El País: falência do Grupo OGX lança sombra na economia do Brasi

Jornal do Brasil

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A ascensão e queda do Império X, do ex-bilionário Eike Batista, é destaque do jornal espanhol El País, nesta segunda-feira (4/11). A reportagem intitulada “Falência do milionário da OGX lança sombras na economia brasileira”, coloca Eike no ranking dos homens mais ricos do mundo e afirma que o seu sonho era chegar ao topo da lista. O El País destaca que o empresário brasileiro estava presente em diversos setores sociais, como petróleo, construção naval, minerais, incluindo ouro e diamantes, mas “seu castelo desmoronou.

A falência do grupo OGX, a maior empresa da América Latina, chegou “cruelmente” neste fim de semana, informa o jornal espanhol. A despedida de Eike teve início há alguns meses, quando ele deu sinais da sua “despedida” das redes sociais, assim como a sua saída da Bolsa de Valores de São Paulo, onde as ações de seus negócios despencou.

O El País classifica a trajetória de Eike como “a maior catástrofe financeira do Brasil e sua derrota pegou a todos os cidadãos de surpresa. O presidente mais popular do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, lamentou o declínio do empresário que era o cartão postal do país, que queria conquistar o mundo com a sua criatividade empreendedora e otimismo quanto a nação. “Ninguém queria ficar de fora. A seus pés caiu a Petrobras”, cita o El Paìs. Após o episódio do campo de petróleo de Tubarão Azul, que não tinha um terço do petróleo anunciado por Eike, o jornal espanhol lança um questionamento quanto o pré-sal brasileiro, que pode levar o Brasil à colocação de um dos países mais ricos do mundo.

“E para ficar claro que os grandes bancos eram públicos, apoiados por políticos de peso, que abriram as portas para o milionário brasileiro e dando o dinheiro que era dos cidadãos. Isso pode criar um problema agora quando se trata de financiar outras empresas”, destaca o El Pais. O veículo cita que, no Rio de Janeiro, ficaram órfãos uma série de projetos em andamento que deveriam ser financiados pelo magnata Batista, a partir da reestruturação de áreas inteiras da cidade, tendo em vista os Jogos Olímpicos 2016, projetos sociais de grande escala nas favelas ‘pacificadas'”, diz o texto. Segundo o jornal, tudo foi desfeito como uma “bolha de sabão”, inclusive o monumental estaleiro situado em São João da Barra, no Norte Fluminense.

“Hoje, os brasileiros se perguntam se Batista deve ser o modelo para esta galáxia de jovens empreendedores, que se tornam mais numerosos e ansiosos para ter sucesso.(…) O Brasil deve agora olhar para o outro lado, para outros modelos de negócios, talvez mais longe dos rankings planetários e revistas de fofocas, mas com menos risco de falhas desanimadoras”, diz o texto do El País.

FONTE:http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2013/11/04/el-pais-falencia-do-grupo-ogx-lanca-sombra-na-economia-do-brasil/

Eike Batista, o bilionário-celebridade

DE SÃO PAULO

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A quebra da OGX de Eike Batista era pedra cantada e foi a maior concordata da história do país. Em 2010 suas ações valeram R$ 23,27. Para desencanto de 52 mil acionistas e algumas dezenas de diretores da grande banca pública e privada, saíram da Bolsa a R$ 0,13. Todo mundo ganhará se disso resultar algum ceticismo em relação à exuberância irracional da cultura das celebridades poderosas. Nela juntam-se sábios da banca que se supõem senhores do universo e autoridades que se supõem oniscientes.

