Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de MT fizeram apreensão de 4,1 mil toneladas de feijão-caupi por contaminação com agrotóxico proibido— Foto: MAPA
Que o brasileiro está sendo servido com um coquetel de agrotóxicos todos os dias não é novidade. Mas agora surgem mais indícios que a contaminação está chegando com mais intensidade do que se reconhecia até recentemente. Um exemplo disso foi a apreensão de 4,1 mil toneladas de feijão-caupi (ou feijão de corda) em Campo Novo do Parecis, município localizado a 397 km de Cuiabá, em atacadistas e distribuidoras por conterem um agrotóxico proibido para a cultura.
Para que se tenha ideia da dimensão desta apreensão individual é só pensar que seriam necessárias 140 carretas totalmente cheias para transportar essa quantidade de feijão-caupi contaminada por um agrotóxico que os técnicos do Ministério da Agricultura decidiram manter em sigilo.
Tal sigilo em relação ao agrotóxico que causou a apreensão em Campo Novo do Parecis indica que muito provavelmente a toxicidade do mesmo é alta, e não ocorreu simplesmente porque o veneno agrícola não era destinado ao uso nas plantações de feijão-caupi.
É que, como demonstrado em um dos artigos em que contribui sobre o uso de agrotóxicos por agricultores familiares em Campos dos Goytacazes, corriqueiramente há um uso cruzado de substâncias aprovadas para uma determinada cultura em outras que o emprego delas não foi autorizado. Assim, para retirarem essa quantidade de feijão-caupi a chance é que a toxicidade do agrotóxico usado de forma incorreta seja alta.
Nem o baião de dois escapou da onda de contaminação por uso de agrotóxicos proibidos
De toda forma, como essa apreensão é como uma gota em um oceano de feijão-caupi produzido com agrotóxicos proibidos, o mais provável é que haja muito gente comendo “baião de dois” temperado com altos níveis de agrotóxicos.