Cargas do novo coronavírus têm elevação nos esgotos de cinco capitais na última semana de abril

No fim do último mês, após os feriados prolongados de 15 e 21 de abril, a Rede Monitoramento COVID Esgotos detectou o aumento das cargas do novo coronavírus em Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza e Rio de Janeiro. Somente Recife se manteve sem variação no mês passado 

carga coronavirus

O Boletim de Acompanhamento nº 14/2022 da Rede Monitoramento COVID Esgotos, com dados das semanas epidemiológicas 14 (de 3 a 9 de abril) a 17 (de 24 a 30 de abril), identificou a manutenção das baixas cargas do novo coronavírus nos esgotos de cinco das seis capitais acompanhadas: Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. Exceto na capital pernambucana, nas outras quatro cidades as cargas tiveram leve aumento na semana 17, após os feriados prolongados de 15 e 21 de abril, mas seguem em patamar considerado baixo. Em Curitiba a carga viral teve uma elevação significativa nesse período, o que ensejou na Nota de Alerta emitida pela Rede em 5 de maio.

O monitoramento dos esgotos realizado pela Rede segue sendo uma ferramenta importante para o acompanhamento dos efeitos das medidas de flexibilização para a circulação do novo coronavírus. Veja as informações por cidade a seguir.

Belo Horizonte (MG) 

Em Belo Horizonte a Rede Monitoramento COVID Esgotos observou a permanência do baixo patamar da carga do novo coronavírus nos esgotos entre as semanas epidemiológicas 14 (de 3 a 9 de abril) e 17 (de 24 a 30 de abril). Nesse período a maior carga viral foi de 3 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes, registrada na semana 14. Já a maior foi de 15,1 bilhões de cópias na semana 17. Desde o início do monitoramento na capital mineira, em abril de 2020, a maior carga foi registrada na semana epidemiológica 3 deste ano (de 16 a 22 de janeiro): 662,1 bilhões de cópias do novo coronavírus por dia para cada 10 mil habitantes.

Evolução da carga viral no esgoto de Belo Horizonte

Entre as semanas epidemiológicas 16 (de 17 a 23 de abril) e 17, as concentrações virais tiveram um leve aumento no esgoto que chegou à Estação de Tratamento de Esgotos Onça (ETE Onça), atingindo um patamar intermediário: entre 4 mil e 25 mil cópias do vírus por litro das amostras, indicadas em laranja nos mapas a seguir. Nos demais pontos as concentrações ficaram num patamar baixo, entre 1 e 4 mil cópias por litro das amostras, indicadas em amarelo abaixo.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Belo Horizonte entre as semanas epidemiológicas 14 e 17 de 2022

 Nos três pontos especiais de monitoramento da capital mineira, o novo coronavírus foi detectado no esgoto do Aeroporto Internacional de Confins nas semanas 14, 16 e 17. Especificamente na semana 16 (de 17 a 23 de abril), a concentração foi elevada, superando 25 mil cópias por litro das amostras. Nas outras duas semanas a concentração foi baixa, ficando abaixo de 4 mil cópias por litro. Já no asilo e na Rodoviária de Belo Horizonte o vírus não foi detectado nesse período de quatro semanas, conforme a tabela a seguir.

Concentração do novo coronavírus no esgoto dos pontos especiais de monitoramento em Belo Horizonte

Brasília (DF)

Entre as semanas epidemiológicas 14 (de 3 a 9 de abril) e 17 (de 24 a 30 de abril), a carga do novo coronavírus nos esgotos das oito estações de tratamento de esgotos (ETEs) do Distrito Federal monitoradas se manteve baixa. No entanto, a carga subiu sistematicamente no período, passando de 11,7 bilhões de cópias do novo coronavírus por dia para cada 10 mil habitantes (na semana 14) para 60,6 bilhões de cópias (na semana 17). Os feriados prolongados de 15 e 21 de abril podem estar associados a essa elevação da carga viral nos esgotos do Distrito Federal.

Evolução da carga viral no esgoto do Distrito Federal 

Entre as semanas epidemiológicas 14 e 17, os pontos monitorados apresentaram concentrações virais que variaram entre não detectadas, baixas (1 a 4 mil cópias do novo coronavírus por litro das amostras) e intermediárias (entre 4 mil e 25 mil cópias por litro), destacadas respectivamente em verde, amarelo e laranja nos mapas a seguir.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas no DF entre as semanas epidemiológicas 14 e 17 de 2022 

Curitiba (PR)

Em Curitiba houve um aumento da carga viral nos esgotos entre as semanas epidemiológicas 14 (de 3 a 9 de abril) e 17 (de 24 a 30 de abril), que subiu de 34,2 bilhões para 212,7 bilhões de cópias do novo coronavírus por dia para cada 10 mil habitantes. Com isso, as cargas verificadas foram similares às registradas na última semana de 2021 e à segunda semana de março deste ano. Em função dessa elevação, a Rede Monitoramento COVID Esgotos emitiu a Nota de Alerta para Curitiba em 5 de maio. 

Evolução da carga viral no esgoto de Curitiba

Entre as semanas epidemiológicas 14 e 15, Curitiba registrou concentrações virais predominantemente baixas (entre 1 e 4 mil cópias do vírus por litro das amostras) e moderadas (de 4 mil a 25 mil cópias por litro), indicadas respectivamente em amarelo e laranja nos mapas a seguir. Já entre as semanas 16 e 17, as concentrações observadas foram moderadas ou elevadas (acima de 25 mil cópias por litro), destacadas em vermelho nos mapas.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Curitiba entre as semanas epidemiológicas 14 e 17 de 2022 

Fortaleza (CE)

Entre as semanas epidemiológicas 14 (de 3 a 9 de abril) e 17 (de 24 a 30 de abril), Fortaleza teve uma elevação de zero para 12 bilhões de cópias do novo coronavírus por dia para cada 10 mil habitantes, patamar considerado baixo. Entre as semanas 10 (de 6 a 12 de março) e 14, o vírus não foi detectado nos esgotos da capital cearense.

Evolução da carga viral no esgoto de Fortaleza 

Enquanto na semana epidemiológica 14 a Rede Monitoramento COVID Esgotos não detectou o novo coronavírus em nenhum dos pontos monitorados em Fortaleza, na semana 15 houve concentrações baixas indicadas em amarelo nos mapas a seguir. Na semana epidemiológica 16 houve um predomínio de pontos sem detecção do novo coronavírus, indicados em verde. Por sua vez, a semana 17 teve o retorno de concentrações intermediárias no ponto da Estação de Pré-Condicionamento (entre 4 mil e 25 mil cópias do vírus por litro das amostras), indicado em laranja a seguir.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nos pontos monitorados em Fortaleza entre as semanas epidemiológicas 14 e 17 de 2022 

Recife (PE)

Em Recife, entre as semanas epidemiológicas 14 (de 3 a 9 de abril) e 17 (de 24 a 30 de abril), a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou uma baixa carga do novo coronavírus nos esgotos da cidade. Nesse período as cargas foram de 0,2 bilhão de cópias do novo coronavírus por dia para cada 10 mil habitantes na semana 14 e de zero entre as semanas 15 e 17. Com isso, a capital pernambucana não teve a presença do vírus detectada em seus esgotos nas últimas semanas de monitoramento, sendo que no período houve uma tendência de diminuição dos casos suspeitos e confirmados de COVID-19 na capital pernambucana, conforme o gráfico a seguir.

Evolução da carga viral no esgoto de Recife

Ainda nesse período de quatro semanas, Recife teve concentrações virais baixas (de 1 a 4 mil cópias do novo coronavírus por litro das amostras) ou não detectadas na semana 14, indicadas respectivamente em amarelo e verde nos mapas a seguir. Entre as semanas epidemiológicas 15 e 17 houve somente pontos de monitoramento sem a presença do vírus. Por isso, os mapas estão totalmente destacados em verde.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Recife entre as semanas epidemiológicas 14 e 17 de 2022

Rio de Janeiro (RJ)

Nas semanas epidemiológicas 14 (de 3 a 9 de abril) a 17 (de 24 a 30 de abril), a Rede Monitoramento COVID Esgotos observou a permanência de baixas cargas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) nos esgotos do município do Rio de Janeiro. Nesse período a maior carga foi de 0,9 bilhão de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes, registrada na semana 15 (de 10 a 16 de abril). Na semana 16 (de 17 a 23 de abril) a carga caiu para o menor valor das últimas quatro semanas de monitoramento: 0,1 bilhão de cópias por dia para cada 10 mil habitantes.