Admita-se que um vizinho propõe sociedade num empreendimento. Ele é um homem trabalhador, preparado, poliglota, esportista e bem sucedido. Apesar disso, expôs sua vida pessoal mostrando que tem um automóvel de luxo na sala de estar, comunica-se em alemão com o cachorro. (O bicho chegou ao Brasil num Boeing privado, com dois treinadores.) Sua mulher desfilava numa escola de samba com uma gargantilha onde escreveu o nome dele e deixou-se fotografar de baixo para cima usando lingerie transparente. Nomeou para a diretoria de uma de suas empresas um filho que declarou só ter lido um livro em toda a vida. Revelou que estava ligado em astrologia, confiando no seu signo (escorpião) e disse coisas assim: “Tenho alguma coisa com a natureza. Onde eu furo eu acho”. Quando suas contas começaram a ter problemas, defendeu-se: “Meus ativos são à prova de idiotas”. Tem jogo?

Eike tornou-se uma celebridade, listada por oráculos da imprensa financeira como o homem mais rico do Brasil, oitavo do mundo, e anunciou que disputaria o primeiro lugar. Até junho, quando as ações da OGX estavam a R$ 1,21, sentavam-se no seu conselho de administração figuras respeitáveis como o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan e a ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie. Lula visitava seus empreendimentos. A doutora Dilma Rousseff dissera que “Eike é o nosso padrão, a nossa expectativa e sobretudo o orgulho do Brasil quando se trata de um empresário do setor privado”. Quem entrou nessa, micou, inclusive a doutora.

Em seus delírios, Eike Batista criou uma fantasia que pouco tem a ver com a real economia brasileira, ou com as bases dos setores de petróleo, mineração e infraestrutura. Parte do mico ficou para os gênios da banca internacional. Cada um acreditou no que quis e deu no que deu. Falta de exemplos, não foi. Para falar só de grandes empresários que já morreram, a austeridade foi a marca de empreendedores como Augusto Trajano de Azevedo Antunes, que criou a mineradora Icomi, Leon Feffer, criador da Suzano Papel, e Amador Aguiar, pai do Bradesco. Não foram celebridades. Descontando-se o fato de que “seu” Amador não usava meias, não tinham folclore.

EIKE E AS CONTAS

Se o processo de recuperação judicial da OGX levar peritos a examinar saques feitos nos últimos meses no caixa de empresas do grupo, a coisa ficará feia.

EIKE E OS POÇOS

Entre as lições deixadas por Eike Batista há uma que vai em benefício dele e de todos os empresários perseguidos por maledicências. Quando Eike criou a OGX e levou para sua equipe ex-diretores da Petrobras, a sabedoria convencional estabeleceu que capturara os segredos das pesquisas geológicas da empresa. Essa suspeita foi vocalizada até mesmo pela cúpula da Petrobras. Era lorota. Se eles soubessem onde estava o petróleo, a OGX não teria quebrado.

EIKE E OS BÔNUS

Numa das explicações que Eike Batista deu para suas dificuldades estava a queixa de que diretores de suas empresas inflavam expectativas e resultados para engordar os bônus de fim de ano. A lição vale para todos os empresários. Basta ligar um desconfiômetro. Qual dos diretores seria capaz de sustentar projetos e iniciativas que garantem seu bônus em dezembro e quebram a empresa daqui a alguns anos, quando ele estará na praia? Das diretorias de Eike Batista pelo menos dez executivos saíram com mais de R$ 100 milhões no bolso. Alguns, com R$ 200 milhões. Nenhum micou.

EIKE EM HOLLYWOOD

Um produtor de cinema americano veio ao Brasil para oferecer a Eike o conglomerado da “Playboy” ameri-cana. Durante o jantar, o empresário ofereceu-lhe um negócio melhor: um filme sobre a sua vida. Punha duas condições, o Eike jovem deveria ser Leonardo Di Caprio. O maduro, George Clooney.

EIKE E O PODER

Recordar é viver. Em junho do ano passado, quando Eike Batista emprestou seu jatinho a um poderoso amigo para um feriadão na Bahia, respondeu às críticas dizendo o seguinte: “Tive satisfação em ter colocado meu avião à disposição do governador Sérgio Cabral. (…) Sou livre para selecionar minhas amizades, contribuir para campanhas políticas [e] trazer a Olimpíada para o Rio.” Tudo verdade, menos o piro da Olímpiada.

