Na surdina, Cláudio Castro, o governador por acaso do RJ, decreta a militarização da rede Faetec

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Em uma materialização do velho adágio que diz que “de onde nada se espera é que não sai nada mesmo”, o governador acidental do Rio de Janeiro decidiu decretar a militarização da rede de ensino técnico, ao impor via o  DECRETO Nº 48.003 DE 23 DE MARÇO DE 2022, que em um período de 90 dias a criação ” das Escolas Técnicas Cívico-Militares do Estado do Rio de Janeiro” (ver imagem abaixo).

faetec militarizada

Para traduzir em miúdos o que Cláudio Castro (um ilustre desconhecido transformado em governador pela derrubada do governador Wilson Witzel) está tentando fazer, basta pensar em unidades escolares centenárias como o Instituto Superior de Educação Professor Aldo Muylaert (ISEPAM) em Campos dos Goytacazes ou o Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro na capital do estado tendo que repentinamente abandonar suas trajetórias históricas para se transformarem objetivamente em unidades de reprodução de uma ideologia militarizada de educação, preparando assim uma geração de futuros mestres que serão formados sob o peso dos coturnos militares.

Que Cláudio Castro vinha fazendo movimentos para apelar para os setores mais ligados ao presidente Jair Bolsonaro, isto já estava claro em suas muitas viagens a redutos bolsonaristas onde tentou, e continua tentando, chamar para si um capital eleitoral que nunca teve. Mas, convenhamos, a militarização da rede Faetec é um pouco demais até para um estado que se acostumou a viver em um ambiente político completamente degradado.

Obviamente existirão aqueles que saudarão a chegada dos comandantes militares nas escolas técnicas do Rio de Janeiro.  Para estes há uma ilusão de que o problema da nossa juventude não é falta de horizontes profissionais, mas de disciplina e códigos firmes de conduta. Entretanto, eu presumo que mesmo dentro do comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro haverá quem ache que este é um tremendo presente de grego (lembrando o Cavalo de Tróia), na medida em que a realidade das escolas técnicas é altamente complexa, e marcada pelo abandono e escassez de recursos. Isto sem falar na complexidade dos processos formativos que ocorrem na rede Faetec, nenhum deles afeitos à disciplina militar.

Um dos maiores problemas que eu vejo na concepção de que militarização é sinônimo de melhoria do quer que seja no âmbito escolar é que tal sistema não é proposto para as escolas particulares, especialmente naquelas em que estudam os filhos das elites.  A verdade é que nas escolas destinadas aos filhos das classes dirigentes o receituário seguirá modelos mais ligados aos conceitos formulados por Paulo Freire que são voltados para a construção de formas libertárias de pensamento, enquanto para os estudantes oriundos da classe trabalhadora se aplicará regras do adestramento militar, destinando-os a obedecer sem pensar.

A verdade inescapável é que esse decreto não pode ser tolerado, aperfeiçoado nem minimizado pelo impacto que criará na formação técnica e no desenvolvimento da juventude pobre do Rio de Janeiro. Esse decreto tem que ser contestado em todos os níveis para que chegue muito rapidamente a uma lata de lixo, único lugar que um instrumento tão regressivo e tão antagônico ao direito de uma escola pública de qualidade, democrática e inclusiva.

E que nas próximas eleições se trabalhe muito para retornar Cláudio Castro à obscuridade da qual ele nunca deveria ter saído. Simples assim!

A Alerj e seu alegre festival de nomeações suprapartidárias

Você sabe quais cargos o seu deputado andou negociando? Veja lista!

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A notícia é de ontem, mas merece ser comentada. Trata-se de uma lista de nomeações políticas para cargos em órgãos estaduais que está ligada diretamente ao aludido esquema de corrupção existente na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), sendo que o arquivo foi apreendido no computador do ainda deputado Edson Albertassi (PMDB) [1].

lista de deputados

A imagem reproduz a lista de nomeações para o municipio de Campos dos Goytacazes e os deputados que detinham a capacidade de indicar nomes para ocupar cargos.

O arquivo é composto por  16 páginas e nelas estão relacionadas nomes de políticos que pediram determinados cargos, quem ocupou a vaga e onde. Os registros apreendidos datam de 2015. Durante esse tempo,  64 deputados, vereadores e até secretários de estado indicaram pessoas nomeadas, segundo o Ministério Público Federal.

