E o trófeu Jujuba de Ouro 2014 vai para a reitoria da UENF!

Quando cheguei na UENF em 1998 havia já instalada no Centro de Ciências do Homem uma tradição nas festividades de final de ano que era outorgar o Trófeu Jujuba de Ouro para uma série de categorias, inclusive para a frase mais inverossímil que tivesse sido proferida por algum membro da comunidade naquele período.

Pois bem, o tempo passou e essa tradição foi se apagando e outras tantas foram sendo criadas. Mas após ler a declaração abaixo do reitor Silvério Freitas, estou tomando a liberdade de retomar a tradição para outorgar à administração da UENF o Troféu Jujuba de Ouro de 2014.

Vejamos o que disse o reitor da UENF:

“..As conquistas obtidas em 2014, como a criação dos novos cursos de graduação e pós-graduação para início em 2015, aliadas a uma administração séria e consciente, fazem crer que a UENF avançará ainda mais nas próximas avaliações “.

Como assim, administração séria e consciente? Ao analisar o que tem feito essa reitoria desde que a mesma tomou posse em 2011, o que temos visto é tudo, menos seriedade e consciência! Aliás, se a UENF ainda está bem colocada no ranking do IGC do MEC, é por causa do esforço dos professores, técnicos e estudantes, e apesar da reitoria que universidade possui.

Por isso, Troféu Jujuba de Ouro, justo e merecido!

JUJUBA

 

A colocação da UENF no IGC do MEC e a venda da ilusão

A Assessoria de Comunicação da UENF acaba de abrir um lapso no recesso acadêmico para  comunicar ao mundo que recebemos novamente ótimas colocações (em nível nacional e estadual) no Índice Geral de Cursos (IGC) do Ministério de  Educação do Ministério da Educação e Cultura (MEC) (Aqui!). Esse ranking, um dos muitos que existem, tem sido utilizado como parâmetro para diferentes interpretações das demandas e necessidade da instituição, seja no plano institucional ou sindical. Afinal, a partir de diferentes parâmetros o MEC construiu uma hierarquia das instituições de ensino superior brasileiras que desde seu nascedouro coloca a UENF em uma colocação bastante boa.

Mas mesmo correndo o risco de ser apontado como arrivista, essa colocação no IGC/MEC deveria ser relativizada e colocada no seu devido lugar. Bons administradores usariam esse ranking para localizar deficiências e pontos que necessitam um olhar mais cuidadoso para corrigir distorções e apontar soluções. Mas, lamentavelmente, não para isso que o IGC tem servido. O fato é que a partir desse único ranking vende-se a ideia de que a UENF é uma ilha de excelência acadêmica e dotada de todo o apoio que requereria para alcançar os patamares de excelência com que sonhava Darcy Ribeiro. 

Entretanto, essa não é a realidade. Como avaliador do próprio MEC nos últimos anos tenho visitado diversas instituições de ensino superior em diferentes pontos do território nacional. Em função dessa experiência como avaliador, posso dizer sem medo de errar que a UENF não passaria incólume pelo crivo do instrumento de avaliação que tenho aplicado seguindo as diretrizes de avaliação da qualidade de cursos de graduação. Essa realidade só não apareceu ainda porque somos uma universidade estadual e, por causa disso, não temos que passar pela mesma avaliação que as universidades federais e as instituições privadas são obrigadas a passar para poderem ter seus cursos reconhecidos pelo MEC.

Outro fato que esse ranking esconde é que a UENF vem sendo gravemente sucateada pelos diferentes governos que se sucederam ao de Leonel Brizola, mas especialmente ao longo dos últimos 8 anos de (des) governos do PMDB. A forma com que a dupla Sérgio Cabral/Luiz Fernando Pezão vem tratando a UENF é lamentável e digna de repúdio.  E isso ficou claro na greve que paralisou a UENF em 2014, a qual só ocorreu porque Cabral e Pezão tripudiaram sobre as justas demandas de servidores e professores, e menosprezaram completamente as reivindicações dos estudantes. É que enquanto a comunidade e seus sindicatos imploravam por diálogo e negociação, Cabral, Pezão e seus secretários tratavam a UENF de forma truculenta e arrogante.