Evolução da carga viral no esgoto do Rio de Janeiro

Nos pontos monitorados na capital fluminense, entre as semanas 14 e 17, houve dois tipos de situação: ou o vírus não foi detectado ou teve baixas concentrações (entre 1 e 4 mil cópias por litro das amostras), o que está respectivamente indicado em verde e amarelo nos mapas a seguir. Especificamente na semana 17, após o Carnaval, todos os pontos monitorados tiveram registro da presença do vírus – mesmo com baixas concentrações – o que não acontecia desde a semana epidemiológica 3 (de 16 a 22 de janeiro).

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nos pontos monitorados no Rio de Janeiro entre as semanas epidemiológicas 14 e 17 de 2022 

Sobre a Rede Monitoramento COVID Esgotos

A Rede Monitoramento COVID Esgotos, lançada em webinar realizado em 16 de abril de 2021, acompanha as cargas virais e concentrações do novo coronavírus no esgoto de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. Esse trabalho, uma das maiores iniciativas brasileiras de monitoramento da COVID-19 no esgoto, busca ampliar as informações para o enfrentamento da pandemia atual. 

Nesse sentido, os resultados gerados sobre a ocorrência do novo coronavírus no esgoto das cidades em questão podem auxiliar as autoridades locais de saúde na tomada de decisões relacionadas à manutenção ou flexibilização das medidas de controle para a disseminação da COVID-19. Também podem fornecer alertas precoces dos riscos de aumento de incidência do vírus de forma regionalizada.

Com os estudos o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus no esgoto das diferentes regiões monitoradas, o que pode ajudar a entender a dinâmica de circulação do vírus. Outra linha de atuação é o mapeamento do esgoto para identificar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como uma ferramenta de alerta precoce para novos surtos, por exemplo.

Informações mais detalhadas sobre os pontos de monitoramento, incluindo a justificativa para o monitoramento de cada ponto, constam do Boletim de Apresentação da Rede. O histórico de resultados pode ser consultado nos Boletins de Acompanhamento, disponíveis no site da ANA. Acesse também o Painel Dinâmico da Rede Monitoramento COVID Esgotos, onde são disponibilizados semanalmente os resultados para todas as regiões que integram a Rede.

A Rede é coordenada pela ANA e INCT ETEs Sustentáveis com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com os seguintes parceiros: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, a Rede conta com a parceria de companhias de saneamento locais e secretarias estaduais de Saúde.

As mudanças climáticas forçarão novos encontros com animais – e aumentarão os surtos virais

O estudo de modelagem é o primeiro a projetar como o aquecimento global aumentará a troca de vírus entre as espécies

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Os morcegos terão uma grande contribuição para a transmissão de vírus entre espécies no futuro, segundo um estudo de modelagem. Crédito: Pratik Chorge/Hindustan Times via Getty

Por Natasha Gilbert para a Nature

Nos próximos 50 anos, as mudanças climáticas podem gerar mais de 15.000 novos casos de mamíferos transmitindo vírus para outros mamíferos, de acordo com um estudo publicado na Nature 1 . É um dos primeiros a prever como o aquecimento global mudará os habitats da vida selvagem e aumentará os encontros entre espécies capazes de trocar patógenos e quantificar quantas vezes os vírus devem saltar entre as espécies.

Muitos pesquisadores dizem que a pandemia de COVID-19 provavelmente começou quando um coronavírus anteriormente desconhecido passou de um animal selvagem para um humano: um processo chamado transmissão zoonótica. Um aumento previsto de vírus saltando entre espécies pode desencadear mais surtos, representando uma séria ameaça à saúde humana e animal, alerta o estudo – fornecendo ainda mais motivos para governos e organizações de saúde investirem na vigilância de patógenos e melhorarem a infraestrutura de saúde .

O estudo é “um primeiro passo crítico para entender o risco futuro das mudanças climáticas e do uso da terra na próxima pandemia”, diz Kate Jones, que modela as interações entre ecossistemas e saúde humana na University College London.

A pesquisa prevê que grande parte da transmissão do novo vírus acontecerá quando as espécies se encontrarem pela primeira vez à medida que se deslocam para locais mais frios devido ao aumento das temperaturas. E projeta que isso ocorrerá com mais frequência em ecossistemas ricos em espécies em altas altitudes, particularmente áreas da África e Ásia, e em áreas densamente povoadas por humanos, incluindo a região africana do Sahel, Índia e Indonésia. Supondo que o planeta não aqueça mais de 2°C acima das temperaturas pré-industriais neste século – um futuro previsto por algumas análises climáticas – o número de encontros pela primeira vez entre as espécies dobrará até 2070, criando pontos de transmissão de vírus, o estudo diz.

“Este trabalho nos fornece evidências mais incontestáveis ​​de que as próximas décadas não serão apenas mais quentes, mas mais doentes”, diz Gregory Albery, ecologista de doenças da Universidade de Georgetown em Washington DC e coautor do estudo.

Os desafios da modelagem

Para fazer suas previsões, Albery e seus colegas desenvolveram e testaram modelos e realizaram simulações durante um período de cinco anos. Eles combinaram modelos de transmissão de vírus e distribuição de espécies em vários cenários de mudanças climáticas, com foco em mamíferos devido à sua relevância para a saúde humana.

A modelagem parece “tecnicamente impecável”, diz Ignacio Morales-Castilla, ecologista de mudanças globais da Universidade de Alcalá, na Espanha, embora ele aponte que exercícios de previsão como esse às vezes precisam incluir suposições irreais. Mas ele acrescenta que a amplitude e o escopo da pesquisa e sua capacidade de identificar quais partes do mundo podem estar em maior risco “se destacam claramente”.

Uma suposição que os pesquisadores tiveram que fazer foi sobre até onde as espécies se espalhariam à medida que o clima mudasse. Mas fatores como se os mamíferos podem se adaptar às condições locais ou atravessar fisicamente as barreiras nas paisagens são difíceis de prever.

Projeta-se que os morcegos estejam envolvidos na transmissão viral, independentemente desses fatores, segundo o estudo. Acredita-se que seja parte das origens do COVID-19, os morcegos são reservatórios conhecidos de vírus e representam cerca de 20% dos mamíferos. A equipe diz que – em parte porque os morcegos podem voar – eles são menos propensos a enfrentar barreiras para mudar seus habitats.

Repercussões para os humanos?

Embora Jones aplauda o estudo, ela pede cautela ao discutir suas implicações para a saúde humana. “Prever o risco de saltos virais de mamíferos para humanos é mais complicado, pois esses transbordamentos ocorrem em um ambiente socioeconômico complexo ecológico e humano”, diz ela.

Muitos fatores podem reduzir o risco para a saúde humana, incluindo o aumento do investimento em saúde ou um vírus incapaz de infectar humanos por algum motivo, acrescenta ela.

Mas os pesquisadores insistem que não há tempo a perder. A Terra já aqueceu mais de 1°C acima das temperaturas pré-industriais, e isso está impulsionando a migração de espécies e a troca de doenças. “Está acontecendo e não é evitável, mesmo nos melhores cenários de mudança climática”, diz Albery.

Albery e um de seus coautores, Colin Carlson, biólogo de mudanças globais também na Universidade de Georgetown, dizem que, embora seja inevitável algum aumento na transmissão de doenças, isso não é desculpa para inação. Os pesquisadores pedem aos governos e à comunidade internacional que melhorem o monitoramento e a vigilância de animais selvagens e doenças zoonóticas, particularmente em futuros pontos críticos como o sudeste da Ásia. Melhorar a infraestrutura de saúde também é essencial, dizem eles.

À medida que as pessoas começam a se preparar e se adaptar ao aquecimento global, a maioria dos esforços se concentra em atividades como deter o desmatamento ou reforçar os muros marítimos. Mas Carlson diz que a preparação para pandemias e a vigilância de doenças também são adaptação às mudanças climáticas.

doi: https://doi.org/10.1038/d41586-022-01198-w

Referências

  1. Carlson, CJ et ai. Natureza https://doi.org/10.1038/s41586-022-04788-w (2022).


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Este texto foi escrito inicialmente em inglês e publicado pela revista Nature [Aqui! ].

