja geneticamente modificada. Isso está levando o cultivo de soja para áreas inexploradas, dizimando florestas em regiões como a Amazônia e o Cerrado.

O Brasil também fornece até 35% dos grãos de café verde consumidos no Reino Unido. O cultivo do café é extremamente sensível à seca e ao calor.

A seca de 2023-24 no Brasil causou uma disparada nos preços globais e, quando os efeitos chegaram ao Reino Unido, os preços do café nos supermercados já haviam subido 13%.

Mangas, melões, limões, mamões e açúcar, provenientes do Brasil, também estão em risco devido à escassez de água e às temperaturas mais altas.

No centro-sul, as condições de seca prejudicaram a produção de cana-de-açúcar, e os fruticultores do nordeste são obrigados a usar muito mais água para que as plantações sobrevivam.

A indústria de suco de laranja, responsável por mais de 70% das exportações globais, também está sob pressão. O calor e as doenças atingiram os pomares de citros em todo o país.

Como resultado, os preços dos sucos de frutas no Reino Unido são 30% mais altos do que em 2022, e os preços do suco de laranja mais que dobraram desde 2020.

O que isso significa para o Reino Unido

Os impactos climáticos no Brasil já se refletem nos supermercados do Reino Unido. Os alimentos ficam mais caros quando as colheitas falham, as cadeias de abastecimento tornam-se menos confiáveis ​​e as famílias com orçamentos apertados são as mais afetadas.

As cadeias de abastecimento globais também enfrentam mais riscos devido a doenças nas plantas e colheitas ruins associadas ao clima quente. A dependência do Reino Unido em relação a alimentos provenientes de locais profundamente afetados pelas mudanças climáticas torna o país mais vulnerável do que a maioria das pessoas imagina.

“O comitê de mudanças climáticas do Reino Unido divulgou seu relatório de progresso e adaptação, e é horrível olhar para ele e ver que, em relação à segurança alimentar, nessa grade eles têm vermelho, amarelo e verde, e quando se trata de planejamento e de ações concretas de adaptação, o planejamento para segurança alimentar no Reino Unido está em vermelho, é insuficiente, os planos não são bons o suficiente.”

“Não existem métricas que nos permitam entender como a ameaça à segurança alimentar está acontecendo”, disse Laurie Laybourn-Langton, pesquisadora associada do programa de aceleração de sustentabilidade da Chatham House, durante um webinar da Innovation Zero em maio passado.

Uma responsabilidade compartilhada

Os alimentos que consumimos no Reino Unido estão agora ligados às florestas, rios e terras agrícolas do Brasil. Quando a Amazônia seca, o sul do Brasil sofre inundações ou as colheitas são perdidas devido ao calor, os impactos não ficam restritos ao Brasil. Eles se espalham. Influenciam o que encontramos nos supermercados, o que as famílias podem comprar e a confiabilidade das nossas cadeias de abastecimento.

A crise climática não é uma preocupação distante. Ela determina os alimentos que chegam aos nossos pratos e às prateleiras dos supermercados. Reconhecer essas verdades deve inspirar ações e aliviar a pressão sobre os ambientes vulneráveis ​​que nos alimentam. O Brasil é o celeiro do Reino Unido. O impacto sentido no sul do Brasil e na Amazônia também afetará o Reino Unido, o que nossos supermercados podem estocar e, principalmente, o que as famílias britânicas podem comprar.

Imagem em destaque via Unsplash/Ramses Cervantes


Fonte: The Canary

Estudantes de doutorado brasileiros desistem de oportunidades de pesquisa nos EUA

Pelo menos 96 estudantes que planejavam realizar pesquisas de pós-graduação nos Estados Unidos mudaram seu destino, citando políticas científicas e de imigração hostis

Bandeiras do Brasil e dos EUA sobre um fundo amassado com um rasgo no meio onde elas se encontram.

