Alimentos ultraprocessados ​​precisam de alertas como o do tabaco, diz cientista

Os AUPs também deveriam ser fortemente tributados devido ao impacto na saúde e na mortalidade, diz o cientista que cunhou o termo

aupNo Reino Unido e nos EUA, mais de metade da dieta média consiste agora em alimentos ultraprocessados. Fotografia: Anthony Devlin/PA

Por Andrew Gregory Editor de saúde, para o “The Guardian”

O professor Carlos Monteiro, da Universidade de São Paulo, destacará o perigo crescente que os AUPs apresentam para crianças e adultos no Congresso Internacional sobre Obesidade esta semana.

“Os AUPs estão aumentando a sua participação e domínio nas dietas globais, apesar do risco que representam para a saúde em termos de aumentar o risco de múltiplas doenças crónicas”, disse Monteiro ao The Guardian antes da conferência em São Paulo.

“Os AUP estão substituindo alimentos mais saudáveis ​​e menos processados ​​em todo o mundo, e também causando uma deterioração na qualidade da dieta devido aos seus diversos atributos prejudiciais. Juntos, estes alimentos estão a impulsionar a pandemia da obesidade e de outras doenças crónicas relacionadas com a alimentação, como a diabetes.”

O alerta severo surge em meio ao rápido aumento do consumo global de AUPs, como cereais, barras de proteínas, refrigerantes, refeições prontas e fast food.

No Reino Unido e nos EUA, mais da metade da dieta média agora consiste em alimentos ultraprocessados. Para alguns, especialmente pessoas mais jovens, mais pobres ou de áreas desfavorecidas, uma dieta que compreende até 80% de UPF é típica.

Em fevereiro deste ano, a maior revisão mundial deste tipo concluiu que os AUPS estavam diretamente ligados a 32 efeitos nocivos para a saúde, incluindo um maior risco de doenças cardíacas, cancro, diabetes tipo 2, problemas de saúde mental e morte precoce.

Monteiro e seus colegas usaram pela primeira vez a expressão AUP há 15 anos, ao projetarem o sistema de classificação de alimentos “Nova”. Isso avalia não apenas o conteúdo nutricional, mas também os processos pelos quais os alimentos passam antes de serem consumidos.

O sistema divide alimentos e bebidas em quatro grupos: alimentos minimamente processados, ingredientes culinários processados, alimentos processados ​​e alimentos ultraprocessados.

Monteiro disse ao  The Guardian que estava agora tão preocupado com o impacto que os APS causando na saúde humana que os estudos e análises já não eram suficientes para alertar o público sobre os perigos para a saúde.

“São necessárias campanhas de saúde pública, como as contra o tabaco, para reduzir os perigos dos UPF”, disse ele ao Guardian por e-mail. “Essas campanhas incluiriam os perigos para a saúde do consumo de UPFs.

“Anúncios de  AUPs também devem ser proibidos ou fortemente restringidos, e advertências na frente das embalagens devem ser introduzidas semelhantes às usadas nos maços de cigarros.”

Ele dirá aos delegados: “As vendas de AUPs em escolas e unidades de saúde devem ser proibidas e deve haver uma tributação pesada dos AUPs, com as receitas geradas utilizadas para subsidiar alimentos frescos”.

Monteiro dirá na conferência que os gigantes da alimentação que comercializam AUP sabem que, para serem competitivos, os seus produtos devem ser mais convenientes, mais acessíveis e mais saborosos do que refeições preparadas na hora. “Para maximizar os lucros, esses AUPs devem ter custos de produção mais baixos e ser consumidos em excesso”, disse ele.

Ele também traçará paralelos entre a UPF e as empresas de tabaco. “Tanto o tabaco como os AUP causam inúmeras doenças graves e mortalidade prematura; ambos são produzidos por empresas transnacionais que investem os enormes lucros que obtêm com os seus produtos atraentes/viciantes em estratégias de marketing agressivas e no lobby contra a regulamentação; e ambos são patogênicos (perigosos) por design, então a reformulação não é uma solução.”

No entanto, a Dra. Hilda Mulrooney, leitora de nutrição e saúde na London Metropolitan University, disse que comparar AUPs ao tabaco era “muito simplista”.