EIKE E FRICK

Faz tempo, um homem de negócios chamado Henry Frick habilitou-se para um empréstimo no banco Mellon. O dinheiro saiu, mas os arquivos do banco mostram que havia uma recomendação de cautela em relação a ele, porque comprava muitas obras de arte. Frick comprou três dos 34 Vermeers conhecidos. Mais três Rembrandts, dois Goyas e até um Cimabue, do século 13. Sua casa, projetada para ser museu, tem uma das melhores coleções do mundo. Até janeiro, quem quiser poderá ir lá para ver a “Menina com o Brinco de Pérola”, emprestado pela Holanda. O banco Mellon não arriscava, nem Frick.

EIKE E O ELEVADOR

Despencou mais um empresário que tem elevador privativo em sua empresa, ou bloqueia-o quando está chegando ao prédio. Juntou-se a um grupo onde estiveram Richard Fuld, que destruiu a Lehman Brothers, Angelo Calmon de Sá (Banco Econômico), Theodoro Quartim Barbosa (Comind) e Edemar Cid Ferreira (Banco Santos).

EREMILDO, O IDIOTA

Eremildo magoou-se ao saber que Eike Batista disse que seus negócios eram à prova de idiotas. Ele continua botando fé no doutor.

EIKE, EDUARDO PAES E A MARINA DA GLÓRIA

Em 2009 Eike Batista comprou a concessão da Marina da Glória, uma área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Seu plano era transformá-la num anexo náutico do Hotel Glória, construindo um centro de convenções que jamais esteve no projeto original.

Esse patrimônio da Viúva estava nas mãos da Prefeitura do Rio de Janeiro. Até maio passado o prefeito Eduardo Paes explicitou em diversas ocasiões seu apoio ao projeto. Sua assessoria dizia que ele fora aprovado pelo Iphan, mas era patranha. Logo depois a Justiça suspendeu a concessão.

Eike pôs à venda o hotel e passou adiante a marina. No dia 29 de junho, Paes criou uma comissão para definir o futuro da área: “Queremos deixar as regras claras, criar parâmetros. Vai poder ter lojas e centro de convenções? Não vai poder?”

Caso de curiosidade tardia para quem assumiu a prefeitura em 2009.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2013/11/1366067-eike-batista-o-bilionario-celebridade.shtml

GLOBO lista todos os projeto sob risco pelo colapso financeiro de Eike Batista

Crise coloca em risco investimentos de Eike para a cidade (do Rio de Janeiro)

Projetos do empresário, que somam R$ 700 milhões, devem ser abandonados 

CÉLIA COSTA 

O Hotel Glória, uma das vitirnes de Eike, está com as obras paradas -Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo

O Hotel Glória, uma das vitirnes de Eike, está com as obras paradas – Fábio Rossi / Agência O Globo

RIO – Parceiro cobiçado pela iniciativa privada e também pelo poder público, o empresário Eike Batista fez com que seus sócios fossem da euforia à decepção em pouco mais de um ano e meio. Com o ocaso do ex-bilionário, agravado com o pedido de recuperação judicial da OGX, projetos na cidade orçados em cerca de R$ 700 milhões estão cercados de dúvidas. O empresário, que sempre declarou seu amor incondicional ao Rio, assinou convênios para importantes empreendimentos, inclusive de apoio à área da segurança, e, com a crise, se desfez deles.

Entre os projetos abandonados estão a revitalização da Marina da Glória e o novo Hotel Glória, além da ajuda financeira às UPPs. O programa de despoluição da Lagoa — parceria entre Cedae, Secretaria municipal de Meio Ambiente e EBX, que reúne todas as empresas de Eike — também foi deixado de lado. A Cedae informou que a sua parte, que incluía a utilização de um robô-espião para monitorar a rede pluvial e a construção do centro de controle operacional de elevatórias no Leblon, foi concluída. Já o convênio com a Secretaria de Meio Ambiente foi rescindido. O órgão não quis comentar o assunto e disse que apenas a EBX poderia se pronunciar sobre o caso. A empresa, por sua vez, informou que, por enquanto, não falaria sobre os projetos abandonados.