Doutorandos brasileiros estão cancelando seus planos de assumir posições de pesquisa nos Estados Unidos. Crédito: Saulo Angelo/iStock/Getty 

Por Meghie Rodrigues para a “Nature”

O Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos e vê aumento no risco de doenças graves

O motivo é a maior industrialização da agricultura.  Agrotóxicos são usados principalmente no cultivo de soja. Bayer e BASF estão entre as empresas líderes. Pesquisadores apontam aumento do risco de câncer por causa do uso de agrotóxicos, muito banidos na Europa

Por Ulrike Bickel para o Amerika21 

 Segundo informações da imprensa  , o Brasil se consolidou como o maior mercado global de defensivos agrícolas em 2024, com um faturamento estimado em 14,3 bilhões de dólares. O país ultrapassa assim os EUA (13,3 mil milhões de dólares) e a China (10,8 mil milhões de dólares). O motivo é a maior industrialização da agricultura.

O uso de pesticidas no Brasil cresceu 9,2% em valor e 8,5% em volume em 2024 em comparação ao ano anterior, de acordo com dados da organização guarda-chuva brasileira da indústria de agrotóxicos . O consumo total, portanto, foi de cerca de 1,5 milhão de toneladas.

Essa pegada química e de uso intensivo de energia é baseada principalmente em três produtos agrícolas: soja 56%, milho 16% e algodão 8%, que juntos respondem por 80% dos agrotóxicos usados ​​no Brasil. Soma-se a isso o uso de agroquímicos em grandes plantações de cana-de-açúcar e café. Foram utilizados principalmente herbicidas, inseticidas e fungicidas. O restante foi usado para outros fins, como tratamento de sementes.

Os estados do Mato Grosso e Rondônia lideram o uso de pesticidas com uma participação de mercado de 28% devido às monoculturas de soja em larga escala, seguidos por São Paulo e Minas Gerais, cada um com 18%, e os estados do nordeste da Bahia, Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará, com 15%.

O avanço da soja na Amazônia e no Cerrado depende fortemente do uso de agrotóxicos, até porque o avanço das grandes monoculturas favorece a proliferação de pragas, doenças fúngicas e virais.

Os grandes vencedores do crescente consumo de pesticidas no Brasil são as cinco multinacionais que dominam o mercado: Syngenta, Bayer, BASF, Corteva Agriscience e UPL. As empresas também vendem no Brasil a maior parte dos agrotóxicos proibidos na Europa. Apesar das flutuações do mercado global, prevê-se um crescimento anual adicional de 1,8% até 2030.

A crescente poluição dos solos e bacias hidrográficas brasileiras é promovida politicamente por meio de isenções de impostos e taxas. Segundo o professor Marcos Pedlowski, da Universidade Estadual do Norte Fluminense,  os próprios contribuintes subsidiam um modelo agrícola intensivo em  agrotóxicos e promotor de doenças, ao mesmo tempo em que o acesso aos serviços de saúde pública está diminuindo.

Um novo estudo da Universidade de Caxias do Sul publicado na revista “Saúde em Debate”  mostra que agricultores expostos a agrotóxicos têm risco aumentado de câncer. O estudo analisa 29 estudos publicados entre 2012 e 2021 em todo o mundo. Portanto, o contato prolongado com  agrotóxicos pode causar danos celulares que favorecem o desenvolvimento de todos os tipos de câncer. Os mais comuns são o câncer de pulmão, mama e próstata, bem como o câncer hematológico (leucemia e linfoma).

Segundo uma das autores do artigo, Fernanda Meire Cioato, o tipo e a duração do contato são essenciais. O risco é ainda mais pronunciado entre trabalhadores rurais do sexo masculino, pois eles geralmente não usam equipamentos de proteção termicamente desconfortáveis ​​ao pulverizar. As mulheres também são afetadas quando manuseiam equipamentos contaminados ou armazenam agrotóxicos. A toxicidade dos agrotóxicos geralmente aumenta porque os agricultores costumam combinar diversas substâncias.