Rede de monitoramento encontra carga recorde de coronavírus em esgotos de diversas capitais brasileiras

Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Recife registram recorde de carga do novo coronavírus em seus esgotos no início de 2022. Brasília e Rio de Janeiro seguem com cargas elevadas.  Quatro primeiras semanas epidemiológicas deste ano apontam uma elevação das cargas e concentrações virais nas seis capitais monitoradas

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O Boletim de Acompanhamento nº 11/2022 da Rede Monitoramento COVID Esgotos, com dados até 29 de janeiro, semana epidemiológica 4 deste ano, identificou cargas recordes do novo coronavírus nos esgotos de quatro capitais: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Recife. Outras duas cidades se mantiveram com elevadas cargas virais: Rio de Janeiro e Brasília, sendo que a capital federal registrou a segunda maior carga do novo coronavírus do histórico de monitoramento de seu esgoto, iniciado em março de 2021. Veja as informações por cidade a seguir.

Belo Horizonte (MG) 

Em Belo Horizonte a Rede Monitoramento COVID Esgotos observou um forte aumento na carga do novo coronavírus nos esgotos nas primeiras semanas epidemiológicas de 2022. Especificamente na semana 3 (16 a 22 de janeiro), a capital mineira registrou a maior carga desde o início do monitoramento em abril de 2020: 622,1 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes. Esse total superou os 326,6 bilhões de cópias da semana 12 de 2021 (21 a 27 de março). Já na semana epidemiológica 4 (23 a 29 de janeiro) deste ano, a carga caiu para 164,7 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes, sendo que ainda segue em patamar elevado.

Evolução da carga viral no esgoto de Belo Horizonte

Mesmo com a queda da carga viral entre as semanas 3 e 4 deste ano, as concentrações do novo coronavírus permanecem elevadas (acima de 25 mil cópias por litro das amostras) nos pontos destacados em vermelho nos mapas a seguir, que predominaram nas últimas semanas em Belo Horizonte.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Belo Horizonte entre as semanas epidemiológicas 1 e 4 de 2022

Dentre os seis pontos especiais de monitoramento na capital mineira, entre as semanas 1 e 4 de 2022, o novo coronavírus foi detectado com frequência nos esgotos de todos os pontos especiais de monitoramento, exceto no Lar de Idosos. Na Rodoviária, nesse período, somente foram registradas concentrações moderadas (de 4 mil a 25 mil cópias por litro das amostras) ou elevadas (acima de 25 mil cópias por litro), indicadas respectivamente em laranja e vermelho na tabela a seguir. 

Concentração do novo coronavírus no esgoto dos pontos especiais de monitoramento em Belo Horizonte

Brasília (DF)

Na semana epidemiológica 4 (de 23 a 29 de janeiro, Brasília registrou a segunda maior carga do novo coronavírus em seus esgotos desde o início do acompanhamento da Rede Monitoramento COVID Esgotos em março deste ano: 3,81 trilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes. Essa carga considera a soma das cargas das oito estações de tratamento de esgotos (ETEs), que, juntas, atendem a cerca de 80% da população do Distrito Federal, e só foi menor que a registrada na semana epidemiológica 15 (de 11 a 17 de abril de 2021): 5,22 trilhões de cópias.

Desde a última semana do ano passado, a carga viral vem aumentando progressivamente nos esgotos do Distrito Federal, saltando de 226,8 bilhões para 3,81 trilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes.

Evolução da carga viral no esgoto do Distrito Federal 

Com exceção da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Samambaia, as outras sete estações monitoradas tiveram um aumento sistemático da concentração viral entre as semanas epidemiológicas 1 (2 a 8 de janeiro) e 4 (23 a 29 de janeiro). No caso da ETE Samambaia, houve uma redução da concentração entre as semanas 1 e 2, mas nas semanas seguintes o indicador voltou a subir. Em todos os pontos monitorados, foram observadas concentrações moderadas (entre 4 mil e 25 mil cópias por litro das amostras) ou elevados (acima de 25 mil cópias por litro) do novo coronavírus, representadas respectivamente em laranja e vermelho nos mapas a seguir. 

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas no DF entre as semanas epidemiológicas 1 e 4 de 2022 

Curitiba (PR)

Desde a penúltima semana de 2021 até a semana epidemiológica 3 de 2022 (de 16 a 22 de janeiro), a carga do novo coronavírus (SARS-CoV-2) nos esgotos de Curitiba teve um aumento progressivo, chegando ao maior valor já registrado desde o início do monitoramento em março de 2021: 967,3 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes. Na semana 4 (23 a 29 de janeiro) a carga observada foi menor, 461 bilhões de cópias, mas ainda segue elevada na capital paranaense.

Evolução da carga viral no esgoto de Curitiba

Nos pontos de monitoramento da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Padilha Sul, na região do Bairro Boqueirão e perto da Rodoferroviária; foram registradas as maiores concentrações do novo coronavírus. Nas quatro primeiras semanas epidemiológicas deste ano, Curitiba teve um aumento das concentrações virais nas sub-bacias monitoradas, sendo que em todas elas as concentrações ficaram num patamar moderado (4 mil a 25 mil cópias por litro das amostras) ou elevado (acima de 25 mil cópias por litro), indicadas respectivamente em laranja e vermelho nos mapas a seguir. 

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Curitiba entre as semanas epidemiológicas 1 e 4 de 2022 

No ponto especial de monitoramento do Aeroporto Internacional Afonso Pena, desde a última semana de 2021 foi detectada uma concentração alta do novo coronavírus, exceto na semana epidemiológica 2 deste ano (9 a 15 de janeiro), quando a concentração foi moderada. Já na semana 4 (23 a 29 de janeiro), esse ponto teve a maior concentração desde o início do monitoramento em junho de 2021: 56,7 mil cópias do vírus por litro das amostras, conforme a tabela a seguir.

Concentração do novo coronavírus no esgoto do ponto especial de monitoramento em Curitiba 

Fortaleza (CE)

Fortaleza registrou um aumento muito acentuado das cargas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) em seus esgotos entre as semanas epidemiológicas 1 (2 a 8 de janeiro) e 3 (16 a 22 de janeiro) de 2022, sendo que nesta última atingiu a maior carga desde o início do monitoramento em junho de 2021: 2,969 trilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil pessoas. Já na semana epidemiológica 4 (23 a 29 de janeiro), houve uma queda expressiva da carga total para 496,3 bilhões de cópias, o que pode sugerir que o último surto está em declínio na capital cearense.

Evolução da carga viral no esgoto de Fortaleza 

Entre as semanas epidemiológicas 1 e 4, a Rede Monitoramento COVID Esgotos observou elevadas concentrações virais (acima de 25 cópias por litro das amostras) em todos os pontos monitorados em Fortaleza, indicados em vermelho nos mapas a seguir.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nos pontos monitorados em Fortaleza entre as semanas epidemiológicas 1 e 4 de 2022 

Recife (PE)

Entre as semanas epidemiológicas 1 (de 2 a 8 de janeiro) e 3 (16 a 22 de janeiro), a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou em Recife uma elevação progressiva das cargas virais, chegando nesta última semana à maior carga já registrada desde o início do monitoramento em maio de 2021: 80,8 bilhões de cópias do novo coronavírus por dia para cada 10 mil pessoas. Já na semana 4 (23 a 29 de janeiro) a carga caiu para 64,7 bilhões de cópias, segundo maior valor do histórico da capital pernambucana.

Evolução da carga viral no esgoto de Recife

Ainda no período entre as semanas epidemiológicas 1 e 4 de 2022, Recife saiu de uma predominância de pontos de monitoramento com baixa concentração viral (1 a 4 mil cópias por litro das amostras) para uma maioria de pontos com moderada concentração (4 mil a 25 mil cópias por litro), indicados respectivamente em amarelo e laranja nos mapas a seguir. Na semana 4 houve até um ponto com elevada concentração (acima de 25 mil cópias), indicada em vermelho no ponto do canal pluvial Várzea. 

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Recife entre as semanas epidemiológicas 1 e 4 de 2022

Rio de Janeiro (RJ)

Nas semanas epidemiológicas 1 (de 2 a 8 de janeiro) a 4 (23 a 29 de janeiro), a Rede Monitoramento COVID Esgotos observou uma tendência da retomada do crescimento da carga do novo coronavírus (SARS-CoV-2) nos esgotos do Rio de Janeiro. Nesse período a maior carga foi registrada na semana 4, totalizando 1,05 trilhão de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes, enquanto a menor carga foi observada na semana 1, num total de 524,4 bilhões de cópias. Vale ressaltar que na semana 1 foi contabilizada a carga de somente cinco estações de tratamento de esgotos (ETEs), sendo que houve a retomada do monitoramento em outras quatro ETEs a partir da semana 3 (16 a 22 de janeiro), englobando nove estações.