“Não existem cigarros seguros, mesmo os de segunda mão, por isso proibi-los é relativamente simples, uma vez que a questão da saúde é muito clara.

“No entanto, precisamos de uma gama de nutrientes, incluindo gordura, açúcar e sal, e eles têm múltiplas funções nos alimentos – estruturais, de prazo de validade – e não apenas sabor e sabor e propriedades hedónicas.

“Não é tão fácil reformular algumas classes de alimentos para reduzi-los e não são iguais ao tabaco porque precisamos de alimentos – mas não nas quantidades que a maioria de nós consome.”


Fonte: The Guardian

Mortes por diabetes são mais prováveis em municípios com maior concentração de renda e vulnerabilidade social

diabeteMortalidade por diabetes está fortemente associada à desigualdade social

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A mortalidade por diabetes está fortemente associada à desigualdade social, com o impacto de fatores como concentração de renda e baixa escolaridade no número de mortes pela doença. De 2010 a 2020 a taxa de mortalidade por diabetes de brasileiros com até três anos de estudo foi duas vezes maior do que a taxa de mortalidade geral, com 59,53 mortes a cada 100 mil habitantes. A constatação é de é de pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (Uece) publicado na sexta (11) na “Revista Latino-Americana de Enfermagem”.

Segundo os autores, este é o primeiro estudo a associar diretamente taxas e indicadores de desigualdade social à mortalidade pela doença no país considerando todos os seus municípios. Foram analisados dados de 601 mil óbitos relacionados com diabetes mellitus, doença crônica que afeta a forma como o corpo processa o açúcar do sangue – de 2010 a 2020, conforme registros do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

“É um olhar diferenciado para o quanto a desigualdade social tem afetado o brasileiro em todos os aspectos, até mesmo em relação à mortalidade por doenças crônicas”, analisa o pesquisador Thiago Santos Garces, autor do estudo.

O Diabetes Mellitus (DM) e suas complicações estão entre os problemas de saúde pública mundial, representando uma das principais causas de óbitos precoces em pessoas com idade superior a 60 anos. Dados da Federação Internacional de Diabetes exibem um contingente equivalente a 6,7 milhões de mortes causadas pela doença no ano de 2021, atingindo a marca de uma morte a cada cinco segundos. O Brasil é o país que abriga o maior número de pessoas com a doença na América Latina e o quinto no mundo.

O estudo mostra que pessoas pardas também estão entre as mais afetadas, com 36,16 mortes a cada 100 mil habitantes. Entre as regiões com as maiores taxas de mortalidade, se destacam o Nordeste (34,4/100.000 hab.) e o Sul (31,4/100.000 hab.), com índices crescentes em todas as regiões e grande subnotificação estimada na região Norte (23/100.000 hab.).

Foram registradas mais mortes em mulheres do que em homens – 32 contra 27 mortes por 100 mil habitantes. Além disso, locais com cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) apresentaram taxas de mortalidade mais altas.

Para Garces, o cenário é resultado de uma sequência de fatos ligados à vulnerabilidade social. “É difícil que a pessoa procure o médico se não teve acesso a uma educação para compreender que precisa buscar atendimento, ou para seguir dieta específica para sua doença”. O estudo, segundo o pesquisador, evidencia a necessidade de ampliação de políticas de distribuição de renda e de educação e saúde: “Para diminuir a vulnerabilidade social e a desigualdade, é necessário dar mais acesso a saúde e educação às populações mais vulneráveis”, declara.

Os próximos passos da pesquisa envolvem investigar mais a fundo a relação dos indicadores sociodemográficos com a mortalidade por diabetes, considerando também os dados do censo demográfico mais recente: “Queremos um novo olhar sobre os indicadores que vierem em relação a diabetes mellitus e a outras doenças crônicas”, conclui Garces.


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Este texto foi originalmente publicado pela Agência Bori [Aqui!].

Consumo de bebidas adoçadas artificialmente pode estar associado ao aumento de diabetes no Brasil

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Mais de 100 mil novos casos anuais de Diabetes Mellitus poderiam ser evitados no Brasil se o consumo de refrigerantes e sucos diet, light ou zero fosse eliminado. A conclusão é de pesquisadores da Universidade Federal de Rio Grande (FURG), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), da Universidade Vale do Rio Doce (Univale) e da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), em artigo publicado no dia 6 de julho no periódico “Public Health”.