Os pesquisadores acreditam que a ação governamental é essencial para garantir melhor controle e segurança no uso de agrotóxicos. Da mesma forma, o treinamento de profissionais médicos para diagnosticar e tratar os trabalhadores agrícolas afetados em um estágio inicial. Além disso, a comunicação de risco deve ser melhorada: como muitos agricultores têm pouca educação, as complicadas instruções de segurança nos rótulos dos pesticidas devem ser simplificadas para reduzir o impacto negativo dos venenos agrícolas na saúde da população rural.


Fonte: Amerika21

Alerta Observatório dos Agrotóxicos: Brasil se consolida como o maior consumidor mundial de agrotóxicos

Com informações do portal especializado do agronegócio “Agrolink” fica evidente que o Brasil se consolidou como o maior mercado global de  agrotóxicos em 2024, com vendas estimadas em US$ 14,3 bilhões, superando os Estados Unidos (US$ 13,3 bilhões) e a China ((US$ 10,8 bilhões). A informação foi compartilhada por Anderson Nacaxe, CEO & Co-Founder da Oken.Finance, destacando o crescimento contínuo do setor.

Esse crescimento foi impulsionado pela produção de soja, milho, cana-de-açúcar e café.  Além disso, apesar de um crescimento anual moderado (CAGR de 1,7%), a demanda por agrotóxicos segue forte, refletindo a expansão da área controlada pelo latifúndio agro-exportador.  

Syngenta, UPL, Basf: as empresas que mais vendem no Brasil agrotóxicos  proibidos na Europa - Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

A multinacional suiço-chinesa Syngenta é uma das maiores ganhadoras com o aumento do consumo de agrotóxicos no Brasil

Entre as empresas líderes, a Syngenta mantém sua posição no topo, com previsão de US$ 13,6 bilhões em vendas, seguida por Bayer (US$ 12 bilhões), BASF (US$ 9 bilhões) e Corteva Agriscience (US$ 7,3 bilhões). O mercado global, embora tenha sofrido uma queda em 2023 devido à menor demanda e flutuações cambiais, projeta um crescimento de 1,8% ao ano até 2030. Além do Brasil e dos EUA, a China aparece como terceiro maior mercado, com um ritmo de expansão mais acelerado (Taxa de Crescimento Anual Composta de 3%), impulsionado pela modernização agrícola.  

A América Latina se consolida como motor de crescimento do setor, com Brasil e Argentina liderando. Já nos EUA e na Europa, regulamentações ambientais rigorosas impactam a demanda por  agrotóxicos favorecendo soluções sustentáveis, como biotecnologia e bioagrotóxicos. Outro fator relevante é a concentração de mercado, com as cinco maiores empresas (Syngenta, Bayer, BASF, Corteva e UPL) dominando o setor. 

“O Brasil ultrapassa os EUA e se torna o maior mercado global de agrotóxicos, enquanto a China cresce rapidamente. O futuro do setor dependerá de inovação e adaptação regulatória, com destaque para soluções mais sustentáveis e eficientes”, comentou Nacaxe.

Tendência de crescimento dos agrotóxicos deverá repercutir no aumento de contaminação ambiental e adoecimento no Brasil

Um dado que é omitido nas análises dos analistas do agronegócio é que o crescimento continuo no uso de agrotóxicos, muitos deles banidos em outros mercados como o europeu e até o chinês deverá repercutir no aumento da contaminação ambiental no Brasil, trazendo ainda efeitos sobre a saúde humana, com o aumento potencial de casos de vários tipos de câncer, para começo de conversa.

Por isso é urgente que a questão dos agrotóxicos seja colocada como questão prioritária no debate político, pois só com muita mobilização é que poderemos influenciar diretamente em uma situação que se mostra cada vez mais negativa para o meio ambiente e a maioria da população brasileira


Fonte dos dados deste texto: Agrolink

A guerra tarifária de Trump alcançará o Brasil e colocará desafios para o governo Lula e para a extrema-direita

Pressionados por um déficit comercial considerável e pela necessidade de reverter esse quadro desfavorável, o presidente Donald Trump anunciou que vai começar a aumentar as tarifas de importações dos principais parceiros comerciais dos EUA, incluindo o Brasil.  O tamanho da facada ainda não se sabe, mas isso deverá ser anunciado nos próximos dias.

