Proteína da mistura de toxinas de uma jararaca-lança funciona em laboratório
O veneno do Bothrops Jararacussu poderá em breve ser usado na luta contra o vírus corona. Foto: wikimedia.com
Por Norbert Suchanek para o “Neues Deutschland”
Bothrops Jararacussu é uma das maiores cobras venenosas da América do Sul. Sua principal área de distribuição é a Mata Atlântica , que se estende do sul ao nordeste do Brasil. Embora já tenha sido reduzido para cerca de 90%, o veneno da cobra que vive lá pode salvar vidas humanas. Pesquisadores brasileiros descobriram uma molécula nas toxinas dessa espécie de jararaca que retarda a reprodução do novo coronavírus Sars-CoV-2 e pode, portanto, ser a base de um fármaco promissor.
Uma equipe de pesquisadores de universidades do estado de São Paulo isolou uma miotoxina chamada Bothropstoxin-I do veneno de Jararacussu e examinou mais detalhadamente um de seus componentes, o chamado peptídeo. Em testes com células de macaco, o peptídeo identificado, que não é tóxico para humanos, inibiu a capacidade do vírus mortal de se multiplicar em 75%, de acordo com o estudo publicado recentemente na revista Molecules .
Mas mais estudos são necessários para isso. Uma das próximas etapas serão os testes in vitru, ou seja, experimentos com animais – em camundongos, por exemplo. Maffud afirmou que: “Se o resultado for positivo, vamos desenvolver um tratamento.”
Além de cientistas da UNESP, também participaram do estudo pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Bothrops Jararacussu é uma cobra majestosa e poderosa. Possui mais de dois metros de comprimento, sendo a segunda maior cobra venenosa do Brasil. Seu nome brasileiro Jararacuçu vem da língua indígena Tupi. Seu coquetel de veneno mortal enriquecido com miotoxinas, que ela injeta no corpo de suas vítimas com dentes venenosos particularmente longos, reduz a coagulação do sangue e danifica o sistema cardiovascular. Além disso, pode causar hemorragia cerebral, sangramento no trato digestivo, insuficiência renal e danos aos tecidos – até necrose e cegueira. Embora seu habitat, a Mata Atlântica, tenha sido amplamente destruído há décadas, ela não está na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção no Brasil.
Este texto foi inicialmente escrito em alemão e publicado pelo jornal “Neues Deutschland” [Aqui!].