Evolução da carga viral no esgoto do Rio de Janeiro

Além disso, o vírus foi detectado em todos os pontos neste ano, diferentemente da ocorrência frequente de não detecções nos pontos monitorados, conforme os três boletins anteriores, disponíveis no site da ANA. A concentração viral dos pontos monitorados variou entre baixa (de 1 a 4 mil cópias por litro das amostras), moderada (4 mil a 25 mil cópias) ou elevada (acima de 25 mil cópias), o que consta dos mapas a seguir respectivamente em amarelo, laranja e vermelho.

Na semana epidemiológica 3 (16 a 22 de janeiro), com a parceria firmada com a concessionária Águas do Rio, o monitoramento foi retomado em seis dos oito pontos interrompidos, sendo que somente as estações de tratamento de esgotos (ETEs) Barra da Tijuca e Vargem Grande seguem fora da malha da Rede Monitoramento COVID Esgotos. Nesse sentido os resultados dos pontos de monitoramento que voltaram a ser acompanhados indicaram elevada concentração viral, confirmando a tendência geral de aumento das cargas do novo coronavírus nos esgotos da capital fluminense.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nos pontos monitorados no Rio de Janeiro entre as semanas epidemiológicas 1 e 4 de 2022 

Sobre a Rede Monitoramento COVID Esgotos

A Rede Monitoramento COVID Esgotos, lançada em webinar realizado em 16 de abril de 2021, acompanha as cargas virais e concentrações do novo coronavírus no esgoto de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. Esse trabalho, uma das maiores iniciativas brasileiras de monitoramento da COVID-19 no esgoto, busca ampliar as informações para o enfrentamento da pandemia atual. 

Nesse sentido, os resultados gerados sobre a ocorrência do novo coronavírus no esgoto das cidades em questão podem auxiliar as autoridades locais de saúde na tomada de decisões relacionadas à manutenção ou flexibilização das medidas de controle para a disseminação da COVID-19. Também podem fornecer alertas precoces dos riscos de aumento de incidência do vírus de forma regionalizada.

Com os estudos o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus no esgoto das diferentes regiões monitoradas, o que pode ajudar a entender a dinâmica de circulação do vírus. Outra linha de atuação é o mapeamento do esgoto para identificar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como uma ferramenta de alerta precoce para novos surtos, por exemplo.

Informações mais detalhadas sobre os pontos de monitoramento, incluindo a justificativa para o monitoramento de cada ponto, constam do Boletim de Apresentação da Rede. O histórico de resultados pode ser consultado nos Boletins de Acompanhamento, disponíveis no site da ANA. Acesse também o Painel Dinâmico da Rede Monitoramento COVID Esgotos, onde são disponibilizados semanalmente os resultados para todas as regiões que integram a Rede.

A Rede é coordenada pela ANA e INCT ETEs Sustentáveis com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com os seguintes parceiros: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, a Rede conta com a parceria de companhias de saneamento locais e secretarias estaduais de Saúde.

Sobre os parceiros do projeto

ANA

Criada pela Lei nº 9.984/2000, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) é a agência reguladora dedicada a implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas, e coordenar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Com a aprovação do novo marco legal do saneamento básico pela Lei nº 14.026/2020, também cabe ao órgão editar normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico.

Esse trabalho é feito por meio de ações de regulação, monitoramento, gestão e planejamento de recursos hídricos. Além disso, a ANA emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em especial as outorgas em corpos d’água de domínio da União – interestaduais, transfronteiriços e reservatórios federais. Também é a responsável pela fiscalização da segurança de barragens de usos múltiplos das águas outorgadas pela instituição.

INCT ETEs Sustentáveis

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis) estuda questões sobre o esgoto sanitário, notadamente para países em desenvolvimento, de forma a contribuir para a promoção de mudanças estruturais e estruturantes nos serviços de esgotamento sanitário, a partir da capacitação profissional, desenvolvimento de soluções tecnológicas apropriadas às diversas realidades nacionais, construção e transmissão de conhecimento para a sociedade, órgãos governamentais e empresariais.

Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Recife registram baixa carga do coronavírus em seus esgotos. Brasília e Rio de Janeiro seguem com cargas elevadas, mas em queda

Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Recife registram baixa carga do novo coronavírus em seus esgotos. Brasília e Rio de Janeiro seguem com cargas elevadas, mas com tendência de queda

covid esgotos

Brasília se mantém com elevada carga viral, apesar de sua redução nas últimas semanas. No Rio de Janeiro a carga do novo coronavírus caiu para o patamar registrado no primeiro semestre de 2021. Em Fortaleza e Recife foram observadas baixas cargas. Em Belo Horizonte e Curitiba a carga viral também está num patamar baixo

Boletim de Acompanhamento nº 07/2021 da Rede Monitoramento COVID Esgotos, com dados até 16 de outubro, semana epidemiológica 41, identificou baixas cargas do novo coronavírus em quatro capitais: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Recife. Porém, outras duas cidades se mantiveram com elevadas cargas virais: Rio de Janeiro e Brasília, sendo que a capital federal registrou elevadas cargas do novo coronavírus nas últimas semanas em seu esgoto, apesar da redução verificada entre as semanas 38 e 41. Veja as informações por cidade a seguir.

Belo Horizonte (MG)

Em Belo Horizonte a Rede Monitoramento COVID Esgotos observou uma tendência de redução da carga do novo coronavírus nos esgotos nas bacias dos ribeirões Arrudas e Onça entre as semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro) em comparação ao período das semanas 35 (29 de agosto a 4 de setembro) e 37 (12 a 18 de setembro).

Entre as semanas 38 e 41, a menor carga viral foi registrada na semana 38: 5,4 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil pessoas. Já entre as semanas 35 e 37, a carga variou entre 23,7 e 34,4 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil pessoas, conforme o gráfico a seguir.

Evolução da carga viral no esgoto de Belo Horizonte

Especificamente na semana epidemiológica 40 (3 a 9 de outubro), o novo coronavírus foi detectado em baixa concentração (de 1 a 4 mil cópias por litro das amostras) somente nas duas estações de tratamento de esgotos de Belo Horizonte: ETE Arrudas e ETE Onça, o que está indicado em amarelo no mapa “c” a seguir. Nos demais pontos da rede de esgotamento monitorados, o vírus não foi detectado, o que está representado em verde no mesmo mapa abaixo. Entre as semanas 38 e 41, os pontos com média concentração viral, destacados em laranja, ficaram na faixa entre 4 mil e 25 mil cópias do vírus por litro.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Belo Horizonte entre as semanas epidemiológicas 38 e 41

Dentre os seis pontos especiais de monitoramento na capital mineira, na semana 41, o novo coronavírus foi detectado somente no Aeroporto Internacional de Confins e no lar de idosos acompanhado pela Rede Monitoramento COVID Esgotos. Conforme a tabela a seguir, ambos os pontos monitorados tiveram concentrações consideradas baixas: na faixa entre 1 e 4 mil cópias por litro das amostras. Na semana anterior os seis pontos não tiveram registro da presença do novo coronavírus nas amostras coletadas. Acesse aqui o boletim temático lançado em outubro com a análise dos pontos especiais de monitoramento de BH.

Concentração do novo coronavírus no esgoto dos pontos especiais de monitoramento em Belo Horizonte

Brasília (DF)

Brasília apresentou uma tendência de redução da carga do novo coronavírus em seus esgotos entre as semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro). Nesse período a redução foi de aproximadamente 44%, caindo de 830 bilhões para 371,6 de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes, considerando a soma das cargas das oito estações de tratamento de esgotos (ETEs), que, juntas, atendem a cerca de 80% da população do Distrito Federal. Apesar da queda, a carga viral total da semana 41 permanece elevada.

Evolução da carga viral no esgoto do Distrito Federal

Ainda entre as semanas epidemiológicas 38 e 41, a concentração viral oscilou para cima em determinadas estações de tratamento de esgotos e para baixo em outras ETEs. Para a Rede Monitoramento COVID Esgotos, tal fenômeno sugere que a circulação do vírus não ocorreu de modo uniforme nas diferentes regiões do DF nesse período. Além disso, essa pode ser uma das explicações para a divergência entre a redução da carga total do vírus no esgoto do Distrito Federal, enquanto houve aumento do número de casos de COVID-19 registrados entre as semanas 38 e 40.