A opção por aumentar o nível das tarefas cobradas por produtos importados é o tipo “faca de dois gumes”, pois para os EUA só funcionará se os países e blocos visados pela ira tarifária de Trump não tomarem medidas reciprocas. E como a maioria das economias nacionais não vive um grande momento, a simples ideia de que não haverá reciprocidade é pouco crível.

O fato do Brasil estar na mira de Donald Trump gerará consequências inevitáveis para o governo do presidente Lula, já que os EUA são o segundo parceiro comercial do nosso país. Mas há que se lembrar que a balança comercial brasileira, ao contrário do caso chinês, possui um déficit na relação com os EUA. Assim, se Trump exagerar no sal tarifário com o Brasil, Lula terá a possibilidade de exercer uma reciprocidade que poderá doer mais lá do que as tarifas estadunidenses doerão por aqui.

O problema com o governo Lula é se haverá disposição de enfrentar a diplomacia do canhão que Trump ameaça usar contra todos aqueles que contrariarem seus planos de reestabelecer a hegemonia econômica dos EUA, cada vez mais ameaçada pela ascensão chinesa.

Um problema a mais é que Trump espertamente aliviou a mão na hora de assinar as tarifas contra a China, pois o agronegócio dos EUA tem todo interesse em competir com o brasileiro por uma fatia maior das importações chinesas de produtos agrícolas.  Aí talvez a coragem de enfrentar Trump receba algum anabolizante, pois será uma situação do tipo “bola ou bulica”, dada a atual dependência da balança comercial brasileira da exportação de commodities agrícolas e minerais.

A extrema-direita e seus próprios problemas com a diplomacia das tarifas de Trump

Congressistas brasileiros se reuniram em hotel para assistir à cerimônia de posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos | Divulgação - 20.jan.2025

Sem convites para o palco principal da posse de Trump, parlamentares da extrema-direita se reuniram em hotel para assistir à cerimônia de posse do presidente dos Estados Unidos

Se Trump pesar demais a mão contra o Brasil, a situação da extrema-direita brasileira também será de saia justa. É que praticando uma forma curiosa de nacionalismo adesista aos interesses dos EUA- lembremos aqui a ida de vários parlamentares do PL para celebrar a posse de Donald Trump (ainda que tenham ficado em locais de menor importância)-,  a extrema-direita agora terá de assistir ao terror tarifário que atingirá os principais financiadores de suas campanhas políticas. Será interessante ver como os Nikolas e Eduardos da vida vão explicar isso à base ruralista/evangélica que os sustenta. 

Uma das nuances dessa sinuca de bico é o fato de que o preço das commodities continua caindo em combinação com as perdas causadas por eventos climáticos extremos. Assim, sofrer a imposição de taxações salgadas poderá agravar a situação de várias empresas que sustentam o funcionamento do latifúndio agro-exportador que majoritariamente apoia políticos da extrema-direita. 

Assim, fiquemos prontos para ver como vai reagir a extrema-direita, já que não será possível culpar o governo Lula pela perda de competividade nos EUA, com a possibilidade de que ainda se tenha de brigar para manter ou ainda aumentar o acesso ao mercado chinês de commodities. 

Em suma, a extrema-direita tem pela frente um interessante desafio para seu modelo de nacionalismo adesista.

Em 10 anos, Brasil perde força em pesquisa na área quântica, tema chave para soberania nacional

bori quanticoChina e Estados Unidos estão no topo das pesquisas na área quântica, concentrando cerca de metade da produção mundial

bori conteudo

O Brasil corre o risco de ficar para trás em uma das fronteiras da ciência global, as tecnologias quânticas, se não tratar o tema como uma prioridade estratégica nos próximos anos. É o que mostra o levantamento “A produção científica mundial em ciência e tecnologia quânticas e a participação brasileira – 2014-2023, da Agência Bori e da Elsevier, publicado nesta quinta (19).

