Estudo revela como União, Estados e municípios gastam com meio ambiente

Queda nas despesas em conservação e fiscalização do meio ambiente no país marca a última década,  aponta estudo do WWF-Brasil e Associação Contas Abertas

Financiamento público em meio ambiente © WWF-Brasil

O ano de 2018 começou com R$ 3,7 bilhões de gastos autorizados no Ministério do Meio Ambiente e suas autarquias, como o Ibama, o ICMBio, a Agência Nacional de Águas (AANA) e Serviço Florestal Brasileiro. O valor é menor do que o autorizado por lei pelo Congresso para 2017 (R$$ 3,9 bi) e ainda menor do que a autorização de gastos concedida em 2013 (R$ 5 bi), melhor ano da década, em valores corrigidos pela inflação.

Os números apontam uma queda no investimento público provocada pela crise fiscal e agravada pela falta de visão política sobre a importância estratégica em se conservar o meio ambiente e os recursos naturais renováveis no Brasil. Os dados integram o mais amplo estudo sobre os gastos públicos em meio ambiente no país e que abarca os gastos da União, Estados e municípios nos últimos dez anos.

O estudo do WWF-Brasil e da Associação Contas Abertas divulgado hoje revela uma preocupante tendência, com cortes em áreas vitais como o monitoramento e fiscalização do desmatamento, a conservação da biodiversidade e a gestão dos recursos hídricos, áreas que provêm serviços essenciais para a sociedade, como o equilíbrio climático, alimentos e água.

As ações orçamentárias que tratam das áreas protegidas, por exemplo, começam o ano com R$$ 236 milhões, contra uma autorização de gastos de R$$ 252 milhões em 2017. A ação orçamentária que apoia a criação, gestão e implementação das unidades de conservação chegou a perder recursos no Congresso em relação à proposta do governo, o que revela um Legislativo insensível à importância do tema ambiental.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, responsável pelas UCs, é, entre as autarquias vinculadas ao Ministério de Meio Ambiente, a mais atingida pela redução de gastos. Tem R$$ 708 milhões no Orçamento de 2018, contra R$$ 1,256 bilhão de gastos autorizados em 2017, uma redução de 44%.

O corte mais profundo atingiu o Bolsa Verde, programa que paga R$$ 300 a cada três meses a famílias extremamente pobres e que moram em áreas protegidas, como incentivo à conservação. O programa desembolsou R$$ 61,7 milhões em 2017, R$$ 78 milhões em 2016 e R$$ 106,1 milhões em 2015. Veio perdendo recursos até desaparecer no Orçamento de 2018, por proposta do Executivo, acatada pelo Congresso. O governo informou que busca repassar a conta ao Fundo Amazônia, que também sofreu corte nos aportes, em decorrência do aumento do desmatamento na Amazônia, como lembra o estudo.

No ano da realização do 8° Fórum Mundial da Água, que reunirá representantes de mais de cem países em Brasília no mês que vem, a Agência Nacional de Águas também perde recursos em relação ao Orçamento de 2017. Na principal ação da área em volume de verbas, a proposta para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos cai de R$$ 181,7 milhões autorizados para R$$ 136 milhões, em 2018.

Outra importante fonte de recursos para o combate ao desmatamento na Amazônia foi alvo de corte em 2017, cujos impactos aparecerão em 2018. O governo da Noruega reduziu a menos da metade o aporte anual de recursos ao Fundo Amazônia, administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Em dezembro, o governo norueguês repassou ao fundo US$$ 41.791 mil, cerca de 43%% do valor transferido em dezembro de 2016, de US$$ 97.953 mil. Em nota, o governo norueguês atribuiu a redução do repasse ao aumento do desmatamento registrado no Brasil entre agosto de 2015 e julho de 2016.

Estados e municípios

De 2013 para cá, o volume de recursos destinados ao financiamento vem diminuindo ano a ano em todas as esferas de governo. A avaliação do comportamento das despesas na função Gestão Ambiental que constam do estudo do WWF-Brasil e Contas Abertas tem como base informações prestadas pela União, Estados e municípios ao Tesouro Nacional, por exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, reunidas no Balanço do Setor Público Nacional.

Entre 2007 e 2016, União, Estados e municípios juntos gastaram com Gestão Ambiental metade do orçamento anual do programa Bolsa Família. Foram, em média, R$$ 13,1 bilhões de despesas na função no período, contra R$$ 28,1 bilhões pagos pelo Bolsa Família em 2016.