O número de 64 deputados arrolados na lista de deputados beneficiados pela distribuição de cargos parece ter uma forte correlação com a vida mansa que os (des) governadores de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão tiveram para executar sua agenda ultraneoliberal no Rio de Janeiro.

Há que se notar que essa lista é de 2015 e referente a apenas 6 órgãos estaduais, entre eles DETRAN e FAETEC.   Aliás, chama muita especial atenção o número de cargos distribuídos para a FAETEC e o DETRAN, visto que nesses dois casos específicos a lista de deputados beneficiados é multipartidária, incluindo até alguns deputados que posam de oposição na frente das câmera de TV.  Mais lamentável ainda é ver confirmadas as informações de que a FAETEC foi transformada num cabide de empregos, enquanto seus servidores passavam graves dificuldades financeiras por causa da falta de salários pagos em dia.

No caso dos deputados eleitos na região Norte Fluminense a lista mostra ainda uma grande desenvoltura (ou seria fome?) de alguns parlamentares que não se restringiram a demandar cargos em suas áreas de votação mais expressiva. Mas está claro que esta farta distribuição de cargos tem mais a ver com a obediência dentro da Alerj do que com a densidade eleitoral dos deputados. 

A verdade é que nesse vendaval de nomeações o que menos conta é o compromisso com a população, mas sim a necessidade de manter os deputados alinhados ao que demandam os (des) governadores de plantão.

Para quem desejar ler a lista inteira, basta clicar [Aqui!]


[1] https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/planilha-apreendida-na-casa-de-deputado-preso-revela-distribuicao-de-cargos-politicos-no-rj.ghtml

“Cadeia Velha” expõe relações umbilicais entre Gustavo Tutuca e Jorge Picciani

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A operação “Cadeia Velha” que faz balançar as estruturas de controle do PMDB dentro da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) trouxe revelações que não ganharam o mesmo tipo de exposição que as denúncias em torno do suposto pagamento de propinas à tróika formada pelos deputados Jorge Picciani,  Paulo Melo e Edson Albertassi.

Graças às apurações da Polícia Federal também pudemos verificar como se deu a operacionalização da natimorta Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que foi criada pelo deputado estadual e atual (des) secretário de Ciência e Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social, Gustavo Tutuca (PMDB).

É que em diálogo tornado público pelo Ministério Público Federal, o escopo da natimorta CPI das universidades estaduais foi acertado entre Jorge Picciani e Gustavo Tutuca para evitar que a mesma se voltasse contra o (des) governo Pezão que não vem cumprindo as determinações constitucionais relacionadas ao financiamento da Educação e impondo um severo torniquete financeiro que vem inviabilizando o funcionamento das universidades estaduais e escolas da rede Faetec.

Vejamos abaixo a íntegra do diálogo entre Jorge Picciani e Gustavo Tutuca sobre a CPI das universidades estaduais.

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Vivêssemos numa sociedade onde os políticos tivessem um mínimo de pudor, o dublê de secretário e deputado estadual Gustavo Tutuca já teria pegado suas trouxas na secretaria que não comanda e voltado para o conforto do seu gabinete na Alerj. É que, convenhamos, depois da liberação desse diálogo ele perdeu o pouco de trânsito que possuía nas universidades, mesmo nas reitorias onde a capacidade de flexão na coluna vertebral é maior.

Mas não, como vivemos no Rio de Janeiro dominado pelo PMDB, Gustavo Tutuca vai continuar fazendo cara de paisagem na Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social (SECTIDS), enquanto as universidades estaduais e escolas da rede Faetec afundam no caos.

Pelo menos agora sabemos um pouco mais de como Gustavo Tutuca opera, razão pela qual ele é indispensável ao grupo que tomou de assalto o Palácio Guanabara e que segundo o Ministério Público Federal não parou por ali.

(Des) governador Pezão repete mantra em que nem ele parece acreditar

(Des) governador Luiz Fernando Pezão durante visita de políticos ao enclave geográfico do Porto do Açu. Por que é ele o único com ar sombrio em meio a tantos sorrisos?

Durante à sua visita ao enclave geográfico do Porto do Açu, o (des) governador Luiz Fernando Pezão foi instado a falar sobre a situação dos salários atrasados e da falta de custeio para permitir o funcionamento adequado da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). Restou ao (des) governador Pezão repetir o mantra de que as coisas serão normalizados em 10, 15 dias ou 20 dias (quanta precisão!) , graças ao empréstimo contraído junto ao banco francês BNP Pariba (ver vídeo abaixo). 

