Em tragédia anunciada pelo EIA/RIMA do Porto do Açu, erosão costeira se agrava e ameaça localidade no V Distrito de São João da Barra

erosão açu

Erosão continua avançando e ameaça varrer do mapa a localidade de Barra do Açu no V Distrito de São João da Barra.

Venho acompanhando ao longo dos anos o processo de erosão costeira que afeta a localidade de Barra do Açú após a construção de um quebra-mar que protege um dos terminais do Porto do Açu.  Essa é uma tragédia anunciada nos estudos técnicos realizados pelo Grupo EBX do ex-bilionário para obter as licenças ambientais para a implantação do empreendimento que hoje está nas mãos do fundo de “private equity” EIG Global Partners.

Visitei a outrora aprazível e pacata localidade de Barra do Açu ao longo dos anos e a perda da faixa de areia é visível, com uma diminuição acentuada da faixa de praia. Entretanto, o processo que parecia ter estabilizado, agora voltou com força, deixando os habitantes da localidade cada vez mais apreensivos com o destino do local (ver vídeo abaixo mostrando a ação do mar neste sábado (30/09).

O mais lamentável é que após momentos em que se pretendeu alguma preocupação, seja por parte do governo municipal, da Câmara de Vereadores, ou da Prumo Logística Global, a situação agora está no melhor estilo do “À mercê da própria sorte”.

Esta situação demonstra que o discurso de desenvolvimento não apenas não se concretizou, como agora temos uma série de heranças malditas afetando todo o V Distrito de São João da Barra. É que além da erosão costeira, temos ainda a salinização de águas superficiais, o aumento das ações do narcotráfico em uma região que antes não vivenciava nenhum desses problemas.

Disponibilizando os prometidos relatórios sobre o EIA/RIMA do TEPOR/Macaé

barco

Como prometi estou disponibilizando os dois relatórios produzidos por pesquisadores do Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé  da UFRJ (NUPEM/UFRJ)  que tratam do Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de Impactos Ambientais (RIMA) confeccionados para dar suporte ao processo de licenciamento ambiental do Terminal Portuário de Macaé (Aqui 1 ! e Aqui 2 !).  Uma rápida leitura dos dois relatórios mostra que existe uma série de questões que deveriam merecer um processo mais aprofundado de verificação por parte das agências ambientais quanto aos impactos sociais e ambientais do empreendimento.

Um dos aspectos que mais me chamou a atenção, até porque já vi esse filme no Porto do Açu, é dos possíveis impactos sobre a capacidade de pescadores artesanais, cujas áreas preferenciais de captura estão dentro da área de exclusão do futuro porto, de continuarem trabalhando, especialmente aqueles com poder aquisitivo e, consequentemente, com menores embarcações que terão menor capacidade de se adaptar a uma nova realidade marcada por forte trânsito de grandes embarcações. Para ilustrar melhor essa situação, coloco a imagem abaixo que foi usada pelos pesquisadores do NUPEM para demonstrar a baixa efetividade do EIA/RIMA em prever problemas futuros para a comunidade de pescadores.

áreas preferenciais de pesca

À guisa de corroboração acerca das críticas mais amplas que esses dois relatórios contém acerca do que está previsto pela EIA/RIMA do Tepor Macaé, informo em primeira mão que em meu grupo de pesquisa acabamos de concluir uma avaliação preliminar do RIMA do Distrito Industrial de São João da Barra (DISJB), a qual será apresentada na XIV Mostra de Pós-Graduação da UENF que ocorrerá entre 13 e 16 de outubro de 2014, onde concluímos que, entre outras coisas, o mesmo não atendeu aos objetivos normativos do processo de licenciamento em dois aspectos básicos mas cruciais:

1) a descrição dos impactos foi realizada de forma a minimizar os aspectos negativos, e  o prognóstico ambiental e a avaliação estratégica foram apresentados com certa parcialidade, em favor do empreendimento.

2) não atendeu critérios internacionais de comunicação de resultados de estudos de impactos às populações afetadas por um determinado empreendimento, no caso o DISJB.

Assim, caso não se queira ver em Macaé mais uma reedição dos graves problemas que hoje afetam a área de entorno do Porto do Açu, o mais lógico seria que todas as partes interessadas levam em conta o que está apontado nesses dois relatórios produzidos pelos pesquisadores do NUPEM.  Depois poderá ser tarde demais!

 

 

Pareceres de pesquisadores da UFRJ apontam para série de riscos no novo porto em Macaé

Recebi hoje dois pareceres que considero tecnicamente sérios e bem desenvolvidos a respeito do segundo EIA/Rima do Tepor que está em processo de licenciamento ambiental para ser construído em Macaé, ambos elaborados por pesquisadores do Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé (NUPEM) da UFRJ/Macaé.

Irei disponibilizá-los em breve através deste blog, pois considero que o debate público em torno das consequências potenciais de mais este empreendimento portuário não pode restrito ao empreendedor e os órgãos ambientais que hoje praticam uma modalidade de licenciamento ambiental que eu alcunhei de “licenciamento ambiental Fast Food”.

De toda forma posso adiantar que existem vários problemas apontados que, se não forem tratados de forma efetiva, renderam problemas gravíssimos não apenas para Macaé.