Como se explicam essas boas colocações alcançadas pela UENF então? É simples: pelo trabalho árduo que estudantes, servidores e professores desenvolvem apesar da política de destruição imposta pela (des) governo estadual e da completa inoperância da reitoria da UENF. Aliás, a reitoria da UENF já faria muito se não atrapalhasse, o que invariavelmente faz.

Assim, se alguém se der ao trabalho de conversar com os estudantes ouvirá histórias tenebrosas sobre como hoje é difícil conseguir coisas básicas para o funcionamento dos diferentes cursos de graduação que a UENF mantém aos trancos e barrancos. E a coisa só não fica pior porque faz algum tempo, a captação de recursos para a investigação científica está sendo também utilizada para sustentar os cursos de graduação e pós-graduação. E esta é uma distorção que cedo ou tarde vai causar sérios problemas na formação acadêmica de nossos estudantes.

Por último uma ironia. Em 2013, a reitoria da UENF tentou acabar com o regime de Dedicação Exclusiva  (DE) que todo professor da UENF é obrigado a cumprir. A explicação dada no plano interno seria que esta seria uma exigência do (des) governo estadual para remunerar a DE. Depois de muita mobilização de professores e estudantes, o então secretário de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Pereira, declarou que essa teria sido uma ideia criada pela própria reitoria e se distanciou de qualquer responsabilidade sobre essa proposta que seria desastrosa para a UENF, inclusive para sua colocação no IGC. E a explicação é simples: como a UENF só contrato professores com título de doutorado para trabalhar em regime de DE acaba obtendo o grau máximo num quesito importante na forma da nota do IGC. Em suma, a reitoria tentou matar a galinha de ovos de ouro, sabe-se lá para atender quais interesses!

Assim, ainda que todos os que torcem pela UENF devam se sentir orgulhosos pela performance da instituição, o fato é que hoje pairam sobre nossa jovem universidade nuvens pesadas e ameaçadoras colocadas por um governo que tem ojeriza ao pensamento crítico e ao compromisso com os interesses da maioria do nosso povo. Assim, a unidade em torno do projeto de excelência idealizado por Darcy Ribeiro deverá ser uma tarefa a ser abraçada por todos os que desejam um futuro socialmente justo e um modelo de desenvolvimento inclusivo e distributivo no Rio de Janeiro. Estejam  eles dentro da UENF ou não. 

A reitoria da UENF celebra aquilo que quer desmanchar

Os atuais ocupantes da reitoria da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) parecem viver num eterno “Alice no País das Maravilhas”. É que só isso explica a celebração que estão promovendo da manutenção da UENF no Índice Geral de Cursos (IGC) do MEC como sendo a melhor universidade do Rio de Janeiro e a décima-segunda do Brasil.

Para quem não entendeu eu explico. É que em julho de 2013, a reitoria da UENF fez aprovar de forma açodada a minuta de um projeto de lei que visa desmantelar o regime de Dedicação Exclusiva que atualmente todos os professores cumprem desde a criação da instituição em 1993. De quebra, os “iluminados” gestores da UENF criaram uma estapafúrdia categoria de professores titulares horistas que inexiste no Brasil, mesmo nas instituições particulares.

O problema é que um dos fatores incluídos no cálculo do IGC é justamente o regime de trabalho no qual a UENF obtém atualmente o grau máximo, coisa que mudaria imediatamente se a UENF passasse a precarizar o seu quadro docente. Os únicos que parecem não ter entendido esse impacto negativo foram os ocupantes da reitoria.

Assim, mais do que nunca, urge pressionar o (des) governo de Sérgio Cabral para que não encaminhe essa proposta descabida para a aprovação da ALERJ.