Os dados revelam uma queda na participação brasileira no cenário mundial na pesquisa em ciência e tecnologia quânticas: o país, que ocupava a 19a posição no mundo em 2014, caiu para o 21o lugar em 2023. Considerando todas as áreas do conhecimento, o Brasil estava em 14o lugar mundial em termos de produção científica em 2023. A produção científica na área quântica está, portanto, abaixo da média nacional.

O levantamento da Bori-Elsevier analisou a produção científica dos 24 países que mais publicaram estudos em ciência e tecnologia quânticas no mundo, entre eles o Brasil, no período de 2014 a 2023. Foram considerados todos os tipos de publicações científicas, incluindo artigos, editoriais, revisões e outros.

Para a análise, foi usada a ferramenta analítica SciVal da Elsevier, que facilita o acesso aos dados da base de dados Scopus, cobrindo mais de 85 milhões de publicações editadas por mais de sete mil editoras científicas no mundo. Este é o sexto relatório da parceria entre a Elsevier e a Bori que se baseia nessa ferramenta.

“A perda de posições no ranking e o posicionamento atual abaixo do nosso ranking geral em pesquisas nos sinaliza que o Brasil deve reforçar a prioridade sobre pesquisas em áreas com poder de permitir ao país não ficar dependente de outros em tecnologias consideradas essenciais para o futuro, como IA e tecnologias quânticas”, diz Dante Cid, vice-presidente de Relações Acadêmicas da América Latina da editora Elsevier.

O relatório vem à tona alguns dias depois de o Google ter anunciado um chip quântico — ainda experimental — que, segundo a empresa, leva cinco minutos para resolver um problema que os supercomputadores atuais levariam septilhões de anos para processar (impossível, portanto).
No topo das pesquisas na área quântica, mostram os dados da Bori-Elsevier, estão China e Estados Unidos. Juntos, os dois países concentram metade da produção de conhecimento nessa área em 2023. China e EUA também lideram a ciência mundial em todas as áreas do conhecimento.

“O aumento da distância que separa o Brasil dos países líderes em pesquisa quântica, nos últimos dez anos, não apenas acende um alerta, mas soa o alarme de que precisamos, como país, ter ações imediatas e coordenadas: é preciso intensificar o investimento em infraestrutura, promover políticas de incentivo ao desenvolvimento tecnológico e estreitar parcerias internacionais. Somente assim o Brasil poderá fortalecer sua soberania científica e se posicionar de forma competitiva frente às inovações disruptivas que moldarão o futuro”, explica Estevão Gamba, cientista de dados da Bori.

“Nesse sentido, a Bori tem um papel de catalisar essa transformação ao promover uma aproximação entre academia, setor privado e governos, estabelecendo espaços de discussão e facilitando a circulação de ideias, a definição de agendas estratégicas e a identificação de oportunidades de cooperação”, diz.

Quântica no Brasil

Ao todo, 121 instituições brasileiras tiveram publicações na área no período de 2014 a 2023, com liderança da USP, da Unicamp e da UFRJ. Além disso, os dados mostram que 115 patentes em tecnologia quântica mundo afora citam 51 publicações de autores brasileiros na área.

“Cinco países possuem mais patentes citando pesquisas brasileiras que o próprio Brasil. Isto indica que podemos aprimorar a aplicação prática das pesquisas aqui realizadas”, destaca Cid, da Elsevier.

Olhar para a ciência quântica é importante. Apesar de as possibilidades de aplicação ainda estarem ainda em fase embrionária, há expectativas de uso na segurança e na soberania dos países, que dependem da inviolabilidade de suas informações criptografadas. Na prática, o modo como processamos e analisamos problemas complexos ou como protegemos informação crítica podem ser completamente transformados quando computadores quânticos estiverem disponíveis.