O estudo analisou a relação entre o consumo de bebidas adoçadas artificialmente e a prevalência de diabetes na população brasileira a partir de dados de mais de 757 mil adultos de 2006 a 2020 do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde. A análise comparou dados de pessoas que consumiam refrigerante normal, refrigerante diet, light e zero e que não consumiam nenhum destes produtos.

Segundo a pesquisa, a taxa de crescimento anual da doença foi quatro vezes maior entre o público consumidor de bebidas adoçadas artificialmente, como refrigerantes e sucos artificiais, enquanto quem não consome esses produtos teve um crescimento estável. A estimativa é de que 120 mil (40%) dos 300 mil novos casos de diabetes registrados por ano sejam relativos a quem consome essas bebidas.

“Esses resultados destacam a necessidade de medidas preventivas efetivas para lidar com a crescente prevalência de diabetes no Brasil. Reduzir ou eliminar o consumo de refrigerantes ou sucos adoçados artificialmente pode ser uma estratégia importante para reduzir o risco de diabetes e promover a saúde da população”, declara Luana Marmitt, coautora do estudo.

Ainda existem algumas inconsistências nas evidências sobre a relação entre o consumo de bebidas adoçadas artificialmente e o desenvolvimento do diabetes, segundo a pesquisadora. Ainda assim, os resultados do estudo estão alinhados a estudos internacionais recentes e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que sugerem evitar o consumo de bebidas artificiais.

De acordo com a pesquisadora, medidas como a taxação de bebidas artificiais poderiam contribuir para a redução de seu consumo. “Vários países, como México, Chile, Reino Unido e Estados Unidos conseguiram reduzir a compra, venda e consumo dessas bebidas após aumentar os impostos sobre elas. No Brasil, há poucos avanços nesse sentido, embora vários projetos de lei para taxar refrigerantes já tenham sido propostos desde 2016. Se aprovada, a reforma tributária em tramitação já pode trazer alterações nesse sentido.”

Como próximos passos, Marmitt cita a importância de entender melhor a relação entre o aumento da quantidade de pessoas com diabetes e do consumo frequente de bebidas adoçadas artificialmente. “Como todo estudo está sujeito a erros de interpretação, e existem desenhos de estudos mais robustos para avaliar associações de causa e efeito, os próximos passos seriam o desenvolvimento de estudos longitudinais que possam confirmar as relações encontradas neste estudo e ajudar a desenvolver estratégias para prevenção e controle da doença”, conclui a pesquisadora.


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Este texto foi originalmente publicado pela Agência Bori [Aqui!].

Leonid Schneider destrincha “escritório da integridade em pesquisa” proposto em campanha eleitoral na UNICAMP

“Criaremos na Unicamp um escritório permanente de integridade em pesquisa para proteger a sociedade e o pesquisador”, afirma Mario Saad

Mario “Fakenews” Saad está entrando em um segundo turno para se tornar reitor  da Unicamp. O homem responsável por grandes fraudes em pesquisas e 18 retratações faz o papel de vítima de uma “cultura do cancelamento”. Saad também anuncia a criação de um “Escritório de Integridade de Pesquisa”, para legalizar a má conduta e punir quem denunciar.

Por Leonid Schneider para o “For Better Science”

Mario Jose Abdalla Saad é um mentiroso controverso e tóxico, um infame falsificador de dados que poluiu a pesquisa do diabetes com dados falsos por décadas, e mesmo assim continua sendo professor da Universidade Estadual de Campinas em SP (Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP). Ele foi desmascarado anos atrás por Paul S. Brookes e, no meio tempo, tem DEZOITO retratações. Saad e seus colegas brasileiros José CarvalheiraCláudio De Souza Lício Velloso conseguiram reciclar o mesmo western blot nada menos que 15 vezes (leia minhas reportagens anteriores aqui aqui). Saad tem quase 50 documentos sinalizados no Pubpeer, todos por manipulação ultrajante de dados.

Mas o professor Saad acredita que tudo não passa de fakenews e tenta agora se eleger reitor da UNICAMP. Ele ficou em segundo lugar no primeiro turno das eleições (porque a maioria da administração votou nele) e agora vai para o segundo turno.

