Alô Wladimir! Abandono de obras na antiga AABB mostra que nem só de asfalto deveria viver um prefeito

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Sou o que se chama um usuário noturno da antiga sede da AABB que atualmente hospeda o que deveria ser o principal parque poliesportivo da Fundação Municipal de Esportes. Mas por obra do destino, tenho chefgado à sede da FME com a luz do dia ainda presente. Isso repentinamente me permitiu olhar a situação de abandono do que deveria ter sido um conjunto de obras para dar uma nova condição de funcionamento para aquele importante instrumento de democratização do esporte em Campos dos Goytacazes (ver imagens abaixo).

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O que me parece curioso é que enquanto as obras da FME estão completamente paralisadas, vimos as ruas da cidade sendo tomadas por um confuso projeto de recuperação da camada asfáltica que não deixou de fora nem vias que, perdoem-me a minha incredulidade, nem pareciam precisar ser reformadas.

Essa prioriedade do asfalto sobre o esporte para a população que não pode pagar por academias particulares é um verdadeiro auto tiro no pé da gestão Wladimir Garotinho. É que manter o parque poliesportivo da FME em condições excelentes seria um daqueles investimentos baratos, mas que trariam grandes dividendos políticos para alguém que quer se reeleger com tranquilidade.

O mais lamentável é descobrir que essa é uma das áreas em que o retrocesso em relação à desastrosa gestão de Rafael Diniz é mais visível, na medida em que o abandono que se vê na sede está presente nos poucos aparelhos esportivos que existem nas regiões mais carentes da cidade de Campos dos Goytacazes.

Como convivo semanalmente com os profissionais que prestam importantes serviços na FME, há que se lamentar que haja tamanha miopia no trato com que pessoas que carregam nas costas o esporte olímpico municipal. E a coisa só não é pior exatamente por causa desses profissionais comprometidos com a população.

Velha política está viva e passa bem em Campos dos Goytacazes

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A entrevista com ares de lançamento de candidatura do “assessor especial” do jovem prefeito Rafael Diniz, César Tinoco, que foi publicada ontem pelo jornal Folha da Manhã é reveladora em muitos aspectos [1].

A primeira revelação está logo na apresentação quando somos informados que Rafael Diniz e César Tinoco são ligados umbilicalmente pela política desde que avô e pai, respectivamente, eram a face mais visível das oligarquias que dominaram a cidade de Campos dos Goytacazes por vários séculos. Daí que esse jovens representantes da velha política campista estão longe de representar uma mudança verdadeira, mas, quando muito, uma alternância nos grupos que dominam a prefeitura de Campos dos Goytacazes.

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A entrevista em si é cheia de obviedades, auto elogios e promessas que efetivamente contribuem para dar um ar de campanha eleitoral antecipada.  Mas escolhi dois trechos que me parecem reveladores de um certo cinismo institucional que parece caracterizar as ações da administração Rafael Diniz.

O primeiro trecho tem a ver com o fechamento e possível reabertura do Restaurante Popular.  É que indo além de declarações anteriores que colocavam a culpa do fechamento no uso do mesmo por comerciários, César Tinoco elevou o tom e colocou dentro daquele espaço também os patrões dos comerciários! Mas, venhamos e convenhamos, que comerciante estaria tão duro para ter que ir buscar comida barata no Restaurante Popular? 

Ainda nesse quesito, o anúncio de que o Restaurante Popular será reaberto, sabe-se lá quando em 2018, parece esquisito, mesmo porque a promessa é de que seria reaberto em 6 meses, tempo esse que já se esvaiu sem que nada tenha sido feito para a volta do fornecimento de refeições para os segmentos mais pobres da população campista. Nesse sentido, alguém precisa lembrar ao “assessor especial” do prefeito Rafael Diniz que quem tem fome, tem pressa.

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 Também achei curioso o destaque dado a uma suposta multiplicação por 10 dos atendidos pela Fundação Municipal de Esportes (FME), que teria saído de 1.200 para 11.000 atendimentos (faltou, aliás, dizer a que períodos os números comparados se referiam). É que estive recentemente numa atividade nas instalações da FME e fiquei surpreso com o desmazelo que ali imperava, especialmente na falta de cuidado com áreas gramadas e com as estruturas edificadas.  Aliás, de bom mesmo só encontrei a dedicação dos instrutores que ali realizam um trabalho valioso de integração social via o esporte. Mas nada disso me pareceu ter a ver com o apoio da FME, mas muito mais com a participação das famílias dos jovens e crianças, como foi o caso no dia em que ali estive presente.

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Agora, é preciso reconhecer que essa entrevista é uma boa síntese do governo de Rafael Diniz que mistura pompa e arrogância com uma completa insensibilidade com a maioria pobre da população.  Mas o que esperar de um prefeito e um grupo de menudos neoliberais que falam em mudança e aplicam as mesmas formas de fazer política que herdam de seus avôs e pais? A verdade é que mudança precisa ser mais do que ter gestores com caras bem barbeadas e trajando roupas finas e bem passadas.

Finalmente, a pergunta que não quer calar: a justiça eleitoral campista vai se manifestar ou não sobre o potencial teor de campanha eleitoral antecipada que esta “entrevista” traz? É que se fosse uma entrevista com Wladimir Garotinho nos tempos em que sua mãe, Rosinha, era a prefeita, não tenho dúvidas que haveria algum tipo de ação nesse sentido. Ou será que cuidados para impedir o uso da máquina só servem para a família Garotinho? A ver!


[1] http://www.folha1.com.br/_conteudo/2017/12/politica/1228438-hospital-sera-entregue-em-2017.html