O programa das UPPs, um dos mais importantes na área da segurança do Rio, também sofreu um impacto com o ocaso de Eike. Convênios, assinados em 2010, garantiam investimentos de R$ 20 milhões por ano para as ações da Coordenadoria de Polícia Pacificadora. Em agosto deste ano, no entanto, a OGX rescindiu o convênio com a Secretaria de Segurança. Um dos efeitos imediatos foi a paralisação das obras de construção da base da UPP do Batan, em Realengo. O prédio, que ainda está no esqueleto, já começa a enfrentar problemas de deterioração.

Segundo a Secretaria de Segurança, o convênio com a OGX previa investimentos em infraestrutura e logística (sedes, bases comunitárias e equipamentos, entre outros) das UPPs. Ainda de acordo com o órgão, a obra da UPP no Batan será retomada, mas o prazo não foi informado. A secretaria e a RioUrbe estão fazendo um levantamento dos serviços que serão realizados. Em 2014, a ideia é acrescentar os projetos ao planejamento orçamentário do estado.

Considerada um dos programas mais ambiciosos de Eike, a revitalização da Marina da Glória causou polêmica desde o início. Orçado em R$ 200 milhões, o projeto previa integrar ainda mais o local ao Parque do Flamengo, além da construção de lojas e de um centro de eventos. Em junho deste ano, no entanto, o juiz federal Wagner de Almeida Pinto obrigou a empresa a desfazer o alargamento do píer e a remover a cisterna e as estacas fincadas no espelho d’água, liberando o acesso público ao mar. Na decisão, o juiz entendeu que as obras restringem o uso do espaço. De lá para cá, nada foi feito.

Iate Pink Fleet vai virar sucata

Um dos barcos que ficavam ancorados na Marina era o Pink Fleet, que custou US$ 19 milhões (R$ 42,6 milhões) e era um dos símbolos do auge do empresário, que chegou a ser citado como o sétimo homem mais rico do mundo. Para se livrar dos custos de manutenção, estimados em R$ 300 mil mensais, além de outra dívidas, Eike chegou a oferecer o iate à Marinha, que não se interessou. Sem conseguir passar adiante a luxuosa embarcação, o empresário o enviou para o Estaleiro Cassinu, em São Gonçalo, para virar sucata.

O novo Hotel Glória é outro ousado projeto do ex-bilionário. Propriedade da REX, braço imobiliário da EBX, ele agora está sendo negociado com a companhia suíça Acron. Deveria entrar em operação na Copa de 2014. No entanto, a conclusão das obras está prevista apenas para o quarto trimestre de 2015.

Outro projeto que todos temem que seja abandonado é a transformação em hotel do Edifício Hilton Santos, um prédio de 24 andares e 148 apartamentos junto ao Morro da Viúva, no Flamengo. O imóvel, que era propriedade do Clube de Regatas do Flamengo, foi arrendado pela empresa REX em janeiro de 2012. A proposta era fazer, ao custo de R$ 90 milhões, um hotel que estaria em funcionamento até as Olimpíadas de 2016. Hoje, o edifício está vazio. Nas áreas externas, o mato cresce. E nada está definido.

O vice-presidente de Patrimônio do Flamengo, Alexandre Wrobel, disse que está marcada uma reunião com a REX na próxima quarta-feira, para discutir os rumos do projeto. Segundo ele, o clube já recebeu o valor integral pela venda. Na negociação, feita ainda na gestão de Patricia Amorim, ficou acertado ainda que o Flamengo teria abatida uma dívida de aproximadamente R$ 16 milhões em impostos e o direito de utilizar 20 quartos do hotel.

Obras do Porto do Açu em dúvida

Localizada no Norte Fluminense, a cidade de São João da Barra, que tem 35 mil habitantes, vive momentos de incerteza. O secretário de Fazenda do município, Ranulfo Vidigal Ribeiro, recorda os momentos de euforia com o projeto do Superporto do Açu, anunciado em 2006 pela EBX. A decepção, segundo ele, começou em 2010, quando empresas como a siderúrgica chinesa Wisco e outras desistiram do empreendimento. A crise, no entanto, só se tornou realidade em 2011.