Saad conseguiu republicar seus artigos retratados em outras revistas menos exigentes e foi recentemente barrado em pelo menos 12 investigações de má conduta de pesquisa por sua universidade ridiculamente corrupta. Ele agora se autorretrata como uma vítima da “Cultura de Cancelamento” e continua a tagarelar sobre “fakenews”.

A seguir está minha versão copiada (trocadilho intencional), ilustrada pelo PubPeer, de seu anúncio de 4 de janeiro de 2021 sobre criar um escritório para integridade de pesquisa na UNICAMP, uma espécie de ‘Ministério da Verdade Orwelliano’. Sua tarefa seria defender fraudadores de pesquisa como Saad, ao mesmo tempo em que reprime impiedosamente os denunciantes, como o anúncio admite abertamente.

Depois disso, cito um e-mail paranoico que Saad enviou para toda a universidade em 18 de março de 2021, em que afirma ser um futuro vencedor do Prêmio Nobel, mais uma vez defende a fraude de pesquisa e ataca seus críticos.

Image: Saad’s campaign page

“Criaremos na Unicamp um escritório permanente de integridade em pesquisa para proteger a sociedade e o pesquisador”, afirma Mario Saad

Por Mário e Zezzi 4 de janeiro de 2021

Com o objetivo de oferecer suporte e subsídio às políticas de integridade em pesquisa e de acesso aberto, aprovadas recentemente pelo Conselho Universitário da Unicamp, o pré-candidato à Reitoria da Unicamp, Mario Saad, afirma que a sua gestão poderá incrementar essas políticas, criando um escritório permanente para esse setor, com funções educativas e pedagógicas. “A criação das políticas é o primeiro passo nesse sentido, mas a iniciativa ainda é tímida”, afirma.

Same western blot reused 15 times for utterly different experiments

Saad, que anos atrás foi levianamente acusado por manipulação de imagens em alguns de seus artigos, em função da indolência institucional, demorou cerca de quatro anos para provar que todas as acusações – e ele grifa TODAS as acusações – eram infundadas, conseguindo atestar, assim, a integridade ética de seu trabalho. “Senti na pele o que hoje chamam de Cultura do Cancelamento”, comenta o pesquisador, afirmando ser fundamental o respaldo perene e ágil da Unicamp aos membros de sua comunidade científica, tanto do ponto de vista acadêmico e jurídico, como também de comunicação.

Western blot, reused after digital manipulation for different experiments

“Depois de quase quatro anos lutando para provar a integridade e o profissionalismo do meu trabalho e da minha equipe, conseguindo republicar trabalhos injustamente retratados e retomar todos os financiamentos previamente aprovados, entendi que posso contribuir para que pesquisadores que enfrentam esse mesmo tipo de situação possam fazer isso com franqueza, dignidade e cabeça erguida”

Fake western blots, digitally fabricated for reuse.

Recentemente, Mario Saad foi listado pelo Journal Plos Biology entre os 100 mil cientistas mais influentes do mundo. Todavia, nem o impacto de seu nome na produção científica mundial, o eximiu anos antes de travar uma luta com periódicos científicos, isoladamente e sem respaldo institucional, quando falsas acusações sobre possíveis manipulações de imagens em suas publicações bateram à porta dessas revistas.

Fake western blots, digitally fabricated for reuse.

No contexto atual de combate às fakenews em ciência, Mario Saad reforça a necessidade de suporte à comunidade científica da Unicamp no que se refere à condução de processos e procedimentos que visam o acolhimento, a avaliação e o encaminhamento de casos suspeitos de má-conduta científica. Condução que deve tramitar com segurança, livre de pressões midiáticas e políticas e das que o próprio pesquisador denomina como “fábricas de fakenews”.

Western blot, reused after digital manipulation for different experiments

“É preciso resguardar o pesquisador que enfrenta processos dessa magnitude até que todas as investigações sejam concluídas. Não para esquivá-lo de suas responsabilidades, mas de preservá-lo de ataques precipitados à reputação acadêmica, algo que para nós, cientistas, é crucial”, explica Saad.

Mesmo enfrentando mais de uma dezena de comissões processantes ao longo dos últimos anos, Mario Saad continuou a publicar e a atuar como revisor e membro do conselho editorial de importantes periódicos científicos internacionais, dentre os quais, o  American Journal of Physiology e o Metabolism.