O tema deve ser central na área acadêmica em 2025, com a proclamação, pela ONU, do Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica (IYQ). No ano que vem completam-se 100 anos do estabelecimento da mecânica quântica como área de conhecimento científico.


Fonte: Agência Bori

Produção científica brasileira cai pelo segundo ano consecutivo

Queda foi de 7,2% em 2023 comparada com 2022, segundo relatório da editora Elsevier e da Agência Bori

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Segundo o documento, os investimentos públicos federais em pesquisa e desenvolvimento no Brasil vêm diminuindo desde 2013 (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

Enrico Di Gregorio | Revista Pesquisa FAPESP 

A produção científica no Brasil caiu 7,2% em 2023 comparada a 2022, ano que havia registrado a primeira queda desde 1996. As informações são do relatório da editora científica Elsevier e da Agência Bori divulgado na terça-feira (30/07). É a primeira vez que a produção científica do Brasil, quantificada em 2023 em 69.656 artigos, cai por dois anos seguidos. Outros 34 países sofreram retração no mesmo setor, um aumento de 12 nações em relação ao ano anterior. Enquanto isso, 17 países tiveram alta na produção científica e apenas a Áustria não variou. A redução em massa impactou na produção científica mundial, que concentrou o maior número de países em decréscimo desde 1997. No total, o relatório avaliou 53 países que publicaram mais de 10 mil artigos científicos entre 2022 e 2023.

O Brasil seguia uma tendência de crescimento constante até 2021, quando registrou uma queda que não ocorria desde 1996. Os primeiros sinais dessa tendência apareceram em 2020, quando o ritmo de crescimento desacelerou. “A primeira hipótese para explicar essa queda é a falta de verbas. Sem dinheiro não se faz pesquisa”, diz o cientometrista Estêvão Gamba, cientista de dados da Agência Bori. “A segunda é a pandemia: houve um boom de publicações naquele período e depois veio uma queda.”

Para Dante Cid, vice-presidente de Relações Acadêmicas da Elsevier para a América Latina, a pandemia também teve outros efeitos. “A queda em um grande número de países a partir de 2022 nos leva a considerar que a pandemia pode ter impactado a continuidade de diversos projetos de pesquisa e, portanto, a publicação de seus resultados”, afirma.

Segundo o documento, os investimentos públicos federais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Brasil vêm diminuindo desde 2013. No caso das instituições estaduais, a redução orçamentária foi registrada desde 2015. Em 2023, a quantidade de dinheiro público destinada para P&D foi 76% do aplicado em 2015. O menor valor foi em 2021, quando só foram investidos 71% do valor de 2015.

O filósofo Renato Janine Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), concorda com o impacto dos cortes. Para ele, o financiamento é o que está por trás da retração. “A ciência precisa de investimento constante, tanto em equipamentos, laboratórios, material de consumo quanto em recursos humanos. Há instituições que carecem de centenas ou até milhares de funcionários”, comenta Janine.

Nesse cenário, o Brasil foi o 14° colocado no ranking mundial de publicações científicas. Entre 2019 e 2023, o país publicou 376.220 artigos. As únicas áreas que registraram crescimento nesse período, contudo, foram as ciências sociais, com aumento de 11,6%, e humanidades, com uma alta de 82% em artigos publicados. De 2022 para 2023, todas as ciências registraram queda na produção. A área com maior diminuição foi ciências médicas, com 10% de retração.

O relatório também avaliou o número de artigos nas instituições de ensino e pesquisa que publicaram mais de mil artigos em 2022. Ao todo, foram 31 universidades e centros de pesquisa analisados, mas somente a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) registrou crescimento de 0,3%.

Das instituições que sofreram queda, as mais afetadas foram as universidades Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais, Estadual de Maringá (UEM), no Paraná, e Federal do Espírito Santo (Ufes). É uma mudança em relação ao ano anterior, quando a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) estavam no fim da lista.