 

O problema  com a resposta do (des) governador Pezão nem é tanto o que ele disse, mas o gestual e estado de ânimo que transpiram nas imagens.  Pelo que se vê, nem ele mesmo acredita mais no que fala, e tudo o que é dito parece um daqueles monólogos que saem da boca de atores decadentes em algum teatro empoeirado. O lamentável é que no caso do (des) governador Pezão, o teatro empoeirado em que ele encena é o estado do Rio de Janeiro, e a plateia relutante somos todos nós que aqui vivemos e trabalhamos.

Enquanto isso, a Uenf, as demais universidades estaduais, e as escolas da rede Faetec continuam sendo vilipendiadas pela asfixia financeira imposta pelo (des) governo Pezão que continua executando uma das mais escandalosas farras fiscais dentro da federação brasileira. 

 

Notícias da Aduenf: Manifesto da Comissão de Educação da Alerj defende universidades estaduais

Comissão de Educação da Alerj lança manifesto em defesa das universidades estaduais

Em reação à sugestão do Ministério da Fazenda de “supressão” do ensino superior público no estado do Rio de Janeiro, a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)  lançou um manifesto em defesa das universidades públicas estaduais (ver imagem abaixo).

Esse é um posicionamento importante porque é na Comissão de Educação que são normalmente discutidos os assuntos referentes ao funcionamento das universidades estaduais. Entretanto, é importante lembrar que apenas este apoio não deterá os projetos de precarização do serviço público estadual que estão associados ao chamado “Regime de Recuperação Fiscal” que foi recentemente assinado pelo governo do Rio de Janeiro.

Por isso, é importante somar outros apoios, inclusive para fortalecer a posição da Comissão de Educação dentro do Alerj.

FONTE: https://aduenf.blogspot.com.br/2017/09/comissao-de-educacao-da-alerj-lanca.html

Reflexões dominicais sobre a dolorosa situação da Uenf como espelho do Brasil

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Por Luiz Henrique Moraes*

Hoje me deparei com uma lembrança que ocorreu no setor onde trabalho, em fevereiro deste ano.

No recesso da universidade onde trabalho como de costume uma aluna chegou e solicitou um nada consta do setor. Durante meses eu assinava este documento para liberar os alunos devido a sua colação de grau; diplomação; trancamento/cancelamento de matrícula. O intuito é liberar a situação do graduando ou graduado.

Nesta atribuição que em determinado dia uma moça chegou e me pediu o nada consta, primeiro perguntei se era para “colação de grau” mas a moça não respondeu enquanto preenchia o documento. Em poucos segundos percebi seu choro que prendia e ao flagrar tal situação lhe ofereci a cadeira para sentar e um copo de água para se acalmar. 

Nesta situação de desespero li no documento da menina que optava pelo “cancelamento da matrícula”. O que pensei em um milhão de coisas ao mesmo tempo. A levei para o corredor, orientei sobre o que tinha de fazer dali em diante e para acalma-la; falei que também tive de fazer o mesmo tempos atrás devido às dificuldades da vida, pois não é fácil largar um curso superior. Você batalha para ingressar e depois tem de deixar por vários problemas.

Foi uma situação dolorosa e que nunca vou esquecer. O desmonte da universidade pública, da Uenf e da Uerj, além da Faetec tem muito a ver com este descalabro. Os governos, nossas autoridades promovem o desmonte das políticas de ciências e tecnologia, e de inclusão social para os jovens, especialmente os mais vulneráveis. 

Cada soluço ouvido, cada lágrima observada, os olhos avermelhados e o seu semblante triste denunciam a desesperança, simbolizam o resultado de políticas nefastas que nos destroem por dentro. 

A Uenf não tem segurança, com muita dificuldade está funcionando, há falta de materiais básicos de higiene, limpeza e conservação. Materiais de escritório e para realização de pesquisas em laboratório. 

No entanto o pior é a saúde mental das pessoas, os recursos humanos da instituição. O choro preso significa algo doloroso. Também significa nossas fragilidades como ser humano, como cidadão, como pessoas na sociedade.

Naquele dia parei para pensar o que ela faria dali em diante. O país parou. Parou e não sabemos quando voltará a andar. Só digo que foi muito doloroso, até hoje.

