O paradoxo brasileiro: esquerda é quem quer eleições diretas

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Sob todos os ângulos que se possa olhar a atual crise política e econômica que coloca o Brasil à beira do caos, uma solução seria substituir um presidente “de facto” sobre o qual pesam grossas acusações de corrupção.  Mas paradoxalmente, a esquerda é quem assumiu a bandeira de eleições diretas para presidente. Enquanto isso, as forças de centro (seja isso lá o que for) e de direita tratam de buscar formas de manter Michel Temer ou algum outro presidente biônico para continuaro  processo de contra-reformas anti-populares que estão aplicando à revelia da vontade da maioria do povo brasileiro.

Esse aparente paradoxo serve para revelar o atraso democrático que caracteriza não apenas o Estado brasileiro, mas principalmente as elite econômicas que o controlam com mão de ferro. Um anônimo usuário da internet notou corretamente que os mesmos empresários que querem tirar direitos sociais, impedir que os trabalhadores possam sequer almoçar dignamente e, muito menos, se aposentar são os mesmos que jogam bilhões de reais nas mãos de políticos e partidos com o objetivo de corrompê-los e obter regalias.

Agora, há que se ressaltar o papel trágico que está sendo cumprido pela mídia corporativa cujo afã de proteger o presidente “de facto” Michel Temer só não é maior que sua disposição de esconder as demandas populares em prol de eleições presidenciais.  Isso ficou claro ontem quando uma grande multidão se reuniu na cidade do Rio de Janeiro para demandar eleições presidenciais. É que a grosso modo, essa manifestação só não ficou invisível porque as transmissões online trataram de mostrar seu tamanho e energia produzida. É como se ao esconder o fato, a mídia corporativa conseguirá deter o avanço da plataforma que a mesma expressa. Isso já aconteceu durante a campanha para as diretas na década de 1980, e é lamentável notar que três décadas depois, os barões da mídia não aprenderam a lição.

Por isso, essa paradoxal situação de termos, novamente, a esquerda propondo que se cumpra uma condição básica de qualquer democracia que se pretenda moderna, qual seja, a presença de um presidente eleito pelo voto da maioria dos eleitores de uma dada Nação.  

Finalmente, curioso notar que numa manifestação que supostamente reuniu mais de 100 mil pessoas, Copacabana não foi palco de nenhum ato de vandalismo ou violência. Bastou o Batalhão de Choque da PMERJ não estar lá para que tudo transcorresse de forma pacífica do início ao fim.  Por que será?