Em São Paulo, as universidades de São Paulo (USP), Estadual de São Paulo (Unesp), Estadual de Campinas (Unicamp) e Federal de São Paulo (Unifesp) figuram todas na lista de queda na produção científica. O cenário chama a atenção pela maior quantidade de verbas destinadas à pesquisa no Estado, por meio da FAPESP.

Para o geneticista Marcio de Castro, diretor científico da Fundação, o impacto da pandemia nas pesquisas é inegável, mas há outros fatores. “Acho que esse decréscimo reflete um cenário maior que afeta principalmente a pós-graduação”, diz ele, que foi pró-reitor de pós-graduação na USP. Castro explica que, nos últimos anos, houve um declínio significativo na relação candidatos-vaga nos programas de mestrado e doutorado em São Paulo. “Precisamos refletir sobre outras causas dessa baixa”, sugere.

Uma das razões é um formato definido por ele como “muito rígido e tradicional” nas pós-graduações, em que os jovens cientistas são formados somente para trabalhar na academia, sem muita abertura para uma formação destinada ao serviço público, empresas, organizações não governamentais e outros meios. “Na USP, dois terços dos jovens que terminam o mestrado não seguem para o doutorado. Vão fazer outras coisas”, explica Castro.

Outros países

No ranking mundial, Taiwan e Etiópia foram os países que tiveram as maiores reduções de produção científica, logo abaixo do Brasil. Em 2022, o país tinha sido o último da lista, enquanto o penúltimo foi a Ucrânia. “São dois anos seguidos no fim da lista”, constata Gamba. “Não podemos olhar para o aumento dos países em decréscimo e achar que é normal o Brasil estar nessa posição”, alerta.

No ano passado, a Ucrânia conseguiu reverter o quadro, apesar de estar em guerra, e ficou em 10° lugar na lista dos que tiveram aumento da produção científica. A lista foi liderada pelos Emirados Árabes Unidos, Iraque e Indonésia, com incremento de 15%. Em 2022, foi encabeçada pela China, seguida por Estados Unidos e Índia – naquele ano, a Índia cresceu 19%, e superou pela primeira vez o Reino Unido na lista anual de acréscimo.

De acordo com Gamba, a subida dos novos líderes também pode ser explicada pela pandemia. Enquanto em algumas nações, como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França e Alemanha, a elevada produção científica no período pré-pandemia teve um boom no período de alta da contaminação e depois uma queda, nos países onde a produção era baixa, a elevação impulsionada pela pandemia se manteve.

Um terceiro fator são os problemas econômicos, como baixo crescimento, alta inflacionária e endividamento externo, que afetam países de todos os continentes. “Não tem como esses problemas deixarem de impactar”, diz Gamba. Apesar do cenário de recessão, as perspectivas são positivas. “Calculamos que, com o distanciamento da pandemia e a redução nos cortes, a situação deva melhorar daqui a dois ou três anos no Brasil.” Isso não significa que não haverá desafios. “Vimos mudanças no orçamento para melhor, mas a carência ainda é muito grande”, finaliza Janine.

No relatório deste ano, “2023: ano de queda na produção científica de 35 países, inclusive o Brasil”, foi utilizada a ferramenta analítica Scival, da Elsevier, para coletar dados da base Scopus, que guarda informações de mais de 85 milhões de publicações editadas por mais de 7 mil editoras científicas no mundo.


Fonte: Agência Fapesp
 

Brasil em chamas: aumento de focos de queimadas no primeiro semestre de 2024

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Por Guilherme Borges para o “Climatempo”Os dados recentes sobre focos de queimadas no Brasil mostram um aumento alarmante nos primeiros 7 meses de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. Segundo dados do programa de monitoramento de queimadas no Brasil BDqueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais o Mato Grosso do Sul lidera o ranking com um crescimento impressionante, passando de 1.138 focos em 2023 para 5.354 em 2024, o que representa uma diferença absoluta de 4.216 focos e um aumento percentual de 370,47%. Mato Grosso também apresentou um aumento significativo, com os focos subindo de 7.541 em 2023 para 11.242 em 2024, resultando em um aumento absoluto de 3.701 focos e uma diferença percentual de 49,08%.