— A cidade se preparou para isso e fez investimentos. O porto gerou dez mil empregos. Também gerou renda em vários setores, como a construção civil e o comércio. No entanto, do segundo semestre do ano passado até agora, já perdemos aproximadamente três mil empregos, sendo 1.500 formais — explicou o secretário de Fazenda.

Em 2011, quando o trabalho no porto ainda era intenso, o município chegou a ocupar a 18ª posição no ranking de emprego e renda da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Hoje, está no 34º lugar.

O orçamento do município também foi prejudicado. Segundo Ranulfo Vidigal Ribeiro, a previsão para 2014 era de R$ 411 milhões, mas agora não deve chegar a R$ 360 milhões. De acordo com ele, o momento é de expectativa com o grupo americano EIG Global Energy Partners, que adquiriu o Porto do Açu e prevê que o empreendimento fique pronto em 2015.

— Esperamos que, a partir do primeiro trimestre de 2014, haja um reaquecimento e tenhamos de volta os empregos perdidos. A nova empresa já designou até um gerente — disse o secretário de São João da Barra.

Outras iniciativas do ex-bilionário

Lagoa Rodrigo de Freitas. A parceria do grupo EBX com a Cedae e a Secretaria municipal de Meio Ambiente para despoluir a Lagoa foi abandonada no fim do ano passado. A empresa de Eike investiu R$ 23 milhões dos R$ 30 milhões previstos.

Pink Fleet. A empresa de Eike investiu R$ 35 milhões na reforma do iate, que chegou a fazer passeios e festas pela Baía em 2008. A embarcação está num estaleiro em São Gonçalo para virar sucata.

Terra Encantada. No ano passado, uma das empresas X anunciou que havia comprado o terreno de 700 mil metros quadrados na Barra, onde o parque havia funcionado. O projeto era erguer um bairro planejado. A compra sequer foi concretizada.

Maracanã. O empresário continua com sua pequena fatia de 5% no consórcio.

RJX. O time de vôlei foi criado em 2011 com patrocínio integral do empresário, que agora tem apenas uma parcela.

Hospital Pro Criança. O empresário doou R$ 30 milhões, em 2011, para a conclusão da unidade.

Porto Vida. A REX tem uma participação no projeto do condomínio residencial na Região Portuária, com 1.333 unidades. A prefeitura informou que a obra está no prazo.

NDX Day Hospital. O projeto da unidade de saúde na Barra, que em 2006 estava orçado em R$ 55 milhões, não foi adiante. Hoje, no prédio, funcionam alguns consultórios médicos.

Beaux. A clínica de estética, de Flávia Sampaio, mulher de Eike, fechou no ano passado. O investimento, de R$ 20 milhões, com aparelhagem de ponta, dava prejuízo mensal de R$ 300 mil

FONTE: http://oglobo.globo.com/rio/crise-coloca-em-risco-investimentos-de-eike-para-cidade-10666595#ixzz2jV7rIiIr 

Exame: Cidade de super empreendimento de Eike enfrenta dias ruins

A cidade de São João da Barra, escolhida para receber o Superporto de Açu, perdeu mais de mil postos de trabalho em 2013 após anos de números positivos
 
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Beatriz Souza, de 

Reprodução/LLX 

Superporto de Açú

 O anúncio da construção do Superporto de Açú estimulou a criação de quase 4 mil empregos entre 2006 e 2012 em São João da Barra (RJ); neste ano a história se inverteu

 

São Paulo – A cidade de São João da Barra, no Rio de Janeiro, foi a escolhida para receber o maior empreendimento de Eike Batista, o Superporto do Açu. O investimento na ordem de 3,8 bilhões de reais prometia trazer um boom de desenvolvimento para a cidade de apenas 33 mil habitantes. Hoje, no entanto, ela parece refletir a crise do grupo EBX

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre janeiro e setembro deste ano, São João da Barra perdeu 1.117 postos de trabalho formais.

