Volte e meia somos obrigado a ler cantilena rota de que a crise financeira que assola o estado do Rio de Janeiro tem em entre as suas causas principais a queda nos valores recebidos dos royalties e participações especiais oriundos da exploração do petróleo.
O fato é que no caso do estado do Rio de Janeiro, os recursos oriundos dos royalties representa menos de 10% da receita total. Assim, ainda que tenhamos tido uma diminuição no aporte via essa rubrica, a crise que estamos vivendo tem outras raízes.
Aliás, um detalhe que me parece necessário enfatizar é que os municípios que recebem royalties do petróleo foram bem mais afetados em termos de encolhimento de receitas, e nem por isso estão vivendo problemas financeiros na mesma magnitude do estado.
E quais são essas raízes? Ora, como já tenho apontado de forma insistente entre as principais causas estão o nível de endividamento associado aos sucessivos megaeventos esportivos que foram majoritariamente bancados com verba pública e com forte participação do estado, os colossais níveis de corrupção, a descontrolada política de generosidades fiscais e, por fim, o uso irresponsável de mecanismos de captação de recursos via securitização que por sua vez agiram como elementos de retroalimentação da dívida pública.
E o mais incrível é que essa mistura explosiva não vai sequer ser arranhada caso o pacote de Maldades sendo engendrado pela dupla Pezão/Henrique Meirelles e que tem como alvo principal a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) e como secundário os salários dos servidores estaduais.
Mas por que não somos brindados com uma explicação mais real das causas da quebra do tesouro estadual? Aí entram os interesses obscuros que mais têm ganho com a crise seletiva em que o Rio de Janeiro se encontra. É que no final são os bancos que estão com a faca e o queijo na mão, não apenas com a cobrança de juros extorsivos, como também participando da aquisição de patrimônio público a preço de banana.
Aliás, como já observou o Professor Roberto Moraes em seu blog, há ainda a intensa participação de fundos estrangeiros como o canadense Brookfield Asset Management na compra das melhores áreas do Rio de Janeiro, e que agora deverá investir na compra da CEDAE (Aqui!).
Por essas e outras é que sugiro ao pessoal do MUSPE que nas próximas manifestações haja um momento de “acapella” onde todos os presentes possam entoar “a crise do Rio de Janeiro não é explicada pela queda dos roaylties do petróleo!”. Quem sabe se possa sensibilizar os deputados estaduais e educar os jornalistas que continuam a repercutir essa fantasia do (des) governo Pezão como se fato fosse.