Como pode ser percebido nos mapas a seguir, todos os pontos de monitoramento no DF tiveram altas concentrações do novo coronavírus (acima de 25 mil cópias por litro) ou médias concentrações (de 4 mil a 25 mil cópias) entre as semanas 38 e 41, as quais estão indicadas respectivamente em vermelho e laranja nos mapas a seguir.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas no DF entre as semanas epidemiológicas 38 e 41

Curitiba (PR)

Entre as semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro), Curitiba registrou algumas das menores cargas e concentrações do novo coronavírus em seu esgoto. No período a menor carga observada foi de 14,4 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes na semana 39 (26 de setembro a 2 de outubro) e a maior ocorreu na semana 38: 24,4 bilhões de cópias. Já na semana 41, houve um leve aumento para 21 bilhões de cópias por litro para cada 10 mil habitantes em relação à semana anterior. Somente a carga viral da semana epidemiológica 13 (28 de março a 3 de abril) foi menor que a mínima das últimas quatro semanas epidemiológicas: 10,3 bilhões de cópias do vírus.

Evolução da carga viral no esgoto de Curitiba

 Na semana epidemiológica 41, Curitiba teve um ponto de monitoramento em que não foi detectada a presença do novo coronavírus, a ETE Atuba Sul, indicado em verde no mapa “d” a seguir. Esta foi a primeira vez em que o vírus não foi detectado nesse ponto desde o início do monitoramento na capital paranaense em março. Também houve pontos com baixa concentração viral (1 a 4 mil cópias por litro das amostras) e média concentração (4 mil a 25 mil cópias por litro), indicados respectivamente em amarelo e laranja nos mapas a seguir.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Curitiba entre as semanas epidemiológicas 38 e 41

No ponto especial de monitoramento do Aeroporto Internacional Afonso Pena, o vírus não foi detectado nas semanas epidemiológicas 38 e 41. Já nas semanas 39 e 40, as concentrações medidas foram respectivamente de 7.720 cópias por litro, considerada média, e 107 cópias por litro, considerada baixa, conforme a tabela a seguir.

Concentração do novo coronavírus no esgoto do ponto especial de monitoramento em Curitiba

Fortaleza (CE)

Conforme os dados da Rede Monitoramento COVID Esgotos, nas semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) a 41 (10 a 16 de outubro), a carga do novo coronavírus aumentou na Estação de Pré-Condicionamento, que recebe a maior parte do esgoto coletado em Fortaleza, em comparação às quatro semanas anteriores. Apesar do aumento da carga viral, que oscilou entre 1,92 bilhão de cópias por dia para cada 10 mil habitantes na semana 41 e 9,63 bilhões de cópias na semana 38, a carga verificada ainda permanece baixa na capital cearense.

Evolução da carga viral no esgoto de Fortaleza

Na semana epidemiológica 41, a Rede Monitoramento COVID Esgotos detectou o novo coronavírus somente na Estação de Pré-Condicionamento e com uma baixa concentração viral (entre 1 e 4 mil cópias do vírus por litro), indicada em amarelo no mapa “d” a seguir. Entre as semanas epidemiológicas 38 e 41, todos os pontos monitorados em Fortaleza não tiveram a presença do vírus detectada ou tiveram, no máximo, uma baixa concentração viral.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nos pontos monitorados em Fortaleza entre as semanas epidemiológicas 38 e 41

Recife (PE)

Entre as semanas epidemiológicas 37 (de 12 a 18 de setembro) e 41 (10 a 16 de outubro), a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou em Recife baixas cargas virais, que variaram entre 3 bilhões (na semana 40) e 5,8 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil pessoas (na semana 38). Com isso, houve um leve aumento da carga viral em relação às semanas epidemiológicas anteriores. Ainda assim, Recife permanece com baixa carga viral em seu esgoto.

Evolução da carga viral no esgoto de Recife

Ainda no período entre a semana 37 e a 41, todos os pontos de monitoramento em Recife tiveram baixa concentração do novo coronavírus (entre 1 e 4 mil cópias por litro) ou mesmo a ausência do vírus, situações respectivamente indicadas em amarelo e verde nos mapas a seguir.

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nas ETEs monitoradas em Recife entre as semanas epidemiológicas 37 e 41

Rio de Janeiro (RJ)

Nas semanas epidemiológicas 38 (de 19 a 25 de setembro) a 41 (10 a 16 de outubro), a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou que as cargas virais no esgoto do Rio de Janeiro caíram e voltaram ao patamar observado no início deste ano. Entre as semanas 38 e 41, a carga viral na capital fluminense caiu de 516,6 bilhões para 61,65 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes. Esta é a menor carga desde a semana epidemiológica 3 de 2021 (17 a 23 de janeiro), quando foram registrados 45,49 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes.

Nas semanas 38 a 41, a tendência geral de diminuição das concentrações e cargas virais no esgoto do Rio de Janeiro, já apontada no Boletim de Acompanhamento nº 06/2021, se manteve em todos os pontos monitorados.

Evolução da carga viral no esgoto do Rio de Janeiro

Em termos de concentração viral, o novo coronavírus não foi detectado na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Pedra da Guaratiba na semana epidemiológica 39, assim como aconteceu na ETE Penha na semana 41. Também nesta semana, a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou a menor concentração viral da série histórica para o ponto de monitoramento ETE Deodoro: 650 cópias por litro das amostras.

Nos mapas a seguir é possível ver a melhora das concentrações virais entre as semanas 38 e 41, sendo que as áreas em verde indicam a não detecção do vírus. As porções em amarelo, laranja e vermelho representam respectivamente os pontos de monitoramento com baixa concentração viral (1 a 4 mil cópias por litro), média concentração (4 mil a 25 mil cópias por litro) e alta concentração (acima de 25 mil cópias).

Distribuição espacial das concentrações do novo coronavírus nos pontos monitorados no Rio de Janeiro entre as semanas epidemiológicas 38 e 41

Sobre a Rede Monitoramento COVID Esgotos

A Rede Monitoramento COVID Esgotos, lançada em webinar realizado em 16 de abril, acompanha as cargas virais e concentrações do novo coronavírus no esgoto de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. Esse trabalho, uma das maiores iniciativas brasileiras de monitoramento da COVID-19 no esgoto, busca ampliar as informações para o enfrentamento da pandemia de COVID-19.

Nesse sentido, os resultados gerados sobre a ocorrência do novo coronavírus no esgoto das cidades em questão podem auxiliar as autoridades locais de saúde na tomada de decisões relacionadas à manutenção ou flexibilização das medidas de controle para a disseminação da COVID-19. Também pode fornecer alertas precoces dos riscos de aumento de incidência do vírus de forma regionalizada.

Com os estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus no esgoto das diferentes regiões monitoradas, o que pode ajudar a entender a dinâmica de circulação do vírus. Outra linha de atuação é o mapeamento do esgoto para identificar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como uma ferramenta de alerta precoce para novos surtos, por exemplo.

O último Boletim de Acompanhamento se soma aos boletins já publicados da Rede Monitoramento COVID Esgotos e aos 34 Boletins de Acompanhamento produzidos no contexto do projeto-piloto Monitoramento COVID Esgotos, realizado com base em amostras de esgotos em Belo Horizonte e Contagem (MG). As lições aprendidas com o projeto-piloto são a base para os trabalhos da Rede.

A Rede é coordenada pela ANA e INCT ETEs Sustentáveis com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com os seguintes parceiros: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, a Rede conta com a parceria de companhias de saneamento locais e secretarias estaduais de Saúde.

Sobre os parceiros do projeto

ANA

Criada pela Lei nº 9.984/2000, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) é a agência reguladora dedicada a implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas, e coordenar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Com a aprovação do novo marco legal do saneamento básico pela Lei nº 14.026/2020, também cabe ao órgão editar normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico.

Esse trabalho é feito por meio de ações de regulação, monitoramento, gestão e planejamento de recursos hídricos. Além disso, a ANA emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em especial as outorgas em corpos d’água de domínio da União – interestaduais, transfronteiriços e reservatórios federais. Também é a responsável pela fiscalização da segurança de barragens de usos múltiplos das águas outorgadas pela instituição.

INCT ETEs Sustentáveis

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis) estuda questões sobre o esgoto sanitário, notadamente para países em desenvolvimento, de forma a contribuir para a promoção de mudanças estruturais e estruturantes nos serviços de esgotamento sanitário, a partir da capacitação profissional, desenvolvimento de soluções tecnológicas apropriadas às diversas realidades nacionais, construção e transmissão de conhecimento para a sociedade, órgãos governamentais e empresariais.