Same blot, different antibodies, different samples, different papers.

“Muito cedo se aprende que na vida acadêmica é necessário ser resiliente. Passada a tormenta e restabelecida a justiça, sigo realizando com afinco o que aprendi a fazer: desenvolver ciência, cuidar dos meus pacientes, dar aulas e estudar”, comenta.

Entenda

Em meados de 2015, as revistas Diabetes, PlosOne, PlosBiology, CriticalCare e Diabetologia receberam denúncias anônimas sobre possíveis manipulações de imagens nos manuscritos do professor Mario Saad, docente da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. À época, Saad contava com cerca de 250 manuscritos publicados nesses e em outros periódicos.

Frankenstein blot faked in Photoshop and recycled in two papers

“Aparentemente, todos os meus artigos foram checados pelos denunciantes. Chegaram quase a criar um dossiê de erros de editoração dos meus artigos. Falsas acusações eram então enviadas ininterruptamente às revistas, alegando manipulação de imagens e solicitando que providências fossem tomadas”, explica Saad.

Em resposta ao questionamento das revistas, Mario Saad enviou os dados originais de seus estudos, atestando que as denúncias eram falsas e que pouquíssimos casos tratavam, na verdade, de erros de editoração eletrônica. Saad reconheceu, nesses casos, que os erros haviam ocorrido inadvertidamente e que, ainda assim, não interferiam no resultado de seus achados, bem como na interpretação final destes.

Western blot, reused after digital manipulation for different experiments

De forma anônima, as denúncias contra o professor Saad continuavam a chegar às revistas, pretendendo transformar os pequenos erros de editoração em manipulação intencional de imagens. Pressionadas, as revistas solicitaram que a Unicamp investigasse os estudos denunciados.

Atendendo a solicitação das revistas, a Unicamp instaurou a primeira de uma série de sindicâncias, a partir de 2016, inclusive, com a participação de pesquisadores externos à universidade e também do exterior.

Different experiments, different samples, same blots

“A conclusão também foi a de que os poucos erros apresentados nos artigos escritos por mim eram involuntários e não afetavam o resultado dos estudos, e que poderiam ser facilmente corrigidos por meio de erratas. Atestavam ainda que as denúncias eram completamente falsas”, reitera o pesquisador.

A despeito do parecer da Unicamp, a revista Diabetes não acatou a proposta de correção dos erros de editoração em dois manuscritos e, de maneira unilateral, acabou retratando não apenas dois, mas três artigos do professor Saad, desprezando a conclusão e o parecer das sindicâncias instauradas pela Universidade Estadual de Campinas.

Cloned gel bands in a fake gel. Pereira-da-Silva et al Endocrinology 2003

A partir da decisão unilateral da Diabetes, as revistas PlosBiology, Diabetologia e Critical Care, que já haviam aceitado fazer as erratas, voltaram atrás e também decidiram retratar os artigos questionados.

“O texto dessas retratações e novas denúncias anônimas, sem provas, foram juntadas em novos processos pela Unicamp. Às vésperas da eleição para novo reitor, no início de 2017, recebi a notícia de que enfrentaria 12 novas Comissões Processantes no âmbito da universidade”, comenta Saad. .

Western blot, reused after digital manipulation for different experiments

Saad destaca que, até então, todas as denúncias já haviam sido investigadas em três sindicâncias internas, realizadas pela Faculdade de Ciências Médicas e pela própria Reitoria, em que concluíam que nunca houve má conduta em suas pesquisas e que as denúncias eram falsas.

Em 2018, todos os relatórios finais de todas as 12 CPPs concluíam que nunca houvera má fé ou má conduta científica por parte de Mario Saad em seus manuscritos. Tais pareceres foram encaminhados à Fapesp, que demorou mais um ano para analisá-los. No início de 2020, todos os financiamentos da Fundação, previamente aprovados, foram retomados. Os trabalhos retratados mais relevantes foram republicados. Além de inocentado em todas as investigações, os resultados originais de seu laboratório de pesquisa voltaram para a literatura científica.