*Luiz Henrique Moraes é servidor da Universidade Estadual do Norte Fluminense e aluno do curso de Engenharia Ambiental do Instituto Federal Fluminense/ campus Guarus.

 

Em troca de duodécimos num futuro incerto, Reitoria da Uenf adere à universidade mínima do (des) governo Pezão

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Em resposta a um ofício enviado pela Associação de Docentes, o reitor da Uenf, Prof. Luís Passoni, enviou no final da manhã desta 3ª. feira um ofício onde objetivamente afirma que a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) possui as condições mínimas de funcionamento (ver ofício abaixo).

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O problema crucial para que se entenda o que a reitoria da Uenf afirma serem as condições mínimas para funcionamento se refere aos exemplos oferecidos para corroborar essa posição.

As duas coisas que são oferecidas como exemplo de condições mínimas logo no primeiro parágrafo é de que o Restaurante Universitário estaria funcionando e de que os serviços de limpeza estariam sendo executados.  Essa é uma verdade parcial, a começar pelo fato de que muitos dos comensais já reclamam da queda na qualidade da comida. Além disso, o ofício omite o fato do pessoal disponível para limpeza foi reduzido drasticamente porque a empresa terceirizada que restou prestando serviços na Uenf não recebe os pagamentos devidos por quase 2 anos!  Além disso, as dificuldades para manter os prédios limpos com menos gente acaba causando uma jornada de trabalho mais penosa para os servidores que ainda prestam o serviço. Em outras palavras, servidores que já são normalmente precarizados nas condições laborais por serem terceirizados, agora ainda enfrentam a sobrecarga de terem que trabalhar mais, piorando assim sua condição de vida.

Mas a barra do mínimo necessária é colocada para baixo ainda mais quando o reitor da Uenf oferece o tipo de segurança que está sendo oferecido e o que está por ser oferecido. Nesse caso, o ofício afirma como elemento garantidor da segurança do Grupamento Ambiental da Guarda Municipal numa sala dentro do campus.  O problema é que a simples presença deste grupamento não garante nada, pois as funções do mesmo são diversas de prestar segurança dentro de um campus universitário. Além disso, a menção de que rondas frequentes (com qual frequência?) de radio patrulhas representam o oferecimento de “uma grande atenção” por parte da Polícia Militar ao campus Leonel Brizola!

Entretanto, mais precária ainda é a garantia da existência de um convênio cuja concretização ainda estaria dependendo de sua tramitação.  Esse convênio ofereceria o uso de uma radiopatrulha para cuidar do policiamento do campus Leonel Brizola e das unidades de pesquisa localizadas no Colégio Agrícola Antonio Sarlo. Assim, apenas para ir e vir de um ponto a outro, a viatura teria que percorrer 20 km em apenas uma viagem! Como a gasolina e a manutenção irão ser custeadas pela própria Uenf, não é difícil de compreender que esta será uma operação custosa e operacionalmente complexa. O ofício tampouco menciona o fato de que no convênio com a PMERJ consta a pré-condição de o campus Leonel Brizola estar totalmente iluminado no período noturno para que haja a ação de patrulhamento. Como hoje os chamados super postes existentes estão completamente apagados faz tempo, deixando grandes áreas do campus em completa escuridão, é pouco provável que o convênio seja cumprido no período noturno.

Outro aspecto em que a resposta oferecida deixa amplo espaço para dúvidas se refere à existência de insumos para atividades de ensino e pesquisa. Neste caso, o ofício reconhece que não existem recursos para compra de insumos, mas que verbas do convênio PROAP/CAPES estariam permitindo melhores condições de funcionamento aos programas de pós-graduação. A questão é que este convênio não apenas é uma espécie de cobertor curto já que o montante entregue pelo órgão federal é relativamente pequeno em relação às demandas dos programas de pós-graduação, especialmente no que se refere à compra de insumos.  Mas, além disso, o ofício é omisso em relação aos cursos de graduação, já que as verbas da CAPES não podem ser usadas para garantir o funcionamento dos mesmos.  Em outras palavras, se na pós-graduação há um aporte precário de verbas para viabilizar determinadas ações, enquanto na graduação nem isso.

