
Um grupo de quase 200 organizações da sociedade civil brasileira – entre elas, o ClimaInfo – divulgou ontem (6/4) uma carta ao presidente dos EUA, Joe Biden, alertando sobre a falta de transparência nas conversas com o Brasil em torno de questões ambientais. Segundo a carta, qualquer negociação com o Brasil deve envolver a sociedade, os governos subnacionais, a Academia e o setor privado. O documento também ressalta o risco de se estabelecer um acordo ambiental antes do governo Bolsonaro reduzir o desmatamento na Amazônia e reverter os inúmeros retrocessos ambientais realizados nos últimos anos. “Negociações e acordos que não respeitem tais pré-requisitos representam um endosso à tragédia humanitária e ao retrocesso ambiental e civilizatório imposto por Bolsonaro”, argumentaram as ONGs na carta. “Não é razoável esperar que as soluções para a Amazônia e seus povos venham de negociações feitas a portas fechadas com seu pior inimigo.” A iniciativa foi repercutida por G1, Globo Rural, UOL e Valor, entre outros.
Nas últimas semanas, as conversas entre Brasil e EUA se intensificaram, com o objetivo de anunciar um acordo bilateral na cúpula climática marcada para os próximos dias 22 e 23, encabeçada pelo governo Biden. Especula-se que esse acordo poderá prever a transferência de recursos financeiros para o governo brasileiro; durante a campanha presidencial no ano passado, Biden chegou a falar em montantes da ordem de US$ 20 bilhões para ajudar o Brasil a proteger a Amazônia e combater o desmatamento.
No entanto, Daniela Chiaretti informou no Valor que as conversas estão em um impasse por causa da falta de confiança entre os dois governos. Segundo a reportagem, a Casa Branca quer um acordo claro, com metas tangíveis, um compromisso para zerar o desmatamento ilegal até 2030 e ações concretas de fiscalização e penalização àqueles que cometem ilegalidades, além da participação de outros atores importantes nessa agenda, como os Povos Indígenas, as Comunidades Tradicionais e a sociedade civil. Já o Palácio do Planalto, sob a justificativa surrada da “soberania nacional” sobre a Floresta Amazônica, deseja um acordo que lhe reserve mais autonomia para decidir como os recursos serão aplicados e não quer condicionar a liberação do dinheiro a metas específicas. O Correio Braziliense apurou que Ricardo Salles está preparando mais uma viagem aos EUA nas próximas semanas para reforçar as negociações com a Casa Branca e mostrar serviço, em meio às especulações sobre uma possível demissão do ministério do meio ambiente na esteira da reforma ministerial da semana passada.
ClimaInfo, 7 de abril de 2021.

Este texto foi inicialmente publicado pelo ClimaInfo [Aqui!].














Fato: O mundo esquentou cerca de
Fato: Um documento norte-americano intitulado
Fato: A citação a que o ministro se refere é do dicionário Houaiss, não de Marx. O juiz rebate na peça a alegação de Salles de que a oposição à sua tentativa de mudar o plano de manejo da APA da Várzea do Tietê foi movida por “ideologia”. Para isso, vai buscar no dicionário a “definição marxista de ideologia”.
Fato: Os sistemas de monitoramento dos biomas brasileiros são referência mundial em vigilância de florestas e desde 2004 embasam a fiscalização do Ibama. O desmatamento foi reduzido com sucesso no Brasil entre 2005 e 2012 graças ao uso dessas informações pela fiscalização.
Fato: O Ibama não pune infratores por “ideologia”, mas porque esta é a razão de sua existência. O número de multas anuladas por erro nesta década nunca ultrapassou 4% do total aplicado, segundo os relatórios de gestão do próprio órgão, disponíveis no site do
Fato: O Acordo de Paris foi assinado por 196 países voluntariamente. E isso só aconteceu porque o acordo não viola a soberania de país nenhum. As metas de corte de emissão foram determinadas domesticamente por cada país – daí seu nome ser “contribuições nacionalmente determinadas”.
Fato: Desde 2013, o Ibama lavrou R$ 19,1 bilhões em multas e arrecadou R$ 821,3 milhões, segundo dados públicos do próprio órgão.
Fato: A dicotomia é falsa. Mais de