Western blots, reused after digital manipulation for different experiments

“Creio que as conquistas de uma vida dedicada integralmente à Universidade e os resultados desse escrutínio completo em minha vida profissional – que demonstraram que minha atuação sempre foi honesta e baseada em trabalho duro, e que também comprovaram a validade e a relevância de minha produção cientifica – permitem claramente que eu retome plenitude minha vida acadêmica com plenitude, contribuindo com meu trabalho para o engrandecimento da Universidade e da ciência no Brasil”, conclui.

Western blot, reused after digital manipulation for different experiments

There was also this email sent by “Mario Saad and Marco Zezzi  <divulga@marioezezzi.com.br>” on 18 March 2021:


Falsidade Eleitoreira

Fake western blots made in Photoshop from recycled gel bands. Rocha et al Clin Cancer Res 2011

Há alguns anos, o professor Mario Saad foi levianamente acusado de más condutas científicas, todas esclarecidas e desmentidas a seu tempo. Agora, entretanto, o ataque volta à tona, desta vez, na forma vil de fake news covardes e eleitoreiras, em sites sensacionalistas, as quais, uma vez mais, repudiamos com veemência.

A única verdade sobre essas acusações é que elas permitiram diagnosticar com precisão a indolência institucional da Unicamp à época, que permitiu que essas falsidades prosperassem, a despeito de não haver quaisquer provas documentais.

Western blot, reused after digital manipulation for different experiments Girasol et al PLOS One 2009

Reiteramos que o Prof. Mário foi absolvido de todas as acusações que lhe foram feitas. A prova mais cabal disso está à mão de qualquer um que se dê ao trabalho de verificar, antes de atacar: os artigos sob suspeição foram republicados, e os seus dados repostos integralmente na literatura científica da área.

A despeito disso, talvez valha a pena esclarecer o que sejam os tais plágios ou más praticas científicas alegados: diziam respeito ao fato de que, após 15 anos da publicação original, cerca de 5% dos seus dados não podiam ser recuperados de um computador, por uma questão meramente tecnológica de acesso a eles. Nunca, em nenhuma ocasião, quaisquer resultados ou conclusões dos trabalhos foram postos em dúvida.

Western blot, reused after digital manipulation for different experiments

Talvez esse tempo de horror em que, dentro da própria Universidade, haja quem não tenha vergonha de utilizar expedientes torpes para ganhar eleição na mentira, sirva também de ocasião para que os docentes, servidores e alunos conheçam a luta solitária e vitoriosa que teve de empreender o Prof. Mario Saad em defesa da sua reputação como pesquisador brasileiro.

É nosso mais sincero desejo que isso nunca mais venha acontecer com algum docente desta Universidade.

A rigor, a Unicamp precisa se orgulhar de ter nos seus quadros um pesquisador como o Prof. Mario Saad, que apresenta 21.858 citações pelo Google Scholar. O seu reconhecimento internacional é manifesto, tanto que foi listado pela revista Plos Biology, ao lado de outros colegas da Unicamp, entre os pesquisadores mais influentes do mundo. Além disso, é um dos poucos cientistas mundiais, na área de Medicina, que são consultores selecionados pelo Comitê do Prêmio Nobel para indicação de futuros premiados. Todos que atuam na área acadêmica sabem que carreiras assim são construídas com muita dedicação, trabalho e integridade cientifica.

Apenas o fisiologismo mais baixo e eleitoreiro pode se ressentir diante de tão notáveis feitos acadêmicos.

Western blot, reused after digital manipulation for different experiments Calisto et al PLOS One 2010

Apoiadores do Prof. Mario Saad. 
Leia também
 
Um ensaio clínico sobre fake news, por Mario Saad: https://www.fcm.unicamp.br/fcm/relacoes-publicas/saladeimprensa/um-ensaio-clinico-sobre-fake-news-por-mario-saad

Fake western blots, made in Photoshop from recycled gel bands Weissmann et al Diabetes 2014

“Criaremos na Unicamp, um escritório permanente de integridade em pesquisa para proteger a sociedade e o pesquisador”, afirma Mario Saad:https://marioezezzi.com.br/criaremos-na-unicamp-um-escritorio-permanente-de-integridade-em-pesquisa-para-proteger-a-sociedade-e-o-pesquisador-afirma-mario-saad/
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fecho

Este texto foi originalmente publicado no blog “For Better Science” [Aqui!].