Veneno de cobra contra a COVID-19: toxinas presentes no veneno da Jararacuçu mostram alta eficiência para conter o coronavírus

Proteína da mistura de toxinas de uma jararaca-lança funciona em laboratório

jararacussuO veneno do Bothrops Jararacussu poderá em breve ser usado na luta contra o vírus corona. Foto: wikimedia.com

Por Norbert Suchanek para o “Neues Deutschland”

Bothrops Jararacussu é uma das maiores cobras venenosas da América do Sul. Sua principal área de distribuição é a Mata Atlântica , que se estende do sul ao nordeste do Brasil. Embora já tenha sido reduzido para cerca de 90%, o veneno da cobra que vive lá pode salvar vidas humanas. Pesquisadores brasileiros descobriram uma molécula nas toxinas dessa espécie de jararaca que retarda a reprodução do novo coronavírus Sars-CoV-2 e pode, portanto, ser a base de um fármaco promissor.

Uma equipe de pesquisadores de universidades do estado de São Paulo isolou uma miotoxina chamada Bothropstoxin-I do veneno de Jararacussu e examinou mais detalhadamente um de seus componentes, o chamado peptídeo. Em testes com células de macaco, o peptídeo identificado, que não é tóxico para humanos, inibiu a capacidade do vírus mortal de se multiplicar em 75%, de acordo com o estudo publicado recentemente na revista Molecules .

O grupo de pesquisa já havia identificado toxinas antibacterianas no veneno de Jararacussu em um estudo anterior, explica o líder do estudo Eduardo Maffud, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Devido ao avanço da pandemia de COVID-19, queríamos ver se os peptídeos do veneno de cobra também funcionam contra Sars-CoV-2.” Uma possível droga com base nisso poderia dar ao corpo mais tempo para admitir anticorpos ao inibir a proteína 19 forma de patógeno para resistir à doença. Dependendo da dosagem, a molécula também pode proteger as células do vírus e, assim, até mesmo impedir que o patógeno entre no corpo.

Mas mais estudos são necessários para isso. Uma das próximas etapas serão os testes in vitru, ou seja, experimentos com animais – em camundongos, por exemplo. Maffud afirmou que: “Se o resultado for positivo, vamos desenvolver um tratamento.”

Além de cientistas da UNESP, também participaram do estudo pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Bothrops Jararacussu é uma cobra majestosa e poderosa. Possui mais de dois metros de comprimento, sendo a segunda maior cobra venenosa do Brasil. Seu nome brasileiro Jararacuçu vem da língua indígena Tupi. Seu coquetel de veneno mortal enriquecido com miotoxinas, que ela injeta no corpo de suas vítimas com dentes venenosos particularmente longos, reduz a coagulação do sangue e danifica o sistema cardiovascular. Além disso, pode causar hemorragia cerebral, sangramento no trato digestivo, insuficiência renal e danos aos tecidos – até necrose e cegueira. Embora seu habitat, a Mata Atlântica, tenha sido amplamente destruído há décadas, ela não está na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção no Brasil.

compass

Este texto foi inicialmente escrito em alemão e publicado pelo jornal “Neues Deutschland” [Aqui!].

Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza registram diminuição na carga do coronavírus em seus esgotos nas últimas semanas, mas Rio segue com valores altos

Em comparação ao último boletim da Rede Monitoramento COVID Esgotos, as três capitais tiveram redução da carga viral. Já o Rio de Janeiro permaneceu com cargas consideráveis do novo coronavírus em todos os pontos de monitoramento

carga viral 1

Boletim de Acompanhamento nº 04/2021 da Rede Monitoramento COVID Esgotos, com dados até 24 de julho, semana epidemiológica 29, identificou uma tendência de redução da carga viral do novo coronavírus em três capitais: Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza em relação ao último boletim publicado em 7 de julho. No sentido oposto, o Rio de Janeiro teve a maior carga viral já medida no período abrangido pelo último Boletim, ocorrida na semana de 27 de junho a 3 de julho. Veja as informações por cidade a seguir, sendo que todos os dados constam do Boletim nº 4/2021.

Belo Horizonte (MG)

Em Belo Horizonte, houve uma redução da carga viral nas semanas epidemiológicas 26 (de 27 de junho a 3 de julho), 27 (4 a 10 de julho), 28 (11 a 17 de julho) e 29 (18 a 24 de julho) respectivamente de 37,4 bilhões de cópias por dia do vírus para cada 10 mil habitantes; 36,7 bilhões; 36,4 bilhões; e 13 bilhões. A carga verificada na semana 29 foi a menor registrada em 2021.

Em Belo Horizonte, nas semanas 26 e 27 o ponto de monitoramento do Interceptor Córrego Cardoso registrou uma concentração de novo coronavírus elevada – acima de 25 mil cópias do novo coronavírus por litro das amostras –, indicada em vermelho nos mapas disponíveis no Boletim nº 4/2021. Na semana 27 outro ponto com alta concentração do vírus foi o Interceptor Córrego Gorduras.

Já nas semanas epidemiológicas 28 e 29 houve o surgimento de pontos com baixa concentração, entre 1 e 4 mil cópias por litro, indicados em amarelo. É o caso do Interceptor Córrego Terra Vermelha, que esteve nesse patamar em ambas as semanas. Somente na semana epidemiológica 29 os pontos de monitoramento da Estação de Tratamento de Esgotos Onça (ETE Onça) e do Interceptor Córrego Vilarinho tiveram concentração viral num patamar baixo. Nos demais pontos de monitoramento, a concentração ficou na faixa intermediária entre 4 mil e 25 mil cópias por litro, representada pela cor laranja nos mapas do Boletim.

Já nos pontos especiais de monitoramento na capital mineira, todos eles apresentaram níveis não detectáveis ou baixa concentração viral em algum momento entre as semanas epidemiológicas 26 e 29. Esses pontos incluem o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, lar de idosos, Rodoviária de Belo Horizonte, Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), shopping localizado em área de alta renda (SHC-01) e shopping localizado em área de baixa renda (SHC-02). Veja no Boletim nº 4/2021.

Brasília (DF)

Com um histórico de medições iniciado no fim de março deste ano, Brasília apresentou respectivamente uma carga de 434, 224, 229 e 181 bilhões de cópias do novo coronavírus por dia para cada 10 mil habitantes nas semanas epidemiológicas 26 (de 27 de junho a 3 de julho), 27 (4 a 10 de julho), 28 (11 a 17 de julho) e 29 (18 a 24 de julho). Essa carga viral é determinada em oito estações de tratamento de esgotos (ETEs), que atendem a cerca de 80% da população do Distrito Federal.

As cargas medidas nas semanas epidemiológicas 27, 28 e 29 são as menores do histórico, que tinha o menor valor registrado para a semana 19 (11 de maio), em 236 bilhões de cópias por dia a cada 10 mil habitantes. Portanto, há uma tendência de redução da carga do novo coronavírus nos esgotos do DF, que ainda segue elevada.

Entre as semanas epidemiológicas 26 e 29, somente a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Brasília Norte permaneceu no patamar intermediário de concentração viral, entre 4 e 25 mil cópias do novo coronavírus por litro das amostras, indicado em laranja nos mapas a seguir. Nesse período todas as ETEs monitoradas ficaram no patamar médio de concentração viral e/ou no patamar elevado, acima de 25 mil cópias, indicado em vermelho nos mapas do Boletim nº 4/2021.

Vale destacar a elevação da concentração viral, e da carga, nas áreas atendidas pelas ETEs Melchior e Samambaia na semana epidemiológica 29 em comparação à 28. Juntas essas duas estações de tratamento atendem a uma população estimada de aproximadamente 1,3 milhão de habitantes.

Fortaleza (CE)

Fortaleza possui um histórico de dados desde 8 de junho, na semana epidemiológica 23, quando foi medida a maior carga viral nos esgotos da capital cearense: 34 bilhões de cópias por dia do novo coronavírus para cada 10 mil habitantes. Nas semanas 26 (de 27 de junho a 3 de julho), 27 (4 a 10 de julho), 28 (11 a 17 de julho) e 29 (18 a 24 de julho) houve uma tendência de redução da carga viral. Nessas semanas, os valores identificados foram respectivamente de 15,2 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes; 12,1 bilhões; 10,1 bilhões; e 2 bilhões.

