Cansado do ostracismo, Ricardo Salles toma passa fora da CNN por espalhar fake news sobre a crise na Ucrânia

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As redes de apoio ao presidente Jair Bolsonaro foram levadas a um êxtase momentâneo pelo ex (anti) ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que resolveu espalhar uma notícia falsa (i.e., fake news) dando conta que o aparente recuo da Rússia em relação a uma suposta possibilidade de invasão da Ucrânia teria sido dado a partir de uma intervenção do presidente Jair Bolsonaro ao país.  Para tanto, Salles se baseou em montagem envolvendo a rede CNN que foi então forçada a desmentir a fake news espalhada pelo ex- (anti) ministro do Meio Ambiente (ver imagem abaixo).

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Ter Ricardo Salles como ponto de origem de fake news não deveria surpreender ninguém. O que na verdade surpreendeu foi a rápida intervenção da CNN Brasil para desmentir Salles. A razão para tal resposta rápida é que o recuo russo (se houve um) foi anunciado antes do avião de Jair Bolsonaro pousar em solo russo.

Informações dadas por diferentes veículos da mídia corporativa informaram que a comitiva brasileira liderada por Jair Bolsonaro terá de cumprir um isolamento estrito até que haja o encontro com Vladimir Putin.  Aliás, as boas práticas do presidente brasileiro já começaram na hora do pouso, pois, ao contrário do que faz em suas ações no Brasil, Bolsonaro portava uma máscara facial (ver imagem abaixo).

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Quanto a Ricardo Salles, a estas alturas do campeonato, ele já retornou para a obscuridade em que se encontrava desde que foi apeado do cargo da qual sua passagem pouca saudade deixou.

Regina Duarte: de namoradinha do Brasil a aduladora da tortura

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Eu sou daqueles que viu a atriz Regina Duarte apareceu nas telas de TV lá pelos idos de 1970 ficou conhecida como a “namoradinha do Brasil”.  Com o passar dos tempos, entretanto, Regina Duarte foi lentamente se afastando de seus personagens fictícios para abraçar causas que foram cada vezes mais tornando-a uma figura querida nos círculos da extrema-direita brasileira. É pouco sabido, mas Regina Duarte é uma das porta-vozes do movimento que defende negar aos povos indígenas brasileiros o direito a ocupar os seus territórios ancestrais.

Por isso, quando Regina Duarte foi escalada para ocupar a Secretaria de Cultura do governo Bolsonaro, vi ali apenas a consumação de uma trajetória de uma artista que decidiu abandonar a imagem fabricada a partir dos personagens de telenovelas para abraçar os elementos mais concretos e extremados em relação à negação de direitos básicos da maioria pobre da população brasileira.

É neste contexto que não vi com um mínimo de surpresa as declarações de Regina Duarte em sua fracassada entrevista à CNN Brasil (ver abaixo os “piores momentos” da participação que ela optou por encurtar).

Eu, por exemplo, não me surpreendi com a negação em relação à natureza hedionda das ações de tortura e assassinatos promovidos pelo regime militar de 1964. Essa postura está perfeitamente em acordo com que Regina Duarte vem defendendo desde as eleições de 2002 quando ela mostrou “medo” de uma eventual vitória do hoje ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Mais interessante ainda foi vê-la se indignar com as cobranças feita pela atriz Maitê Proença (que está longe de ser uma pessoa de esquerda) para que ela passe a ouvir mais a sua própria classe que hoje se encontra sob fortes restrições econômicas devido à ausência de políticas que promovem a cultura no Brasil. 

A verdade é que Regina Duarte acaba se submetendo a um imenso constrangimento de ter que ouvir uma réplica da âncora da CNN Brasil que retrucou a afirmação dela que não queria desenterrar mortos (provavelmente ela falava de Aldir Blanc e Flávio Migliaccio, entre outros). Ainda no ar, Regina Duarte foi lembrada que o Brasil não está desenterrando, mas sim enterrando milhares de mortos.

O pior para Regina Duarte é que nessa “performance” deverá mantê-la no cargo por muito tempo.  E de Regina Duarte ficará a imagem não de “noivinha do Brasil”, mas de uma aduladora de torturadores.