É a primeira vez desde o anúncio do empreendimento que a cidade sofre com fechamento de vagas, que só vinham aumentando ano a ano. Entre 2006 e 2012, 3.900 empregos com carteira assinadas foram criadas.

A queda no número de empregos impactou diretamente o setor de serviços da cidade. Segundo reportagem do G1, no primeiro semestre de 2013, a prefeitura de São João da Barra perdeu R$ 36 milhões em arrecadação de impostos.

O secretário municipal de Fazenda, Ranulfo Vidigal, acredita que a situação é temporária. Ao mesmo portal, disse que o município perdeu mil empregos num universo em que 10 mil foram criados.

“Muitas pessoas voltaram para suas bases. O que o município perdeu foi a demanda de serviços destas pessoas. Na minha previsão, esta perda é temporária. Um contrato entre a OSX e a Mendes Júnior voltará a trazer empregos a partir de março”, disse o secretário ao G1.

Colapso de Eike

No começo do mês, a petroleira OGX comunicou ao mercado que não vai pagar a seus credores cerca de US$ 45 milhões das parcelas referentes a juros de dívidas emitidas pela empresa no exterior que venciam dia 1º de outubro. Nesta quarta-feira, a empresa acabou entrando com o pedido de recuperação judicial e agora precisa apresentar um plano de reestruturação para pagar tudo o que deve.

A turbulência nos negócios de Eike começou há mais de um ano, quando a OGX passou a apresentar resultados de produção muito abaixo das expectativas do mercado e das próprias projeções da empresa.

FONTE: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/cidade-de-super-empreendimento-de-eike-enfrenta-dias-ruins

O GLOBO: OSX, estaleiro de Eike, pode pedir recuperação judicial nesta sexta-feira

A empresa tinha um total de R$ 5,3 bilhões  em dívidas em 30 de junho, último dado disponível . Informação foi publicada no blog de Ancelmo Gois nesta quinta-feira

DANIELLE NOGUEIRA , LUCIANNE CARNEIRO,  NICE DE PAULA e BRUNO ROSA 

O navio-plataforma OSX-1, na Bacia de Campos Foto: Divulgação

O navio-plataforma OSX-1, na Bacia de Campos Divulgação

RIO – Dois dias depois de a petroleira OGX entrar com pedido de recuperação judicial, outra empresa do grupo de Eike Batista, a OSX (construção naval), deve seguir o mesmo caminho. Segundo fontes, a companhia – com dívidas de R$ 5,3 bilhões em junho – pode protocolar hoje pedido no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, criando uma situação inusitada no mundo jurídico: duas empresas do mesmo grupo disputam uma dívida que pode chegar a R$ 2,4 bilhões e cuja resolução será crucial para o sucesso dos planos de recuperação que serão apresentados a seus credores. A data do pedido de recuperação da OSX foi antecipada pelo colunista Ancelmo Gois em seu blog nesta quinta-feira

A OSX, que tem entre seus ativos o estaleiro em São João da Barra, no Rio, foi criada para atender basicamente as encomendas da OGX. Uma das plataformas alugadas pela OSX à OGX é a OSX-1, que está no campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos. Seu contrato foi rescindido pela OSX na terça-feira. A empresa reivindica R$ 2,4 bilhões em verbas rescisórias e pagamentos atrasados, mas a OGX reconhece apenas R$ 770 milhões desse montante. A petroleira admite ainda débitos de R$ 47 milhões referentes a serviços prestados, segundo fontes a par das negociações. Caberá à Justiça deliberar sobre o valor real da dívida. A OSX é a segunda maior credora da OGX (que tem dívidas totais de R$ 11,2 bilhões).

O escritório que está à frente do processo da OSX é o Mac Dowell Leite de Castro Advogados. A consultoria Alvarez & Marsal é responsável pela reestruturação. Como OSX e OGX têm pendências financeiras, o pedido de recuperação não poderia ser feito pelo escritório de Sergio Bermudes, responsável pela OGX.