Nas semanas epidemiológicas 26 a 29, Fortaleza teve pontos onde o vírus não foi detectado (áreas em verde); foi detectado em concentração baixa (em amarelo), entre 1 e 4 mil cópias a cada 10 mil habitantes; e em concentração intermediária (em laranja), acima de 4 mil e até 25 mil cópias. Nas últimas semanas epidemiológicas, as maiores concentrações do novo coronavírus foram detectadas nas regiões da capital cearense que contribuem com esgoto para as estações elevatórias Reversora do Cocó e Praia do Futuro. Porém, nas duas regiões foi observada uma tendência de redução nas concentrações virais nas últimas semanas.

Rio de Janeiro (RJ)

As concentrações e cargas virais do novo coronavírus no esgoto do Rio de Janeiro permaneceram muito elevadas nas semanas epidemiológicas 26 (de 27 de junho a 3 de julho), 27 (4 a 10 de julho), 28 (11 a 17 de julho) e 29 (18 a 24 de julho): respectivamente 1,82 trilhão de cópias por dia a cada 10 mil habitantes; 700 bilhões; 748 bilhões; e 926 bilhões de cópias do novo coronavírus. A carga medida na semana 26 foi a maior do histórico iniciado em novembro de 2020, superando os 1,68 trilhão de cópias medidos em 24 de maio na semana epidemiológica 21.

Além disso, as concentrações permanecem bastante elevadas – acima de 25 mil cópias do vírus por litro – em todos os nove pontos monitorados, sendo quatro ETEs na capital fluminense (Alegria, Barra, Penha e Vargem Grande) e uma em São João de Meriti (ETE Sarapuí). Ainda na capital, nas estações elevatórias Leblon e André Azevedo, assim como nas ETEs Pavuna e ETIG, as concentrações estão em níveis bastante elevados, indicados em vermelho nos mapas disponíveis no Boletim nº 4/2021.

Na semana epidemiológica 26, foram observadas as maiores concentrações já registradas em todo o período de monitoramento para as estações elevatórias André Azevedo, ETE Ilha do Governador e ETE Sarapuí. Por outro lado, nas últimas três semanas de monitoramento, houve uma redução significativa das concentrações virais na região atendida pela Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Alegria, que recebe contribuição de aproximadamente 1,2 milhão de habitantes.

Recife (PE)

A amostragem de esgoto em Recife já foi iniciada, mas os resultados das análises ainda não estão disponíveis.

Curitiba (PR)

Os dados de Curitiba das últimas semanas epidemiológicas ainda não estão disponíveis em virtude de questões com os reagentes laboratoriais utilizados no monitoramento do novo coronavírus nos esgotos da capital paranaense.

Sobre a Rede Monitoramento COVID Esgotos

A Rede Monitoramento COVID Esgotos, lançada em webinar realizado em 16 de abril, acompanhará as cargas virais e concentrações do novo coronavírus no esgoto de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. Esse trabalho, uma das maiores iniciativas brasileiras de monitoramento da COVID-19 no esgoto, busca fornecer subsídios para auxiliar a tomada de decisões para o enfrentamento da pandemia atual.

O último Boletim de Acompanhamento se soma aos boletins já publicados da Rede Monitoramento COVID Esgotos e aos 34 Boletins de Acompanhamento produzidos no contexto do projeto-piloto Monitoramento COVID Esgotos, realizado com base em amostras de esgotos em Belo Horizonte e Contagem (MG). As lições aprendidas com o projeto-piloto são a base para os trabalhos da Rede.

A Rede Monitoramento COVID Esgotos tem o objetivo de acompanhar a presença do novo coronavírus nas amostras de esgoto coletadas em diferentes pontos do sistema de esgotamento sanitário de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. A rede busca ampliar as informações para o enfrentamento da pandemia de COVID-19. Nesse sentido, os resultados gerados sobre a ocorrência do novo coronavírus no esgoto das cidades em questão podem auxiliar na tomada de decisões por parte das autoridades locais de saúde.

Com os estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus no esgoto das diferentes regiões monitoradas, o que pode ajudar a entender a dinâmica de circulação do vírus. Outra linha de atuação é o mapeamento do esgoto para identificar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como uma ferramenta de alerta precoce para novos surtos, por exemplo.

A vigilância do novo coronavírus no esgoto também pode auxiliar nas tomadas de decisão relacionadas à manutenção ou flexibilização das medidas de controle para a disseminação da COVID-19. Também pode fornecer alertas precoces dos riscos de aumento de incidência do vírus de forma regionalizada.

A Rede é coordenada pela ANA e INCT ETEs Sustentáveis com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com os seguintes parceiros: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, a Rede conta com a parceria de companhias de saneamento locais e secretarias estaduais de Saúde.

Sobre os parceiros do projeto

ANA

Criada pela Lei nº 9.984/2000, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) é a agência reguladora dedicada a implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas, e coordenar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Com a aprovação do novo marco legal do saneamento básico pela Lei nº 14.026/2020, também cabe ao órgão editar normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico.

Esse trabalho é feito por meio de ações de regulação, monitoramento, gestão e planejamento de recursos hídricos. Além disso, a ANA emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em especial as outorgas em corpos d’água de domínio da União – interestaduais, transfronteiriços e reservatórios federais. Também é a responsável pela fiscalização da segurança de barragens de usos múltiplos das águas outorgadas pela instituição.

INCT ETEs Sustentáveis

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis) estuda questões sobre o esgoto sanitário, notadamente para países em desenvolvimento, de forma a contribuir para a promoção de mudanças estruturais e estruturantes nos serviços de esgotamento sanitário, a partir da capacitação profissional, desenvolvimento de soluções tecnológicas apropriadas às diversas realidades nacionais, construção e transmissão de conhecimento para a sociedade, órgãos governamentais e empresariais.

covid esgotos

Agronegócio como vetor de surto de COVID-19 em Campos dos Goytacazes

cana

As evidências de que o chamado “agronegócio” (cujo nome verdadeiro é latifúndio agro-exportador) é um dos principais responsáveis pela ampla circulação do Sars-Cov-2 no Brasil são inúmeras e já estão sendo documentadas pelos pesquisadores brasileiras sob a forma de artigos científicos (Aqui! e Aqui!). Mas agora uma reportagem do Portal Viu mostra que mesmo aqui na planície dos Goytacazes, temos o agronegócio sucro-alcooleiro jogando o papel de reunir trabalhadores em condições propícias para a contaminação e ampla circulação do vetor da COVID-19.

Como bem mostra a reportagem publicada pela Agência Fonte Exclusiva sobre o assunto, um total de 40  trabalhadores envolvidos no corte da cana foram identificados como portadores do coronavírus dentro de uma pousada que abrigava duas dezenas de cortadores de cana, o que demonstra que há um surto em curso, enquanto os trabalhadores são deixadas à mercê da própria sorte após dias exaustivos no corte da cana.

O mais curioso é que segundo novas matérias sobre o assunto apontando que até agora o Ministério Público do Trabalho (MPT) aparentemente ainda não se moveu para apurar as responsabilidades por essa contaminação em massa dos trabalhadores da cana em Campos dos Goytacazes.  Tal fato me parece incompreensível, mas apenas confirma que quando se trata de enfrentar as mazelas causadas pelo modelo agro-exportador, a velocidade dos entes estatais é muito lento, mas muito lento mesmo.

Escolas inglesas reabrem e número de casos de coronavírus entre crianças explode

Coronavirus - Großbritannien

Estudantes britânicos: o número de crianças de cinco a nove anos infectadas aumentou 70 por cento em comparação com a semana anterior. Liam Mcburney / PA Wire / picture alliance / dpa

De acordo com uma reportagem do Sunday Times, o coronavírus está se espalhando rapidamente entre crianças inglesas. Na semana de 20 de junho, o número de crianças infectadas de cinco a nove anos aumentou 70% em relação à semana anterior, com 10 a 14 anos foi um aumento de 56%, relatou o jornal, citando números da autoridade de saúde Saúde pública. Um total de 16.100 alunos faltaram à aulas devido à infecção por coronavírus, em comparação com 10.600 na semana anterior. Como dezenas de milhares de crianças também foram enviadas para o isolamento por causa do possível contato com pessoas infectadas, um total de 216.000 alunos deixou de ir às aulas.