Sobre a dívida que a Faperj possui com inúmeros pesquisadores e que hoje coloca em risco direto dezenas de projetos de pesquisa? Nisso o ofício é oportunamente omisso. Mas a informação corrente é que se até o final de 2017 não houver um aporte de custeio considerável, muitos projetos terão que ser completamente interrompidos simplesmente porque os aparelhos terão de ser desligados, interrompendo pesquisas essenciais para o desenvolvimento da ciência e da economia regional.

Para finalizar, o ofício aponta para a esperança que a reitoria da Uenf parece depositar na aprovação de uma lei que garanta os repasses orçamentários na forma de duodécimos seguindo o que se faz com o legislativo e o judiciário.   E para se lançar nessa cruzada é que a reitoria justifica a volta às aulas para trazer os estudantes de volta “para engajá-los” na luta. O problema é que para “engajar” no que efetivamente? Na prática em aulas meramente expositivas de conteúdos e expostos a crescentes riscos pessoais, especialmente os que frequentam o campus Leonel Brizola, a maioria mulheres, dadas as já citadas falta de iluminação e de presença de seguranças patrimoniais que até um ano atrás estavam nas diversas unidades do campus ao longo de 24 horas.

Esse ofício representa, lamentavelmente, uma adesão prática ao modelo de universidade mínima que o (des) governo Pezão preconiza. Afinal, o que a reitoria da Uenf está pedindo é que se volte a dar aulas sem quaisquer das condições mínimas que a universidade deveria ter para chegar perto do que o criador de seu modelo institucional, Darcy Ribeiro preconizava.

E que melhor situação para o (des) governo Pezão do que ter as universidades e a Faetec funcionando sem que ele autorize um mínimo de custeio básico e que o pagamento de salários seja feito apenas quando a pressão dos servidores comece a bater nas portas do Palácio Guanabara?

Pois bem, não tenho nenhuma dúvida em afirmar que se a Uenf abraça o tipo de universidade mínima que está sendo tacitamente aceita pela sua reitoria, estaremos mais próximos do pagamento de mensalidades pelos estudantes e o corte de porcentagem dos salários de seus servidores, tal como aconteceu em Portugal.   O incrível é que a história da resistência a esse processo de elitização do ensino público superior foi dado ainda nesta semana pelo professor António da Nóvoa para um centro de convenções lotado. Pelo jeito, para muitos que ouviram a fala do professor Nóvoa e o aplaudiram de pé, tudo não passou de um gesto e apenas isso.

Felizmente, insisto que sempre há felizmentes para tudo, muita gente na Uenf não está disposta a abraçar a universidade mínima do (des) governo Pezão. E é com esses que vamos formar as trincheiras para defender a universidade de Darcy Ribeiro. E que cada um escolha como quer ficar marcado na história da Uenf.

Diga não à Universidade Mínima – Associações Docentes Estaduais em Luta!

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No dia 21 de Agosto representantes das diretorias e base da Asduerj, Aduezo, Aduenf e ADESFAETEC (seções sindicais do Andes-Sindicato Nacional) reuniram-se em plenária na Uerj Maracanã para decidir sobre os próximos passos da luta em defesa do ensino público, gratuito de de excelência.

Nos dias 08 e 11 de agosto, servidores, estudantes e sociedade intensificaram os atos de mobilização contra o desmonte do ensino público no Rio de Janeiro. Entre as exigências, o pagamento dos salários atrasados e o 13º de 2016. No dia 10 de agosto o banco Bradesco renovou o contrato da administração da folha de pagamento dos servidores. O que pode parecer um alívio, ao permitir o acerto de 3 meses de salários atrasados, é na verdade mais uma das ações desastrosas deste governo. Sem calendário de pagamentos e sem décimo terceiro (2016 e primeira parcela de 2017) o servidor ainda tem de ouvir do secretário da Fazenda, Gustavo Barbosa, que não há previsão para pagamento de agosto. A verdade que deve ser dita é que não há qualquer previsão de pagamento dos próximos meses. Além disto, as Universidades e FAETEC não têm as condições mínimas para retomar as aulas e a pressão para a adoção de um possível cotidiano de normalidade só deteriora as relações de trabalho e as possibilidades de realização de nossas tarefas de ensino, pesquisa, extensão.