Nesta quinta, a OSX divulgou comunicado em que diz que “poderá vir a exercer o direito legal à recuperação judicial, caso a sua administração verifique ser esta a medida mais adequada para a preservação da continuidade de seus negócios”.

No comunicado, a empresa diz que as medidas para a reestruturação podem incluir “combinações empresariais”. A companhia destacou, no entanto, que as operações continuam normalmente, não comentando a informação de uma possível demissão de 200 funcionários, previstas para a próxima segunda-feira, segundo a nota publicada pelo GLOBO:

“A companhia vem cumprindo o seu dever de estar preparada para a eventualidade de vir a exercer tal direito legal, enquanto segue trabalhando normalmente em seus negócios, nas diversas frentes de diálogo que mantem em curso simultaneamente, visando avançar em suas iniciativas de reestruturação, incluindo potenciais combinações empresariais”, diz o comunicado.

Dívidas com bancos públicos

Entre os credores da OSX estão o BNDES (R$ 548 milhões) e a Caixa (R$ 1,1 bi). Do montante devido à Caixa, R$ 400 milhões venceram este mês, e a empresa renegocia o débito.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou nesta quinta que deve renovar o prazo do empréstimo-ponte da OSX, que vence no fim de novembro. Segundo Coutinho, há um empréstimo de R$ 418 milhões (com base no contrato de dezembro de 2011). Em valores atuais, o número chega a R$ 548 milhões.

– A OSX tem muitos ativos valiosos, e o valor dos ativos supera suas dívidas. Nesse sentido, dar tempo para que as soluções possam acontecer é uma estratégia sensata – disse, após participar de um evento pela manhã no Rio.

À tarde, em outro evento, Coutinho reforçou que a exposição do BNDES é pequena e garantida por fiança bancária:

– (A exposição) está equacionada, sem prejuízo para os nossos créditos.

O BNDES, afirmam fontes, não tende a ser protagonista nem na recuperação nem na bancarrota das empresas X. A avaliação é que o banco não vai liderar uma ação entre os credores, como ocorreu com a Marfrig. No entanto, não vai se opor a uma solução, mesmo que ocorram perdas ou renegociação de prazos.

De acordo com fontes do setor naval, o estaleiro OSX, que conta com uma área de 3,2 milhões de metros quadrados, deve ser “fatiado”. O espaço se transformaria em áreas que serão usadas por várias empresas:

– Todo aquele projeto grandioso não existe mais. A ideia é arrendar as partes do espaço para contratos específicos.

Com rumores da recuperação judicial, as ações da OSX caíram 27,41% na quinta-feira.

Rescisão de contrato com a OGX

Nesta terça-feira, o estaleiro anunciou que vai rescindir o contrato de afretamento de uma plataforma com a OGX, o que dificulta ainda mais a sustentabilidade das finanças da empresa de petróleo do grupo e torna pública uma guerra que vinha sendo travada entre as duas empresas nos bastidores das negociações para reestruturação do grupo.

A plataforma é a OSX-1, que estava instalada no campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos. Tubarão Azul é o único campo de petróleo da OGX em operação, mas já vinha apresentando problemas operacionais, o que levou à interrupção de sua produção desde julho deste ano.

A disputa entre as duas empresas é por valores que são devidos pela OGX à OSX, que foi um dos pontos que atrapalhou as negociações com os credores, já que, assim, não se consegue saber ao certo o tamanho da dívida.

Segundo as propostas feitas a credores pela OGX em reuniões nos últimos dois meses, a OGX considera que sua dívida com a empresa-irmã é de US$ 900 milhões. Já a OSX reivindica US$ 2,6 bilhões, segundo os mesmos documentos. Como credor da OGX, a OSX terá que aprovar o plano que será apresentado após o pedido de recuperação judicial.

FONTE: http://oglobo.globo.com/economia/osx-estaleiro-de-eike-pode-pedir-recuperacao-judicial-nesta-sexta-feira-10642400