Figura 1

Figura 1 -Estados com maior aumento absoluto nos focos de queimadas. Comparação realizada para os primeiros 7 meses de cada Ano.Mato Grosso do Sul e Mato Grosso são os estados com os aumentos mais significativos. Fonte: BDqueimadas 

Faixa Norte apresenta crescimento

Roraima teve um aumento preocupante, com os focos passando de 1.273 para 4.630, uma diferença absoluta de 3.357 focos e um aumento percentual de 263,71%. O Amazonas seguiu a mesma tendência, com os focos subindo de 2.337 para 4.738, um aumento absoluto de 2.401 focos e percentual de 102,74%. Tocantins também apresentou um aumento significativo, de 3.918 focos em 2023 para 5.481 em 2024, uma diferença absoluta de 1.563 focos e um aumento percentual de 39,89%.

Estados do Centro-oeste e Norte na liderança

Entre os maiores aumentos percentuais, Mato Grosso do Sul e Roraima estão no topo, seguidos por Rondônia com um aumento percentual de 175,95% e Acre com 161,92%, enquanto São Paulo teve um crescimento percentual de 135,61%. Roraima Amazonas  e Mato Grosso do Sul já registram o maior números de focos de queimadas em 26 anos desde 1998.

Figura 2 -

Figura 2 -Este gráfico apresenta os 10 estados com o maior aumento percentual nos focos de queimadas. Mato Grosso do Sul, Roraima e Rondônia destacam-se com os maiores aumentos percentuais. Fonte: BDqueimadas

Análise regional

A análise regional revela que a Região Norte, com estados como Amazonas, Roraima e Pará, apresentou aumentos acentuados, indicando uma possível intensificação das queimadas nessa área. Na Região Centro-Oeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul continuam a mostrar números alarmantes, especialmente Mato Grosso do Sul, com um aumento impressionante. Na Região Sudeste, Minas Gerais e São Paulo também apresentaram aumentos significativos.

Parte do Sudeste com focos em alta

São Paulo teve um aumento absoluto de 1.032 focos, subindo de 761 em 2023 para 1.793 em 2024, o que representa um crescimento percentual de 135,61%. Minas Gerais, por sua vez, registrou um aumento absoluto de 927 focos, passando de 1.744 em 2023 para 2.671 em 2024, resultando em um aumento percentual de 53,15%. Esses dados refletem uma escalada preocupante dos focos de queimadas em ambos os estados, com São Paulo destacando-se pelo crescimento percentual mais acentuado.

Figura 3

Figura 3 – Este gráfico compara os focos de queimadas entre os anos de 2023 e 2024 para os estados de São Paulo e Minas Gerais. Ambos os estados tiveram aumentos significativos, com São Paulo registrando um aumento absoluto de 1032 focos e Minas Gerais um aumento absoluto de 927 focos. Fonte: BDqueimadas

Fatores para explosão dos casos

Os primeiros sete meses de 2024 foram notavelmente mais quentes do que 2023. A atuação de massas de ar quente na região central do Brasil foram as principais causadoras da irregularidade das chuvas e do aumento das temperaturas, o que contribuiu para o aumento no número de focos de queimadas. Desde o começo do ano, ocorreram cinco períodos de temperatura extrema no Brasil: três ondas de calor e dois veranicos. Destaca-se a onda de calor que durou de 22 de abril até 10 de maio, uma das mais longas registradas nos últimos anos, com cerca de 18 dias de temperaturas acima da normalidade, variando entre 3ºC e 7ºC acima da média. É importante considerar que a atuação do fenômeno El Niño desde o segundo semestre de 2023 até junho, somada com o aquecimento do Atlântico, favoreceu a intensificação dessas massas de ar quente e a irregularidade das chuvas. Em contraste, os primeiros sete meses de 2023 foram caracterizados por uma transição, sem efeitos climáticos mais notáveis no Brasil.


Fonte: ClimaTempo