Lutamos em unidade por compreender que os ataques visam o desmonte de nossas instituições de Ensino. E por compreender que nossos direitos não são negociáveis. Como servidores, exigimos um calendário orientado pela isonomia entre as categorias do funcionalismo. E dizemos não ao projeto de Estado Mínimo, em que investimentos na Saúde e Educação são vistos como “gastos” a serem cortados, e que tem como consequência o surgimento de uma Universidade Mínima, sem investimentos, sem custeio, sem plano de carreira, sem assistência estudantil e que busca ser financiada pela iniciativa privada ou com a cobrança de mensalidades. Por um ensino 100% gratuito, inclusivo e de qualidade.

Mais uma vez, e sempre que necessário, os docentes em luta do ensino superior estadual do Rio de Janeiro convocam todas e todos os defensores da Educação Pública a juntarem-se a nós na Defesa das Universidades Estaduais e da FAETEC!

DIA 23/08 – DIA DE ATOS UNIFICADOS NOS DIVERSOS CAMPI DAS IES: Maracanã, Campos, Campo Grande, São Gonçalo e Caxias

AS UNIVERSIDADES ESTADUAIS RESISTEM E REAGEM
UERJ UEZO UENF FAETEC FICAM
PEZÃO E TEMER SAEM

FONTE: https://aduenf.blogspot.com.br/2017/08/diga-nao-universidade-minima.html

Resistência  resignada,  na prática, é submissão. O caso das universidades estaduais do Rio de Janeiro

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Professores da Uenf protestam em frente do Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, contra o confisco dos seus salários pelo (des) governo Pezão.

Em  face da crise provocada nas universidades estaduais do Rio de Janeiro tornou-se corrente a ideia de que continuar trabalhando como se não faltassem salários e aportes mínimos de custeio seria uma forma de resistir ao projeto privatizante que está por detrás dessas ações do (des) governo Pezão. Essa forma de resistência passiva é encantadora e desperta em muitos aquela velha noção de que ser professor é uma espécie de sacerdócio, onde o sacrifício em nome do bem comum serve para enobrecer quem o pratica.

Um problema inicial em torno da ideia do trabalho sem remuneração e em condições impraticáveis é que nisso não há nada de sacerdócio, mesmo porque os sacerdotes da Igreja Católica são muito bem amparados para que disseminam as suas doutrinas religiosas.  O nome correto para trabalhar em condições degradantes e sem pagamento dos salários devidos  é, na verdade, escravidão.

Assim, num país com tamanho legado escravocrata como o Brasil, aceitar a ocorrência de trabalho não remunerado em universidades públicas  deveria ser a primeira coisa a causar a insurgência contra os (des) governantes de plantão. Mas não, esse tipo de burla das regras básicas na relação patrão X empregado acaba sendo vendido como um exemplo de um estoicismo [1] de botequim  que apenas serve aos interesses de destruição das universidades enquanto entes públicos. É que enquanto sofrem servidores e aposentados, o dinheiro público continua fluindo para os bancos e para as Organizações Sociais (OSs) para quem não há qualquer tipo de crise.

Mas para quem acha que a força desse estoicismo canhestro é pequeno, sugiro que visite os campi das três universidades estaduais existentes no Rio de Janeiro, pois ele está muito bem entranhado nas práticas cotidianas que resistem à qualquer movimento que efetivamente dê nome aos bois (no caso o governador Luiz Fernando Pezão) e as práticas dos mesmos.

Falar em movimentos que questionem o pano de fundo do confisco salarial dos servidores se tornou um ato pecaminoso para os estoicistas de botequim. Eles preferem apontar para a nobreza do gesto de trabalhar e acumular dívidas. As razões para esse tipo de comportamento podem estar na negação do próprio papel enquanto pertencentes à classe trabalhadora já que muitos se veem assim por serem detentores de títulos de mestres e doutores. Entretanto, acredito que a razão principal para que se concorde com o desmanche do aspecto público das universidades é que muitos entendem que o Estado não deve mesmo investir no ensino público para os pobres. Em suma, há uma opção de classe subliminar para que se abrace o estoicismo de botequim, seja qual for a forma em que o mesmo se apresente.

Por isso, toda vez que alguém vem me dizer que devemos resistir e trabalhar normalmente e sem salários, a leitura que faço é que a pessoa que enuncia o discurso é inimiga da possibilidade que os pobres tenham acesso a boas universidades, e que se resignem ao destino que a burguesia brasileira lhes reservou enquanto classe eternamente subalterna.