A razão para a rápida disseminação do coronavírus entre estudantes ingleses é a variante Delta, altamente contagiosa, informou o Sunday Times. O co-secretário-geral do sindicato dos professores do Sindicato Nacional da Educação, Kevin Courtney, alertou para a multiplicação dos casos. Steve Chalke, da instituição de caridade Oasis Trust, disse que as escolas são “centros de incubação para a nova variante Delta”. “A tendência nas escolas vem apontando no sentido do aumento de contaminações há três semanas. Obviamente, ainda não alcançamos o topo dessa terceira onda ”, disse Chalke.

Os pais estão criticando cada vez mais a estratégia do governo de enviar toda a classe para o auto-isolamento por dez dias se os autotestes por coronavírus forem positivos. Portanto, dezenas de milhares de crianças saudáveis ​​faltariam às aulas. Os defensores da prática, no entanto, apontam que apenas 15% dos pais testam seus filhos regularmente. Os sindicatos estão pedindo que a máscara seja mantida e que haja melhor ventilação nas aulas. Os diretores das escolas esperam que em breve seja tomada uma decisão a favor da vacinação das crianças.

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Este texto foi inicialmente escrito em alemão e publicado pela revista Der Spiegel [Aqui!].

Por que líderes autoritários estão perdendo a luta contra a COVID-19

Uma grande lição da crise de Covid: mentir torna tudo pior

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Por Robert Reich para a Nation of Change

Um hospital em Uttar Pradesh, o estado mais populoso da Índia, está sendo acusado de acordo com a Lei de Segurança Nacional do país por soar o alarme sobre a falta de oxigênio que resultou na morte por COVID-19. O proprietário e gerente do hospital disse que  a polícia o acusou de “falsa disseminação do medo”,  depois que ele declarou publicamente que quatro de seus pacientes morreram em um único dia quando o oxigênio acabou.

Desde que a COVID-19 explodiu na Índia, o primeiro-ministro, Narendra Modi, parece mais decidido a controlar as notícias do que o surto. Na quarta-feira, a Índia registrou quase 363.000 casos de COVID-19 e 4.120 mortes, cerca de 30%o das mortes em todo o mundo naquele dia. Mas os especialistas dizem que a Índia está subestimando o número verdadeiro. Ashish Jha, reitor da Escola de Saúde Pública da Universidade Brown, estima que pelo menos  25.000 índiANOS morrem de COVID-19 a cada dia.

O horror foi agravado pela falta de oxigênio e leitos hospitalares. No entanto, Modi e seu governo não querem que o público saiba a história verdadeira.

Uma grande lição da crise de COVID-19: mentir torna tudo pior.

Vladimir Putin nega ativamente a verdade sobre a COVID-19 na Rússia. O demógrafo Alexei Raksha, que trabalhava na agência estatística oficial da Rússia, Rosstat, mas diz que foi forçado a sair no verão passado por contar a verdade sobre aCOVID-19, afirma que  os dados diários na Rússia foram “suavizados, arredondados, reduzidos” para parecerem melhores.  Como muitos especialistas, ele usa o excesso de mortalidade – o número de mortes durante a pandemia sobre o número típico de mortes – como o melhor indicador.

“Se a Rússia parar com 500.000 mortes a mais, esse será um bom cenário”, calcula ele  .

A Rússia foi a primeira a lançar a vacina contra a COVID-19, mas ficou terrivelmente para trás nas vacinações. Pesquisas recentes indicam que a proporção de russos que não querem ser vacinados é de  60% a 70% . Isso porque Putin e outros funcionários se concentraram menos em vacinar o público do que em reivindicar o sucesso em conter a COVID-19.

Os EUA estão sofrendo de um problema semelhante – o legado de outro homem forte, Donald Trump. Embora mais da metade dos adultos norte-americanos tenham recebido pelo menos uma dose da vacina contra o coronavírus, mais de 40% dos republicanos   disseram sistematicamente aos pesquisadores que não seriam vacinados. Sua recalcitrância está  ameaçando os esforços para alcançar a “imunidade de rebanho”  e prevenir a disseminação do vírus.

Como Modi e Putin, Trump minimizou a gravidade da pandemia e espalhou desinformação sobre ela. Funcionários de Trump ordenaram que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças  minimizassem sua gravidade . Ele se recusou a ser vacinado publicamente e estava visivelmente ausente de um  anúncio de serviço público  sobre a vacinação que apresentava todos os outros ex-presidentes vivos.

Os aliados de Trump na mídia realizaram uma campanha de terror sobre as vacinas. Em dezembro,  Laura Ingraham postou uma história do Daily Mail no Facebook com o   objetivo de mostrar evidências de que os partidários do partido comunista chinês trabalhavam em empresas farmacêuticas que desenvolveram a vacina contra o coronavírus.

Em meados de abril, o apresentador da Fox News, Tucker Carlson, opinou que, se a vacina fosse realmente eficaz, não haveria razão para as pessoas que a receberam usarem máscaras ou evitarem o contato físico.

“Então  talvez não funcione, e eles simplesmente não estão lhe dizendo isso. ”

Por que então alguém deveria se surpreender com a relutância dos republicanos de Trump em se vacinar? Uma análise recente do  New York Times  mostrou que as taxas de vacinação são mais baixas em condados onde a maioria votou em Trump em 2020. Os estados que votaram mais fortemente em Trump também são  estados onde percentagens mais baixas  da população foram vacinadas.

O pesquisador republicano Frank Luntz afirma que   Trump é responsável  pela hesitação dos eleitores republicanos em serem vacinados.

“Ele quer receber o crédito pelo desenvolvimento da vacina. Então ele também recebe a culpa por tão poucos de seus eleitores aceitarem. ”

O Partido Republicano de Trump está começando a se assemelhar a regimes autoritários ao redor do mundo em outros aspectos também – expurgando contadores da verdade e transportando mentiras, desinformação e propaganda prejudicial ao público.

Na semana passada, o Partido Republicano despojou a deputada Liz Cheney de sua posição de liderança por dizer a verdade sobre as eleições de 2020. Na audiência do Congresso da semana passada sobre o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio, um congressista republicano, Andrew Clyde, até negou que tenha acontecido.

“Não houve insurreição”, disse ele. “Chamar isso de insurreição é uma mentira ousada … você realmente pensaria que foi uma visita de turista normal.”

Biden diz que planeja convocar uma cúpula de governos democráticos para conter o aumento do autoritarismo em todo o mundo. Espero que ele fale sobre sua ascensão nos Estados Unidos também – e o enorme preço que já cobrou dos americanos.

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Este texto foi originalmente escrito em inglês e publicado pela Nation of Change [Aqui!].

Surto de COVID-19 força fechamento de escolas no Paraná. Em Campos, querem abrir

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Por motivos que não têm nada a ver com o processo pedagógico e o interesse da segurança de estudantes e suas famílias há no Brasil uma pressão crescente para forçar a reabertura de escolas. Um dos lugares em que essa medida descabida foi o estado do Paraná.  Mas mesmo aqui em Campos dos Goytacazes há uma forte pressão por parte de proprietários de escolas particulares e também de membros do governo municipal (às vezes fica difícil separar esses dois setores tantas os interesses em comum) para que as aulas presenciais sejam retomadas, ainda que em suposto estilo híbrido (parte presencial e parte remoto).

Aos que acham que isso não causará maiores problemas em termos da difusão ainda maior do Sars-Cov-2, deveria olhar o que está acontecendo no já citado estado do Paraná onde diversos municípios estão tendo fechar suas escolas reabertas por causa do alto nível de infecção principalmente entre professores. Segundo o jornalista Esmael Morais publicou em seu blog, a situação é tão grave que os sindicato que representa de 120 mil trabalhadores da educação do estado do Paraná, a APP-sindicato, está “recolhendo as fichas de saúde dos contaminados para responsabilizar administrativa, civil e criminalmente o governador Ratinho Junior (PSDB) e o secretário da Educação, o empresário Renato Feder“.  

Eu diria que se aqui em Campos dos Goytacazes, essa mesma medida intempestiva for adotada, SEPE terá que fazer rapidamente o mesmo, responsabilizando quem tiver de ser responsabilizado.  Aos pais de crianças que estão achando que colocar seus filhos e a si mesmos em situação de risco, sugiro olhar bem a situação que está ocorrendo no Paraná. Afinal, melhor em casa “atrapalhando” o sossego do que infectado e sob risco de contrair as formas mais agudas de COVID-19.  Até porque os donos de escola estão avisando que não vão se responsabilizar se alguma criança contrair o coronavírus nas dependências de seus estabelecimentos de ensino.