O conjunto de gastos na década sugere uma montanha, com um grande movimento acidentado de aclive seguido por uma queda acentuada: as despesas crescem até 2013 e caem a partir de 2014, quando começa a recessão econômica, e a redução nas receitas tributárias impõe aperto nas contas públicas. Nos municípios, a queda começa em 2015.

O Estado e o município de São Paulo lideram o ranking dos que mais gastaram em Gestão Ambiental tanto em 2016 como num período de quatro anos. No Estado, 42%% do valor registrado no ano passado pagou pessoal, e os investimentos consumiram pouco mais de um a cada quatro reais.

No município, a maior fatia das despesas com conservação ambiental foi destinada à conservação, operação e manutenção de parques, de acordo com informações do portal da transparência paulistano.

A distância no volume de gastos entre Estados e municípios é notável. Em 2016, depois de registrar queda de 21%% nos gastos em relação ao ano anterior, o município paulista ainda registrou despesa três vezes maior do que todo o Estado do Pará ou 6,5 vezes o montante gasto pelo Estado do Amazonas. Dos Estados que compõem o bioma Amazônia, o Mato Grosso foi o que lançou o maior volume de gastos na função Gestão Ambiental. (JG).

Sobre o WWF

O WWF-Brasil é uma organização não governamental brasileira dedicada à conservação da natureza, com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. Criado em 1996, o WWF-Brasil desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede mundial independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.

Quem desejar baixar este relatório basta clicar [Aqui!]

FONTE: JB PRESS HOUSE

Números dos gastos dos três poderes mostram que a crise no RJ é altamente seletiva

descontrole dos gastos públicos

Apesar de conter problemas comuns nas matérias produzidas pela mídia corporativa,  as jornalistas Carina Bacelar e Selma Schmdit no artigo intitulado “A tesoura passou longe” (Aqui!) nos brindam com números esclarecedores sobre o padrão de gastos pelos poderes executivo, legislativo e judiciário no Rio de Janeiro, os quais têm o dom de revelar a natureza seletiva da crise que nos assola (ver figura abaixo).

IMG-20170625-WA0011

O que fica evidente é que o único poder onde houve uma redução nos gastos foi o executivo, sendo que na Assembleia Legislativo as despesas com investimentos cresceram 358% e no Tribunal de Contas o crescimento notável foi nas despesas de custeio que tiveram uma elevação de 301% no período de 2014 a 2016.

tesoura

Os dados sobre o crescimento dos gastos do judiciário e do legislativo  explciamduas coisas  que clamavam por algum tipo de resposta. A primeira é a forma omissa com que tem sido tratada a situação desesperadora em que se encontram mais de 200 mil servidores do executivo que foram selecionados para sofrer o peso da crise. É que quem está podendo gastar muito mais, não vai se indispor por quem está sem salários ou aposentadorias. A segunda coisa se refere ao fato que sempre notei aqui neste blog: se há uma crise, ela possui um caráter altamente seletivo. E o que vimos nesta matéria é a concentração da crise  nas costas em uma parcela dos servidores do executivo.

A pergunta que se coloca para os sindicatos que dizem representar os servidores do executivo é a seguinte: até quando vamos ficar aceitando a ladainha de que não há recursos para pagar os servidores do executivo? Afinal, o que esta matéria mostra que dinheiro há, mas falta vontade de tratar de forma decente os que vêm sendo humilhados em nome de uma crise que só atinge uma parte do conjunto dos servidores. 

 

 

Marketing blogueiro: blog é lançado para aumentar transparência de gastos públicos no RJ

Hoje me foi chamada a atenção para o lançamento do blog “Transparência RJ” que segundo a sua chamada inicial se destina a “informar a população em geral, como nossos governantes utilizam o dinheiro contribuído por nós, por meio dos tributos…”

E para provar que não vieram para brincadeiras, os responsáveis pelo “Transparência RJ” dedicaram a sua primeira postagem a uma compra de 677 computadores pela Secretaria Estadual de Segurança cujo preço unitário estaria bem além dos praticados pelo mercado como mostram as imagens abaixo.

Uma coisa é certa, como os responsáveis pelo blog dizem estar se baseando no acesso a bases públicas de dados criadas pelo próprio estado (e.g., Portal da Transparência, Imprensa Oficial e o Sistema Integrado de Gestão de Aquisições (SIGA)), mais casos deverão ser analisados pelo pessoal do Transparência RJ. 

Para quem quiser ler a postagem completa sobre a compra desses 677 computadores, basta clicar (Aqui!)