Um colega que é professor da UFF/Campos afirmou recentemente num evento público no campus da Uenf que mais do que resistir, o que deveríamos fazer contra os (des) governos de plantão no Rio de Janeiro e Brasília seria adotar a insurgência como lema. Eu concordo plenamente com esse colega. Não dá mais apenas para resistir, ainda mais na forma passiva que tem dominado esta dita resistência. Temos mesmo que nos insurgir contra este ataque em regra às instituições públicas que minimamente vem possibilitando a milhões de brasileiras possam ascender do interior dos grotões sociais para os bancos escolares. 

E neste processo não haverá espaço para o estoicismo de botequim que nos mantem paralisados frentes aos múltiplos ataques que estão sendo realizados contra o pouco de modernidade que se permitiu instalar no Brasil. E, por isso, não há como aceitar o que está sendo feito contra as universidades estaduais do Rio de Janeiro de forma resignada, pois isso seria a forma mais vil de submissão.

Mas a excelente notícia que brota como sementes da insurgência de dentro dos campi da Uenf, da Uerj, da Uezo e da Faetec é que os que rejeitam a resignação é maior do que os já resignados. E como bem  bem já disse Bertold Brecht “do rio que tudo arrasta se diz violento, mas ninguém chama de violentas as margens que o oprimem”.  

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[1] Estoicismo é uma doutrina fundada por Zenão de Cício (335-264 a.C.), e desenvolvida por várias gerações de filósofos, que se caracteriza por uma ética em que a imperturbabilidade, a extirpação das paixões e a aceitação resignada do destino são as marcas fundamentais do homem sábio, o único apto a experimentar a verdadeira felicidade

Comando de Greve da Aduenf envia documento ao (des) governador Pezão requerendo audiência

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O Comando de Greve dos professores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) enviou no início da tarde desta 6a. feira uma correspondência ao (des) governador Luiz Fernando Pezão para comunicar o início da greve por tempo indeterminado determinada pela assembleia realizada no dia de ontem (03/08) [Aqui! ].

A correspondência aponta ainda para uma série de particularidades existentes na Uenf que torna a falta de pagamento dos salários dos professores ainda mais grave. O principal aspecto levantado é de que por cumprir contratos em regime de Dedicação Exclusiva, todos os professores da universidade estão impedidos de possuírem outras fontes de vencimento. Em outras palavras,  o fato de se dedicarem integralmente à Uenf, os professores agora sofrem o ônus de trabalharem sem sua única fonte de renda!

Interessante notar que em meio ao caos criado nas universidades estaduais, o (des) governador Luiz Fernando Pezão enviou para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o qual foi rapidamente aprovado e promulgado, para a retomada da farra de isenções fiscais que já custaram aos cofres estaduais mais de R$ 200 bilhões entre 2007 e 2016.  Em outras palavras, a crise que vive o Rio de Janeiro é seletiva, mas muito seletiva mesmo!

Felizmente agora os professores das três universidades estaduais decidiram partir para um processo de explicitação dessa seletividade ao se recusarem a continuar mantendo as universidades abertas sem que sequer seus salários sejam pagos.

Greve na UENF: Comando dos professores envia documento ao governador para requer audiência

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O Comando de Greve  da Associação de Docentes da Universidade Estadual do Norte Fluminense (ADUENF) enviou na tarde desta 6a. feira (04/08) um ofício ao governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, informando sobre a deflagração do movimento paredista causado pelo atraso no pagamento dos salários de Maio e Junho e do 13o.salário de 2017 (ver  abaixo reprodução digital da correspondência).


O documento solicita que o governador do Rio de Janeiro realize uma audiência com o Comando de Greve da ADUENF para que se chegue a uma solução para o impasse criado pela falta do pagamento dos salários. No documento ainda há uma menção ao fato de que os professores da Uenf são uma das poucas categorias do serviço público estadual que cumprem contratos no regime de Dedicação Exclusiva, o que torna a falta de pagamento dos salários um problema ainda mais grave, visto que os mesmos estão assim legalmente impedidos de possuírem outras fontes de vencimentos.

A mesma correspondência foi enviada para o reitor da Uenf, Luís Passoni, e para os secretários de Fazenda, Gustavo Barbosa, e o de Ciência e Tecnologia, Gustavo Tutuca.

FONTE: https://aduenf.blogspot.com.br/2017/08/greve-na-uenf-comando-dos-professores.html